| |||||||||||||||||||||
|
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;
Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53
Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks
| |||||||||||||||||||||
|
Today's selection -- from:
The Deficit Myth by Stephanie Kelton.
Stephanie Kelton’s new book, The Deficit Myth, is a highly readable overview of modern monetary theory (MMT), an economic theory increasingly embraced by policymakers and politicians:
"Cities (Detroit) and states (Kansas) can run into big trouble when they're not bringing in enough money to cover their expenses. Every family sitting around the kitchen table understands these realities. What they don't understand is why the federal government (Uncle Sam) is different.
"To understand why, we go right to the heart of MMT. MMT takes as its starting point a simple and incontrovertible fact: our national currency, the US dollar, comes from the US government, and it can't come from anywhere else -- at least not legally. Both the US Treasury and its fiscal agent, the Federal Reserve, have the authority to issue the US dollar. This might involve minting the coins in your pocket, printing up the bills in your wallet, or creating digital dollars known as reserves that exist only as electronic entries on bank balance sheets. The Treasury manufactures the coins, and the Federal Reserve creates the rest. Once you appreciate the significance of this reality, you will be able to unravel many of the deficit myths on your own.
"Even though you may not have given it much thought before, something inside you probably already understands this basic truth. I mean, think about it. Can you create US dollars? Sure, you can earn them, but can you manufacture them? Maybe with high-tech engraving equipment you could set up shop in your basement and produce something that looks very much like the US dollar. Or maybe you could hack into the computer at the Federal Reserve and type up some digital dollars. But we both know you'll end up in an orange jumpsuit if you get caught trying to counterfeit the currency. That's because the US Constitution grants the federal government the exclusive right to issue the currency. As the Federal Reserve Bank of St. Louis put it, the US government is 'the sole manufacturer of dollars.'
"The term monopoly refers, of course, to a market in which there is only one supplier of some product. Since the federal government is the sole manufacturer of US dollars, we can think of it as having a monopoly over the dollar itself. It's kind of like a being given a super copyright (one that never expires) over the ability to make additional copies of the dollar. It's an exclusive power, articulated by our founders. It's not something households, businesses, or state and local governments can do. Only the federal government can issue our currency. Everyone else is merely a currency user. It's a special power that must be exercised with great care. …
"The distinction between currency users and the currency issuer lies at the heart of MMT. And as we will see in the pages ahead, it has profound implications for some of the most important policy debates of our time, such as health care, climate change, Social Security, international trade, and inequality.
"To take full advantage of the special powers that accrue to the currency issuer, countries need to do more than just grant themselves the exclusive right to issue the currency. It's also important that they don't promise to convert their currency into something they could run out of (e.g., gold or some other country's currency). And they need to refrain from borrowing (i.e., taking on debt) in a currency that isn't their own.
"When a country issues its own nonconvertible (fiat) currency and only borrows in its own currency, that country has attained monetary sovereignty.
"Countries with monetary sovereignty, then, don't have to manage their budgets as a household would. They can use their currency-issuing capacity to pursue policies aimed at maintaining a full employment economy."
| |||
author: Stephanie Kelton | |||
title: The Deficit Myth | |||
publisher: Public Affairs | |||
date: Copyright 2020 Stephanie Kelton | |||
page(s): 17-20 | |||
Semipresidencialismo: Perspetiva Comparada e o Caso Português
Dívida cresce e Brasil dá calote de R$ 4 bilhões a entidades internacionais
Por Felipe Moreira - Valor, 27/10/20
O Brasil não tem honrado seus compromissos com a maioria dos organismos internacionais, fundos e bancos multilaterais. Do total de pagamentos previstos para 2020 (R$ 4,216 bilhões), foram pagos somente R$ 15,4 milhões, faltando um pouco mais de dois meses para terminar o ano, conforme reportagem do Valor.
A equipe chefiada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, reconhece as dificuldades de pagamento, fato que não é algo específico deste ano. Mas em 2020 a situação se deteriorou mais, devido aos efeitos da covid-19 na economia. O impacto tornou o orçamento ainda mais restrito.
Dívida brasileira pode ser a pior entre emergentes, prevê FMI
Segundo reportagem do Estadão, o Brasil deve encerrar este ano com a pior situação fiscal entre os maiores países emergentes. Com condições desafiadoras tanto em relação às despesas quanto ao crescimento, o país gastou mais para combater a crise causada pela pandemia de covid-19, o que levou sua dívida para quase o dobro da média desses mercados.
