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segunda-feira, 19 de julho de 2010

Siria proibe veu nas universidades (demorou...)

Puxa vida, veio bem a calhar para "legitimar" medidas semelhantes que estão sendo adotadas na França e na Bélgica.
Afinal de contas, a despeito de a Síria contar com uma grande população cristã -- também tinha muitos judeus, no passado, mas parece que eles diminuiram sensivelmente nas últimas décadas -- o país é fundamentalmente muçulmano, embora laico, comme il faut.
Nada como o laicismo no funcionamento do Estado, e a "transparência" na vida pública...
Paulo Roberto de Almeida

Addendum em 20.07.2010, respondendo a uma comentário de Vinicius Portella (ver abaixo):

O moderno Estado democrático de direito é um estado laico, que não faz distinção entre religiões, "raças", gêneros e condição social, tratando a todos de modo igualitário.
Um dos principais fatores que explicam o atraso de sociedades islâmicas em geral é a condição subordinada da mulher, embora nem todas as sociedades islâmicas tenham Estados que consagrem legalmente essa subordinação, sendo que algumas se esforçaram para bani-la, por meios talvez autoritários -- como a interdição do véu e outros sinais "encobridores" da mulher -- mas que representam essa tentativa de evitar discriminação de gênero, que acaba redundando em subordinação social e legal.
A Síria, que não é uma democracia, longe disso, é um Estado laico, e como tal já deveria ter adotado todas as medidas legais para evitar e banir sinais "subordinadores" da mulher. Demorou para fazê-lo, mas fez agora.
Aqueles que invocam a "liberdade religiosa" para justificar, legitimar, impor o véu nas mulheres na verdade pretendem mantê-las em condição subordinada, e toda a ideologia construída em volta do véu termina por consolidar também nas mulheres essa "obrigação" do véu, tida como sinal de respeito por elas próprias, quando é o sinal de sua opressão.
Costumes não se mudam por via legal, mas eles podem começar a sofrer essa mudança por meios impositivos, dependendo de como a sociedade se organiza politicamente.
De fato, há uma enorme contradição entre um Estado liberal, que concede plena liberdade aos seres individuais de praticarem suas respectivas religiões da forma que julgarem mais apropriada, e essas imposições autoritárias de proibição de qualquer sinal vestimentar vindas do alto.
Não devemos esquecer, porém, que as mulheres e meninas assim constrangidas a usar véus e outros elementos "encobridores", NUNCA tiveram escolha -- liberal ou democrática -- de NÃO usar, sendo sempre uma imposição costumeira ou tradicional.
Sociedades democráticas podem conviver com o véu, ainda que por razões de segurança -- como a onda fundamentalista terrorista de origem provada muçulmana atualmente existente -- esses mesmos Estados democráticos possam impor limitações a indivíduos com vistas a preservar a segurança coletiva.
Princípios não devem e não podem se opor a medidas de ordem prática que visem resguardam o bem-estar coletivo.
Paulo Roberto de Almeida

Syria bans face veils at universities
By Associated Press Writer Albert Aji
Associated Press, 19.07.2010

DAMASCUS, Syria – Syria has banned the face-covering Islamic veil from the country's universities to prevent what it sees as a threat to its secular identity, as similar moves in Europe spark cries of discrimination against Muslims.
The Education Ministry issued the ban Sunday, according to a government official who spoke on condition of anonymity because he is not authorized to speak publicly.
The ban, which affects public and private universities, is only against the niqab — a full Islamic veil that reveals only a woman's eyes — not headscarves, which are far more commonly worn by Syrian women.
The billowing black robe known as a niqab is not widespread in Syria, although it has become more common recently — a move that has not gone unnoticed in a country governed by a secular, authoritarian regime.
"We have given directives to all universities to ban niqab-wearing women from registering," the government official told The Associated Press on Monday.
The niqab "contradicts university ethics," he added, saying the government was seeking to protect its secular identity.
He also confirmed that hundreds of primary school teachers who were wearing the niqab at government-run schools were transferred last month to administrative jobs.
Syria is the latest country to weigh in on the veil, perhaps the most visible hallmark of conservative Islam. The wearing of veils has spread in other secular-leaning Arab countries such as Jordan and Lebanon, as well, with Jordan's government trying to discourage it by playing up reports of robbers who wear veils as masks.
Turkey also bans Muslim headscarves in universities, with many saying attempts to allow them in schools amount to an attack on modern Turkey's secular laws.
European countries including France, Spain, Belgium and the Netherlands are considering bans on the grounds that the veils are degrading to women.
France's lower house of parliament overwhelmingly approved a ban on wearing burqa-style Islamic veils on July 13 in an effort to define and protect French values, a move that angered many in the country's large Muslim community.
Opponents say such bans violate freedom of religion and will stigmatize all Muslims.
Duaa, a 19-year-old university student in Damascus, said she hopes to continue wearing her niqab to classes when the next term begins in the fall despite the ban.
Otherwise, she said, she will not be able to study.
"The niqab is a religious obligation," said Duaa, who asked that her surname not be used because she was not comfortable speaking publicly on the issue. "I cannot go without it."