A Alemanha estava indo tão bem...
Depois que a CSU, cristã-democrata, teve de fazer uma aliança de governo com o SPD, socialdemocratas, ela começou a desandar.
Começa justamente pela "imposição" -- este é o termo -- do SPD da adoção de um salário mínimo para fazer parte da aliança de governo. A Alemanha vai pouco a pouco voltar a reduzir sua competitividade externa pelo encarecimento do custo dos produtos, devido aos preços mais altos da mão-de-obra, comparativamente a outros países europeus ou aos asiático.
O primeiro trabalho dessa fundação "progressista" quer fazer acreditar que se trata de uma boa coisa, quando o único resultado vão ser perdas para a economia alemã.
O segundo trabalho acha que o problema crucial de nossa época é a desigualdade distributiva, quando não é, e sim a produtividade crescentemente lentamente na Europa em geral, e a renda crescendo muito devagar em vários outros países europeus.
Parece que os alemães vão começar a andar para trás...
Paulo Roberto de Almeida
A Fundação Friedrich Ebert (FES) está presente em mais de cem países ao redor do mundo. Aproveitando-se dessa rede, pretende contribuir para o debate plural no campo da esquerda a nível mundial com análises e propostas.
Com a nova edição de nosso Newsletter lhes apresentamos uma análise das primeiras experiências com o salário mínimo na Alemanha, de Gerhard Bosch, Karen Jaehrling e Claudia Weinkopf, e uma reflexão de Thorsten Schäfer-Gümbel sobre a necessidade de um novo paradigma na agenda de crescimento.
Esperamos que os documentos sejam de interesse e desejamos uma boa leitura!
Equipe FES Brasil
www.fes.org.br
O salário mínimo legal na prática na Alemanha: condições para uma implementação bem-sucedida
Gerhard Bosch, Karen Jaehrling, Claudia Weinkopf
Com o salário mínimo de 8,50 euros por hora a partir de janeiro de 2015, foi introduzido um piso salarial obrigatório na Alemanha, visando coibir o dumping salarial e fortalecer a justiça no mercado de trabalho. Para tal, é, porém, necessário que o salário mínimo seja implementado e aplicado de forma eficaz na prática. As experiencias da Grã-Bretanha, onde o salário mínimo já foi introduzido em 1999, revelam que se trata de um processo mais demorado, no qual é preciso enfrentar os problemas e as lacunas na regulamentação com definições legais mais precisas e instrumentos práticos, ou até mesmo novas estratégias de implementação.Leia mais
A favor de uma mudança de paradigma na agenda de crescimento
Thorsten Schäfer-Gümbel
Não queremos nem a renúncia ao consumo nem uma política de desregulamentação cega e comprovadamente fracassada, e sim, um crescimento pluridimensional.
Eis o tema que tornou Thomas Piketty famoso, pois acertou em cheio a questão crucial da nossa época. Hillary Clinton elegeu o tema a sua preocupação central. Para nós, social-democratas, o combate das desiguldades sociais é o objetivo da nossa existência política. O tema onstou até mesmo da agenda do Encontro Econômico em Davos. Há muitos atores e muitas sugestões de soluções, porém, uma coisa é certa: urge fazer algo imediatamente. Leia mais
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
terça-feira, 28 de julho de 2015
Prata da Casa: sempre na vanguarda dos downloads - Paulo R. Almeida (Academia.edu)
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Mini-reflexao sobre o momento presente, em algum lugar perto daqui...
Mini-reflexão sobre o momento presente em certo país perdido e ainda indeciso quanto ao seu futuro:
O Estado Islâmico Companheiro aspira a muito mais do que simplesmente conquistar territórios, dominar instituições, sequestrar pertences, escravizar indivíduos, expropriar suas crianças e estatizar as suas riquezas. Tudo isso é material e secundário.
Eles planejam monopolizar os corações e mentes, determinar as paixões permissíveis, separá-las das politicamente incorretas, para corrigi-las ou eliminar estas últimas (o que só se pode fazer obliterando, literalmente, os seus donos), determinar o que pode ou não pode ser pensado (sobre eles próprios e sobre tudo o mais), o que deve ser escrito e o que eventualmente será guardado (sendo que grande parte sequer merece registro escrito, e torna-se por todo o mais etéreo), e ainda bem mais do que isso.
