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sábado, 10 de julho de 2021

Os arquivos do Vaticano sobre o pontificado de Pio XII - Le Monde

 Uma boa notícia para os historiadores; a má notícia é que são milhões de documentos, e vai demorar algum tempo até que se consiga extrair alguma grande novidade...


SERGIO AQUINDO

Ce que peut révéler l’ouverture des archives du Vatican sur les silences du pape Pie XII face au nazisme

Par Jérôme Gautheret (Rome, correspondant)
Le Monde, 11/07/2021
ENQUÊTE Les historiens ont accès, depuis le 2 mars 2020, à plus de deux millions de documents relatifs à son pontificat controversé. Mais au-delà de l’attitude du souverain pontife pendant la seconde guerre mondiale, ces archives livrent des indices sur les ambiguïtés de l’Eglise vis-à-vis des juifs. 
Lecture 18 min.
SERGIO AQUINDO

Ce matin du 2 mars 2020, Rome a la tête ailleurs. Au cœur des plaines du nord de l’Italie, l’épidémie de Covid-19, apparue au grand jour dix jours plus tôt, a déjà échappé à tout contrôle, semant dans le pays une terreur que l’Europe entière observe avec une stupeur incrédule.

Malgré ce contexte dramatique, les abords du Vatican, désertés en un clin d’œil par les touristes, sont en proie à une effervescence d’une tout autre nature. La cause en est un événement d’une portée considérable dans le petit monde des chercheurs en histoire contemporaine : l’ouverture au public des archives relatives au pontificat de Pie XII.

Désigné comme pape le 2 mars 1939, au terme du conclave le plus court de l’histoire, Eugenio Pacelli a traversé en près de vingt ans (il meurt le 9 octobre 1958) la seconde guerre mondiale, puis les débuts de la guerre froide, la création de l’Etat d’Israël et le mouvement planétaire de la décolonisation. Son pontificat correspond à une période charnière du XXe siècle, et l’ampleur des fonds mis à la disposition des historiens est proprement vertigineuse : au total, plus de deux millions de documents, préparés par un long travail d’inventaire et de classification, commencé en 2006.

(...)

Mini-reflexão sobre o problema estrutural brasileiro - Paulo Roberto de Almeida

 Mini-reflexão sobre o problema estrutural brasileiro

Paulo Roberto de Almeida


O Brasil se encontra atualmente (mas desde vários anos) ante impasses muito graves, em todos os setores.

O governo, hoje, é exercido por uma facção de novos bárbaros com o apoio da milicada. Desculpem os orgulhosos representantes das FFAA, mas eu os considero hoje apenas isto: uma milicada!

Alguns acham que a chave do problema brasileiro estaria em rever o papel das FFAA.

Esqueçam, pois isso não vai acontecer. Melhor seria se concentrar em diminuir as enormes deformações do sistema político e fazer uma reforma tributária racional. 

Mas infelizmente nada disso vai ocorrer tampouco. É evidente! Não preciso dar exemplos: fazem mais de 20 anos que se discute reforma tributária, em reduzir o “custo Brasil” (que é, na verdade, o custo do Estado brasileiro), e nada disso se faz, pois que a sociedade, as elites governantes, dirigentes e dominantes se revelam incapazes de se entenderem entre si. Elas apenas partilham um consenso implícito, até inconsciente: vamos deixar como está, pois se mexer estraga.

Ou seja, todos os beneficiários do apodrecido sistema atual pretendem continuar a viver à larga, à custa dos empresários e trabalhadores do setor privado.

Alguma conclusão do que acabo de dizer?

Apenas uma: continuaremos afundando, mas lentamente. Apenas isto.

É disso que as nossas elites são capazes, inclusive o PT e a maior parte das esquerdas. 

Direita? Não existe: apenas reacionários, ignorantes e saudosistas do regime militar, sobretudo grande parte da milicada.

Liberais? Eles são um punhado muito confuso de pessoas que não tem o menor impacto sobre a sociedade.

Quando falo de elites, não me refiro, portanto, apenas ao Grande Capital, mas ao conjunto das forças políticas, das centrais sindicais ao mais humilde vereador do interior, passando pelas corporações de Estado e pelas forças de “segurança” (não são de defesa, pois o Brasil não tem ameaças externas, só internas).

Esta é a realidade: todos os inimigos de uma sociedade sadia estão aqui dentro, somos nós mesmos, inclusive os altos magistrados que pontificam na defesa da “democracia” e que defendem em primeiro lugar seus muitos privilégios, típicos da aristocracia de Antigo Regime (aliás, até melhores).

De uma forma geral, a hipocrisia corre solta, da extrema-direita à extrema-esquerda: todos conjugados em manter a situação atual, mesmo quando dizem que pretendem mudar, para melhorar a situação do povo humilde. Mentira!

O que pretendem é chegar ao poder!


Resumindo: nosso problema estrutural é que não chegamos ainda a um mínimo entendimento sobre um diagnóstico adequado sobre as origens de nossa condição pré-falimentar. Mas mesmo que chegássemos, não teríamos forças suficientes para alterar a situação, pois muitos interesses estão em jogo, e a força conjugada, ainda que não coordenada, dos setores conservadores impediria que as reformas se façam. 

Esse é o impasse atual da nação? Sim!

Mas não há nada de surpreendente nisso, ou de historicamente inédito: outras nações, relativamente recentes, ou mesmo antigas civilizações, já passaram por isso. Só me permito relembrar dois casos, altamente emblemáticos no itinerário dos declínios estruturais: o antigo Império do Meio e a nossa vizinha Argentina.

Agora parece que chegou a nossa vez.

Mas o país não vai acabar: apenas continuar medíocre por mais algum tempo. Quanto tempo? Difícil dizer: enquanto não tivermos consciência de nossos erros, adquirir conhecimento para transformar nossos hábitos declinistas, ou não ocorrer algum desastre maior (quando tudo se precipita, do pior e do possível).

A China mergulhou numa decadência de mais de um século e hoje renasce vigorosa, embora confirmando os seus velhos traços básicos, nunca desfeitos, de “despotismo imperial”. 

A Rússia mergulhou, em 1917, num vórtice de violência inominável ainda pior que no antigo regime dos czares, para retornar imperfeitamente para uma democracia de fachada que é apenas um neoczarismo.

A Argentina continua sequestrada e dominada por dois cadáveres insepultos.

E o Brasil? 

Um caso historicamente único que nunca eliminou na Independência o peso das deformações coloniais (sobretudo o tráfico e a não-educação), que nunca eliminou no Império (nem na Abolição ou na República) o peso da escravidão, do racismo e da discriminação, que nunca eliminou na industrialização o peso do estatismo, do protecionismo e do dirigismo, que nunca eliminou na redemocratização o autoritarismo inerente à corporação militar, e que continua a não resolver, ainda hoje, os problemas da não-educação e o das desigualdades sociais, estas derivadas daquela (em grande medida, mas não exclusivamente).

Vamos melhorar? Certamente, mas não esperem para já ou no horizonte previsível.

Tudo tem um tempo, tudo tem um preço.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 10/07/2021


Ex-marqueteiro em 2018, Marcos Carvalho, diz que Bolsonaro não se elege nem para síndico - Consuelo Dieguez (Piaui)

 anais do marketing político

EX DE BOLSONARO DIZ QUE ELE NÃO SE ELEGE NEM PARA SÍNDICO

Marqueteiro encarregado da campanha de 2018 diz que presidente terá votação mais inexpressiva de um candidato à reeleição na América Latina

CONSUELO DIEGUEZ

Revista Piaui, 09jul2021_16h33


O presidente Jair Bolsonaro não entregou nada do que prometeu na campanha. Depois que virou presidente, está fazendo essa gestão que estamos vendo, sem qualquer realização. Inaugurando caixa d’água, ponte pronta, e outras obras insignificantes. Foi incapaz de comprar uma vacina que foi oferecida a ele mil vezes, incapaz de tocar as reformas. Nem na área de segurança, que era uma de suas maiores promessas, algo foi feito.” A avaliação é de Marcos Carvalho, principal marqueteiro da campanha de Jair Bolsonaro para presidente, em 2018, marcada pelo uso das redes sociais. O candidato apelou para o elogio da ditadura, além do discurso racista e homofóbico.

