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domingo, 20 de dezembro de 2020

A Casa Branca virou um hospício terminal

 Se não estivesse relatado no New York Times eu diria que é tudo invenção de lunáticos.

Reunião de Trump com conselheiros tem "gritos" e ideias para anular eleição

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante cerimônia no Salão Oval, na Casa Branca - Saul Loeb/AFP
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante cerimônia no Salão Oval, na Casa BrancaImagem: Saul Loeb/AFP

Do UOL, em São Paulo

20/12/2020 09h04 

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, teve uma reunião acalorada com conselheiros na última sexta-feira, no Salão Oval da Casa Branca. Assessores voltaram a sugerir que ele usasse a lei marcial para reverter o resultado da eleição presidencial, na qual ele foi derrotado pelo democrata Joe Biden, e que a Venezuela estaria por trás das fraudes.

Mesmo com a ratificação da vitória de Biden pelo Colégio Eleitoral, na semana passada,Trump segue questionando o resultado. Ele chegou a prometer "um protesto selvagem" em Washington no dia 6, quando o Congresso se reúne para confirmar os resultados da eleição. Trump foi derrotado por Biden por mais de 7 milhões de votos.

Segundo relatos do jornal New York Times, a reunião teve gritos e muitas desavenças. Participaram, além do presidente, Sidney Katherine Powell, advogada e ex-promotora federal; o advogado pessoal de Trump, Rudolph Giuliani, por telefone; Michael Flynn, ex-assessor de segurança nacional do presidente, entre outros funcionários do alto escalão do governo.

Flynn teria sugerido novamente que Trump deveria invocar a lei marcial para reverter a derrota na eleição. No início da semana, ele havia feito o mesmo comentário. O jornal não informou qual teria sido a reação de Trump sobre a ideia.

Já Powel, advogada da campanha de Trump, vem insistindo na teoria de um plano venezuelano para fraudar urnas eletrônicas nos Estados Unidos. Assessores e pessoas próximas a Trump não estão convencidos da teoria, mesmo com ela apresentando alguns documentos para embasar a sua suspeita.

Na reunião, foi discutida também a indicação de Powell como advogada especial na investigação sobre as supostas fraudes cometidas no processo eleitoral do país, acusação que Trump vem fazendo desde o dia da eleição, mas até agora sem provas. Todas as tentativas dos advogados do presidente de levar o caso a justiça foram barradas pelos tribunais por falta de evidências.

Outra ideia que surgiu na reunião foi a possibilidade do governo emitir uma ordem executiva que permitiria o acesso às urnas para inspeção.

O advogado da Casa Branca, Pat A. Cipollone, e o chefe de gabinete, Mark Meadows, rechaçaram repetida e agressivamente as ideias propostas por Flynn e Powell, assim como outros integrantes da equipe de Trump que participara virtualmente da reunião, segundo disseram fontes ao New York Times.

Neste momento, uma fonte diz que a reunião "ficou feia", com Powell e Flynn acusando os outros de abandonar o presidente enquanto na tentativa de anular os resultados da eleição.

Vale lembrar que Flynn, general reformado, foi investigado por negociações secretas com o representante da Rússia em Washington. Ele se declarou culpado, em 2017, de dar falso testemunho ao FBI nas investigações sobre a interferência russa na eleição presidencial dos Estados Unidos em 2016, que elegeram Trump.

No ano passado, Flynn mudou de advogado e de estratégia de defesa, apresentando-se como vítima de manipulação política. Este ano, Trump perdoou o ex-assessor por ter mentido para o FBI.

Um número inteiro do Shanghai Daily dedicado quase que inteiramente, exclusivamente, ao tema da Covid-19

 Um número inteiro do Shanghai Daily dedicado quase que inteiramente, exclusivamente, ao tema da Covid-19: December 20, 2020 

Rabisco, um cachorrinho perfeito, do desenhista e escritor Michele Iacocca

 

Mais uma reimpressão do Rabisco - um cachorro perfeito


É a décima. Feliz da vida!
Livro de imagens que conta a história de um menino que desenha seu cachorrinho, mas não gosta do resultado. Ele queria outro tipo de cachorro. E o Rabisco, o cachorrinho rejeitado, corre em busca do desenhista criador da história, para que ele resolva a coisa.
O cachorrinho que queria ser exatamente como o seu “dono” menino desejava.
Rejeição, compreensão, aceitação, afeto.  
PREMIOS: Premiado pela FNLIJ (Altamente recomendável e Prêmio Luís Jardim — O Melhor Livro de Imagem da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil de 2009). Entrou na Lista de Honra do International Board on Books for Young People (IBBY), prêmio recebido em Santiago de Compostela. Este livro também virou peça de teatro e, assim como a Bambolina, ganhou o FUNARTE Mirian Muniz e 10 indicações ao prêmio Coca-Cola e Alfa Criança para a montagem. 04 indicações ao Prêmio FEMSA (ganhador do prêmio de melhor adaptação).
Autor: Michele Iacocca
Ilustrador: Michele Iacocca
Editora: Ática

