O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Blog Diplomatizzando: estatisticas e balanço de uma fase - Paulo Roberto de Almeida

Estamos com o impeachment já praticamente assegurado. "Perdi" muito tempo em atividades acessórias aos objetivos fundamentais deste blog e do meu site (www.pralmeida.org), que se destinam a atividades basicamente didáticas, dirigidas a alunos, estudantes em geral, pesquisadores, curiosos em temas de políticas públicas, especialmente em economia, relações internacionais e política externa do Brasil, que constituem os temas e objetos fundamentais de minhas pesquisas, aulas, escritos.
Digo que "perdi" tempo num sentido puramente anedótico, uma vez que nunca colocaria quaisquer interesses intelectuais, ou atividades didático-profissionais, acima e além de minha condição básica, fundamental, essencial, de cidadão consciente de seus deveres em face da comunidade política que integro, aliás numa certa situação privilegiada, como funcionário público, da carreira diplomática, sendo parte, portanto, daquilo que se chama de "elite brasileira" (embora eu mesmo não me considero como parte dessa elite, uma vez que não tenho quaisquer funções relevantes nessa comunidade restrita, sendo apenas um observador bem informado sobre o que se passa dentro e fora dela).
Pretendo simplesmente fazer um balanço das postagens efetuadas nos últimos tempos, uma vez que decidi agora fazer uma inclinação em minhas atividades, menos voltadas para o ativismo cidadão, e mais voltadas para os objetivos fundamentais descritos acima: leitura, pesquisa, escritas e aulas nos meus temas e assuntos prioritários.
Aqui vão, portanto, as estatísticas coletadas pelo próprio blogspot (Google).


Diplomatizzando (estatísticas em 18 de abril de 2016): 
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Paulo Roberto de Almeida

Impeachment: gráficos sobre o perfil dos deputados e partidos - Nexo

Os 15 gráficos construídos pelo jornal Nexo são essenciais para se compreender o perfil social e ideológico dos deputados na votação do impeachment. Descontando a unanimidade contrária -- do PT, do PCdoB, do PSOL, que foram 100% opostos à abertura do processo de impeachment -- e aquela politicamente decidida -- como a do PDT, por puro oportunismo do seu atual manda-chuva, ainda assim parcialmente, pois alguns não aceitaram sua prepotência -- os demais votos a favor ou contra podem ter muitas motivações, de origem diversa (ideológica, raiva, frustração, interesses monetários, protesto contra o presidente da CD, crença sincera na honestidade da PR), mas alguns perfis sociais (negros, mulheres, estrato de renda, etc) podem ter maior ou menor identificação com o voto dos deputados.
Neste link, os gráficos:

Gráfico

A votação do impeachment da Câmara em 15 gráficos

Daniel Mariani, Beatriz Demasi, Rafael Iandoli, Wellington Freitas, Ibrahim Cesar e Simon Ducroquet
jornal NEXO, 18 Abril  2016
 
[Os gráficos não são suscetíveis de transposição nesta postagem por características técnicas, por isso, cabe recorrer ao link original acima indicado.]

Paulo Roberto de Almeida 

As tarefas pela frente: desmantelar as bases do fascismo mental - Reinaldo Azevedo e Paulo Roberto de Almeida

Uma análise correta quanto ao que está por trás do imenso movimento da classe média brasileira -- sim, é preciso registrar isso -- que começou a desmantelar as bases do fascismo, incrustado na política e até nas mentalidades. Agora é preciso levar esse desmantelamento até o fim.
Paulo Roberto de Almeida 

Cumpriu-se a primeira etapa que vai livrar o Brasil do governo de Dilma Rousseff. Atingidos às 23h07 os 342 votos necessários, dois terços do total, a Câmara vai autorizar o Senado a abrir o processo de impeachment contra a presidente. Bruno Araújo do PSDB de Pernambuco foi o voto que marcou a vitória. O placar final foi: 367 votos pelo “Sim” à abertura do processo de impeachment, 137 contra, 7 abstenções e 2 ausências. O contraste é simples: trata-se de uma vitória da verdade contra a empulhação. Como chegamos até aqui? É importante começar a contar direito essa história agora, não depois.

E não! Nem todos os que votaram em favor do impedimento da presidente são pessoas que possamos convidar para o jantar. Mas, atenção! Essa não é uma questão nem íntima nem pessoal. Trata-se apenas de saber se a presidente cometeu crime de responsabilidade: sim, ela cometeu! Não um, mas uma penca.

Dilma não deixa de ser uma mulher de sorte: vai cair porque violou a lei orçamentária, incidindo no Inciso VI do Artigo 85 da Constituição. É o que está na denúncia aceita pela Câmara e agora referendada pelo plenário.

Com um mínimo de rigor, poderia ser acusada de transgredir os outros seis: atentou contra a existência da União, contra o livre exercício dos Poderes Legislativo e Judiciário; contra a segurança interna no país; contra a probidade administrativa e contra o cumprimento de ordens judiciais.