Felipe Moreira - Especialista em Mercado de Capitais e Derivativos pela PUC - Minas, com mais de 7 anos de vivência no mercado financeiro e de capitais. Apaixonado por educação financeira e investimentos.
Matéria completa clique abaixo:
https://valor.globo.com/impresso/noticia/2020/10/27/pais-da-calote-em-orgaos-internacionais.ghtml
AS NOVAS AMEAÇAS E O BRASIL
Grande parte das facilidades de nossas vidas no planeta terra depende, para seu funcionamento diário, de objetos baseados no espaço. Sistemas de comunicação, transporte aéreo, comércio marítimo, serviços financeiros, monitoramento de clima e defesa dependem da infraestrutura espacial, incluindo satélites, estações terrestres e movimentação de dados em nível nacional, regional e internacional. Essa dependência coloca sérios – e frequentemente pouco percebidos – problemas de segurança para empresas provedoras e para os governos.
Nesse cenário, começam a ser examinadas novas ameaças de ataques aos satélites em órbita que podem afetar todos os serviços e facilidades mencionados. Essas ameaças devem estar sendo avaliadas pelo governo brasileiro. Além disso, a utilização do Centro de lançamento de satélites de Alcântara (CLA), no Maranhão, tornada possível depois de décadas de decisões equivocadas, representa um grande desafio para o governo e para as empresas brasileiras. Não só pela necessidade de melhoria na infraestrutura da região e do próprio Centro, mas também na legislação interna, sobre uma lei do espaço (que defina as atividades comerciais no espaço, como utilização de detritos espaciais), sobre o órgão responsável pela negociação com empresas interessadas na utilização do CLA, a definição do contrato de licenciamento de lançamento, a ser assinado com a autoridade nacional e o comércio de tecnologia espacial.
Como qualquer outra infraestrutura digitalizada, satélites e outros objetos baseados no espaço são vulneráveis, em especial, ameaças cibernéticas. As vulnerabilidades cibernéticas apresentam riscos muito sérios não só para esses objetos, mas também para infraestruturas essenciais terrestres. Se não forem contidas, essas ameaças poderão interferir no desenvolvimento econômico global e por extensão na segurança internacional. Cabe registrar que essas preocupações não são meramente hipotéticas. Na última década, mais países e atores privados conseguiram adquirir e empregar meios para afetar esses objetos espaciais críticos com aplicações inovadoras que começam a representar uma ameaça real ao seu funcionamento.
A idéia da guerra espacial não é nova, começou com os foguetes V-2 da Alemanha. A eventual atividade bélica no espaço hoje se concentra nos instrumentos utilizados para as guerras na terra. Os satélites são utilizados nas operações militares para identificar alvos e responder a questões estratégicas, além de localizar as forças militares e bombas e obter informações nos teatros de guerra. Isso torna os satélites alvos atrativos para mísseis terrestres. Os EUA, a China e a Índia estão desenvolvendo armamentos destrutivos de objetos no espaço, visando a impedir os sinais para a terra dos satélites militares com lasers ou mesmo os explodindo, fazendo com que detritos se espalhem pelo cosmos. Estão também tornando suas forças armadas voltadas para o espaço. Em 2019, foi criada pelo governo dos EUA a Força Espacial, serviço militar independente, cuja doutrina, treinamento e capacidade estão sendo definidos pelo Pentágono.
Para tentar evitar uma lei da selva espacial, começa a ser discutido algum tipo de regime multilateral. No momento, não há nem leis, nem normas especificas para uma eventual guerra espacial. O Tratado sobre o Espaço Exterior, de 1967, proíbe a utilização de armas de destruição em massa no espaço, mas não trata de armas convencionais. Se dois satélites, por exemplo, ficam muito próximos de maneira ameaçadora não há respostas adequadas. Em 2008, a União Europeia propôs um código de conduta voluntário para promover “comportamento responsável” nessa área. No mesmo ano, para se contrapor a essa iniciativa, China e Rússia propuseram um Tratado que proibiria armas no espaço. O tratado não visava a armas anti-satélites, mas armas anti-mísseis baseadas no espaço. A oposição `a iniciativa europeia, além da Rússia e da China, veio da América Latina e da África. Apesar de apoiar a desmilitarização do espaço, os países dessas regiões não aceitaram que os países com objetos no espaço pudessem ter o direito de usar a força para defendê-los. Nenhuma das duas iniciativas prosperou, mas experimentos militares com fins ofensivos continuam a ocorrer visando a eventual destruição de satélites que poderão ter efeitos devastadores para a defesa e as comunicações globais.