Carvalho afastou-se de Bolsonaro logo após a eleição, antes mesmo de tomar posse como coordenador de comunicação do novo governo, após ser atacado pelo vereador Carlos Bolsonaro, o filho Zero Dois. Para o marqueteiro, a última perna que ainda mantinha Bolsonaro conectado às expectativas dos eleitores era seu discurso em defesa da honestidade na política. “As suspeitas de corrupção que estão vindo à tona na CPI colocam por terra a última razão para o grosso do seu eleitorado continuar acreditando nas promessas de campanha”, me disse Carvalho, durante uma conversa por telefone, na manhã de quinta-feira, dia 8.

Na campanha, Carvalho fez vários levantamentos para entender a cabeça do eleitor de Bolsonaro e o que ele esperava do novo presidente da República. Sua conclusão é de que a maioria de seus eleitores não era bolsonarista. Eram pessoas que, em algum momento de suas vidas, votaram em Fernando Henrique Cardoso, em Luiz Inácio Lula da Silva e até em Dilma Rousseff. Um eleitor que poderia ter votado em 2018 em João Amoêdo (Novo), Alckmin (PSDB) ou Ciro Gomes (PDT).

 “Quem o elegeu não foram os bolsonaristas. A grande maioria que votou em Bolsonaro poderia ter votado em outros candidatos no primeiro turno e só não o fez pelo sentimento antipetista. Pela sensação de que Bolsonaro era o único com condições de derrotar Lula e, depois, Fernando Haddad”, disse. O eleitor fiel de Bolsonaro, os bolsonaristas, na avaliação do marqueteiro, são os 15% que ele tinha e continua mantendo. “Essa é a base dele. Que ele já tinha antes mesmo de a campanha começar para valer”, afirma.

Carvalho detalhou por que, em sua avaliação, pessoas que votaram em Bolsonaro em 2018 não repetirão a dose em 2022. “Uma eleição é feita de atributos funcionais e emocionais. Primeiro você escolhe o seu candidato e depois os motivos pelos quais você escolheu votar nele. Eles votaram em atributos absolutamente emocionais. A candidatura de Bolsonaro não tinha uma proposta, só conceitos e valores. A maioria dos eleitores estava convencida de que ele era o caminho para tirar o PT”, explicou.

Na reeleição, avalia, esse atributo emocional desaparece porque o eleitor já conheceu o trabalho do presidente. E só voltaria a votar nele se ele apresentasse bons resultados. Na eleição de 2022, diz Carvalho, para esse eleitor comum, que nunca foi um bolsonarista, o atributo emocional desaparece. “Esse eleitor não repete o voto porque Bolsonaro não tem nenhum compromisso que precisa ser finalizado. Não tem uma obra a ser terminada. Não há nada a ser dado em continuidade”, explicou. O eleitor pode até continuar admirando o presidente, pode até pensar que o presidente tentou fazer algo – mas entende que, ao final, não conseguiu e se corrompeu. “Não existe no processo de reeleição um voto que priorize os atributos emocionais em detrimento dos atributos funcionais.”

Carvalho compara o comportamento do eleitor com o do consumidor diante de um novo produto. “O produto está sendo testado. Uma coisa é comprar algo que não se conhece. Outra coisa é saber se você quer ou não aquilo que você já testou. E se você não gostou do produto, você não compra mais”, disse. Na reeleição é assim. O eleitor não está mais testando o candidato porque ele já conhece o trabalho daquele em quem votou. Portanto, esse voto não tem mais conceitos ou valores envolvidos. “Na reeleição, nenhum componente emocional substitui a questão objetiva e funcional”, assegura.

Na opinião de Carvalho, outro elemento importante para garantir o voto é não só manter a coerência e a centralidade junto à sua base, mas ampliar o espectro de eleitores. Todas as vezes em que Bolsonaro tentou fazer isso, de acordo com Carvalho, ele se sentiu muito fragilizado, em razão das profundas reclamações de sua base. Como exemplo da dificuldade de Bolsonaro de ampliar seu universo de apoio, cita o discurso na sessão de abertura da reunião da ONU, este ano. “Pressionado pelo agronegócio mais moderno, que se sente ameaçado em razão do desastroso comportamento do governo em relação à questão ambiental, Bolsonaro tentou fazer um discurso garantindo a defesa do meio ambiente, assumindo, inclusive, alguns compromissos para melhorar o combate ao desmatamento”, ressaltou Carvalho. O resultado foi que, ao voltar para a sua base, ele sofreu um tremendo ataque de seus apoiadores nas redes sociais. “Ele apanhou tanto que, no dia seguinte, no cercadinho do Alvorada, em conversa com os bolsonaristas, retrocedeu em seu discurso na ONU.” 

O eleitor não bolsonarista passou a ver o presidente como alguém raivoso, sectário, que ataca o meio ambiente, é incapaz de lidar com a questão das vacinas para a Covid e de lidar com a pandemia. Além do mais, aproximou-se do Centrão e do toma-lá-dá-cá que dizia criticar nos adversários. Carvalho afirma que, na campanha, Bolsonaro angariou voluntários, eleitores não extremados e não bolsonaristas, que foram, segundo ele, os que realmente o elegeram. “Essas pessoas não estarão mais com ele em hipótese alguma. Ele não tem mais essa massa de eleitores”, afirmou, acrescentando. “Ele tem ruído na internet. Mas tire esse ruído e as pesquisas vão mostrar o seu verdadeiro tamanho.”

O que restou para Bolsonaro, garante Carvalho, foi o bolsonarista convicto, que sente que ganhou poder. “É o eleitor que ainda acredita no discurso de Bolsonaro e dos filhos, cheio de arrogância de que tomaram o poder. De que o Brasil os elegeu. Mas ele não foi eleito por esse público, e sim pelo eleitor normal, não extremado.” 

Carvalho depôs na CPMI das Fake News para explicar o envio de mensagens em massa pela campanha de Bolsonaro – e disse que sua empresa não participou do esquema. Agora, é taxativo sobre o futuro do ex-cliente. “Bolsonaro não irá para o segundo turno porque o bolsonarista, vendo que o eleitor circunstancial de 2018 nem sonha em repetir o seu voto em 2022, vai aplicar a teoria  dos jogos e debandar para o candidato que se mostrar mais viável, do meio para o final do primeiro turno.” Com isso, diz ele, Bolsonaro irá minguar. Não se elege nem para síndico e terá “a votação mais inexpressiva da história moderna para um candidato à reeleição na América Latina.”

Carvalho sequer acredita na terceira via, um candidato capaz de quebrar a polarização entre Lula e Bolsonaro. A disputa hoje, diz ele, é pelo voto do próprio Bolsonaro – e diz que essa é a maior ameaça à campanha do PT. Lula, em sua opinião, corre o risco de viver o mesmo problema de Bolsonaro. “Bolsonaro foi eleito na esteira da rejeição ao PT e a Lula. Hoje, Lula e sua candidatura se alimentam da mesma lógica. A estratégia da campanha de Lula tem que ser muito bem pensada, porque ele não pode se resumir ao antibolsonarismo”, afirma. E segue: “Quando olhamos todo o processo pós-democratização no Brasil, você não tem candidato de terceira via. Não adianta procurar candidato da terceira via. Esse espaço passa a existir em função do declínio de Bolsonaro. Essa terceira via seria, na verdade, apenas uma segunda força de oposição e não uma terceira, porque Bolsonaro certamente estará fora do jogo eleitoral”, acredita.

Pergunto a Carvalho se ele se arrepende de ter feito para o candidato a campanha que fez, ajudando a eleger um governante que hoje conduz o país a um quadro de desastre. Ele tergiversa. “Eu não vou falar sobre isso. Eu não quero fazer julgamento da pessoa física de Bolsonaro. Quero fazer uma análise política. Estou apenas analisando o novo ciclo eleitoral. Não é meu papel ficar atacando o presidente.” Mas, se não ataca, a crítica é ácida.  “Quem passou dois anos tentando sobreviver em meio a uma pandemia não vota em quem não comprou vacina.”  O próximo presidente do Brasil, diz ele, pode ser “de esquerda, de centro, de lado, de costas, de trás”, mas será, diz Carvalho, alguém que, no governo, teria respondido aos e-mails da Pfizer.