A mistificação foi vencida: não é e nunca foi um golpe. O terrorismo foi derrotado: o Brasil não vai para o abismo; ao contrário, renovam-se as esperanças. Um mito foi derribado de forma vexaminosa: junto com Dilma, também se desmancha uma estátua de areia chamada Luiz Inácio Lula da Silva.

Como chegamos aqui?
O resultado deste domingo não nasce do acidente, mas da determinação; não é fruto do acaso, mas da convicção; não decorre do reacionarismo estúpido e encarquilhado, mas do conservadorismo virtuoso, que jamais havia encontrado sua devida expressão nas ruas: o que está em marcha é a revolução dos conservadores das instituições democráticas.

E A PRÓPRIA IMPRENSA, ATENÇÃO!, TOMADA PELO ESQUERDISMO SEM IMAGINAÇÃO, ESTAVA E ESTÁ DESPREPARADA PARA INFORMAR O SEU PÚBLICO SOBRE O QUE REALMENTE ESTÁ EM CURSO. O JORNALISMO BRASILEIRO MODERNIZOU AS SUAS PLATAFORMAS FÍSICAS. FALTA AGORA MODERNIZAR AS IDEIAS.

O começo
O impeachment de Dilma Rousseff não começou a ser pensado nos partidos de oposição. Ao contrário até: inicialmente, eles se mantiveram distantes da movimentação das ruas. E, se querem saber, isso foi bom. Fazia-se necessário que novos olhares, novos discursos e novos anseios buscassem seu lugar nas consciências. Também o modo de se opor ao petismo havia chegado à sua miséria.

Este domingo começou a ser gestado quando grupos da sociedade civil como o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem Pra Rua (VPR) resolveram se organizar e convocar a população a expressar a sua indignação: em ordem e em paz.

A primeira grande manifestação, no dia 15 de março de 2015, anunciava uma sociedade que queria mudanças. No terceiro mês do segundo mandato de Dilma, a esmagadora maioria dos brasileiros já havia se dado conta de que tinha sido vítima do maior estelionato eleitoral da história.

Estava claro que a presidente havia cometido crime de responsabilidade em seu primeiro mandato. Uma interpretação obtusa da Constituição, no entanto, referendada pela Procuradoria Geral da República e pelo próprio STF, impedia que fosse processada.

Mas quiseram a arrogância, a imprudência e a glória de mandar que os atentados à lei fiscal tivessem continuidade no segundo mandato. E não há um só especialista honesto que deixe de reconhecer o crime cometido. E foi ele que embasou a denúncia apresentada por Miguel Reale Jr., Janaína Paschoal e Hélio Bicudo. Casavam-se, assim, a higidez jurídica da denúncia com a questão política.

A primeira fase
E insisto no ponto: os movimentos surgidos na sociedade civil, como MBL e VPR, identificaram o descontentamento com muito mais rapidez do que as oposições oficiais: “A rainha cometeu um crime; cortem-lhe a cabeça!” Tanto é assim que lideranças oposicionistas se mantiveram a uma prudente distância dos protestos iniciais.

E eu saudei isso aqui. Consultem os arquivos. Onde muitos viam a fraqueza das ruas — “são desorganizados”; “não têm eixo”; “não têm uma hierarquia” —, eu via virtudes. Eu e quem se mostrava disposto a ver o novo.

A segunda fase
Se as ruas precisavam renovar o espírito das oposições formais, as estruturas formais da política precisavam conferir musculatura institucional aos movimentos de rua. E essa foi a fase mais difícil, mas delicada, dessa trajetória.

Foi preciso que o MBL e o VPR se aproximassem dos partidos de oposição e passassem a falar diretamente com os políticos, sem, no entanto, se misturar com eles. Não vai aqui um juízo negativo sobre os políticos, não. Ocorre que é preciso que a sociedade civil mantenha a sua identidade.

Estava claro que, sem essa parceria, não havia futuro para o movimento de rua. Nem as oposições formais conseguiriam vencer o aparato de propaganda do governismo.

Vencendo as hostes da desqualificação
Quando essa aproximação se deu, foi preciso vencer distintas e combinadas hostes de desqualificação. Foi necessário combater o preconceito da imprensa largamente contaminada pelo esquerdismo velho e burro, por mais jovens que sejam os militantes disfarçados de jornalistas.

Foi preciso enfrentar, como sempre, a patrulha das esquerdas organizadas. Mas essas já são velhas conhecidas.

E, ora vejam, foi preciso trombar com a direita cretina, mistificadora, estúpida e, sim, golpista, que acusava o MBL e o VPR de estarem se vendendo aos políticos.

Segundo esses trogloditas de Facebook, que pretendem comandar o mundo com um teclado nas mãos e algumas ideias tortas na cabeça, meia-dúzia de militares entusiasmados resolveriam a questão. Não odeiam a democracia menos do que o PT. Aliás, nada mais são do que o petismo com sinal trocado.

O MBL e o VPR tinham razão
Como está claro a esta altura, o MBL e o VPR tinham razão.

