Lauro Jardim
Após voto em Lula, Joaquim Barbosa critica presidente 'omisso' e 'conservador à la carte'
Por Rodrigo Castro
O Globo, 24/06/2024
Discreto, Joaquim Barbosa voltou às redes sociais com críticas a Lula, seu candidato nas últimas eleições. Em seu perfil no “X” – sem publicações desde 1º de maio – o ex-presidente do STF e algoz do PT no mensalão atacou o Congresso (“omisso, retrógrado, um horror”) e não poupou o presidente, a quem chamou de “omisso em muitas questões, em cima do muro em outras, conservador ‘à la carte’", quando o assunto são "questões de sociedade".
Barbosa afirmou que Lula “é incapaz de liderar o país em várias áreas em que poderíamos avançar significativamente se o natural poder de liderança e persuasão conferido ao ocupante da cadeira presidencial fosse inteligentemente usado para fazer avançar certas pautas que nos colocam na ‘vanguarda do obscurantismo’”.
A manifestação acontece em meio à turbulência na articulação política do governo e suas sucessivas derrotas no Congresso. Também, claro, durante discussões polarizadas, como a do PL Antiaborto Legal – sobre a qual Lula se manifestou somente após pesquisas de opinião.
O último post explícito de Barbosa sobre Lula havia sido após sua vitória em 2022. Na ocasião, ao parabenizar o petista, disse que “venceram a Democracia, a civilidade, a reverência às normas consensualmente estabelecidas para reger o bom funcionamento da sociedade”.
As palavras usadas agora ainda contrastam com uma entrevista de Barbosa ao “Valor”, em maio de 2023, na qual afirmou que Lula foi “ousado” quando o nomeou para o STF. O ex-ministro referia-se à expectativa para que o presidente nomeasse mais um negro à Corte, o que não ocorreu.
Na mesma entrevista, elogiou que Lula vinha colocando em prática, a chamada “diplomacia presidencial”.
Mas não para por aí: questionado sobre as dificuldades de Lula com o Legislativo (na época pouco mais de quatro meses da posse), Barbosa respondeu que “presidencialismo é isso mesmo, um sistema de múltiplos terrenos de negociação” e emendou que, embora minoritário, Lula poderia governar. A receita? Eis suas palavras:
“Basta que o presidente exerça a liderança e seus negociadores tenham boa interlocução”.
Daquelas frases que envelhecem mal...
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