O ex de Bolsonaro também analisa a campanha de Lula.  “Lula se fortificou muito com base no enfrentamento ao bolsonarismo no Brasil. Não somente a Bolsonaro, mas à ideia de um governo excludente, preconceituoso, agressivo e sisudo”, disse. “Com isso, o carisma e a inteligência de Lula voltaram com muita força, conversando com a memória do brasileiro de ser governado por um líder que anda desarmado, literal e metaforicamente.” Mas conclui sua análise. “Ocorre que Bolsonaro irá minguar. Então, a campanha de Lula precisa trabalhar para sobreviver mesmo se não for necessário, e não será, salvar o Brasil de Bolsonaro.”

Carvalho admite que anda conversando com as pré-campanhas de possíveis candidatos. Possui dois ativos que ninguém tem. O primeiro é o sucesso eleitoral em 2018. O segundo é o fato de ele ter trabalhado para o sujeito que está concorrendo à reeleição – afinal, esteve do outro lado e conhece o jogo. 

O ministro das Comunicações, Fábio Faria, foi procurado pela piauí para comentar as declarações de Carvalho. Sua assessoria disse que ele não iria se manifestar.


sexta-feira, 9 de julho de 2021

A gestão de Vasco Leitão da Cunha no Itamaraty e a política externa brasileira: seleção de documentos diplomáticos (1964-1965) - livro Funag

FUNAG – Lançamento do livro “A gestão de Vasco Leitão da Cunha no Itamaraty e a política externa brasileira: seleção de documentos diplomáticos (1964-1965)” | Última atualização - 06/07/2021 às 15:16


 A FUNAG publicou a obra A gestão de Vasco Leitão da Cunha no Itamaraty e a política externa brasileira: seleção de documentos diplomáticos (1964-1965), organizada pelo Conselheiro Henri Carrières. A publicação, em dois volumes, reúne documentos da gestão do Embaixador Vasco Leitão da Cunha como Ministro das Relações Exteriores. O material vem acompanhado de notas explicativas que ajudam a situá-lo em seu quadro histórico. Também foram incluídos um álbum com fotografias da época, recuperadas nos acervos do Itamaraty e do Arquivo Nacional, e uma cronologia da ação diplomática brasileira nos anos em questão.
Faça o download gratuito da obra na biblioteca digital da FUNAG: 

http://funag.gov.br/biblioteca-nova/produto/37-1151-1

A Gestão de Vasco Leitão da Cunha no Itamaraty e a política externa brasileira

 (dois volumes) 

Descrição: 
A publicação, em dois volumes, reúne documentos da gestão do Embaixador Vasco Leitão da Cunha como ministro das Relações Exteriores. O material vem acompanhado de notas explicativas que ajudam a situá-lo em seu quadro histórico. Também foram incluídos um álbum com fotografias da época, recuperadas nos acervos do Ministério das Relações Exteriores e do Arquivo Nacional, e uma cronologia da ação diplomática brasileira nos anos em questão. Dentre os temas abordados na obra figuram as relações com os Estados Unidos e com os países a leste da Cortina de Ferro; o rompimento com Cuba; a questão colonial portuguesa; a ação em foros multilaterais; e a participação de tropas brasileiras na Força Interamericana de Paz na República Dominicana. As informações apresentadas ampliam o conhecimento disponível sobre o período ou trazem de volta à luz episódios como a reunião de chefes de missão do Brasil em países socialistas, realizada em Viena, em julho de 1965.

Gestão de Vasco Leitão da Cunha no Itamaraty e a política externa brasileira: seleção de documentos diplomáticos (1964-1965), A: vol. 1


A publicação, em dois volumes, reúne documentos da gestão do Embaixador Vasco Leitão da Cunha como ministro das Relações Exteriores. O material vem acompanhado de notas explicativas que ajudam a situá-lo em seu quadro histórico. Também foram incluídos um álbum com fotografias da época, recuperadas nos acervos do Ministério das Relações Exteriores e do Arquivo Nacional, e uma cronologia da ação diplomática brasileira nos anos em questão.

Dentre os temas abordados na obra figuram as relações com os Estados Unidos e com os países a leste da Cortina de Ferro; o rompimento com Cuba; a questão colonial portuguesa; a ação em foros multilaterais; e a participação de tropas brasileiras na Força Interamericana de Paz na República Dominicana. As informações apresentadas ampliam o conhecimento disponível sobre o período ou trazem de volta à luz episódios como a reunião de chefes de missão do Brasil em países socialistas, realizada em Viena, em julho de 1965.

Este primeiro volume reúne mais de uma centena de documentos sobre assuntos caros à nossa historiografia, sobretudo a já mencionada convergência com os Estados Unidos, e outros mais, como o rompimento com Cuba e a questão colonial portuguesa.


Gestão de Vasco Leitão da Cunha no Itamaraty e a política externa brasileira: seleção de documentos diplomáticos (1964-1965), A: vol. 2

A publicação, em dois volumes, reúne documentos da gestão do Embaixador Vasco Leitão da Cunha como ministro das Relações Exteriores. O material vem acompanhado de notas explicativas que ajudam a situá-lo em seu quadro histórico. Também foram incluídos um álbum com fotografias da época, recuperadas nos acervos do Ministério das Relações Exteriores e do Arquivo Nacional, e uma cronologia da ação diplomática brasileira nos anos em questão.

Dentre os temas abordados na obra figuram as relações com os Estados Unidos e com os países a leste da Cortina de Ferro; o rompimento com Cuba; a questão colonial portuguesa; a ação em foros multilaterais; e a participação de tropas brasileiras na Força Interamericana de Paz na República Dominicana. As informações apresentadas ampliam o conhecimento disponível sobre o período ou trazem de volta à luz episódios como a reunião de chefes de missão do Brasil em países socialistas, realizada em Viena, em julho de 1965.

Este segundo volume de documentos diplomáticos da gestão de Vasco Leitão da Cunha no Itamaraty reúne mais de 60 fontes primárias sobre temas como as relações do Brasil com os países a leste da Cortina de Ferro, a ação do País em foros multilaterais, nossa participação na Força Interamericana de Paz na República Dominicana e outros tantos, apresentando as questões mais críticas e tocando em pontos nevrálgicos da atuação do Ministério das Relações Exteriores à época.


Festival Literário de Itabira: Afonso Borges na promoção da cultura brasileira: flitabira.com.br

 Tenho o prazer de divulgar os anúncios do meu amigo Afonso Borges: 


Bom dia, gente!!! 
 
E lá vai eu com a minha troupe dar início a mais uma aventura literária em um novo Festival, o Flitabira, com o auxílio luxuoso de Pedro Drummond e João Candido Portinari. 
Hoje, 19h, converso com os dois sobre a amizade de Portinari com CDA, em uma live gerada diretamente da casa onde o poeta morou, em Itabira. Eu estarei lá, fisicamente, com todos os cuidados e protocolos de segurança que o momento exige. E com uma outra alegria: o vice-presidente da Vale, Luiz Eduardo Osorio vai falar algumas palavras na abertura. Este sonho só está acontecendo graças ao patrocínio do Institituto Cultural Vale, faço questão de dizer isso, repetidamente. Aqui, a bela matéria que o jornal “O Tempo” fez, hoje, na boa letra da jornalista Patrícia Cassesse: https://bit.ly/3hPjOUN
 
 
Amanhã, sábado, 17h, o Flitabira faz a abertura da “Ocupação Dom Quixote - Portinari e Drummond”, composta de 23 painéis de 3 metros de altura cada, com desenhos de Portinari de um lado e o poema que Drummond escreveu do outro, espalhados pela Praça do Areião, na entrada de Itabira. Link: https://bit.ly/3ALPtz1
 
E na 2a-feira, dia 12, o ator e escritor Antônio Fagundes será o o convidado do “Sempre Um Papo - Itabira”. Desta vez a live será gerada da livraria Clube de Leitura, como forma de incentivar a livraria física da cidade. O tema será “Literatura e Arte - O Amor Pelos Livros”. Espero todos, às 19h, no link https://bit.ly/2X8C3eU
 
Fiquem bem, seguros, e com máscara.
 