Tinha razão quando não esperaram que as oposições formais se mobilizassem para chamar a população para ocupar as ruas. Tinham razão quando advogaram um espaço próprio de militância política, que não se subordinava — nem pode se subordinar — à pauta dos partidos. E tinham razão quando decidiriam que era chegada a hora de trabalhar COM os políticos, não PARA os políticos.

A imprensa, com raras exceções, não entendeu nada e não entende ainda.

As esquerdas, como de hábito, não entenderam nada.

E a direita babona, para não fugir ao costume, babou o seu rancor e também não entendeu nada.

Encerro este post
O impeachment de Dilma Rousseff será o segundo da nossa história. Mas não se trata de uma repetição. Nem o primeiro foi uma tragédia nem esse é uma farsa. O evento que temos aí é único.

Sabem por quê? Collor foi deposto com o apoio unânime das esquerdas e da imprensa. E boa parte das manifestações de rua mobilizavam as correntes de opinião ditas “progressistas”. Havia muito pouca gente na rua que não carregasse bandeiras.

Desta feita, não! O impeachment se fez contra o espírito dominante nas redações e contra os movimentos embandeirados.

A população de verdade, que fala por si e não em nome de um partido, está depondo Dilma Rousseff. E jovens que, felizmente, nada devem às ideias mortas que oprimem o cérebro dos vivos tiveram a coragem de dizer: “Vem pra rua em nome de um Brasil livre”.

E a coisa se deu!

É a vitória dos conservadores de instituições democráticas.


O PT exigia % em TODOS os contratos do governo

Além da Operação Lava Jato, vai ser preciso abrir uma nova e gigantesca Operação Um Por Cento, para analisar TODOS e cada um dos contratos do governo corrupto e podre do PT: essa era a norma, essa era a regra determinada pela organização criminosa dirigida por uma quadrilha mafiosa.
Agora comprovado !  Todos os financiamentos do BNDES eram desviados como propina para o PT ( e para as campanhas do partido). A segunda maior empreiteira do Brasil, Andrade Gutierrez, diz que 1% dos financiamentos do BNDES iam como propina para o PT. No total, somados os valores das operações questionadas de financiamentos às empreiteiras concedidos através do tráfico de influência do ex-presidente Lula e com o aval condescendente da Dilma, e operacionalizados pela diretoria do BNDES sob o comando de Luciano Coutinho, dá uma cifra monumental. O futuro presidente Michel Temer tem que apurar rigorosamente tudo isto ! E o incorruptível juiz Sérgio Moro tem que colocar estes larápios todos expostos à luz do sol
Paulo Roberto de Almeida 

Executivo diz que PT cobrou propina por obra na Venezuela
MARIO CESAR CARVALHO
Folha de S.Paulo, 16/04/2016
  
O ex-presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, disse em audiência na Justiça do Rio de Janeiro nesta sexta (15) que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ajudou a empresa a conquistar um negócio na Venezuela em 2008, quando Hugo Chávez era presidente daquele país.
O ex-presidente não mencionou propina à época da ajuda, segundo Azevedo, mas tempos depois o então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, cobrou 1% do valor que o BNDES financiou no projeto por conta da participação da Andrade Gutierrez no negócio. 
 Azevedo afirmou que Vaccari procurou a empresa após o BNDES ter decidido financiar o projeto venezuelano.
O BNDES liberou um financiamento de US$ 865,4 milhões em 30 de dezembro de 2010 para a Usina Siderúrgica Nacional da Venezuela e diz ter obedecido todas as etapas e normas de financiamento para exportação de serviços. Um por cento sobre esse montante corresponde a cerca de US$ 8,7 milhões ou cerca de R$ 14,5 milhões, de acordo com a cotação do dólar na época.
O valor total do contrato era de US$ 1,8 bilhão, mas havia outras empresas no projeto e o próprio governo da Venezuela, ainda de acordo com Azevedo. O executivo não citou o valor pago pela empresa ao tesoureiro do PT. Só citou o percentual de 1% que, segundo ele, era a norma da propina cobrada pelo PT.