Em duas palavras, e resumindo, eles planejam concentrar poder e abolir a História.
Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 28/07/2015
Complemento:
Mini-reflexão
sobre a queda de Roma:
Não foi exatamente aquela invasão estilo
Hagar, quando os bárbaros batem às portas, com seus aríetes, e perguntam
gentilmente:
"Desculpem, com licença, mas nós viemos saquear e pilhar a
sua cidade, além de acabar com o seu império. Dá para abrir as portas ou vamos
precisar derrubar?"
Não! Quando os romanos se deram conta, os
bárbaros já estavam entre eles, há muito tempo, saqueando e roubando,
alegremente e na indiferença geral dos cidadãos romanos.
E a história não se
resumiu a uma tira de humor...
Pois é, qualquer semelhança não é mera
coincidência...
segunda-feira, 27 de julho de 2015
Fidel Castro: uma vida dupla, de mentira, de luxuria, de roubos, e de ditadura - livro
The Double Life of Fidel Castro: My 17 Years as Personal Bodyguard to El Lider Maximo
by
Juan Reinaldo Sánchez,
Axel Gyldén, Catherine Spencer (Translation)
In The Double Life of Fidel Castro,
one of Castro's soldiers of 17 years breaks his silence and shares his
memoir of years of service, and eventual imprisonment and torture for
displeasing the notorious dictator, and his dramatic escape from Cuba.
Responsible for protecting the Lider maximo for two decades, Juan Reinaldo Sánchez was party to his secret life - because everything around Castro was hidden. From the ghost town in which guerrillas from several continents were trained, to his immense personal fortune - including a huge property portfolio, a secret paradise island, and seizure of public money - as well as his relationship with his family and his nine children from five different partners.
Sanchez's tell-all expose reveals countless state secrets and the many sides of the Cuban monarch: genius war leader in Nicaragua and Angola, paranoid autocrat at home, master spy, Machiavellian diplomat, and accomplice to drug traffickers. This extraordinary testimony makes us re-examine everything we thought we knew about the Cuban story and Fidel Castro Ruz. (less)
Responsible for protecting the Lider maximo for two decades, Juan Reinaldo Sánchez was party to his secret life - because everything around Castro was hidden. From the ghost town in which guerrillas from several continents were trained, to his immense personal fortune - including a huge property portfolio, a secret paradise island, and seizure of public money - as well as his relationship with his family and his nine children from five different partners.
Sanchez's tell-all expose reveals countless state secrets and the many sides of the Cuban monarch: genius war leader in Nicaragua and Angola, paranoid autocrat at home, master spy, Machiavellian diplomat, and accomplice to drug traffickers. This extraordinary testimony makes us re-examine everything we thought we knew about the Cuban story and Fidel Castro Ruz. (less)
Hardcover, 288 pages
Published
May 12th 2015
by St. Martin's Press
(first published May 22nd 2014)
Get a copy:
- Kindle eBook $12.99
- Amazon BR
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O Estado Fascista do Brasil - Paulo Roberto de Almeida
O Estado Fascista do Brasil
Colunas Dom Total, 16/07/2015
O fascismo, reduzido à sua expressão mais simples, é quando o Estado manda em você, e você sequer tem consciência disso, uma vez que tal interação passa quase despercebida, já foi embutida pela sociedade. O contrário do fascismo é, obviamente, uma sociedade libertária, onde cada um usa de seu livre arbítrio para guiar-se na vida e nas atividades cotidianas. Tomados nesse entendimento ideal-típico mais simples possível, é claro que ambos os conceitos não expressam nenhuma sociedade concreta, nossa contemporânea, mas eles podem ajudar a situar os casos nacionais num ou noutro extremo desse espectro que leva do fascismo explícito ao libertarianismo utópico. Em outros termos, uma sociedade será tanto mais fascista, ou tendencialmente libertária, quando os comportamentos típicos dos indivíduos se aproximarem do inferno dirigista a cargo do Estado, ou da mais plena liberdade pessoal, sem interferência estatal.
