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sexta-feira, 27 de setembro de 2019

A Palavra do Brasil nas Nações Unidas, 1946-2019: meu desafio ao embaixador Seixas Corrêa - Paulo Roberto de Almeida

Meu desafio ao embaixador Seixas Corrêa, que foi SG por duas vezes no Itamaraty de outros tempos, e que editou pelo menos duas edições da obra “A Palavra do Brasil nas Nações Unidas”, coletando, desde 1946, todos os pronunciamentos de diplomatas brasileiros, geralmente chanceleres, mas também presidentes (praticamente todos desde Figueiredo), a cada abertura da Assembleia Geral.
O desafio é este: prepare uma nova edição (que o atual Itamaraty publicará imediatamente) contendo o discurso do presidente Bolsonaro, com sua tradicional nota introdutória, explicando e resumindo o teor essencial da mensagem transmitida. 
Se desejar, pode usar como pré-resumo o artigo de Marco Antonio Villa, na revista IstoÉ desta semana, cuja chamada transcrevo aqui:

“Bolsonaro dá as costas para o mundo.
Com um discurso demagógico marcado por ataques a inimigos imaginários, o presidente protagoniza um vexame mundial na ONU e coloca em risco o comércio , o agronegócio brasileiro e o diálogo multilateral.”
#MarcoAntonioVilla #ONU #agronegocio #BolsonaroNaONU #Istoe

O desafio está feito, mas agrego aqui meu julgamento preliminar sobre essa nova edição: sinceramente, qualquer ser vivente e pensante, deste nosso planetinha redondo, ao percorrer a nova obra sugerida, constatará, imediatamente, que o discurso de 2019, não tem absolutamente NADA A VER, com todas as demais peças de 1946 a 2018, transcritas nas edições anteriores (creio que a última edição chegava até a Dona Dilma) ou disponíveis nos canais apropriados.
Convido o embaixador Seixas Corrêa a aceitar o desafio e todos os demais leitores a percorrerem aleatoriamente os discursos anteriores do Brasil nas aberturas anuais da AGNU, se quiserem apenas os dos presidentes.
Alerto preventivamente para o desvio padrão.
Não, não culpo o presidente pela peça bizarra produzida em 2019, por já ter por diversas vezes escrito o que penso sobre ele: um despreparado e um inepto para o cargo de presidente.
A culpa incumbe aos aspones ainda mais ineptos, o bando de aloprados que cerca o presidente e que são manifestamente ineptos para a tarefa de preparar um discurso presidencial ou de induzir o presidente a conter os seus instintos mais primitivos.
Como sempre assino embaixo do que escrevo.

Paulo Roberto de Almeida 
Brasília, 27 de setembro de 2019

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Percursos Diplomaticos com Emb. Seixas Corrêa, 16/08: ops, postergado uma vez mais...

Já é a terceira vez que este Percursos Diplomáticos, uma série de depoimentos com embaixadores aposentados que eu havia criado com o ex-diretor do Instituto Rio Branco, é postergado uma vez mais, por "razões de força maior": 


A primeira vez foi no início de 2018, quando o embaixador Luiz Felipe de Seixas Corrêa, Secretário Geral do Itamaraty em duas oportunidades – a primeira vez sob o governo Collor, a segunda vez no governo FHC, ambas sob o comando de Celso Lafer –, teve de se submeter a uma intervenção cirúrgica, e combinamos de fazer na primeira oportunidade disponível. Como todas as demais datas – uma vez por mês nas sextas-feiras, quando os estudantes do Rio Branco tinham uma folga em sua pesada corveia estudantil – estavam ocupadas no ano passado, combinamos na primeira oportunidade em 2019. Eu, ainda diretor do IPRI, combinei com ele logo nos primeiros dias de janeiro, mas como ele viajaria para os EUA em fevereiro, acertamos de fazer logo depois do Carnaval, no começo de março. 

Mas, como todos os que me acompanham aqui sabem perfeitamente, o chanceler acidental – que coincide ser genro do emb. Seixas Corrêa – tomou-se de súbita fúria em plena segunda-feira de Carnaval, dia 4 de março, poucas horas depois que eu havia postado em meu blog Diplomatizzando uma palestra do embaixador Rubens Ricupero, complementada por um artigo do ex-chanceler e ex-presidente FHC, seguidos de uma violenta crítica que o chanceler improvisado fez aos dois num artigo de seu blog, o famoso Metapolítica 17: contra o globalismo, convidando a um debate sobre a política externa olavo-bolsonarista, e mandou-me demitir imediatamente da diretoria do IPRI.