MAIS PROPINA
Azevedo também afirmou que o então presidente do PT em 2008, Ricardo Berzoini, o procurou naquele ano para comunicar que a propina de 1% não deveria ser paga apenas nos contratos da empreiteira com a Petrobras, mas em todos os negócios fechados com o governo federal. 
Em sua delação, Azevedo contou que foi a partir desse pedido que a empresa começou a pagar suborno em obras do setor elétrico, como a usina nuclear Angra 3 e Belo Monte. Só em Belo Monte, ainda de acordo com Azevedo, a propina foi de R$ 150 milhões. 
Azevedo negou, no entanto, ter participado do pagamento de suborno do caso de Angra 3. Ele afirmou que só soube do pagamento de suborno no caso de Angra quando estava preso em Curitiba. Outro executivo do grupo, Flávio Barra, confessou em acordo de delação premiada ter pago propina após conquistar o contrato da usina nuclear. 
O executivo foi preso em junho de 2015 pela Operação Lava Jato e foi transferido para prisão domiciliar em fevereiro deste ano após fechar um acordo de delação premiada. No acordo, Azevedo relatou ter pago propina para a campanha de 2014 de Dilma Rousseff, o que a presidente e o tesoureiro da campanha, Edinho Silva, negam com veemência. 
OUTRO LADO
O Instituto Lula afirma que não teve acesso ao depoimento e que o ex-presidente não é parte do processo. Por isso, não irá comentá-lo sem o conhecimento dos termos exatos. O instituto diz também que o ex-presidente Lula sempre agiu dentro da lei antes, durante e depois da presidência. 
O PT e o advogado de Vacarri Neto, Luiz Flávio Borges D´Urso, não haviam se pronunciado até este momento. 
Em outras ocasiões, o PT afirmou que só recebe doações oficiais, todas declaradas à Justiça eleitoral. 
O BNDES afirmou o seguinte em nota: "A operação está em fase de desembolso e obedeceu a todas as etapas usuais de qualquer financiamento à exportação de bens e serviços de engenharia do BNDES. A análise do pedido de financiamento passou por órgãos colegiados, externos e do próprio Banco, e por dezenas de técnicos. Os desembolsos ocorrem no Brasil, em reais, e mediante a efetiva comprovação, por empresas de auditoria independente, da realização das exportações financiadas". 

sábado, 16 de abril de 2016

Andrade: propina em obra indicada por Lula

Ex-presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo disse que pagou propina ao ex-tesoureiro João Vaccari por obra ganha com ajuda do ex-presidente Lula. A empreiteira teria vencido a disputa pela obra, na Venezuela, após pedido de Lula ao ex-presidente Chávez.

• Ex-presidente da empreiteira afirma que teve ajuda do ex-presidente para ganhar disputa na Venezuela
Danielle Nogueira - O Globo

RIO - O ex-presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, disse ontem que a propina paga pela empresa ao PT estava relacionada até a uma siderúrgica na Venezuela. Segundo ele, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto cobrou 1% do valor correspondente à participação brasileira no projeto, liderado pela Andrade. O investimento total na usina foi de US$ 1,8 bilhão, em valores de 2008, quando a construtora ganhou o contrato.

Azevedo prestou depoimento ontem na 7ª Vara Criminal Federal do Rio, onde corre ação contra a Andrade Gutierrez por acusação de pagamento de propina à Eletronuclear. Embora o tema da audiência fosse o esquema de corrupção envolvendo a estatal, Azevedo deu amplo panorama de como era a prática de pagamento de propina pela empresa e citou não apenas o caso do empreendimento na Venezuela como o da Usina de Belo Monte.

Segundo o executivo, a prática era a cobrança pelo PT de 1% do valor dos contratos ganhos pela Andrade. O pagamento da propina era sempre feito por meio de doações eleitorais. No caso da siderúrgica da Venezuela, o executivo contou que a empreiteiras disputava o empreendimento com empresas italianas e que venceu a disputa após ajuda do ex-presidente Lula.

Em Belo Monte, comissão para PT e PMDB
— Estávamos disputando essa obra com a Itália. A Andrade conversou com o Lula, que pediu diretamente ao Chávez (ex-presidente da Venezuela) para que olhasse para o Brasil. Foi o que aconteceu. Mas não houve pedido do Lula (de propina) — disse Azevedo.

A cobrança de propina foi feita “muito tempo depois” por Vaccari, segundo o executivo, porque haveria financiamento do BNDES. O governo venezuelano também participou como sócio.

Azevedo também deu detalhes sobre como foram as conversas para o pagamento de propina referente à obra da hidrelétrica de Belo Monte. De acordo com ele, a 20 dias do leilão, houve a desistência do grupo concorrente liderado pela Camargo Corrêa e pela Odebrecht. O governo, então, teria ajudado a montar, às pressas, um consórcio de pequenas empresas para concorrer com o grupo liderado pela Andrade. Esse pequeno consórcio acabou ganhando o leilão.

— Quando fizemos a reunião para decidir o valor final do investimento (que seria apresentado na proposta), representantes da Eletrosul e de Furnas (subsidiárias da Eletrobras), que eram nossos sócios, estavam presentes. Isso nos causou desconforto porque o grupo concorrente tinha como sócios Eletreonorte e Chesf, também do grupo Eletrobras. Tudo indicava que esse consórcio miúdo estava sendo patrocinado — disse Azevedo.

O ex-presidente da Andrade Gutierrez disse ter procurado a então ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, para falar do seu estranhamento quanto à sua derrota no leilão e ouviu dela que ficasse tranquilo porque “vamos precisar de vocês”. Dias depois, segundo Azevedo, o ex-ministro Antonio Palocci procurou a Andrade propondo que a empresa formasse uma sociedade com o consórcio vencedor para tocar as obras. E que fosse pago 1% do valor do contrato para o PT e o PMDB. Nas contas de Azevedo, isso daria cerca de R$ 135 milhões, metade para cada partido. O dinheiro foi pago em doações eleitorais para ambos.

Reuniões na casa de Othon, da Eletronuclear
— Meu entendimento hoje é que isso é propina, mas não víamos isso de forma tão clara na época — disse Azevedo.