O governo brasileiro não poderá perder de vista as transformações positivas que ocorrerão na área aeroespacial pela redução de custos, novas tecnologias e sobretudo pelo aparecimento de uma nova geração de empresários privados operando ao lado dos governos. Turismo para os ricos e mais avançada rede de comunicações para todos, exploração mineral e transporte de massa passarão a ter um impacto nos negócios e tornarão o espaço uma verdadeira extensão da terra. Com visão de futuro, o Brasil, que passará a ter interesses concretos nesse campo, deveria fazer o acompanhamento da evolução tecnológica e geopolítica da exploração espacial.
Sem descurar das novas ameaças que começam a ser discutidas agora e que poderão afetar as facilidades terrestres de que dispomos, o Brasil deveria participar dessas conversações, quando retomadas.
Rubens Barbosa, presidente do Centro de Defesa e Segurança Nacional (CEDESEN)
(Foto: José Dias/PR)
Em artigo publicado no Correio Braziliense, o general Otávio do Rêgo Barros, que foi porta-voz de Jair Bolsonaro até o início do mês, faz duras críticas à mudança de comportamento do presidente da República, que optou por cercar-se de “seguidores subservientes” a ter de enfrentar a “discordância leal”.
Sem citar o nome de Bolsonaro uma única vez (como se fosse necessário), o general lembra que os generais romanos sempre traziam junto de si escravos cuja missão era “sussurrar incessantemente aos ouvidos vitoriosos: ‘Memento Mori!’ — lembra-te que és mortal!”.
Não é o caso de Bolsonaro, cuja “audição seletiva acolhe apenas as palmas”. “A soberba lhe cai como veste”, escreve o militar. Segundo ele, é “doloroso perceber que os projetos apresentados nas campanhas eleitorais são meras peças publicitárias”. “Valem tanto quanto uma nota de sete reais.”
No artigo, Rêgo Barros critica indiretamente também os colegas de farda que se calam diante dos abusos que são cometidos, apenas para manter seus cargos.
“Alguns deixam de ser respeitados. Outros, abandonados ao longo do caminho, feridos pelas intrigas palacianas. O restante, por sobrevivência, assume uma confortável mudez. São esses, seguidores subservientes que não praticam, por interesses pessoais, a discordância leal.”
Além do diagnóstico, o general faz um alerta. Segundo ele, “as demais instituições dessa república — parte da tríade do poder — precisarão blindar-se contra os atos indecorosos, desalinhados dos interesses da sociedade, que advirão como decisões do ‘imperador imortal'”.
“Deverão ser firmes, não recuar diante de pressões. A imprensa, sempre ela, deverá fortalecer-se na ética para o cumprimento de seu papel de informar, esclarecendo à população os pontos de fragilidade e os de potencialidade nos atos do César.”
Leiam alguns trechos:
“Os líderes atuais, após alcançarem suas vitórias nos coliseus eleitorais, são tragados pelos comentários babosos dos que o cercam ou pelas demonstrações alucinadas de seguidores de ocasião. É doloroso perceber que os projetos apresentados nas campanhas eleitorais, com vistas a convencer-nos a depositar nosso voto nas urnas eletrônicas, são meras peças publicitárias, talhadas para aquele momento. Valem tanto quanto uma nota de sete reais.
Tão logo o mandato se inicia, aqueles planos são paulatinamente esquecidos diante das dificuldades políticas por implementá-los ou mesmo por outros mesquinhos interesses. Os assessores leais — escravos modernos — que sussurram os conselhos de humildade e bom senso aos eleitos chegam a ficar roucos. Alguns deixam de ser respeitados. Outros, abandonados ao longo do caminho, feridos pelas intrigas palacianas. O restante, por sobrevivência, assume uma confortável mudez. São esses, seguidores subservientes que não praticam, por interesses pessoais, a discordância leal.