Afonso Borges
flitabira.com.br

quinta-feira, 8 de julho de 2021

Freud-Zweig : explorations de l’âme; textes de Stefan Zweig sur Freud - L'Histoire, Livres, Élisabeth Roudinesco

Freud-Zweig : explorations de l’âme

Freud. La guérison par l’esprit, Stefan Zweig, Payot, 2021, 208 p., 6 €.


 Voici trois exercices de compréhension et d’admiration envers Sigmund Freud, écrits en 1930, 1931 et 1939, par son contemporain, l’écrivain Stefan Zweig, et préfacés par Élisabeth Roudinesco, historienne de la psychanalyse.

Ces trois textes inégaux en taille et en importance, peu connus (deux n’avaient jamais été traduits) inscrivent en lettres d’or le statut exceptionnel du fondateur de la psychanalyse dans l’histoire intellectuelle du siècle selon Stefan Zweig.

Contemporains ? Oui et non. Bien que tous deux Juifs viennois, ils diffèrent dans l’ancrage sensible à l’égard de leur présent. Si Stefan Zweig nourrit un culte de la Vienne habsbourgeoise comme ville cosmopolite, capitale d’empire et centre d’un rêve européen, Freud est beaucoup moins enthousiaste vis-à-vis de la modernité artistique qui y éclot dans les premières années du siècle et à laquelle son nom est attaché même s’il y reste, au fond, étranger, préférant les « classiques » : l’Antiquité, ses auteurs-phares, Goethe, Shakespeare, Cervantès où il trouve son inspiration et ses modèles. Conservateur éclairé plus que moderne, Freud suscite ce genre d’amitié asymétrique – avec André Breton également, par exemple.

Le texte le plus long est extrait d’un livre de Zweig publié en 1931 : La Guérison par l’esprit. L’écrivain y brosse le portrait d’Anton Mesmer, de Mary Baker-Eddy, mystique illuminée américaine de la Christian science et finalement Freud. Trois explorations de l’âme et de l’efficacité thérapeutique d’une médecine non strictement physiologique, reposant, pour Mesmer, sur le pouvoir de la suggestion qui donnera naissance à l’hypnotisme, toutes deux matrices de la psychanalyse. Ce médecin autrichien des Lumières, Mesmer, est donc clairement pour Zweig, et malgré les vapeurs de son fameux « baquet », dans la généalogie rationaliste qui est aussi celle revendiquée par Freud : une compréhension rationnelle des ténèbres du psychisme humain.

Le texte de 1930 est un compte rendu de Malaise dans la civilisation (publié en 1929). La perspicacité de Zweig saisit ce qu’il appelle la « sagesse » de Freud, notion qu’il reprendra lors de l’émouvante oraison funèbre (troisième texte) prononcée devant sa tombe, à Londres – cette sagesse d’un regard sceptique sur les hommes, une tonalité crépusculaire qui enveloppe le monde des derniers Viennois des années 1930. Face à l’antisémitisme grandissant, ils refusent tous deux le sionisme. Zweig adopte la vie d’un Juif errant adorateur du cosmopolitisme ; Freud explore l’universalité d’un inconscient opposé aux stéréotypes nationaux de la psychologie des peuples. Freud meurt en août 1939, à Londres ; Zweig se suicide en 1942, à Rio de Janeiro.


Editoriais e artigos de opinião sobre o cenário político brasileiro - Editorial Estadão, Fernando Gabeira, Sergio Fausto

 Teste de estresse

O presidente Jair Bolsonaro testa as instituições democráticas de todas as maneiras desde que entrou para a política. Qual país emergirá dessa terrível experiência?

Notas & Informações, O Estado de S.Paulo, 8/07/2021

O presidente Jair Bolsonaro testa as instituições democráticas de todas as maneiras desde que entrou para a política. Hoje, seus crimes de responsabilidade se multiplicam, do mesmo modo como, quando era deputado, abundavam suas agressões ao decoro parlamentar – sem mencionar as suspeitas de “rachadinhas” e outras estripulias. Seus ataques à imprensa e à Justiça mostram sua ojeriza a alguns dos principais pilares da democracia. Sua campanha feroz para cindir a sociedade é antidemocrática por definição.

Como não há perspectiva de que Bolsonaro se emende – ao contrário, é bem provável que o presidente intensifique sua ofensiva liberticida, pois é de sua natureza –, pergunta-se: qual país emergirá dessa terrível experiência?

Será um país em que as instituições democráticas afinal resistiram a seu maior teste de estresse desde o fim do regime militar, fazendo prevalecer o espírito da Constituição sobre o projeto destrutivo liderado pelo bolsonarismo sob os auspícios do Centrão e de corporações parasitárias do Estado?

Ou será um país em que as instituições democráticas se deixaram emascular pelos interesses mesquinhos de quem se acomoda ao poder para ter ganhos imediatos? Em que se faz exegese heterodoxa da Constituição para fazê-la caber em projetos autoritários de poder? Em que grupos com acesso privilegiado ao Estado conseguem manipular o Orçamento sem qualquer transparência nem prestação de contas? Em que se modificam as leis eleitorais e os modelos de representação para perpetuar o atraso? Em que se considera legítimo um governo que atua contra os mais básicos preceitos éticos e técnicos da administração pública, fazendo terra arrasada na educação, na cultura e na área ambiental? Em que se fecham os olhos para a tentativa de transformar as forças militares em guarda pretoriana do presidente da República? Em que não causa comoção a transformação do Brasil em pária mundial?

Se depender dos democratas brasileiros, o País sairá fortalecido dessa provação, mas não será sem um esforço extraordinário, pois são evidentes os sinais de que os inimigos da democracia ganharam muito terreno desde a eleição de Jair Bolsonaro à Presidência.

Há instrumentos constitucionais para conter a insana marcha bolsonarista. No entanto, o contubérnio de Bolsonaro com o Centrão tem garantido até aqui a sobrevivência política do presidente, mesmo diante da catástrofe que seu governo impõe ao País. Não se sabe o quanto vai durar esse arranjo – afinal, quanto mais Bolsonaro se enrosca em escândalos, mais caro fica esse apoio.

Por ora, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), eleito para o cargo com o apoio de Bolsonaro, diz que não há razões para dar andamento a um processo de impeachment contra o presidente, embora haja uma profusão de crimes de responsabilidade.

Em recente entrevista a O Globo, Lira declarou que não há votos para o impeachment, que Bolsonaro tem “base popular” e que o afastamento do presidente demanda “circunstâncias como uma política fiscal desorganizada, uma política econômica troncha”. Já os mais de 500 mil mortos na pandemia contam menos, no cálculo do presidente da Câmara, do que a aritmética dos votos no plenário.

Não é à toa que o presidente Bolsonaro referiu-se a Arthur Lira recentemente como “prezado amigo e companheiro” e qualificou como “excepcional” o trabalho do presidente da Câmara.

Para completar, Bolsonaro, no mesmo discurso, revelou seu desejo de acabar com a separação de Poderes, inscrita na Constituição, ao dizer que “não são Três Poderes, não, são dois, Arthur: é o Judiciário e nós para o lado de cá”. Ou seja, Bolsonaro transformou sua Presidência em apêndice do Centrão no Congresso, em contraposição ao Judiciário.

No entanto, as seguidas derrotas do presidente nas Cortes superiores e no encaminhamento de projetos de seu interesse no Congresso, além do suadouro que a CPI da Pandemia está lhe dando no Senado, mostram claramente que o arranjo que mantém Bolsonaro no poder ainda não pode tudo – e está ao nosso alcance fazer com que jamais possa.

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Bolsonaro no seu labirinto 

Vendo sua margem de manobra se estreitar, ele parece cada vez mais desesperado

Fernando Gabeira, O Estado de S.Paulo, 8/07/2921

É um certo desperdício usar um pensamento de Isaac Deutscher para analisar a extrema direita. Mas, como ele dizia, cada vez que a margem de manobra política se estreita as pessoas começam a fazer bobagens, independentemente até de seu nível de inteligência.

A extrema direita mundial vive um momento difícil. Eslovênia, Hungria, Polônia e agora o Brasil, todos estão às voltas com uma conjuntura negativa. E de certa forma o fracasso diante da pandemia foi fator decisivo nas eleições americanas, contribuindo para a derrota de Donald Trump.

