O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

Mostrando postagens com marcador Frank Dikötter. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Frank Dikötter. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 15 de maio de 2017

O Grande Salto para a Fome, na China: 45 milhoes de vitimas - resenha de Frank Dikotter, por Daniel Lopes


Escravidão e fome no comunismo chinês
Revista Amálgama, 15/05/2017
Um estudo indispensável de Frank Dikötter sobre as muitas formas de destruição e morte durante o Grande Salto Adiante.

“A Grande Fome de Mao: A história da catástrofe mais devastadora da China, 1958-1962”, de Frank Dikötter (Record, 2017, 532 páginas)
1.
A razão principal para os recentes trabalhos do historiador holandês Frank Dikötter terem sido tão louvados é que ele, perito na língua e cultura da China, teve acesso a uma massa de arquivos chineses apenas recentemente abertos a um público menos restrito – antes disponível apenas para poucos historiadores ligados ao Partido Comunista – e entrevistou pessoalmente diversos indivíduos do povo comum que viveram os horrores de eventos como o Grande Salto Adiante, a Revolução Cultural e a própria revolução comunista. Ao acessar essas pessoas e documentos, Dikötter escreve uma história que revisa, no bom sentido, muito da visão que o senso comum tinha dessas tragédias chinesas.
Tome o Grande Salto Adiante, objeto deste A Grande Fome de Mao. Nome oficial para as políticas ditadas por Mao Tsé-Tung entre os anos de 1958 e 1962, o Grande Salto ficaria associado nas décadas seguintes quase que exclusivamente a mortes pela fome. Assim, por muito tempo, o número de mortos nesse período rondou cifras que iam dos 15 milhões reconhecidos pelo governo chinês como vítimas de “desastres naturais”, até os 30 milhões da maioria dos historiadores. Frank Dikötter, por sua vez, levou a cifra para cerca de 45 milhões de mortos.
Por quê? Porque o Grande Salto causou principalmente, mas não somente, mortes pela fome. As políticas dos planejadores chineses produziu uma gama incrível de tipos de morte, relacionados mais ou menos com as políticas para a agricultura que causaram o grosso das mortes no período.
Não apenas isso. A pesquisa de Dikötter vai além dos custos do Grande Salto em termos de vida humana, e pormenoriza uma série de desastres para a natureza e para propriedades públicas e privadas na China. O retrato total da destruição, pintado em A Grande Fome de Mao, é nada menos do que apocalíptico.
A marca principal do Grande Salto Adiante, é verdade, foi a fome em massa. E o esqueleto do Grande Salto foi a planificação econômica. É um dos grandes méritos de Dikötter dar uma ótima noção desta estrutura, começando pela própria origem do termo “economia planificada” – que vem do alemão “Befehlswirtschaft”, originalmente aplicado à economia nazista, depois servindo para caracterizar a economia soviética, até criar raízes próprias em solo chinês. Sim, é isso mesmo: a planificação econômica esteve umbilical e naturalmente associada aos três totalitarismos mais assassinos da história.
