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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Mao: ou como matar 40 milhoes por nada, apenas por tirano mesmo...


BOOKS

THE HUNGRY YEARS

New perspectives on Chairman Mao’s Great Famine.

BY DECEMBER 10, 2012

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ABSTRACT: BOOK review of two books on Mao Zedong and the Great Famine. The Great Famine of 1958-62 is thought to have taken more than thirty million lives, and perhaps as many as forty-five million. Two new books offer fresh evidence to describe the stubborn delusions and cruelties of Mao Zedong, who believed that, among other things, hundreds of millions of Chinese making steel in their back-yard furnaces could surpass the industrial production of Western countries. “Tombstone,” by the Chinese journalist Yang Jisheng (Farrar, Straus & Giroux) is the first major Chinese account of the causes and consequences of the famine. “Mao: The Real Story,” by Alexander V. Pantsov and Steven I. Levine (Simon & Schuster), draws on Russian archives to show, more clearly than before, that this tale of folly was not without precedent in the twentieth century. “Mao” reveals that the Chinese Communist Party was deeply dependent on Soviet money, expertise, and ideological guidance. As Pantsov and Levine point out, “Mao had no concrete plans for the Great Leap Forward.” A hundred absurd schemes now flowered. Ill-conceived projects took peasants away from the fields, causing a steep decline in agricultural productivity. The subject of the famine remains taboo in China. In “Tombstone,” Mao emerges as patriotic but megalomaniacal, crudely vindictive, and utterly inept. Yang is deeply ambivalent about the prospects for democracy in China.
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Ilusoes governamentais sobre comercio exterior e sobre acChina - Rolf Kuntz


Faxina urgente

05 de dezembro de 2012 | 2h 06
ROLF KUNTZ - O Estado de S.Paulo
A próxima grande faxina da presidente Dilma Rousseff deveria ser na política econômica. Com dois anos perdidos e apenas meio mandato pela frente, ela tem pouco tempo para se livrar do entulho de erros e montar uma estratégia de crescimento de longo prazo. A melhor síntese dos enganos acumulados nos últimos dez anos está na balança comercial, onde aparecem com clareza tanto os equívocos da política interna quanto os enormes tropeços da diplomacia econômica. O desestímulo à indústria, a perda de competitividade, o erro de diagnóstico no meio da crise, a perigosa dependência da China e o delírio da opção terceiro-mundista estão refletidos na evolução do comércio de manufaturados e de commodities. Esses dados combinam perfeitamente com a estagnação industrial nos últimos dois anos, com a redução do investimento, mostrada no último relatório sobre o Produto Interno Bruto (PIB), e com a produção declinante de bens de capital - uma queda de 10,1% nos 12 meses até outubro.
O erro de diagnóstico já foi apontado mais de uma vez por vários analistas e confirmado por todos os dados recentes. O governo gastou muita munição para estimular o consumo e negligenciou a capacidade de resposta da indústria. O déficit comercial do setor de manufaturados, US$ 96 bilhões em 2011, deve chegar neste ano a US$ 100 bilhões, segundo estimativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI). A participação de manufaturados estrangeiros no mercado interno de consumo praticamente dobrou em dez anos e chegou a 20,1% em 2011. O grande salto ocorreu em anos recentes.
O desajuste industrial está longe de ser uma tendência nova. Entre 2000 e 2011 a produção do setor de transformação cresceu a uma taxa média anual de 2,4%, enquanto a produtividade da mão de obra aumentou 0,6% ao ano, segundo a CNI. Pelo menos 18 economias industriais bateram o Brasil nesse quesito. A lista ficaria muito maior com a inclusão de emergentes.
No entanto, apesar de todas as desvantagens comparativas, a exportação de manufaturados tem resistido razoavelmente ao impacto da crise global, enquanto o comércio de produtos primários é severamente afetado pela desaceleração das grandes economias, a começar pela chinesa. De janeiro a novembro, o Brasil exportou manufaturados no valor de US$ 83,4 bilhões, 1,4% menor que o de um ano antes. A receita dos básicos, US$ 104,2 bilhões, foi 7,8% inferior à de janeiro-novembro de 2011. A redução é explicável tanto pelos volumes quanto pelas cotações. Os preços de bens industriais, sabe-se há muito tempo, são menos sujeitos a grandes oscilações em tempos de crise. Não há nenhum mal em fomentar as vendas de produtos primários e semielaborados. Mas é um erro enorme descuidar do comércio da indústria de transformação, deixando-o na dependência de alguns mercados tradicionalmente acessíveis, como os latino-americanos. O Brasil tem perdido também esses mercados para produtores mais competitivos, como os chineses e outros asiáticos.
De janeiro a novembro, a exportação para a China, US$ 38 bilhões, foi 7,3% menor que a de igual período de 2011. Mais detalhes da pauta só estão disponíveis até outubro. Nesses dez meses, a receita obtida com os básicos foi 7,4% inferior à de um ano antes. A de manufaturados cresceu 17,2% e a de semielaborados, 3,38%, mas esse conjunto representou apenas 16,4% do valor total. A relação comercial entre Brasil e China é de estilo colonial. Foi definida como estratégica, no entanto, pelos formuladores da diplomacia petista.
As vendas brasileiras para os Estados Unidos chegaram a US$ 22,7 bilhões até outubro e US$ 24,9 bilhões até novembro (com ganho de 5,7% em relação ao ano anterior). Esse crescimento foi puxado pela indústria de transformação. Até outubro, as vendas de manufaturados para o mercado americano alcançaram US$ 11,1 bilhões, 48,8% do valor total. O aumento foi de 19% sobre os meses correspondentes de 2011. Incluídos os semimanufaturados, o total dos industrializados chegou a US$ 15,4 bilhões, 68% da receita. A relação com o Império é bem mais igualitária do que o comércio com os parceiros "estratégicos".
Uma diplomacia econômica mais adulta teria ao mesmo tempo ampliado o comércio com os grandes parceiros tradicionais - e para isso conviria negociar acordos com Estados Unidos e União Europeia - e continuado a diversificação geográfica, iniciada de fato há muito tempo. Uma política orientada para o comércio com todos os mercados, sem bobagens terceiro-mundistas, teria imposto uma atenção muito maior à produtividade e à inovação. O resultado seria uma economia muito mais dinâmica. Não se chega a isso com improvisações, incentivos parciais e provisórios, remendos tributários, demagogia na educação, voluntarismo e loteamento do governo. Se a presidente insistir nesse rumo, o País perderá bem mais que os quatro anos deste seu mandato.