Na Eslovênia cai a popularidade do governo, na Hungria forma-se uma ampla coalizão contra Viktor Orbán e na Polônia o governo está sendo empurrado para posições mais à esquerda.

Aqui, no Brasil, Bolsonaro está com toda a carga negativa sobre ele. Não conseguiu atender às frustrações sociais que o levaram ao governo, tornou-se órfão de Trump e realizou uma política letal no campo sanitário. O País não só ultrapassou os 500 mil mortos, como deve superar os Estados Unidos nessa contagem fúnebre.

Bolsonaro já não é muito hábil politicamente. Mas vendo sua margem de manobra se estreitar parece cada vez mais desesperado, a ponto de agredir verbalmente jovens repórteres no exercício de sua função.

O avanço da CPI da pandemia tem representado também uma grande derrota para a tese negacionista de Bolsonaro. Aos poucos vai se definindo algo que para alguns já foi obviamente demonstrado: a política do governo contribuiu para muitas mortes no País.

Outro fator de estreitamento são as próprias alianças políticas. O grupo que o apoia no Parlamento sabe explorar o espaço, aberto pelo início das grandes manifestações populares contra ele. Ainda não o suficiente para derrubá-lo, elas já representam importante agregação de valor ao apoio fisiológico: quanto mais gente na rua, mais cara se torna a amizade com o Centrão.

O mundo que o bolsonarismo encontrou ao chegar ao poder não mudou para melhor, ao contrário, as frustrações se aprofundam. Grande parte da juventude brasileira, por falta de horizonte, quer deixar o País. Isso significa que as possibilidades de derrota de Bolsonaro são grandes, mas algumas das causas que o levaram ao poder não foram removidas.

Assim como lá fora surgem alianças às vezes surpreendentes, como a de Israel e agora a da Hungria, aqui, no Brasil, a possibilidade de unificação do campo oposicionista também é, potencialmente, considerável. Em primeiro lugar, as próprias manifestações de rua, no seu crescimento, precisam atrair novas forças de oposição, ganhar uma cara de unidade nacional que transcende o poder da esquerda. Em segundo lugar, está o próprio futuro pós-Bolsonaro. Seria razoável enfrentá-lo sem levar em conta os mecanismos que impulsionaram sua ascensão?

Algumas dessas frustrações já estavam latentes no grande movimento popular de 2013. Ele é certamente interpretado de muitas maneiras. Mas havia nele um certo descontentamento diante dos serviços públicos, muito aquém da expectativa dos pagadores de impostos.

Depois de uma vitória nacional, a extrema direita não vai desaparecer. Provavelmente será reduzida a uma dimensão mais real, uma força minoritária, ainda que ruidosa.

Sempre haverá, daqui para diante, a compreensão de que ela não pode ganhar o governo, o que determina uniões republicanas, como na França, prontas para derrotá-la caso chegue ao segundo turno.

Derrotá-las nas urnas, porém, não vai resolver o problema. É necessário buscar uma estabilidade dificilmente ao alcance de uma força política única.

Collor não tinha partido, assim como Bolsonaro. Os presidentes que tinham partidos atrás de si acabaram tendo de fazer coalizões que trazem uma falsa estabilidade, uma vez que garantem votos, mas arruínam a legitimidade diante da opinião pública.

Programa e instrumento adequado de governo são temas ainda indefinidos na era pós-Bolsonaro. Não creio que seja algo muito extemporâneo. Na medida em que cresce a oposição a Bolsonaro, certamente são questões importantes. O interessante ao concluir um período como esse seria iniciar um grande estudo não só dessas, mas de todas as grandes questões que nos possam dar uma sensação de caminhar para a frente, sem esbarrar de novo nesse fantasma regressivo e autoritário que assombra a nossa História contemporânea.

Apesar do sofrimento humano e da devastação ambiental, a ascensão de Bolsonaro é também um período de aprendizado. Supor que vamos simplesmente voltar ao período anterior a ele, como se nada tivesse acontecido, é muito perigoso, pois pode nos trazer Bolsonaro de novo, ou alguma composição ainda pior que ele, por mais absurda que possa parecer essa hipótese.

Tudo isso tem um sentido maior, porque não estaremos concluindo apenas um período político. Estaremos vivendo um momento pós-pandemia. Não me lembro historicamente de outro tão estimulante como o pós-guerra na Europa. Muitas certezas cairão por terra, novas ideias afloram, seria um certo contrassenso reiniciar com fórmulas que já não respondem ao desafio do presente.

JORNALISTA

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O bicho-papão do comunismo

Hoje é a extrema direita paranoica e obscurantista que representa perigo real

Sergio Fausto, O Estado de S.Paulo, 8/07/2021

Trinta anos atrás, em agosto de 1991, o comunismo recebeu seu atestado de óbito, com a dissolução da União Soviética. Morreu de morte morrida, provocada pela esclerose múltipla de um sistema político e econômico dirigido por uma burocracia hipertrofiada a serviço de si mesma.
Quando a Cortina de Ferro começou a se entreabrir, o bloco soviético não resistiu à comparação com o nível de bem-estar alcançado pelos países da Europa Ocidental, onde havia mais liberdade e melhores condições materiais de vida. Gorbachev bem que tentou reformar o sistema para evitar a dissolução da União Soviética, mas já era tarde demais. Ela ruiu, assim como havia ruído o Muro de Berlim dois anos antes, marcando o fim do domínio soviético sobre o Leste Europeu.
Mesmo antes de morrer, o comunismo já não representava ameaça ao Ocidente. Com a ascensão de Gorbachev à Secretaria-Geral do Partido Comunista da União Soviética, em 1985, as relações entre a pátria do socialismo e as potências capitalistas mudou definitivamente de natureza. “I like Mr. Gorbachev. We can do business together” (eu gosto do sr. Gorbachev. Nós podemos trabalhar juntos), disse ninguém menos que a conservadora primeira-ministra do Reino Unido Margareth Thatcher, depois de se encontrar em Londres com uma delegação de representantes soviéticos chefiada por Gorbachev, então estrela ascendente no Politburo. Era dezembro de 1984. Bom lembrar que a outra pátria do comunismo, a China, já havia normalizado desde a década anterior as suas relações com os Estados Unidos.
Para quem conhece a História é espantoso que o comunismo tenha sido ressuscitado como arma política 30 anos após a sua morte. Como disse o velho Marx, em adendo a Hegel, a História acontece duas vezes: a primeira como tragédia, a segunda como farsa. A ameaça comunista hoje só existe no discurso farsesco de uma extrema direita que faz da fabricação do pânico um componente central da sua estratégia política. No passado, a ideia da ameaça comunista era plausível, embora inflada para justificar golpes de Estado e regimes autoritários, em especial na América Latina. Salvo no Chile, os partidos comunistas nunca alcançaram grande expressão político-eleitoral. Pequenos grupos mais radicais, que optaram pela via armada para combater ditaduras, foram logo massacrados. Cuba foi um caso singular.
Quem representaria hoje o bicho-papão do comunismo? Faz quase 50 anos, a China deixou de exportar revolução para exportar produtos manufaturados, cada vez com maior conteúdo tecnológico. Mais confiante que nunca na sua capacidade de superar os Estados Unidos como potência econômica, busca também expandir seu poder e influência a outras partes do mundo. Sua estratégia, porém, não passa por mudar regimes políticos, muito menos por criar uma alternativa ao capitalismo, no qual aprendeu a nadar de braçada, com estilo próprio. Ela representa um desafio às democracias liberais, não uma ameaça ao capitalismo, como no passado representou a União Soviética.
Teria a Rússia assumido esse papel? Nada disso. Ex-agente da KGB, Putin é hoje um autocrata que apela à tradição cultural e religiosa da Rússia czarista e empresta apoio à ultradireita nacionalista europeia. Venezuela, um Estado falido, Cuba, que mal se aguenta nas próprias pernas? Ora, tenhamos senso do ridículo.
Diante do evidente despautério, o bolsonarismo se apropriou da ideia de que o comunismo teria reencarnado sob novas vestes: o marxismo cultural. Essa categoria está para a compreensão do mundo como a hidroxicloroquina está para a cura da covid. Serve como droga política para arregimentar fanáticos e disseminar teorias conspiratórias. Faz crer que existe uma ideologia que articula e impulsiona toda e qualquer manifestação cultural e política de questionamento a visões ultraconservadoras sobre a religião, a pátria, o Estado e a família. Junta no mesmo saco de inimigos a combater o liberal que defende a liberdade de expressão e a laicidade do Estado, as feministas que lutam pelos direitos das mulheres, o ativista do movimento LGBT, o dirigente da ONG ambiental, o intelectual “progressista”, o artista “devasso”, o libertário “maconheiro”, o jornalista da “mídia lixo” e até mesmo militares ditos “bundas-moles”.
O velho anticomunismo tinha um pé na realidade. É fato que o Komintern (a 3.ª Internacional) existiu de 1919 a 1945 e que o movimento comunista internacional continuou a ter vida nas décadas posteriores, com centro União Soviética e partidos comunistas em diversos países. É fato que Cuba treinou guerrilheiros e financiou a luta armada. Já o bicho-papão do marxismo cultural é pura fabricação mental. O que existe é uma extrema direita paranoica e obscurantista. Os sinais dela estão por toda parte: na negação da ciência, no uso da religião para fins políticos, na indiferença à morte, no desrespeito à liberdade de expressão do pensamento, do afeto e da sexualidade, no estímulo ao ódio, na linguagem chula. Ela representa o perigo real. O comunismo é um inimigo imaginário, a seu serviço.
DIRETOR-GERAL DA FUNDAÇÃO FHC, É MEMBRO DO GACINT-USP