Em tal sistema, os oficiais alocados para cuidar de fazendas ou indústrias coletivizadas não raro tomam medidas sem qualquer sentido em termos de efetividade, apenas por sabujismo a superiores hierárquicos, preocupando-se apenas, de tempos em tempos, em maquiar números de produtividade e comandar assassinatos de alguns trabalhadores para manter um nível mínimo de trabalho. Na China, a economia planejada contribuiu, entre outras coisas, para o apodrecimento de grãos armazenados e esquecidos; colapso de um sistema ferroviário que não suportou a carga de bens que teve que transportar de um lado a outro do país; infinita produção de bens de segunda categoria, de móveis a fiações elétricas, que se desmanchavam com pouco tempo de uso e haviam saído de fábricas apenas pelo esforço de se cumprir metas de produção; corrupção e roubo, por parte de oficiais de vários níveis, de bens que deveriam ser distribuídos para o populacho; erosão contínua do poder de compra dos mais pobres, que o planejamento econômico ditava que deviam ter acesso a vários bens por um baixo preço, quando na prática ocorria o contrário.
Antes da revolução de 1949, a China possuía uma forte tradição de pequeno comércio e valorização da propriedade privada. O capítulo 19 de A Grande Fome de Mao traz descrições, emocionantes mesmo, de parte dessa realidade pré-comunismo. Mesmo após a chegada do Partido Comunista ao poder, muito dessa tradição chinesa persistiu, mas com o início do Grande Santo ela seria sufocada. Na província de Yunnan, por exemplo, os 200 mil burros e mulas que levavam comidas e outros bens para aldeias distantes foram substituídos por um sistema centralmente administrado de carretas puxadas por cavalos, cavalos que custavam muito em ração, ração que era incompetentemente administrada pelo Estado, o que levou os cavalos à fome e as aldeias a ficarem privadas de bens essenciais.
Em um verdadeiro pesadelo estatista,
À medida que gigantes estatais substituíam lojas pequenas, a responsabilidade por bens defeituosos afastou-se da rua em direção a remotas e impenetráveis burocracias. O plano [econômico], naturalmente, tinha uma resposta para esse problema, instalando “estações de serviços” (fuwuzu) para o benefício das grandes massas. Mas elas eram poucas e muito afastadas umas das outras, incapazes de dar conta do dilúvio de bens malfeitos e, acima de tudo, profundamente desinteressadas em prestar serviço ao povo. Então, em um país pobre, o custo de consertar um objeto com frequência superava o custo de substituí-lo.
Os indivíduos eram na prática propriedades do Estado. Se este passava, como passou, por uma “febre do aço”, em que qualquer material do tipo era requerido para ser derretido e regredir à sua matéria-prima, então o povão chinês era “convidado” a doar para o poder central até mesmo utensílios domésticos e ferramentas agrícolas. Para os moradores do campo, isso foi mais um passo rumo à fome, pois mesmo nos raros casos em que conseguiam uma brecha para escapar do trabalho escravo em fazendas coletivizadas, não tinham muitos meios técnicos para fazer um plantio próprio, de subsistência.
À medida que a coletivização se aprofundava, os oficiais na chefia das comunas usavam os poucos alimentos reservados para os escravos como forma de recompensa ou punição. Na prática, era uma forma de deixar morrer os que não poderiam ser escravizados por muito tempo, devido a doenças ou idade avançada, por exemplo. Como disse o próprio Mao para líderes do partido em 1959, “quando não há o bastante para comer, as pessoas morrem de fome. É melhor deixar metade das pessoas morrerem para que a outra metade possa se saciar”.