Sem críticos por perto, ressalta o general, “a autoridade muito rapidamente incorpora a crença de ter sido alçada ao olimpo por decisão divina, razão pela qual não precisa e não quer escutar as vaias. Não aceita ser contradita. Basta-se a si mesmo. Sua audição seletiva acolhe apenas as palmas. A soberba lhe cai como veste. Vê-se sempre como o vencedor na batalha de Zama, nunca como o derrotado na batalha de Canas. Infelizmente, o poder inebria, corrompe e destrói!
(…)
As demais instituições dessa república — parte da tríade do poder — precisarão, então, blindar-se contra os atos indecorosos, desalinhados dos interesses da sociedade, que advirão como decisões do “imperador imortal”. Deverão ser firmes, não recuar diante de pressões. A imprensa, sempre ela, deverá fortalecer-se na ética para o cumprimento de seu papel de informar, esclarecendo à população os pontos de fragilidade e os de potencialidade nos atos do César.
A população, como árbitro supremo da atividade política, será obrigada a demarcar um rio Rubicão cuja ilegal transposição por um governante piromaníaco será rigorosamente punida pela sociedade. Por fim, assumindo o papel de escravo romano, ela deverá sussurrar aos ouvidos dos políticos que lhes mereceram seu voto: — “Lembra-te da próxima eleição!”
Em todos os meus postos diplomáticos, invariavelmente, eu buscava os arquivos, os papéis esquecidos, os relatórios de décadas atrás, os maços antigos, as pastas empoeiradas, os baús esquecidos, as malas deixadas para trás, geralmente, no subsolo da chancelaria, ou no sótão, naquelas casas antigas.
Logo no meu primeiro posto, embaixada em Berna, uma casa do século XIX, assim que dava uma folga no trabalho, eu subia as escadas em começava a ler relatórios de outras épocas. Encontrei, por exemplo, ofícios do imediato pós-Segunda Guerra, redigidos pelo pai do meu colega diplomata, embaixador em Washington e ministro da Fazenda Marcílio Marques Moreira, o então ministro Mario Moreira, relatando os problemas com os refugiados de guerra naquele país neutro que era a Confederação Helvética, que na verdade abrigou mais espiões do que refugiados (pois fecharam as fronteiras e rechaçaram judeus que buscavam refúgio), e acumulou um bocado de ouro roubado pelos nazistas de suas vítimas judias. Li quase todos.
Num baú, deixado ali por um colega do imediato pós-Grande Guerra, encontrei um passaporte que não hesitei em guardar, com a intenção de tentar encontrar os descendentes de tão ilustre personagem (o que ainda não consegui). Registro que Carlos Lemgruber Kropf só passou pela Suíça, a caminho de Praga, como novo Enviado Extraordinário e Ministro Plenipotenciário junto à recém criada, a partir da dissolução do Império Austro-Húngaro, República Tcheco-Eslovaca, em 1921. Mas na volta deve ter passado por lá novamente, já que deixou esse documento, já com carimbos dos países vizinhos, de 1922 e 1923.
Não se tratava exatamente de um passaporte, mas de uma longa folha, dobrada, de 57 centímetros na altura (ou seja, mais de meio metro) e 25 cm na largura, com apenas a metade da frente ocupada pela sua identificação, assinada pelo então EEMP em Quito, Argeu Guimarães (escreveu alguns livros de história diplomática).
Reproduzo aqui as imagens que fiz (tive de montar, pois era longuíssimo esse "passaporte") e me coloco à disposição da família para devolver o original.
Perspectivas para as relações internacionais do Brasil:
desafios de uma diplomacia ideológica
Paulo Roberto de Almeida
Notas para palestra no quadro do Instituto Brasileiro de Debates
dia 28/10 às 20h, via YouTube .
Questões preferenciais para exposição e debate:
1) O sistema global: multilateralismo, direito internacional, política de poder
Como a diplomacia brasileira vê o mundo e o papel dos principais atores
2) As Nações Unidas: reforma da Carta e conquista de cadeira no CSNU
Uma velha aspiração, por vezes uma obsessão, o G-4 e as ilusões diplomáticas
3) A OMC e o esgotamento das negociações comerciais multilaterais
Brasil: ator diplomático relevante, a despeito da pequena participação nos fluxos
4) As relações bilaterais, em especial com países em desenvolvimento
A lenta construção de uma liderança, nem sempre bem orientada ou bem-sucedida
5) OCDE, G7; OTAN e os dilemas dos emergentes; como quebrar barreiras?