Mini-reflexão (pessimista) sobre a pandemia de burrice que se abateu sobre partes do mundo - Paulo Roberto de Almeida

 Mini-reflexão (pessimista) sobre a pandemia de burrice que se abateu sobre partes do mundo

Paulo Roberto de Almeida

Cúpula do Mercosul aos 30 anos não dará em nada, pois as diferenças entre os membros são muito grandes; e não se trata de apenas baixar a TEC e sim de discutir reformas internas em cada um dos membros visando convergências. 

Será possível? Absolutamente não! Continuaremos estagnados.

Mas não é só o nosso mundinho que está no pântano; o mundão lá fora também.

Quando vejo acadêmicos respeitáveis repetindo bobagens como “a globalização falhou em entregar suas promessas” ou que “o neoliberalismo falhou completamente” — como se os países tivesse sido efetivamente “neoliberais” —, constato que existem problemas de percepção dos problemas, justamente, e não ajuda que a maior parte dos líderes políticos sejam medíocres. 

Quando se é só mediocre, talvez esse seja o menor dos problemas.

A questão fica mais grave quando um número significativo de eleitores retrocede ao supremacismo branco — como na América trumpista —, quando se tornam saudosistas do nazismo — como numa certa Alemanha, na Austria —, quando se retraem no fundamentalismo religioso — como certos países da Europa central e oriental—, ou quando aderem a tendências reacionárias e autoritárias, como no próprio Brasil bolsonarista.

A única constatação que posso fazer é que estamos enfrentando uma profunda carência de inteligência em diversas partes do mundo, e isso não tem a ver apenas com ideologias políticas: atinge governos, regimes e sociedades de esquerda, de direita e de centro, países avançados e nações em desenvolvimento, gente rica e gente pobre. Existe uma pandemia de burrice afetando grande parte do mundo.

Brasília, 8/07/2021


quarta-feira, 7 de julho de 2021

Simone Weil, uma vida em cinco ideias livro de Robert Zaretsky - Toril Moi (London Review of Books)

 The London Review of Books – 3.7.2021

Vol. 43 No. 13 · 1 July 2021

THE SUBVERSIVE SIMONE WEIL: A LIFE IN FIVE IDEAS 

I came with a sword

Toril Moi

 

THE SUBVERSIVE SIMONE WEIL: A LIFE IN FIVE IDEAS 

by Robert Zaretsky.

Chicago, 181 pp., £16

 

We don’t admire Simone Weil because we agree with her, Susan Sontag argued in 1963: ‘I cannot believe that more than a handful of the tens of thousands of readers she has won since the posthumous publication of her books and essays really share her ideas.’ What we admire, Sontag thought, is her extreme seriousness, her absolute effort to become ‘excruciatingly identical with her ideas’, to make herself a person who is ‘rightly regarded as one of the most uncompromising and troubling witnesses to the modern travail of the spirit’. Sontag underestimates the power of Weil’s ideas, I think, but she is right to say that in the minds of readers, Weil’s thought and life are intrinsically connected. Her life is the ground that gives her thinking its full meaning.

Simone’s father, Bernard Weil, was a successful doctor. Her mother, Selma, had wanted to study medicine, but her father wouldn’t allow it. Thoroughly assimilated French Jews, Simone’s parents practised no religion, and didn’t tell their children that they were Jewish until they were teenagers. Simone, born in 1909, was overshadowed by her older brother, André, a mathematical genius who at the age of twelve was reading Plato in Greek.

As a toddler Weil developed an extreme fear of germs and couldn’t stand to be touched. She was also preternaturally clumsy. At school, she couldn’t write fast enough to keep up with the others. She suffered from phobias, a sense of disgust provoked by certain foods, and by the idea of contaminationShe had migraines. She was extremely myopic. Scholars have debated whether or not she was anorexic. She certainly had a neurotic relationship to food, was extremely thin and always wore clothes that hid her body. She wanted her family to treat her like a boy, sometimes even signing letters to them ‘your son, Simon’. She found the idea of being an object of desire repulsive, and dressed in an outlandish way. The poet Jean Tortel remembered her as ‘a kind of bird without a body, withdrawn, in a huge black cloak which she never took off and which flapped around her calves’. Weil never defined herself as a woman, any more than as a Jew.

She graduated from the École Normale Supérieure in 1931, during the brief prewar period when the institution admitted women. (Simone de Beauvoir, a few years ahead of her, didn’t have the opportunity to apply.)Weil had an immense appetite for learning, was a natural teacher and a driven writer. She once said that she felt her mind was crowded by ideas clamouring to be expressed. Yet throughout her life, she insisted on taking on physical tasks for which she lacked the slightest aptitude. In another person this might be seen as selfish. She often became a burden on others. But for most readers, her writing – her intense examination of malheur (‘misery’ or ‘affliction’), the exploitation of workers, of power, violence, war, duties and the need for roots – transfigures all this. Weil writes about her experiences with luminous clarity. Her austere and difficult life lends authority to her thinking in a way other intellectuals can only dream of.

Yet that life depended to an astonishing degree on the support of other people, in particular on the quiet labour of her parents. In 1931, she took up her first posting as a lycée teacher in the small town of Le Puy in the Auvergne. Refusing to live on more than the entry-level salary of an elementary school teacher, Weil sent most of her wages to a fund for striking workers. She would happily have lived in a hovel, but Selma, who virtually commuted from Paris to Le Puy during Weil’s year there, found her a spacious flat with a bathroom, and persuaded one of Weil’s colleagues, Simone Anthériou, to share it. Weil had no practical sense, so her indefatigable mother saw to it that the two Simones got a housekeeper. Weil wanted to live like a worker, yet her phobias meant that she could only eat the most expensive cuts of meat. If she couldn’t get them, she would simply go without. Selma quietly made a deal with Anthériou: she would buy decent meat and Selma would secretly refund her. Simone herself never had any idea how much her food cost.

Weil earnestly wanted to share in the suffering of others. She spent her spare time as a teacher doing trade union work. In 1934-35, she took a leave of absence, and spent the autumn working on her syndicalist analysis of Marxism, later published as Oppression and Liberty. In December, she went to work on the assembly line at Alsthom, building electrical machinery. The work was dangerous and she was bullied by the foremen. Her lack of strength and dexterity made her accident-prone and she often failed to fulfil her quotas. She fell ill after a month and had to take six weeks’ sick leave. To help her recover, her parents took her to a sanatorium in Switzerland. As soon as she felt better, she went back to the factory, where she survived another month before she left (or was fired). Next she found work at Carnaud, making gas masks and oilcans; she was laid off after a few weeks. Then Renault hired her. At the end of August, she was fired. The experience of dangerous, physically exhausting and soul-destroying factory work forms the background to La Condition ouvrière, a collection of texts – journal entries, letters, brief essays – dealing with the way capitalism crushes the bodies and souls of workers. When Hannah Arendt read it in the 1950s, she thought it was the best thing ever written on the subject.