A mentira e o mito - Editorial, O Estado de S. Paulo, 19/12/2020

 A mentira e o mito

Editorial, O Estado de S. Paulo, 19/12/2020

É impressionante a quantidade de mentiras que o presidente Jair Bolsonaro é capaz de contar sem alterar o pulso apenas para sustentar uma narrativa política que o beneficie. Na live do dia 17 passado, transmitida no Facebook, o presidente afirmou que “não teve 13.º do Bolsa Família este ano porque o presidente da Câmara dos Deputados deixou a MP (da prorrogação do auxílio emergencial) caducar”. E quem quiser reclamar, que “vá cobrar do presidente da Câmara”.
Rodrigo Maia reagiu imediatamente. Primeiro, disse que o presidente é um “mentiroso”. Depois, pautou para ontem, horas após o ataque que sofreu, a votação da Medida Provisória (MP) 1.000/2020, que prorrogou o pagamento do auxílio emergencial para mitigar os efeitos adversos da pandemia, que dá sinais de recrudescimento. Seria no âmbito desta MP que o pagamento do 13.º do Bolsa Família seria tratado. Exposta a mentira do presidente e dado um bom susto nele e em sua equipe, o presidente da Câmara retirou a MP da pauta.
Se não houver pagamento do adicional do Bolsa Família neste ano, é porque o presidente e seus articuladores políticos foram incapazes de negociar com o Parlamento a fonte de financiamento do benefício. Não há dinheiro para bancar a demagogia do presidente da República. Esta é a razão principal, entre outras, para que a MP não tenha sido votada até agora. Para custear o pagamento extra do Bolsa Família neste ano, benefício instituído por Bolsonaro no fim do ano passado, teria de haver remanejamento de recursos orçamentários já destinados a outros fins. E isto implica negociação política, algo que Jair Bolsonaro não sabe e não quer fazer. Nunca quis.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, foi claríssimo. “Sou obrigado, contra a minha vontade, a recomendar que não pode ser dado o 13.º do Bolsa Família”, disse Guedes em entrevista coletiva ao final da apresentação do balanço de fim de ano. “É lamentável”, prosseguiu o ministro, “mas (Jair Bolsonaro) precisa escolher entre cometer um crime de responsabilidade e a lei.” É, pois, de impeachment que se está falando.
Caso o 13.º do Bolsa Família fosse pago pelo segundo ano consecutivo, configuraria uma despesa permanente, exigindo, portanto, que o Executivo a compensasse por meio do corte de despesas ou aumento permanente de receitas. O corte, segundo o ministro Paulo Guedes, foi “impossível pelo pandemônio da pandemia”. Tampouco houve aumento de receitas de forma permanente.
Não por outra razão, após a reação de Rodrigo Maia, os apoiadores de Bolsonaro na Câmara se apressaram para tentar retirar a votação da MP da pauta. Isto dá a ideia da balbúrdia que é a administração de Bolsonaro, cujo governo não é outra coisa senão um “deserto de ideias”, como o próprio Rodrigo Maia já havia qualificado em entrevista ao Estado.
Estivesse genuinamente preocupado com o bem-estar social e econômico de seus compatriotas, Bolsonaro teria se dedicado com afinco à construção de uma agenda programática mais robusta para enfrentar esta crise sem precedentes. Teria aberto canais de diálogo permanente com o Congresso e a sociedade. Teria pensado em políticas públicas e fontes de financiamento. Teria assumido o papel de líder da Nação no momento mais dramático de sua história recente. Mas nenhuma causa parece ser capaz de engajar o presidente a não ser a sua inoportuna campanha pela reeleição e a garantia de noites de sono tranquilo para os seus filhos.
Se “mito” é um termo que pode ser associado a Bolsonaro, em poucas situações é mais aplicável do que à sua suposta preocupação com o bem-estar econômico e social dos mais carentes. Basta lembrar que, a depender da vontade de Bolsonaro, o auxílio emergencial que garantiu a sobrevivência de milhões de brasileiros no curso da pandemia não teria passado de três parcelas de R$ 200.
Bolsonaro jamais foi tocado pela compaixão, como mostram seus mais de 30 anos de vida parlamentar. Uma vez alçado à Presidência da República, mostra que nada mudou, para infortúnio dos brasileiros que têm de lidar com duas tragédias: uma crise sanitária e a acefalia governamental.