Penetrar no inner circle, sem necessariamente entrar no clube; dupla personalidade?
6) Brasil, membro do BRICS: divergências, assimetrias, novas ilusões
O peso de uma herança diplomática: o que fazer com cúpulas e com um banco?
7) Mercosul: a escolha estratégica desde os anos 1990, necessitando reformas
De um projeto de mercado comum às realidades da desintegração: o que fazer?
8) Relações com a Argentina: a mais importante relação, no mais baixo ponto
Compromissos e não-soluções: fuga para a frente, em lugar de enfrentar os problemas
9) Relações com a China: a dimensão mais crucial do presente e do futuro do país
Objetivos múltiplos, estratégias diferentes para cada carência percebida do Brasil
10) Relações com a União Europeia: quais são as prioridades?
A grande ilusão de um acordo comercial generoso: enfrentando as duras realidades
11) Relações com os Estados Unidos: da negligência benigna ao servilismo?
Ups and downs de uma relação não muito especial: distância e proximidade
12) A ferramenta diplomática do Brasil: existe coerência na política externa?
O processo de tomada de decisões: atores, iniciativas, orientações subjacentes.
[Brasília, 9 de outubro de 2020]
Estou citado como “resistente”, mas sem dizer exatamente por que:
Combater o bom combate
Enquanto militares se calam, diplomatas vão da perplexidade à indignação
Eliane Cantanhêde - O Estado de S.Paulo
27 de outubro de 2020 | 03h00
De um lado, militares são tidos como corajosos e durões e, de outro, diplomatas carregam a fama de medrosos e melífluos, mas esses preconceitos estão sendo colocados à prova no governo Jair Bolsonaro. Enquanto generais resmungam em privado contra humilhações impostas aos seus pares, embaixadores engrossam a crítica à política externa e os delírios do Chanceler Ernesto Araújo.
Militares e diplomatas são carreiras de Estado, com provas de acesso e cursos que vão deixando muita gente boa para trás, até afunilar nos melhores dos melhores. Ambas são baseadas em hierarquia, disciplina e... cuidado ao falar. O que mais se espera de militares e diplomatas, porém, é paixão pelo Brasil e prioridade ao interesse nacional, porque governos vêm e vão, o Estado fica.
São conhecidos a explicação dos militares de alta patente e o interesse dos de baixa patente ao apoiar o capitão para presidente. Uns, por ideologia. Os outros, pela expectativa de ter no poder quem passou a vida, na caserna e no Congresso, cuidando de privilégios corporativos. O que não dá para entender é por que eles aceitam com tanta facilidade Bolsonaro e seus filhos batendo continência para um tal guru que xinga generais aos palavrões. Quando o general Santos Cruz reagiu aos insultos, quem perdeu a guerra, e o cargo no Planalto, foi ele.
Agora, Bolsonaro humilha o general da ativa Eduardo Pazuello, que se submete candidamente: “um manda, o outro obedece”. Muito se lê que os militares ficaram indignados, mas só Santos Cruz lembrou, ou advertiu, que hierarquia e disciplina “não significam subserviência” e tudo não se resume a “mandar varrer a entrada do quartel”. O general da reserva Paulo Chagas fez coro, ensinando que a ética militar entre superiores e subordinados não pode ser o simples “um manda e o outro obedece”.
E como assimilar que Ricardo Salles chame o general da reserva Luiz Eduardo Ramos de “Maria Fofoca” e seja apoiado pelo filho do presidente? No fim, Salles pediu desculpas “pelo excesso”, ao que Ramos prontamente aquiesceu: “as diferenças estão apaziguadas”. “Diferenças”?
Com Pazuello, bastou uma visitinha do presidente. Com Ramos, uma volta de moto pelo DF. Assim, coube aos políticos, à frente Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, tomar as dores de Ramos e, por tabela, dos militares: “Não satisfeito em destruir o meio ambiente, (Salles) resolveu destruir o próprio governo”, desferiu Maia.