Sem adentrar na consideração de abstrações sociológicas, pode-se tentar extrair exemplos de como as sociedades se situam em torno de um ou outro modelo de organização social. Tomemos os casos típicos dos Estados Unidos e do Brasil, e mesmo, numa configuração mais ampla, o das sociedades anglo-saxãs, de um lado, e o das sociedades latino-americanas, de outro, estas uma extensão do molde ibérico original. Qualquer pessoa sensata reconheceria que os EUA se aproximam bem mais do modelo libertário do que modelo fascista, e que, inversamente, o Brasil é um típico caso de corporatismo, ou seja, um clássico modelo tendencialmente fascista.
Exemplos abundam, num e noutro sentido. Vou tentar ficar em casos práticos, da vida diária, e que portanto influenciam o modo de vida, para melhor ou para pior, de milhões de pessoas. Sabe-se, por exemplo, que normas industriais são padrões adotados pelas indústrias para facilitar o uso e a disseminação de bens de consumo durável que possam gozar de ampla aceitação entre os consumidores, como uma tomada elétrica de parede, utilizável indistintamente para os mais diferentes aparelhos. As normas são adotadas progressivamente e voluntariamente pelas indústrias, e passam a ser, a partir de certa extensão de aceitação e uso, um componente da vida diária ao qual sequer se presta atenção. Já as regulações são típicos decretos estatais que impõem, por via de um instrumento legislativo, o uso exclusivo e obrigatório de um determinado padrão, estabelecido burocraticamente, e não por livre disposição das indústrias.
No caso das já citadas tomadas elétricas, é sabido, também, que o Brasil, depois de conviver durante décadas com a mais simples tomada, a de dois furos redondos (de acordo com normas industriais de corrente elétrica estabelecidas naturalmente ao longo de toda a história da indústria elétrica), passou a adotar a famosa tomada de três pinos, nas quais o terceiro se referia ao pino de segurança (ou de aterramento), e que os dois redondos originais foram complementados por fissuras verticais chatas, aproximando-se do padrão típico em uso universal nos EUA.
Pois bem, essa norma adaptada ao Brasil pelo seu caráter praticamente universal, foi alterada anos atrás pela imposição de um novo padrão, uma regulação absolutamente exótica determinada pelo Inmetro como de uso compulsório pelas indústrias consistindo de três pinos redondos em linha, mas com o central em superposição, formando um pequeno arco. Os leitores já pararam para pensar nos custos imensos, impossíveis de serem mensurados, mas se situando na casa das centenas de bilhões de reais (traduzidos nos orçamentos familiares e empresarias de 200 milhões de brasileiros e de centenas de milhares de empresas), que resultaram dessa imposição absolutamente fascista do Estado brasileiro? A totalidade da população sofreu com a medida, que, por outro lado, deu benefícios e lucros fantásticos, até hoje, às poucas dezenas de milhares de empresas que se dedicam à fabricação de tomadas de aparelhos e de parede (e de adaptadores, claro).
Eu poderia multiplicar os exemplos do mesmo tipo, como o fato de, por determinação da Anvisa, as farmácias terem sido proibidas de comercializar produtos típicos de padaria, como chicletes e refrigerantes. Qual grave atentado à saúde dos consumidores adviria da liberdade concedida às farmácias de comercializarem quaisquer produtos que são normalmente encontrados nas padarias? Penso, penso, e não encontro nenhum motivo sensato para justificar a medida, a não ser o comportamento tipicamente fascista dos burocratas da Anvisa. Que tal o comportamento dos burocratas da Ancine, impondo cotas obrigatórias de exibição de filmes nacionais, se substituindo autoritariamente às preferências dos frequentadores das salas de cinema? Para mim, isso é típico do fascismo ambiente no Brasil.
A diferença básica entre as sociedades anglo-saxãs e as ibéricas é que, nas primeiras tudo o que não estiver formalmente proibido na legislação está ipso facto liberado para a iniciativa privada dos indivíduos, ao passo que nas segundas tudo o que não estiver devidamente autorizado pelo poder público está automaticamente proibido aos particulares. Esta é a diferença entre a liberdade e o fascismo. Pense nisso, caro leitor, na próxima vez que for à farmácia, usar algum aparelho elétrico ou sair para ir ao cinema. Veja o que está acontecendo com a plataforma Uber, uma simples atualização tecnológica das relações contratuais entre motoristas e passageiros. Lamente viver em um Estado fascista.