Uma lagrima para... Dave Brubeck

Desde crianca, devo ter ouvido Take Five milhares de vezes. Nunca me cansei de ouvir.
Thanks Dave...
Paulo Roberto de Almeida

Dave Brubeck, U.S. Jazz Pianist, ‘Take Five’ Artist, Dies at 91

Dave Brubeck, the U.S. pianist and composer whose quartet produced the first jazz album that sold more than 1 million copies and was best known for the melodic composition “Take Five,” has died. He was 91.
He died today of heart failure, the Associated Press reported, citing his manager Russell Gloyd.
Dave Brubeck performs along with his Dave Brubeck Quartet in this file photo. Photographer: Timm Schamberger/AFP via Getty Images
In this circa 1950 photo, jazz musicians Dave Brubeck, left, Cal Tjader, center, and Ron Crotty play piano, drums, and bass, respectively, while rehearsing in a studio. Brubeck has died. He was 91. Source: Metronome via Getty Images
2009 Kennedy Center honorees and Dave Brubeck, right, and Bruce Springsteen engage in conversation as they and the other honorees prepare to pose for the formal group photo following the Artist's Dinner at the United States Department of State on December 5, 2009 in Washington, D.C. Drubeck has died. He was 91. Photographer: Ron Sachs/Pool via Getty Images
Brubeck’s experimental recordings and unorthodox time signatures broke new ground in the 1950s, inspiring a generation of musicians and delivering jazz to a wider audience. His cool, West Coast sound defied traditional forms by playing in two keys at once, a harmonic approach that gave jazz a new angle.
The band stayed together for 16 years and was one of the most popular in jazz history, winning a cult following among students through regular performances on university campuses. Brubeck’s works such as “The Duke” and “In Your Own Sweet Way” became standards of the genre, while “Time Out” set a precedent for jazz music by selling more than 1 million records after it was released in 1959.
Brubeck performed for Pope John Paul II and for eight U.S. presidents, including Ronald Reagan, whose 1988 summit with Soviet leader Mikhail Gorbachev in Moscow included a concert by the jazz maestro. Brubeck also toured at the invitation of the U.S. State Department in a goodwill capacity, even performing behind the Iron Curtain in 1958 at a time of Cold War tension. In 1954, he became the first jazz musician to appear on the cover of Time magazine.