Quanto ao pagamento de propina à Eletronuclear, o executivo afirmou que soube da denúncia quando estava preso, devido a seu envolvimento em esquema de propina na Petrobras.

Flavio Barra, presidente da AG Energia, braço do grupo Andrade Gutierrez para energia, também prestou depoimento ontem. Ele admitiu ter se encontrado com o ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva, na casa dele, para tratar de propina. Segundo Barra, foram duas reuniões, onde também teriam sido discutidas repactuações dos contratos da Andrade para construção da usina nuclear de Angra 3.

— Teve duas reuniões na casa dele. Falamos sobre doações. Nós vivíamos pedindo repactuações (dos contratos). Quando assumi os contratos, já tinha R$ 150 milhões de prejuízo. Se continuássemos performando assim teríamos déficit de R$ 250 milhões. Precisávamos que o dr. Othon atuasse para que os aditivos fossem assinados.

Pagamento de propina até dentro de carro
Barra assumiu os contratos, avaliados em R$ 1,5 bilhão, em 2013. Segundo ele, eram feitos pagamentos em espécie a diretores da Eletronuclear, no valor de 1,5% a 2% dos valores dos contratos. Muitos desses contratos teriam sido fechado com empresas do lobista Adir Assad.

— Os contratos tinham o valor elevado. A partir de determinado momento, como a capacidade de trabalho dele (das empresas de Adir Assad) estava no limite, começamos a fazer contratos fictícios.

Um dos pagamentos feitos a Othon da Silva, de R$ 300 mil, foi autorizado pessoalmente por Barra e executado pela Deutschebras, uma empresa de fachada. Segundo o Ministério Público, o expresidente da Eletronuclear teria recebido R$ 4,5 milhões em propina.

Barra disse ainda que não participou de reuniões com Vaccari Neto sobre propina em Angra 3. As reuniões com Vaccari, afirmou, foram feitas para tratar de propina relativa a Belo Monte. O executivo também admitiu ter ordenado a destruição de provas dos pagamentos indevidos.

Gustavo Botelho, ex-diretor-superintendente da Andrade Gutierrez, também prestou depoimento na Justiça Federal. Ele contou que fazia pagamentos a dois funcionários da Eletronuclear, Luiz Messias e José Eduardo Costa Mattos. Com o primeiro, foram três ou quatro encontros, em que teria sido paga a quantia de R$ 50 mil em cada ocasião. Com o segundo, foram dois encontros. Os pagamentos foram feitos em lugares variados, de restaurantes a no interior de carros.
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Operador da campanha de Dilma é preso pela Polícia Federal

Responsável por pagar contas da campanha presidencial do PT em 2010, Benedito de Oliveira, o Bené, foi preso preventivamente pela Operação Acrônimo poucos dias após o indiciamento do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, ex-coordenador do comitê eleitoral de Dilma