In August 1936, Weil crossed the Spanish border and made her way to Barcelona. There she managed to join a group of international volunteers in the small town of Pina de Ebro. Noticing her short-sightedness, her comrades at first refused to give her a weapon. But she demanded so vociferously to be allowed to carry a rifle like everyone else that they relented (though they prudently stayed out of range). One morning, less than two weeks after her arrival, she failed to see a vat of boiling oil on the ground and stepped into it, suffering terrible burns. After a few days, transportation was found to get her back to Barcelona. If her parents had not been waiting there, to provide treatment, food and rest, she might well have died. Towards the end of September, they finally persuaded her to return to France with them.

This became a recurring pattern. Weil acted on conviction, always with great courage and absolute determination. But in the background, her parents were ready to drop everything to make sure that she survived her attempts at living out her ideals. Gustave Thibon, a farmer and the editor of one of her most popular books, Gravity and Grace, thought that their ‘constant care ... put off the inevitable outcome’. The Weils themselves were perfectly aware of their role. ‘If you ever have a daughter,’ Selma said to Tortel, ‘pray to God she won’t be a saint.’ When people expressed sympathy for her parents, Simone would reply: ‘Another member of the Society for the Protection of my Parents!’

After Spain, Weil continued to work with trade unions, but she also became interested in Catholicism. She had mystical experiences in which she felt the loving presence of Christ, yet she refused to be baptised. She loved God, but she didn’t love the Church, with its persecution of anyone who refused to submit to its dogmas. Although it caused her great pain to remain outside organised religion, Weil refused to become part of a community defined by the excommunication of dissenters and the exclusion of the non-baptised.

In June 1940, the Weil family only just outpaced the German invasion, getting the last train out of Paris. They stayed in Marseille until May 1942, when they left for New York via Casablanca. In Marseille, Simone decided to work as a farmhand. She also asked Thibon, who had reluctantly agreed that she could work on his farm, to let her sleep outside, which he absolutely refused to do. In the end they compromised on an abandoned, half-ruined, rat-infested house owned by his wife’s parents.

As soon as she arrived in the United States, Weil campaigned to be allowed to join the Free French in LondonShe finally succeeded, and after a strenuous Atlantic crossing, and internment in Liverpool, she arrived in London in December 1942. When she died of tuberculosis and self-starvation in a sanatorium in Ashford, Kent, on 24 August 1943, she had been separated from her parents for nine months. In London she wrote day and night, far exceeding the pedestrian reports the Free French asked her to produce. Her output in this period was prodigious. The Need for Roots: Prelude to a Declaration of Duties towards Mankind, her epochal study of what is required for us to feel at home in our society, was written during this time. When she was diagnosed with TB in April 1943, she hid her illness from her parents, filling her letters with pious lies. She didn’t mention that she had become too sick to work, and didn’t tell them she was in hospital. When she died, a telegram was sent to André in Philadelphia. He went to New York to break the news to his unsuspecting parents.

The last word Weil wrote in her diary before her death was ‘nurses’. While she might have been thinking of the nurses who attended her in her final days, it is tempting to see this as a reference to a project she had promoted since the war began – that the Allies should send volunteer nurses to the front lines. Since only the simplest care could be given in battle, they wouldn’t need to be highly trained. They would comfort the dying more often than saving the living. But the deeper purpose was moral: the white-uniformed nurses would serve as emblems of moral courage and symbols of Allied values, their femininity contrasting with the masculinity defined by the Totenkopf and the black uniforms of the SS. Naturally, Weil wanted to be among the first nurses deployed. She even took a First Aid course in preparation. When General de Gaulle heard about her plan, he exclaimed: ‘Mais elle est folle!’ Weil was deeply hurt by the dismissal of her idea.

A further disappointment followed when the Free French refused to send her on a mission into occupied territory. None of her superiors in London would entertain the thought. Her bad eyesight and clumsiness were well known. Some also thought her ‘physical type’ made her unsuitable. In other words: she looked too Jewish. The likelihood of her being caught – possibly jeopardising the lives of others – was too high. Although her good friend Maurice Schumann (later foreign secretary under de Gaulle) patiently explained why nobody in their right mind would send her on a secret mission, Weil reproached him. Why would such an intelligent woman fight so tenaciously for such quixotic projects? Maybe the answer is simply that they would oblige her to risk her life.

It’s hard to know what to make of Weil’s life and death. Christians see her as Christ-like in her suffering. Others may find her desire to help selfish and her insistence on doing work she couldn’t handle almost risible. Even Thibon admits that watching Weil try to do the dishes had him in fits of laughter. She knew perfectly well she was unsuited to practical work. But saints must often bear the ridicule of others. In her last years, she came to see the ‘extraordinary difficulty’ she had ‘in doing an ordinary action’ as a favour from God, because it kept her from attempting more self-aggrandising heroics. However strangely she did the dishes, Thibon was in awe of her presence, her luminous gaze, her ‘insistence on inner purity and authenticity’.

I am struck by her loneliness. She wanted to merge with the masses, to be anonymous and unobtrusive – a worker, a farmhand, a trade unionist, a soldier – one among many, working and fighting alongside others. Yet she found true solidarity hard to come by. Everywhere she went, she stood out. She was often the only woman; she was always different. Tortel notes that her purity inspired fear. Even her writings are not really about acknowledging the pain of others. They are, rather, about the complete eradication of the self in the service of the afflicted, who, precisely because of their affliction, have already had their own subjectivity obliterated. Weil’s only loving interlocutor is God.

What about? Weil’s ideas? There is no disputing their importance. Her thinking about affliction, attention, factory work, oppression and liberation, rights and obligations, and the need for belonging has been influential across political theory, moral philosophy and theology. She has inspired thinkers as different as Maurice Blanchot, Iris Murdoch and Giorgio Agamben. Wittgensteinians such as Peter Winch and Cora Diamond have felt kinship with her ideas about language and morality. The feminist philosopher Andrea Nye has suggested that Weil’s emphasis on obligations rather than rights might offer a way out of the impasse over abortion in the US. Thousands of ordinary readers interested in mysticism or Catholicism have found her books illuminating.

Others have found her thinking repellent. Sontag expresses relief that we can admire Weil without having to agree with her ‘anguished and unconsummated love affair with the Catholic Church, or accept her gnostic theology of divine absence, or espouse her ideals of body denial, or concur in her violently unfair hatred of Roman civilisation and the Jews’. George Steiner goes even further. He considers Weil ‘one of the ugliest cases of blindness and intolerance in the vexed history of Jewish self-hatred’. They have a point. She had an almost visceral loathing for ‘Hebrew’ and Roman culture, matched in intensity only by her deep veneration for ancient Greek culture and Catholicism. More than half of The Need for Roots is taken up with her passionate insistence that French culture and politics went awry as a result of the Romans. In Weil’s account, the Druids, who resisted the Romans, emerge as the unlikely heroes of French history.

In The Subversive Simone Weil: A Life in Five Ideas, Robert Zaretsky sets out to show that Weil’s ideas can still ‘resonate’ with secular readers today. He wants us to learn from Weil, but he also thinks that, undiluted, she is likely to send us running. His solution is to tone her down. The value of affliction ‘lies in the use we make of it. Whether it can teach us anything as grand as wisdom depends on how we define wisdom. If virtues like comprehension and compassion, toleration and moderation are to constitute at least part of wisdom, we could do worse.’ But Weil was never a champion of ‘moderation’. Zaretsky’s Weil becomes Simone of the Suburbs, a standard-bearer for traditional liberal morality.

In ‘The Love of God and Affliction’ (included in the essay collection Waiting for God), Weil writes that ‘compassion for the afflicted is an impossibility.’ The afflicted ‘have no words to express what is happening to them’. Affliction is different from suffering, for it mutilates a person’s whole being. In affliction, Weil writes, ‘a kind of horror submerges the whole soul. Extreme affliction, which means physical pain, distress of soul and social degradation, all at the same time, is a nail whose point is applied at the very centre of the soul.’ We see examples of this every day: the homeless person on the street corner; the refugee stuck in a desolate camp or immigration centre; the trafficked woman suffering daily assaults by anonymous men. What can possibly count as the ‘wise use’ of such destitute lives, of such affliction?