Quem quiser ler essa minha postagem, pode consultar este link: 

blog Diplomatizzando (10/03/2019; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/03/ricupero-fhc-e-ernesto-araujo-em-debate.html).

O próprio Seixas Corrêa, frustrado em sua tentativa de demover EA de sua tão furibunda atitude, desistiu de vir a Brasília para essa palestra no dia 8 de março. 

Agora, marcada a terceira tentativa, o embaixador desiste novamente de viajar do Rio a Brasília, provavelmente devido às destrambelhadas declarações do presidente sobre as primárias argentinas, mas esta é apenas uma suposição de minha parte. Formulo a hipótese pelo fato de o emb. Seixas Corrêa ter sido embaixador em Buenos Aires, ter se esforçado duramente para melhorar essas relações estratégicas durante sua gestão, e pode ter ficado temeroso ao ser eventualmente indagado sobre como vê, atualmente, essas relações no quadro de declarações absolutamente inaceitáveis do presidente (e do próprio ministro da Economia), na absoluta indiferença do chanceler acidental.
Lamento a terceira desistência, mas vou ficar esperando para vê-lo numa próxima oportunidade, tanto porque gostaria de mostrar-me a ele em carne e osso, se ouso dizer, pois ele teve a seguinte frase sobre mim, pouco depois de minha exoneração do IPRI, conforme registrei em nova postagem deste meu blog: 

Seixas Corrêa: o Paulo Roberto não existe! - (helàs!)

blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/04/seixas-correa-o-paulo-roberto-nao.html).

Não se trata da primeira surpresa vinda do Itamaraty ou da Funag, que passa por mudanças normais, quando ocorre uma mudança de governo, e outras mudanças menos normais, no padrão de transparência que se espera de uma agência pública.

Já me deparei com algumas censuras, contra mim mesmo, mas a mais notória foi o veto a prefácio do embaixador Rubens Ricupero à biografia de Alexandre de Gusmão (encomendada pela Funag) feita pelo embaixador Synesio Sampaio Goes, tanto mais incompreensível que o texto se atinha ao século XVIII – Tratado de Madri, de 1750 – e só vinha ao século XX para ficar nos anos 194-50, quando o historiador português Jayme Cortesão resgatou a figura excepcional de Alexandre de Gusmão, o "avô" da diplomacia brasileira. A biografia vai ser publicada pela Editora Record no começo de 2020.
Vários outros "desaparecimentos", até aqui inexplicáveis, estão ocorrendo nos sites da Funag e do IPRI, depois de minha defenestração. Por exemplo, tentei acessar algumas vezes este outro vídeo de um outro Percursos Diplomáticos, que eu havia feito com outro ex-Secretário Geral do Itamaraty (sob a gestão Celso Amorim, no período lulopetista), mas não consegui: 



Todas as vezes que tentei, havia este aviso, talvez pelo fato de eu ter me pronunciado nos dez minutos iniciais sobre o significado do evento:

Este vídeo não está disponível.

Quem quiser saber o que eu disse na ocasião pode ler nesta postagem: 

3319. “Percursos Diplomáticos: uma reflexão necessária”, Brasília, 12-24 agosto 2018, 5 p. Introdução ao depoimento do embaixador Samuel Pinheiro Guimarães Neto, no quadro da série de depoimentos de diplomatas aposentados, que se acrescentam ao anteriores (http://www.funag.gov.br/ipri/index.php/percursos-diplomaticos). Revisto e lido em 24 de agosto de 2018, no auditório do Instituto Rio Branco. Divulgado no blog Diplomatizzando (24/08/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/08/percursos-diplomaticos-samuel-pinheiro_24.html).

Existem vários outros episódios, que estou coletando para um dia revelar. No momento, fico com os meus dois livros já publicados depois de minha exoneração – Contra a Corrente: ensaios contrarianistas... e Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty –, já pensando no que vai entrar no próximo, que já tem até um título tentativo: Ideologia da diplomacia brasileira (aguardem).

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 16 de agosto de 2019