Por: Thiago Bronzatto, de Brasília - Atualizado em 

Benedito Rodrigues de Oliveira Neto
Benedito Rodrigues de Oliveira Neto(VEJA.com/Reprodução)
Em fevereiro deste ano, a presidente Dilma Rousseff e o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, encontraram-se para inaugurar uma fábrica de cervejas em Uberlândia, Minas Gerais. Logo após o evento, os dois companheiros conversaram sobre o andamento da Operação Acrônimo. Dilma disse que não gostaria de ser surpreendida com más notícias sobre seu coordenador de campanha. Pimentel afirmou que não havia motivos para a presidente se preocupar. Dois meses depois, Pimentel, amigo de longa data e homem de confiança de Dilma, foi indiciado pela Polícia Federal pelos crimes de corrupção passiva, tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa. As provas que embasaram as conclusões da PF, obtidas por VEJA, são robustas -- e maculam mais uma pessoa que faz parte do universo restrito de Dilma. Nesta sexta-feira, Dilma foi surpreendida novamente por outra notícia incômoda: o empresário Benedito Oliveira, o Bené, amigo de Pimentel, foi preso preventivamente na Operação Acrônimo. Bené foi o responsável por pagar as despesas de uma casa em Brasília que servia à campanha que elegeu Dilma, sob a coordenação de Pimentel.
O empresário, que após o PT assumir o governo federal viu suas empresas ampliarem geometricamente seu faturamento, também bancava as despesas pessoais do governador Pimentel e da primeira-dama, Carolina Oliveira. Era no avião particular de Bené que Pimentel voava de um lado para outro do país. O operador também pagava as hospedagens do casal. Em novembro de 2013, por exemplo, ele desembolsou 12.127 reais para que o ex-ministro e a sua mulher pudessem desfrutar um fim de semana num bangalô luxuoso no Kiaroa Resort, na Península de Maraú, no sul da Bahia. As empresas de Bené, como a Gráfica e Editora Brasil, receberam meio bilhão de reais do governo do PT em serviços gráficos e de organização de eventos - parte dos pagamentos sem que os serviços sequer tivessem sido prestados.
Bené não era o único que arcava com as contas de Pimentel. Em 25 de junho de 2015, durante a segunda fase da Operação Acrônimo, investigadores encontraram na sede da empresa OPR Consultoria Imobiliária contas pessoais de Fernando Pimentel e da primeira-dama, Carolina Oliveira. Agentes identificaram uma cópia do cartão de crédito e extratos de contas telefônicas do ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Posteriormente, a quebra de sigilo da OPR revelou que a empresa bancou três faturas do cartão de Pimentel que somavam 10.755 reais ao longo de 2013, quando ele ainda comandava o MDIC. A PF achou um envelope pardo com a inscrição "P/ Carolina" com comprovantes de pagamentos de taxas de condomínio e uma conta de uma agência de turismo no valor total de 2.256 reais com datas de abril e maio de 2015. Há também um recibo de pagamento feito à empregada doméstica de uma ex-mulher do governador de Minas Gerais. Além disso, foram encontradas na sede da OPR um álbum de fotos, uma guitarra autografada e anotações em agendas que remetem a Pimentel.
"Apesar de Fernando Pimentel ter sido excluído do quadro societário da empresa OPR Consultoria Imobiliária em 27/07/2012, Fernando ainda continuou participando da gestão da referida empresa, juntamente com Otílio Prado, inclusive usufruindo de forma velada de valores oriundos da empresa OPR", diz o relatório da área de inteligência da PF, obtido por VEJA. "Há indícios de que Fernando Damata Pimentel utilizou-se da empresa OPR para pagamento de suas dívidas pessoais/familiares (exemplos: faturas de cartão de crédito, contas de internet/telefonia fixa-GVT, contas de telefonia celular-VIVO, contas da esposa, Carolina de Oliveira, e da ex-mulher Thais Velloso etc.), desde o ano de 2013, com indícios de pagamentos inclusive no ano de 2015", conclui a delegada Rafaella Vieira Lins Parca.
A OPR era, segundo investigadores, uma empresa de fachada que simulava prestações de serviços para lavar dinheiro. Em março de 2014, a consultoria foi contratada pela Bridge Participações, de Bené, amigão de Pimentel. O objetivo era fazer um levantamento sobre oportunidades de investimentos no mercado imobiliário na região metropolitana de Belo Horizonte. O relatório produzido pela OPR é uma cópia de trabalhos publicados na internet e apresenta dados desatualizados de 2005 e 2012. Pelo serviço copiado do Google, a Bridge pagou 70.000 reais à OPR em julho de 2014. "Tal trabalho de consultoria, confeccionado pela OPR, trata-se apenas de cópias de conteúdos de trabalhos, estudos e relatórios produzidos por terceiros, inclusive disponíveis na internet gratuitamente, por meio de verdadeira montagem de informações", diz a análise feita pela PF. A Bridge, de Bené, também foi utilizada para receber 1,4 milhão de reais em propinas pagas pela montadora Caoa - que recorreu ao amigo de Pimentel para destravar portarias no MDIC que favoreceram a empresa em 2014. O serviço prestado pela Bridge à Caoa também foi copiado da internet, segundo a PF.
Após ser eleito governador de Minas Gerais, em 15 de dezembro de 2014, Pimentel mandou uma mensagem para Maciel Neto, presidente do grupo automotivo Caoa, marcando um encontro na rua do Ouro, em Belo Horizonte, mesmo endereço da sede da OPR. A PF suspeita que a consultoria de fachada era utilizada para realizar encontros reservados com empresários interessados em fazer negócios com o governo. "Conforme se percebe pela mensagem, Fernando Pimentel continuou a utilizar a sede da empresa", diz o laudo da PF. Investigadores também acreditam que o ex-ministro fez tráfico de influência em favor da Caoa em portarias que beneficiaram a empresa junto ao ex-ministro Mauro Borges, que sucedeu a Pimentel no MDIC.
Procurado, Fernando Pimentel, por meio do seu advogado Eugênio Pacelli, disse que não irá comentar as acusações relacionadas com as suas contas pagas pela OPR. "Estamos questionando a legalidade do indiciamento no STF, porque não há previsão legal para isso", disse. "Esperamos que o MPF permita que o governador exerça o seu direito de ser ouvido", diz Pacelli. Procurado, o advogado José Luis Oliveira Lima, que defende Bené, afirmou que o empresário sempre esteve à disposição das autoridades. "Não faz o menor o sentido, depois de tanto tempo de investigação, ser decretada a prisão preventiva de Bené. Essa é uma medida de exceção, que não poderia ser aplicada nesse caso", afirma o criminalista, que irá ajuizar no início da próxima semana um pedido de habeas corpus para tirar o seu cliente da prisão.
A situação de Pimentel e da presidente Dilma deverá se agravar ainda mais nos próximos meses. A empresária Danielle Fonteles, dona da agência de publicidade Pepper, promete contar tudo o que sabe sobre o seu envolvimento com o ex-ministro. Pimentel foi o responsável por intermediar a contratação da Pepper pela campanha da presidente Dilma em 2010. A agência substituiu a Lanza Comunicação, envolvida em espionagens clandestinas. A relação entre a Pepper e o PT foi tão frutífera que a empresa recebeu 15 milhões de reais do partido entre 2013 e 2015. O contrato, porém, foi rompido no ano passado, com o avanço da Operação Acrônimo que tisnou a imagem da Pepper. Danielle Fonteles se comprometeu a contar aos investigadores que Pimentel foi o responsável por negociar com a construtora Andrade Gutierrez o pagamento de 6 milhões de reais de serviços prestados pela Pepper à campanha de Dilma em 2010. Se isso de fato ocorrer, a presidente e o PT, ao contrário do que disse Pimentel em Uberlândia, terão muitos motivos para se preocupar.
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sexta-feira, 8 de abril de 2016