Sem adentrar na consideração de abstrações sociológicas, pode-se tentar extrair exemplos de como as sociedades se situam em torno de um ou outro modelo de organização social. Tomemos os casos típicos dos Estados Unidos e do Brasil, e mesmo, numa configuração mais ampla, o das sociedades anglo-saxãs, de um lado, e o das sociedades latino-americanas, de outro, estas uma extensão do molde ibérico original. Qualquer pessoa sensata reconheceria que os EUA se aproximam bem mais do modelo libertário do que modelo fascista, e que, inversamente, o Brasil é um típico caso de corporatismo, ou seja, um clássico modelo tendencialmente fascista.
Exemplos abundam, num e noutro sentido. Vou tentar ficar em casos práticos, da vida diária, e que portanto influenciam o modo de vida, para melhor ou para pior, de milhões de pessoas. Sabe-se, por exemplo, que normas industriais são padrões adotados pelas indústrias para facilitar o uso e a disseminação de bens de consumo durável que possam gozar de ampla aceitação entre os consumidores, como uma tomada elétrica de parede, utilizável indistintamente para os mais diferentes aparelhos. As normas são adotadas progressivamente e voluntariamente pelas indústrias, e passam a ser, a partir de certa extensão de aceitação e uso, um componente da vida diária ao qual sequer se presta atenção. Já as regulações são típicos decretos estatais que impõem, por via de um instrumento legislativo, o uso exclusivo e obrigatório de um determinado padrão, estabelecido burocraticamente, e não por livre disposição das indústrias.
No caso das já citadas tomadas elétricas, é sabido, também, que o Brasil, depois de conviver durante décadas com a mais simples tomada, a de dois furos redondos (de acordo com normas industriais de corrente elétrica estabelecidas naturalmente ao longo de toda a história da indústria elétrica), passou a adotar a famosa tomada de três pinos, nas quais o terceiro se referia ao pino de segurança (ou de aterramento), e que os dois redondos originais foram complementados por fissuras verticais chatas, aproximando-se do padrão típico em uso universal nos EUA.
Pois bem, essa norma adaptada ao Brasil pelo seu caráter praticamente universal, foi alterada anos atrás pela imposição de um novo padrão, uma regulação absolutamente exótica determinada pelo Inmetro como de uso compulsório pelas indústrias consistindo de três pinos redondos em linha, mas com o central em superposição, formando um pequeno arco. Os leitores já pararam para pensar nos custos imensos, impossíveis de serem mensurados, mas se situando na casa das centenas de bilhões de reais (traduzidos nos orçamentos familiares e empresarias de 200 milhões de brasileiros e de centenas de milhares de empresas), que resultaram dessa imposição absolutamente fascista do Estado brasileiro? A totalidade da população sofreu com a medida, que, por outro lado, deu benefícios e lucros fantásticos, até hoje, às poucas dezenas de milhares de empresas que se dedicam à fabricação de tomadas de aparelhos e de parede (e de adaptadores, claro).
Eu poderia multiplicar os exemplos do mesmo tipo, como o fato de, por determinação da Anvisa, as farmácias terem sido proibidas de comercializar produtos típicos de padaria, como chicletes e refrigerantes. Qual grave atentado à saúde dos consumidores adviria da liberdade concedida às farmácias de comercializarem quaisquer produtos que são normalmente encontrados nas padarias? Penso, penso, e não encontro nenhum motivo sensato para justificar a medida, a não ser o comportamento tipicamente fascista dos burocratas da Anvisa. Que tal o comportamento dos burocratas da Ancine, impondo cotas obrigatórias de exibição de filmes nacionais, se substituindo autoritariamente às preferências dos frequentadores das salas de cinema? Para mim, isso é típico do fascismo ambiente no Brasil.
A diferença básica entre as sociedades anglo-saxãs e as ibéricas é que, nas primeiras tudo o que não estiver formalmente proibido na legislação está ipso facto liberado para a iniciativa privada dos indivíduos, ao passo que nas segundas tudo o que não estiver devidamente autorizado pelo poder público está automaticamente proibido aos particulares. Esta é a diferença entre a liberdade e o fascismo. Pense nisso, caro leitor, na próxima vez que for à farmácia, usar algum aparelho elétrico ou sair para ir ao cinema. Veja o que está acontecendo com a plataforma Uber, uma simples atualização tecnológica das relações contratuais entre motoristas e passageiros. Lamente viver em um Estado fascista.