Uma mulher moribunda e sua família. (foto: Getty Images)
2.
Na China, os grãos e outros bens primários eram armas em uma guerra geopolítica, e, como tais, deveriam ser rigorosamente controlados pelo Estado.
Indivíduo de ambições desmedidas, Mao instituiu, pelo menos em sua cabeça, uma corrida páreo a páreo com a União Soviética pela liderança do mundo socialista. Quando Kruschev anunciou em 1957 que em poucos anos seu país alcançaria os Estados Unidos na produção de carne, leite e manteiga, Mao não perdeu tempo em “sugerir” aos inferiores que a China deveria ultrapassar tanto URSS quanto EUA nesse aspecto econômico, e talvez em outras áreas. A liderança chinesa poderia ser alcançada mesmo em curto prazo – com muito esforço, em curtíssimo prazo. Seus vassalos no Partido logo acharam esse um projeto razoável.
Nessa batalha rumo ao topo, caberia aos camponeses, por meio do trabalho em terras coletivizadas, o papel de alimentar as cidades e prover bens de exportação. Sua própria sobrevivência vinha apenas em um distante terceiro lugar. Quantidade assombrosa de alimentos foi vendida no período do Grande Salto, e o dinheiro convertido na importação de equipamentos industriais e militares.
No sistema planificado chinês, funcionava assim: os líderes do país pariam no papel estimativas delirantes de produção interna, a fim de firmarem acordos comerciais indispensáveis para colocar a China no topo. Para tais acordos serem cumpridos, as estimativas teriam que se concretizar, e essa era a ordem dada às lideranças locais. Se as projeções tivessem sido realistas e concretizadas, daria para o país exportar e se alimentar. Como não foram, acabou dando apenas para se alimentar ou exportar, e a escolha pela exportação já havia sido feita. Durante todo o período do Grande Salto, quanto mais a fome se aprofundava, mais as quotas de exportação aumentavam. Daí as 45 milhões de “mortes desnecessárias” calculadas por Frank Dikötter.
Nos anos iniciais do Grande Salto, Mao e seus esbirros não aceitavam sequer críticas em privado das políticas chinesas – que dizer em público. Repressões em aldeias e expurgos nos quadros do Partido foram características da época. A culpa pela média de milhares de mortos por dia era posta nos “desastres naturais”, quando não, claro, nos “inimigos do povo”.
Quando a realidade da fome em massa começou a se impor entre a liderança, outro problema concorreu para que as mortes continuassem a varrer os campos: o orgulho da elite comunista. Foi por orgulho que ela recusou ajuda em alimentos de países do bloco socialista – a fome no gigante asiático já era do conhecimento de meio mundo. A oferta de ajuda da Cruz Vermelha também foi rejeitada. Mesmo os grãos que a China comprou durante o período foram em grande parte exportados – ou seja, não tinham o objetivo de matar a fome dos chineses, mas de fazer a roda da política de exportações continuar a rodar. O país também nunca parou de doar grãos para países como Cuba, para manter a imagem de farol do socialismo bem sucedido.
Apenas a partir do final de 1960, quando o planejamento econômico foi em pequena parte reduzido e aldeões puderam cultivar suas próprias hortas e o comércio local deixou de ser crime, é que a fome começou em diminuir.
Crianças de rua agonizantes. (foto: Life Magazine)
3.
As “mortes desnecessárias” de Frank Dikötter incluem, além da maioria por fome, mortes por acidentes, doenças, violência (inclusive no laogai, o gulag chinês) e por canibalismo (um número comparativamente insignificante, mas ainda assim simbólico das realizações do comunismo).
Como era de se esperar, os sete capítulos que compõem a sexta parte de A Grande Fome de Mao, intitulada “Modos de morrer”, trazem as páginas mais fortes da obra. Por exemplo: Um camponês de Guangdong, chamado Wang Ziyou cometeu o crime de desenterrar uma batata para matar a fome e foi punido pela administração local com o corte de uma orelha, pernas amarradas com arame farpado, uma pedra de 10 quilos atirada sobre as costas e marcação na pele com ferro em brasa. Em parágrafo que lembra o totalitarismo islamista de nossos dias, Dikötter narra que pessoas eram trancadas em porões e deixadas lá até a morte, em meio a gritos atrozes de desespero. Outras eram queimadas vivas. Enquanto isso, idosos eram empilhados em asilos, e crianças muitas vezes iam parar em instituições que fariam qualquer Febem paulista parecer uma utopia.
Como ocorre em todo tempo e lugar em que se tenta fundar o paraíso socialista e o “novo homem socialista”, também na China a espécie humana foi reduzida a seus aspectos mais degradantes. No sistema de comunas, os laços familiares eram apagados, com crianças sem mães, mulheres sem maridos e idosos sem parentes. Nas fábricas, os escravos não podiam abandonar seus postos facilmente, e urinavam e defecavam no próprio chão em que estavam trabalhando. Mulheres eram comumente humilhadas e abusadas por chefes locais (“o estupro se espalhou como um contágio em uma paisagem moral angustiada”, escreve Dikötter), e tinham muitas vezes que trabalhar nuas, para “quebrar tabus feudais”.
A mentira, o roubo, o contrabando, a trapaça, a manipulação, eram formas não apenas de camponeses se voltarem contra o Estado, mas também uns contra os outros. “No campo”, pontua o autor, “a feroz competição pela sobrevivência gradualmente corroeu qualquer sentido de coesão social”.
É por ligar esses diversos aspectos da tragédia do Grande Salto – a Grande Fome, sim, mas também toda uma gama de mortes no campo e nas cidades; a destruição de propriedades privadas; a destruição da natureza; as decisões da cúpula do Partido e os modos de sobrevivência das massas – que o livro de Dikötter é leitura básica para quem deseja compreender a China moderna.
Não só este livro, aliás, mas também seus volumes sobre a revolução comunista e a Revolução Cultural – duas obras que também deverão sair no Brasil, pela mesma editora que nos trouxe este A Grande Fome de Mao.