Delação de empreiteira agrava situação da presidente

• Ex-presidente da Andrade Gutierrez diz que pagou propina à campanha de Dilma em 2014

A delação do ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio Azevedo agravou a situação da presidente Dilma e do vice Michel Temer no TSE, onde a chapa eleita em 2014 enfrenta processo de cassação. Seelétrico. gundo a delação, homologada pelo ministro do STF Teori Zavascki, a empreiteira fez doações legais para as campanhas de Dilma de 2010 e 2014 usando propina cobrada em obras da Petrobras e do sistema O PT negou irregularidades. A presidente determinou que a PF investigue o vazamento das informações, que considerou premeditado para tumultuar o processo de impeachment. 

Cerco também no TSE

• Ex-presidente da Andrade Gutierrez diz que pagou propina à campanha de Dilma em 2014

Jailton de Carvalho - O Globo

-BRASÍLIA- Às vésperas da votação do impeachment na comissão especial da Câmara, as delações premiadas do ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio de Azevedo e de outros ex-executivos da empreiteira agravam a situação da presidente Dilma Rousseff e do vice-presidente Michel Temer no processo aberto pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para investigar irregularidades na campanha de 2014. Azevedo e outras oito pessoas ligadas à Andrade, entre elas o ex-executivo Flávio Barra, disseram que a propina por contratos de obras superfaturadas — como a de Belo Monte e a do Complexo Petroquímico do Rio, o Comperj — foi paga na forma de doações legais para as campanhas eleitorais de Dilma em 2010 e 2014.

É o primeiro empreiteiro que confirma ter pagado propina como doação legal para a campanha de Dilma em 2014, o que já tinha sido mencionado por operadores do esquema investigado pela Lava-Jato. O processo no TSE é visto ainda com mais preocupação pelo governo pelo fato de ontem ter sido formalizada a eleição do novo presidente da Corte, o ministro Gilmar Mendes, crítico do PT e do governo. 

Doações em 2010, 2012 e 2014 
As informações sobre a delação de Azevedo foram divulgadas pelo jornal “Folha de S. Paulo” e confirmadas pelo GLOBO. Azevedo entregou aos investigadores uma planilha com a lista de doações e obras a elas vinculadas. Segundo a “Folha”, a planilha conteria a relação de doações feitas em 2010, 2012 e 2014. Entre os valores listados, cerca de R$ 10 milhões teriam ido para campanhas de Dilma e estariam vinculados a contratos com obras públicas.

Os depoimentos foram prestados no início deste ano ao grupo de procuradores da República que está à frente da Operação Lava-Jato. As delações dos executivos foram homologadas pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).

Azevedo disse ainda que parte do dinheiro repassado às campanhas de Dilma teria como origem obras superfaturadas para a construção do Complexo Petroquímico do Rio, de Angra 3 e da usina de Belo Monte, no Pará. A Andrade Gutierrez é a segunda maior empreiteira do país, atrás apenas da Odebrecht.

A delação também faz referência a irregularidades em obras para estádios da Copa do Mundo, em 2014. Os executivos citam os estádios do Maracanã, o Mané Garrincha, em Brasília, e a Arena Amazonas, em Manaus. As irregularidades nessas obras estariam vinculadas não só a políticos do PT, mas também aos do PMDB.

UTC já tinha mencionado doações em 2014 
No Tribunal Superior Eleitoral, o processo pode resultar na cassação da chapa formada por Dilma e Temer. Pela lei, se isso ocorrer ainda em 2016, antes de completados dois anos de mandato, será convocada nova eleição presidencial. A partir de 2017, o presidente será escolhido por eleição indireta no Congresso.

Os executivos da Andrade Gutierrez são os primeiros a vincular propinas por obras públicas às doações legais para Dilma. Mas não são os primeiros a falar sobre doações ilegais. O empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC e Constran, disse que fez doação de R$ 7,5 milhões à campanha de Dilma em 2014 a partir de um pedido de Edinho Silva, coordenador de campanha de Dilma e atual ministro da Secretaria de Comunicação Social. Na conversa, o ministro teria mencionado contratos da empresa na Petrobras.