Assim como nas Forças Armadas, há no Itamaraty, ao lado da hierarquia e da disciplina, o instinto de sobrevivência e a disputa por postos e promoções. Mas cresce a fila de embaixadores “da reserva” dizendo o que precisa ser dito. No artigo “O grande despautério”, no Jornal do Brasil, o ex-embaixador na Itália Adhemar Bahadian resumiu o discurso do chanceler para os novos diplomatas: “as palavras foram como pedras mal-educadas, rudes e tingidas de ódio” e “a diplomacia brasileira (...) foi chicoteada como em navio negreiro”.
Também já se manifestaram Rubens Ricupero, Roberto Abdenur, Marcos Azambuja, Celso Amorim, José Alfredo Graça Lima, José Maurício Bustani, Samuel Pinheiro Guimarães, Sérgio Florêncio, ex-chanceleres fora da carreira, como Celso Lafer, e embaixadores ainda na ativa, como Everton Vargas, Paulo Roberto Almeida e Mário Vilalva (licenciado).
O tom vai da perplexidade à indignação diante da subserviência ao governo Trump, a opção por um lado na guerra entre EUA e China, as caneladas em parceiros tradicionais, a prevalência da ideologia sobre o interesse nacional e o retrocesso em foros internacionais. Ao combater o bom combate, esses nossos embaixadores trazem luz e realidade não só para os diplomatas, mas para todos os corajosos e durões na defesa do Brasil.
COMENTARISTA DA RÁDIO ELDORADO, DA RÁDIO JORNAL E DO TELEJORNAL GLOBONEWS EM PAUTA
Opinion 12:34, 27-Oct-2020
Editor's note: All eyes are on the U.S. as the presidential election draws near. Who has actually benefited from Donald Trump's trade polices? Did the U.S. become safer during his term in office? Who is winning on the Twitter battlefield for the White House? Data Speaks dedicates three episodes on these matters. The first episode is on Trump's trade policies.
As the end of Donald Trump's first term as U.S. president nears, which countries have benefited most from his trade policies?
U.S. customs import value from Asia obviously declined after the China-U.S. trade war started, whereas there were sustained rises from Europe and North America, so a winners list in this region is often assumed.
But the pandemic reshaped the world in 2020. Data speaks, and in this case it offers a unique viewpoint.
Mexico has seen U.S. purchases ramping up in recent years. It exported goods to its neighbor valued at an additional $64 billion from 2016 to 2019. However, amid the pandemic, orders of Mexican products fell by $36 billion from January to July 2020.
The same situation is confronting other major exporters, including Germany, Italy and India.
The reason may be beyond the coronavirus. The Chinese mainland's exports to the U.S. decreased by $38 billion in the first seven months of this year — in the last four years, the number was nearly $11 billion.
So who are the main beneficiaries? Vietnam, Ireland and China's Taiwan region are high on the list of winners. For them, orders from America have continued after the pandemic. Besides political considerations, to economies of limited scales, the benefits from such orders are almost irresistible, but can be costly with hidden risks. Rising tensions are possible in east and southeast Asia, especially in the computer and electronic products sector.
To China, the U.S. sharply cut $40 billion in orders from 191 billion in 2019, while Vietnam and China's Taiwan region completed the most exports to the U.S. at $21 billion and $24 billion respectively.
What else are Americans seeking in Vietnam and Taiwan region? Natural resources and related products.
The U.S. import value in petroleum and coal products from Taiwan region grew by 147.2 percent from 2016 to 2019, along with an increase of 80.3 percent for forestry products. In the same period, that of wood products and paper from Vietnam also rose by 231.6 percent and 168.2 percent respectively.
Compared with an average month in 2015, Vietnam's monthly Index of Industrial Production by the printing industry was up to 267.9 in October 2019.
Huge demand from the U.S. for natural resources is also evident with other trading partners. The top three sectors in terms of imports value to the U.S. from Mexico were minerals and ores, wood products and oil and gas.
Is any economy making more sales to the U.S. market in a sustainable way? Yes, it's Ireland.
Between 2016 and 2019, Ireland's chemicals industry absorbed an additional $12.3 billion. Beverages and tobacco products made in Ireland are also popular with Americans. Of course, the consequences of Trump's trade policies are more complicated than simply checking changes of U.S. imports values, especially when considering the political, cultural and military fields.
And China is rerouting supply chains as well: its trade diversions can benefit other countries. In a dramatically changing world, no country can be sure of being the final winners or the victims in the long run.
(If you want to contribute and have specific expertise, please contact us at opinions@cgtn.com.)