Cartaz de propaganda chinês da época do Grande Salto Adiante
 
Editor da Amálgama

==============

Agora, entre nós: o preço deste livro é extorsivo. Por isso recomendo comprar uma edição em inglês, em qualquer sebo da rede Abebooks: vejam abaixo, mesmo na Amazon fica mais barato, ainda pagando 10 ou 15 dólares de frete.
 
Ver todos os 2 formatos e edições


Amazon.com:
$ 8 38 $20.00Prime
Get it by Friday, May 19
FREE Shipping on eligible orders
More Buying Choices


sexta-feira, 12 de agosto de 2016

China, a revolucao cultural vista do ponto de vista do povo - Frank Dikotter (The Guardian)


The Cultural Revolution: A People’s History 1962-1976 by Frank Dikotter – review

A timely reminder of the human cost and miscalculations of Mao’s last experiment, fifty years on
Portrait of Mao Zedong in Tiananmen Square, Beijing.

Portrait of Mao Zedong in Tiananmen Square, Beijing. Photograph: Wang Zhao/AFP/Getty Images

Fifty years ago this year, Mao Zedong issued the directive that launched the Cultural Revolution. His “May 16 Notification” exposed and denounced supposed traitors (“counter-revolutionary revisionists”) at all levels of the Chinese Communist party (CCP). By the time Mao died, just over a decade later, his final, extended purge had torn Chinese government and society apart. Perhaps one and a half million people died unnatural deaths (including two of Mao’s designated successors), millions more had been brutalised, the economy and education had been stultified by political dogma, and some 20 million had been banished from the cities to a countryside that could not feed them. The Cultural Revolution’s hyper-Maoism had devastated and disillusioned the population.
Public memory of these events remains fractured in China today. Some former Red Guards – Mao’s shock troops for propelling the early violence of the purge – have apologised for their actions, while others still defend their beliefs; far more have buried their pasts. Leading novelists – Mo Yan, Tie Ning, Yan Lianke, Yu Hua – stress the sufferings of victims: the ordinary people persecuted by ideologues, opportunists and mindless thugs. Born-again neo-Maoists – many of them too young to remember the Mao era in any meaningful way – celebrate the Cultural Revolution as a utopian experiment in mass democracy.

But reticence, above all, is the keynote of Cultural Revolution commemoration in contemporary China. In the late 1970s, after an internal party wrangle, Mao’s successors (many of whom had suffered between 1966 and 1976) vetoed de-Maoification in the style of Khrushchev’s “secret speech” against Stalin in 1956. To denounce Mao comprehensively or permit open conversation about the Cultural Revolution, they decided, would jeopardise CCP legitimacy. In 1981, therefore, the party issued a resolution on “certain questions left over from our party’s history”, which acclaimed Mao as a pioneering genius, condemned the Cultural Revolution as a freak error of excess leftism and blamed its horrors on the “Gang of Four”, Mao’s wife and her three closest collaborators. On the anniversary this year, the spokesman for the Chinese ministry of foreign affairs flatly responded thus to a question about the revolution: “The Chinese government already made the correct verdict on it long ago.” Public discussion of it remains so minimal that many who did not experience it directly are vague or incredulous about its details. The 50th anniversary has generated conferences, articles and books outside mainland China; within China, academics are fearful even of mentioning it in class.
Since its publication a decade ago, Roderick MacFarquhar and Michael Schoenhals’s Mao’s Last Revolution has provided the most authoritative, comprehensive single-volume account of the Cultural Revolution in English. Its coolly analytical narrative exposed the unedifying mix of high-flown ideology and sordid factional wrangles. Now comes Frank Dikötter’s The Cultural Revolution, the last in his trilogy of works on the Mao era.
It importantly extends MacFarquhar and Schoenhals’s impressive work in two ways. First, Dikötter makes more intensive use of evidence drawn from China’s local archives, where historians (both Chinese and non-Chinese) have been able to uncover abundant research materials on the Mao era for the past decade and a half. Second, he excavates the unintended socioeconomic consequences of the Cultural Revolution, arguing that a purge launched to preserve the anti-capitalist “purity” of Mao’s revolution had the opposite effect.
In the early 70s, years before Mao’s demise, exasperated inhabitants of rural China were dismantling collectivisation and rebuilding private enterprises, paving the way for the resurgence of the market in China after 1978. The book is subtitled “A People’s History” but plenty of attention is given to leadership machinations, especially in the early chapters.

Dikötter describes both persecutors and persecuted at the top echelons of the CCP as repugnant: in turn vindictive, bullying, treacherous and cowardly. Like MacFarquhar and Schoenhals before him, Dikötter illuminates how high-level victims of the Cultural Revolution (such as Liu Shaoqi and Deng Xiaoping) helped build the culture of political violence that brought them down after 1966. Occasionally, the characterisation threatens to elide psychological complexity. Dikötter unwaveringly represents Mao as a scheming megalomaniac, “deliberately turning society upside down and stoking the violence of millions to retain his position at the centre”. There is a good deal of truth in this portrait, but Mao was also an ideologue, who genuinely believed in his political mission as the architect of world revolution. Peng Zhen, the mayor of Beijing who became the first target of the Cultural Revolution, is described both as an anti-intellectual hatchet man and, a few pages later, the friend and protector of one of China’s most respected writers.