Early Years

David Warren Brubeck was born Dec. 6, 1920, in Concord,California, near San Francisco. His father was a cattleman and his mother taught music and played piano. At age 12, Brubeck moved with his family to a ranch that his father managed near the Sierra Nevada Mountains. There the young musician honed his piano skills in local bands before enrolling as a student of veterinary medicine at the College of the Pacific in Stockton, California. He later changed his major to music after abandoning his plans to become a rancher.
After serving in the U.S. Army under General George Patton during World War II, Brubeck attended Mills College in Oakland, California, where he was taught by classical composer Darius Milhaud. He recorded with fellow students as an experimental jazz octet, which included Paul Desmond, whose partnership with Brubeck produced tunes for about two decades. Alto saxophonist Desmond was the composer of “Take Five,” which was named after its unusual 5/4 time signature.
Brubeck said in a Public Broadcasting Service interview in 2001 that he almost gave up jazz as a career because of the hardships his lifestyle inflicted on his young family. To avoid the cost of a motel room at $8 a night, they once rented a place in the mountains above Salt Lake City, Utah, where the house had a dirt floor and the children had to be washed in a stream.

The Quartet

In 1951, the Dave Brubeck Quartet was formed with Desmond on alto saxophone, Joe Dodge on drums and Bob Bates on bass. The latter two were then replaced by Eugene Wright and Joe Morello. Wright, a black American, was the subject of discrimination by club owners, prompting Brubeck to cancel several concerts in protest. He and his wife, Iola, a lyricist, also composed an anti-racism piece called “The Real Ambassadors,” which featured jazz great Louis Armstrong.
After the quartet’s break-up in 1967, Brubeck appeared in a band with Gerry Mulligan and later formed a group with three of his own sons: Darius, Chris and Danny. He continued to tour the world in later years, playing concerts across Europe. His 80th birthday was celebrated by a joint performance with the London Symphony Orchestra.
Brubeck received the National Medal of the Arts, presented at the White House, and he won a Grammy in 1996 for lifetime achievements. The Brubeck Institute, whose honorary chairman is actor Clint Eastwood, was created by the University of the Pacific to support jazz students and promote Brubeck’s music.
“Once when asked how I would like to be remembered, I answered, ‘As someone who opened doors,’” Brubeck said.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Ilusoes brasileiras sobre a China - Sean Burges

