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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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sábado, 13 de maio de 2023

Uma breve avaliação pro domo - Paulo Roberto de Almeida

 Uma breve avaliação pro domo

Paulo Roberto de Almeida 

A diplomacia lulopetista (em parte profissional, ainda hoje) e a “dipromacia” bolsolavista (controlada, numa primeira fase, por lunáticos completos) foram os dois grandes desafios a uma diplomacia de qualidade, pois que deformando o trabalho de profissionais bem preparados. 

Foram perdas para o Brasil, e continuam sendo, na fase atual, de retomada parcial de alguns dos grandes equívocos do lulopetismo diplomático do passado. 

Ele só não consegue reproduzir todos os equívocos porque o mundo mudou. Mas continuam tentando.

A falta de estadistas esclarecidos tem trazido atrasos inaceitáveis ao Brasil, que continua se arrastando penosamente em direção a um futuro incerto. Por mais que avancemos, um pouco, lentamente, estamos nos atrasando relativamente.

Uma coisa é certa: não existe nenhum problema internacional obstando o nosso desenvolvimento: todos os obstáculos são made in Brazil, desgraças autocriadas, óbices brasilo-brasileiros.

Como já diagnosticou o embaixador Ricupero na conclusão de seu livro sobre A Diplomacia na Construção do Brasil, existe um limite ao que a diplomacia possa fazer na ausência de impulsos adequados vindos do ambiente político interno.

Mas tem sido assim desde 1822, desde que os novos donos bloquearam a extinção imediata do tráfico e a abolição delongada da escravidão. Depois continuou a passos lentíssimos. 

Persistiremos, os diplomatas conscientes? Certamente, mas a passos lentos.

Parafraseando Georges Brassens:

“Mourir pour des idées?

D’accord, mais de mort lente,

Mais de mort lente…”


Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 13/05/2023