One of Weil’s most passionate accounts of affliction can be found in her essay ‘The Iliad, or the Poem of Force’, written at the beginning of the Second World War. ‘Force,’ she writes in Mary McCarthy’s excellent translation, is ‘that X that turns anybody who is subjected to it into a thing. Exercised to the limit, it turns man into a thing in the most literal sense: it makes a corpse out of him.’ Force is the power of ‘halting, repressing, modifying each movement that our body sketches out’. Because force is the ability to kill, it can make a thing out of a human being while he is still alive. ‘He is alive; he has a soul; and yet – he is a thing,’ Weil writes. Her example is the overpowered soldier in the Iliad: ‘A man stands disarmed and naked with a weapon pointing at him; this person becomes a corpse before anybody or anything touches him ... Still breathing, he is simply matter; still thinking, he can think no longer.’ Weil taught us how to think about the horrors of the Holocaust.

Her reflections on war are also reflections on slavery. ‘To be outside a situation as violent as this is to find it inconceivable; to be inside it is to be unable to conceive its end ... Always in human life, whether war or slavery is in question, intolerable sufferings continue, as it were, by the force of their own specific gravity.’ Faced with absolute force, the slave is reduced to a thing. To say that a person is a thing, is a ‘logical contradiction’, Weil writes.

 

Para acessar a íntegra:

https://www.lrb.co.uk/the-paper/v43/n13/toril-moi/i-came-with-a-sword

 

Pandemia: os dois maiores impérios, EUA e China, tratam o Brasil com comiseração -

 

Vacinas contra covid: EUA devem anunciar nova doação ao Brasil

Mariana Sanches - @mariana_sanches

Da BBC News Brasil em Washington

Há 1 hora

Nos próximos 15 dias, os Estados Unidos deverão fazer uma nova doação direta de vacinas contra a covid-19 ao Brasil. Pessoas envolvidas na negociação afirmaram à BBC News Brasil que o fabricante e a quantidade das doses cedidas dessa vez ainda não estão definidos pelas autoridades americanas, que tampouco anunciaram formalmente a doação.

Mas já se sabe que o imunizante deve ser da Pfizer ou da Janssen, duas das vacinas das quais os americanos dispõem e que já foram liberadas para aplicação na população tanto pela agência de vigilância sanitária brasileira, a Anvisa, quanto pela americana, a FDA.

Os americanos detêm ainda um estoque de cerca de 60 milhões de doses da AstraZeneca-Oxford, que aguarda autorização da FDA para ser remetida ao exterior pela Casa Branca.

Se concretizada, a nova remessa será a segunda grande doação direta de vacinas dos americanos ao Brasil. A primeira, de 3 milhões de doses da Janssen, vacina de dose única da Johnson & Johnson, foi anunciada no fim de junho e é, até o momento, a maior doação feita pelos Estados Unidos a um único país.

Depois de vacinar com ao menos uma dose quase 70% de sua população, os Estados Unidos têm se movido rapidamente para fazer frente à China na chamada "diplomacia de vacinas".

Há duas semanas, o jornal O Globo publicou documentos do Itamaraty nos quais os diplomatas brasileiros relatavam sugestão de executivos da empresa chinesa Sinovac, desenvolvedora da Coronavac, para que integrantes do governo Bolsonaro moderassem o tom nas críticas à China para não complicar o envio de vacinas e insumos ao Brasil — mais da metade dos imunizantes aplicados no país até agora têm origem chinesa.

Diante da notícia, o assessor da Casa Branca para América Latina, Juan González, ironizou: "Cumpriremos (as doações) sem condições". As negociações pelas doses envolvem os gabinetes presidenciais dos dois países, além dos órgãos nacionais de saúde e a diplomacia de parte a parte.

Bolsonaro agradece em carta

Em 4 de julho, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro (sem partido) enviou carta ao presidente americano, o democrata Joe Biden, por ocasião do dia da independência americana, em que parabenizava o país pela data e agradecia o envio de doses ao Brasil.

Os dois mandatários ainda não se falaram pelo telefone, mas essa é a quarta carta que Bolsonaro destina a Biden, depois de ser um dos últimos chefes de países do mundo a reconhecer a vitória eleitoral do democrata sobre o republicano Donald Trump, seu aliado.

Nessa semana, outros países da América do Sul, como Bolívia e Paraguai receberão 1 milhão de doses de imunizantes americanos. Colômbia e Equador também já foram contemplados.

No caso do Brasil, além da importância política do país na região, pesou na decisão de uma segunda doação a gravidade da condição sanitária brasileira, que já ultrapassou a marca de 520 mil mortes por covid-19, o segundo maior número absoluto de mortes no mundo.

O país sofre com a falta de imunizantes — apenas 37% da população recebeu ao menos uma dose. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado investiga a responsabilidade do governo federal na escassez de vacinas.

Desde fevereiro, o Itamaraty pedia por doses aos EUA. Inicialmente, o Brasil tentou negociar a compra do excedente de imunizantes americano, o que não se mostrou viável.

A doação via Covax Facility, consórcio global de vacinas da Organização Mundial da Saúde, chegou a ser aventada, e parte de um lote de 25 milhões de doses americanas deve ser alocada pelo Covax, mas a solução demonstrou ter problemas para uma distribuição rápida do material entre diferentes países. Por isso, os americanos têm optado por doação bilateral.

A nova doação deve ser retirada pelo Brasil em território americano. A empresa aérea Azul Linhas Aéreas ou a Força Aérea do Brasil ficarão responsáveis pelo transporte.

Os americanos também já sinalizaram que poderão rever o destino de um lote de 20 milhões de doses, com vencimento previsto para setembro, originalmente encaminhado para o Covax Facility.

As dificuldades de distribuição do consórcio podem levar à perda do prazo de validade dos imunizantes e o Brasil já se apresentou como candidato para ficar com ao menos parte das doses próximas do prazo de vencimento.

https://www.bbc.com/portuguese/brasil-57755661



Brasil é o país do mundo que mais recebe vacinas e insumos da China, diz embaixador Yang Wanming

"O Brasil é o país que mais recebe vacinas prontas e insumos farmacêuticos da China em todo o mundo", afirmou o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming. A família Bolsonaro dificultou a aceleração da imunização entre os brasileiros ao agredir o país asiático em plena pandemia

7 de julho de 2021, 10:09 h Atualizado em 7 de julho de 2021, 10:37  

247 - O embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, afirmou que o país do governo Jair Bolsonaro é o que mais recebeu vacinas e insumos da potência asiática. Em plena pandemia, o clã presidencial brasileiro agrediu a China e, por consequência, dificultou a aceleração da vacinação entre os brasileiros. 

"Na tarde desta quarta-feira (7), chegarão a São Paulo um novo lote de mais de 2,7 milhões de doses prontas da vacina CoronaVac produzidas pelo laboratório Sinovav. Portanto, o Brasil é o país que mais recebe vacinas prontas e insumos farmacêuticos da China em todo o mundo", afirmou o embaixador.

Um dos ataques da família Bolsonaro veio em outubro de 2020, quando Jair Bolsonaro afirmou que não compraria vacina da China. 

Em novembro daquele ano, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) também agrediu o país asiático, desta vez sobre o 5G, dizendo que seria necessária uma "aliança global para um 5G seguro, sem espionagem da China".

Em nota, a embaixada chinesa rebateu as agressões do parlamentar e repudiou "os ditames dos Estados Unidos de abusar do conceito de segurança nacional para caluniar" o país asiático e cercear as atividades de empresas chinesas.

No primeiro semestre de 2020, quem havia atacado a China foi o então chanceler Ernesto Araújo, ao apontar ameaça de "pesadelo comunista" em artigo publicado em seu blog pessoal em abril daquele ano.

No segundo semestre do ano passado, o então ministro sugeriu que a China estaria tentando 'controlar o mundo'.

https://www.brasil247.com/mundo/brasil-e-o-pais-do-mundo-que-mais-recebe-vacinas-e-insumos-da-china-diz-embaixador-yang-wanming