Uma nova abordagem nas relações Brasil-China

Sean W. Burges
O Estado de São Paulo, 05 de dezembro de 2012

Como vários outros países do mundo, o Brasil tenta, a duras penas, fazer frente às exportações chinesas. O Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) organizou sua quarta conferência anual em São Paulo com o intuito de formular respostas a esse desafio. Algumas histórias interessantes foram relatadas, mas não muitas novas ideias foram apresentadas. O mais preocupante, porém, é que pareceu haver pouco reconhecimento dos sutis sinais de alerta de que a China vem manobrando o Brasil para uma posição subordinada, transformando-o num Estado vassalo.
O embaixador da China no Brasil, Li Jinzhang, usou uma mistura de recados oblíquos e antigas estratégias imperiais para sublinhar discretamente as posições relativas de poder dos dois países e os limites às aspirações brasileiras quanto à relação bilateral. Jinzhang falou deliberadamente em mandarim, não no português que esperaríamos de um embaixador num importante global player como o Brasil. Para ser generoso, é possível que seu português - uma língua que se sabe de difícil domínio para os chineses - não estivesse à altura de apresentação pública tão importante. Então por que não usar uma segunda língua comum, como o inglês, que é o idioma internacional dos negócios e da diplomacia? A mensagem era clara: vocês têm de vir até nós e se adaptar aos nossos modos e prioridades.
Pequenas alusões ao fato de que o ator predominante na relação bilateral é a China foram acompanhadas de advertências sutis aos industriais brasileiros que se queixam das importações chinesas e pedem a Brasília a adoção de mais medidas protecionistas. Jinzhang contou a história de um vilarejo chinês que, como o Brasil, era uma comunidade predominantemente agrária. Com muito trabalho e inovação, o vilarejo transformou-se numa potência industrial e agora contribui com pouco mais de 2% das exportações chinesas. Ainda que transmitida com gentileza, a lição às lideranças empresariais brasileiras foi muito simples: não reduziremos o ritmo de nossas exportações, cabe a vocês inovar e competir conosco. Mais arrepiante para a liderança do agronegócio do Brasil, Jinzhang também observou que a principal meta do novo governo em Pequim é garantir a segurança alimentar e o objetivo último, neste caso, é a autossuficiência.
Um aspecto implícito no discurso de encerramento proferido pelo presidente da CEBC, o embaixador Sergio Amaral, foi uma réplica ao desafio chinês. Infelizmente, a proposta de Amaral, que sugeriu revigorar as iniciativas de integração econômica da América Latina a fim de criar um mercado interno mais amplo e estabelecer um patamar comum de tarifas altas para excluir produtos chineses, é uma ideia antiga que não deu certo. Mais ainda, a proposta é um delírio que ignora por completo que Chile, Peru, Colômbia e México se reuniram para formar a Aliança do Pacífico justamente com a ideia de se voltarem para o oeste e olhar para a China, e não a leste, para o Brasil.
O interessante é que a história de Jingzhang sobre a cidadezinha agrícola chinesa que se transformou graças à inovação aponta um passo adiante para o Brasil, que envolva uma direção muito diversa para sua política externa e maiores, mas produtivas, alterações no pensamento empresarial do País. Há duas diretrizes concretas de ação.
Em primeiro lugar, o Brasil precisa aumentar sua taxa de inovação. O programa Ciência sem Fronteiras ajudará, mas não basta. Lições da experiência chinesa devem ser acrescentadas à receita. A industrialização na China apoiou-se em sucessivas ondas de investimento direto estrangeiro (IDE), que traziam tecnologia e novos processos - as empresas chinesas engajaram-se num amplo processo de colaboração internacional para estimular a inovação. Graças ao Ciência sem Fronteiras as universidades brasileiras já começam a experimentar algo semelhante por meio de um relacionamento ativo com universidades dos EUA, do Reino Unido, do Canadá, da Europa e até com a instituição a que pertenço, a Universidade Nacional da Austrália. As empresas devem seguir essa trilha e procurar parceiros dinâmicos, com os quais novos mercados, produtos e processos possam ser explorados e desenvolvidos. O governo brasileiro poderia contribuir ativamente para isso com programas criativos em instituições como o BNDES ou novas linhas de financiamento do Banco do Brasil ou da Caixa Econômica Federal.
Em segundo lugar, o Brasil precisa adotar nova abordagem para lidar com a China. Uma opção que não funcionará é a rota que potências intermediárias como Austrália e Canadá usam há muito tempo para administrar as relações bilaterais com os EUA. Não há comunhão de interesses para tornar isso viável com o Bric China. Em vez disso, dever-se-ia dar atenção a uma estratégia sofisticada de "equilíbrio" envolvendo uma parceria com Austrália e Canadá. Por que esses dois países? Ambos são relativamente pequenos e cortejam ativamente o Brasil, o que os torna administráveis. Mais importante ainda, para o impacto disso nas percepções chinesas, é que eles são outros dois grandes exportadores de minerais e alimentos para a China. Com Austrália, Brasil e Canadá - um novo grupo de países ABC - operando de forma independente, a China pode adotar uma estratégia do tipo "dividir para conquistar". O resultado é que as tarifas chinesas deixam entrar matérias-primas de forma mais barata, mas deixam de fora produtos de maior valor agregado em seu mercado. Isso faz dos países ABC celeiros para os consumidores chineses. A ação coletiva pode ser uma maneira de reverter esse processo e forçar concessões de Pequim.
A China será, sem dúvida, um dos principais parceiros econômicos do Brasil até o resto deste século. O perigo é que, se depender de desgastados modelos de integração e de uma abordagem excessivamente individualista no relacionamento com Pequim, o Brasil será rapidamente empurrado de volta a uma posição periférica e passará a funcionar como pouco mais que uma despensa da China.

SEAN W. BURGES, CANADENSE - É PESQUISADOR SÊNIOR DO CENTRO NACIONAL DE ESTUDOS LATINO-AMERICANOS DA UNIVERSIDADE NACIONAL DA AUSTRÁLIA.