Elsewhere, though, the book fully acknowledges the contradictory intricacies of the revolution. The campaign as a whole was justified by an appeal to mass government (“Trust the masses … [Let] the masses … expose all the monsters and demons”), yet was dominated by top-down manipulation. One of the many tragedies is that through it Mao pledged greater political transparency and responsiveness to China’s dispossessed, without any idea of the mechanics or implications of providing it; grotesquely bloody civil war ensued. This failure notwithstanding, Dikötter also points out instances where ordinary people tried to make good the liberatory promises of revolution rhetoric, denouncing the inequalities and inequities of life under communist rule. In the archives, Dikötter encountered striking examples of individual rebellion: a man who swore to resist “re-education” however many years the party made him sit through it; a family who dreamed of liberation by foreign invasion.
  
Dikötter is best on the growth of a private economy during China’s reddest decade. By the early 70s, some rural communist cadres – perhaps exhausted by the caprices of central party directives – allowed local farmers to distance themselves from the tyrannies of central socialist planning. Free-wheelers carved off private plots from communes, sowed non-staple crops that were highly profitable in a growing black market, and returned to sidelines (animal rearing, handicrafts) that had been condemned as “capitalist” since the mid-50s. In south China, goods supposedly controlled by government monopoly were openly sold privately; gangs of entrepreneurs roamed the coastline “going all the way to Shanghai to trade in prohibited goods”.
While Mao remains enshrined at the heart of Tiananmen Square and of the legitimacy of China’s ruling party, the CCP will not lift the lid on discussions of individual and collective responsibility for the Cultural Revolution. But the CCP’s reluctance to revisit this history is not just down to sensitivity about Mao’s legacy. The party also dreads remembrance of the political spontaneity that characterised phases of the revolution: the way in which hundreds of millions of discontented ordinary people, given the opportunity, lashed out violently at the party and government. China in 1966 was, like China today, a maelstrom of economic, social and political grievances, fertile ground for an anarchic mobilisation that easily escalated into civil war.
Since 2012, Chinese media voices and ordinary citizens have muttered that contemporary China – as it confronts economic slowdown after three decades of rising inequality – may be approaching a cultural revolution 2.0. This is a dangerous and appalling prospect, especially given the lack of public understanding within the country about what actually happened between 1966 and 1976. For this, and many other reasons, Dikötter’s well-researched and readable new book on the Cultural Revolution’s causes and consequences is a crucial reminder of the tragedies, miscalculations and human costs of Mao’s last experiment.

Julia Lovell is the author of The Opium War: Drugs, Dreams and the Making of China (Picador).

To order The Cultural Revolution for £20.50 (RRP £25) go to bookshop.theguardian.com or call 0330 333 6846. Free UK p&p over £10, online orders only. Phone orders min p&p of £1.99.

sábado, 23 de abril de 2016

China: depois do horror do Grande Salto Para a Frente, o horror da Revolucao Cultural: Frank Dikotter (Cato Institute)

Se estivesse em Washington, iria pessoalmente, inclusive para comprar o livro pessoalmente. Como não estou, vou assistir a palestra online, como abaixo. Frank Dikotter vive em Hong Kong, e publicou, alguns anos atrás, um novo livro sobre o Grande Salto para a Frente, de Mao, entre 1959 e 1962, revisando para cima o número de mortos, para algo entre 30 e 40 milhões de mortos.
Paulo Roberto de Almeida

The Cultural Revolution: A People’s History, 1962–1976
Book Forum
Monday, April 25, 2016
Cato Institute, Washington, DC, 11:00AM - 12:30PM

Featuring the author Frank Dikötter, Chair Professor of Humanities, University of Hong Kong; with comments by Xia Yeliang, Visiting Fellow, Center for Global Liberty and Prosperity, Cato Institute. Moderated by Marian L. Tupy, Editor, www.humanprogress.org, Cato Institute.

After the economic disaster of the Great Leap Forward that claimed tens of millions of lives from 1958–1962, Mao Zedong launched an ambitious scheme to shore up his reputation and eliminate those he viewed as a threat to his legacy. The stated goal of the Cultural Revolution was to purge China of its bourgeoisie and remaining capitalists. The Cultural Revolution soon resulted in street fighting between rival factions. As China descended into chaos, the military intervened, turning the country into a garrison state marked by bloody purges that killed as many as one in 50 people. After the army itself fell victim to the Cultural Revolution, ordinary people used the political chaos to resurrect the market and hollow out the party’s ideology. In short, they buried Maoism. Please join us for a discussion of the horrors of the Cultural Revolution and its unintended consequences.

REGISTER  or  Watch online Apr 25