Em 2014, a Andrade Gutierrez doou R$ 20 milhões para o comitê de campanha da presidente. Além de implicar a campanha de Dilma em 2014, a delação de executivos da Andrade cita também o ministro Ricardo Berzoni, da Secretaria de Governo, e o ex-governador do Rio Sérgio Cabral, segundo disse ao GLOBO uma fonte de Curitiba. Essa fonte não detalhou em que contexto os dois foram citados nos depoimentos.

O ministro Edinho Silva e o advogado Flávio Caetano, que coordenou a equipe jurídica da campanha, negaram qualquer irregularidade nos repasses. Os dois reclamaram do vazamento dos dados que estão sob sigilo.

— A Andrade Gutierrez doou R$ 20 milhões para nossa campanha e R$ 21 milhões para a campanha de Aécio Neves. Cabe a eles (da empreiteira) explicar por que a doação para nós teria como fonte dinheiro desviado e a dos outros candidatos, não — disse Caetano.
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sexta-feira, 8 de abril de 2016


Propina de Belo Monte foi de R$ 150 milhões, diz Andrade Gutierrez

Valdo Cruz, Graciliano Rocha, Leandro Colon, Gabriel Mascarenhas, Márcio Falcão e Bela Megale – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, CURITIBA - Em sua delação premiada à Procuradoria-Geral da República, os executivos da Andrade Gutierrez revelam que as construtoras responsáveis pela obra da Usina Hidrelétrica de Belo Monte combinaram o pagamento de uma propina de R$ 150 milhões, 1% do valor que elas iriam obter pelos contratos firmados.

Os recursos seriam pagos ao longo da construção da obra e seriam divididos entre PT e PMDB. Cada partido ficaria com uma cota de R$ 75 milhões. Os recursos foram pagos, segundo a delação premiada, na forma de doações legais para campanhas de 2010, 2012 e 2014.

A informação foi divulgada pela Globonews, e confirmada pela Folha.

O ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio Marques de Azevedo disse aos procuradores que a empresa tinha um caixa único, formado por estes recursos oriundos da propina de Belo Monte e também dinheiro legal, que foi usado para fazer as doações de campanha, inclusive em 2014, quando a construtora doou R$ 20 milhões para a campanha da presidente Dilma.

Ou seja, segundo os executivos, o dinheiro não era carimbado, mas recursos de propina acabaram sendo usados para bancar as campanhas petistas e de peemedebistas na última eleição presidencial.

Os R$ 150 milhões foram divididos entre as empreiteiras de acordo com a participação de cada uma no consórcio construtor da usina Belo Monte.

O leilão de Belo Monte ocorreu em junho de 2010. Odebrecht e Andrade Gutierrez (autora de estudos iniciais), mais a Camargo Corrêa, desistiram de apresentar proposta por discordar da estimativa de R$ 19 bilhões feita pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética).

Formado por oito empresas, algumas sem experiência na construção de hidrelétricas (Queiroz Galvão, Mendes Júnior, Serveng-Civilsan, Contern, Cetenco, Gaia, Galvão e J.Malucelli), um outro grupo acabou ganhando a concorrência, mas logo depois permitiu a entrada das três concorrentes.

"Derrotadas" inicialmente, Andrade Gutierrez (18%), Odebrecht (16%) e Camargo Corrêa (16%) ficaram com metade dos contratos de construção da usina. O valor da propina paga a PT e PMDB, segundo Otávio Azevedo, seguia o percentual de cada uma no Consórcio Construtor de Belo Monte.

Homologação
Nesta quinta-feira (7), o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki homologou a delação premiada de Otávio Marques de Azevedo e do ex-executivo da construtora Flávio Barra.

Questionado pela manhã sobre a validação dos depoimentos, o magistrado, que é relator dos casos relacionados à Operação Lava Jato na Corte, indiciou que manterá o conteúdo em sigilo, ao menos no primeiro momento.

"Em matéria de delação premiada, a lei estabelece que tudo tem que ser mantido em sigilo. Enquanto as partes não abrirem mão do sigilo, eu vou manter a lei", disse o ministro, sem confirmar a homologação.

A Folha apurou que a PGR (Procuradoria-geral da República) tende a não pedir a retirada do segredo de Justiça, uma vez que as informações prestadas por Azevedo e Barra devem embasar novas frentes de investigação da Lava Jato.

Em sua edição desta quinta, a Folha revelou que, em sua delação premiada, os executivos da Andrade Gutierrez revelaram que a construtora fez doações legais para campanhas de 2010, 2012 e 2014 utilizando recursos de propina obtidos de contratos firmados com a Petrobras, usina nuclear Angra 3 e a hidrelétrica Belo Monte.

O PT e o PMDB negam oficialmente irregularidades nas doações recebidas por seus candidatos e também acertos de propina em Belo Monte. A campanha da presidente Dilma também refuta qualquer irregularidade e diz que todas as contribuições recebidas foram legais.

domingo, 17 de abril de 2016

Ascensão das democracias? Assim parece... - book by Christopher Hobson

The Rise of Democracy: Revolution, War, and Transformations in International Politics Since 1776

 
The Rise of Democracy: Revolution, War, and Transformations in International Politics Since 1776