Industria automotiva: fim do stalinismo industrial companheiro? - Entrevista presidente da GM
Muito realista a entrevista com o presidente da GM para a América do Sul, "dentro de lo que cabe", como diriam os espanhóis, pois ele esconde o essencial: que o Brasil tem impostos demais, porque tem um Estado grande demais para a sua economia.
Claramente, o tipo de arranjo "contratual" que a sociedade fez consigo mesmo, através de sua nova Constituição, em 1988 (e já emendada dezenas de vezes), o chamado "pacto social", com distribuição de benesses estatais para todos e cada um (e cada vez mais), não cabe dentro do PIB, ou seja, as despesas são maiores do que a capacidade contributiva da economia.
Isso a sociedade precisa entender, mas o presidente da GM não é "obrigado" a nos criticar pela nossa esquizofrenia jurídica-constitucional, e pela nossa ingenuidade econômica.
Dentro do que cabe dizer, portanto, ele diz as coisas certas, mas está sempre querendo medidas setoriais que beneficiem a sua indústria, isso é certo.
Ou seja, ele também adora stalinismo industrial, como a maior parte dos nossos capitalistas.
Os companheiros tentaram fazer isso durante todo o tempo.
Enquanto tinha dinheiro chinês, deu para fazer.
Agora acabou e eles não têm mais nada a oferecer.
Está na hora de colocá-los para fora, e não só porque se equivocaram em política econômica.
O fato é que eles roubaram demais.
Só por isso, já merecem cadeia.
Paulo Roberto de Almeida
Claramente, o tipo de arranjo "contratual" que a sociedade fez consigo mesmo, através de sua nova Constituição, em 1988 (e já emendada dezenas de vezes), o chamado "pacto social", com distribuição de benesses estatais para todos e cada um (e cada vez mais), não cabe dentro do PIB, ou seja, as despesas são maiores do que a capacidade contributiva da economia.
Isso a sociedade precisa entender, mas o presidente da GM não é "obrigado" a nos criticar pela nossa esquizofrenia jurídica-constitucional, e pela nossa ingenuidade econômica.
Dentro do que cabe dizer, portanto, ele diz as coisas certas, mas está sempre querendo medidas setoriais que beneficiem a sua indústria, isso é certo.
Ou seja, ele também adora stalinismo industrial, como a maior parte dos nossos capitalistas.
Os companheiros tentaram fazer isso durante todo o tempo.
Enquanto tinha dinheiro chinês, deu para fazer.
Agora acabou e eles não têm mais nada a oferecer.
Está na hora de colocá-los para fora, e não só porque se equivocaram em política econômica.
O fato é que eles roubaram demais.
Só por isso, já merecem cadeia.
Paulo Roberto de Almeida
Entrevista: Jaime Ardila
"A classe C, como consumidora de
carros, saiu do mercado"
De homem público a executivo do setor
privado
* Economista, o colombiano Jaime Ardila,
de 60 anos, já trabalhou no Banco Central e no Ministério da Indústria e
Comércio da Colômbia. Foi para a GM em 1984 e, em 2007, assumiu a presidência
da GM Brasil; três anos depois, a da GM América do Sul.
O Estado de S.Paulo, 26/07/2015
Segundo o executivo, crise também
afetou o perfil de compra das classes A e B
Principal responsável pelo crescimento
contínuo das vendas de carros novos por quase dez anos, até atingir o recorde
de 3,8 milhões de unidades em 2012, a classe C já não faz mais a festa da
indústria automobilística. "Como consumidora de carros, praticamente saiu
do mercado", diz o presidente da General Motors América do Sul, Jaime
Ardila. Segundo ele, quem compra carro hoje são as classes A e B, mas mesmo
estas mudaram o padrão de consumo. Em entrevista, o executivo colombiano, que
está no Brasil há oito anos, fala que o mercado brasileiro deve cair 20% em
2015 e só começará a se recuperar no fim
de 2016.
Qual sua avaliação sobre a situação
econômica do País?
As projeções feitas por analistas
independentes de uma redução do PIB de 2% para o ano é realista e coloca a
economia num patamar difícil para o próximo ano. Esperávamos uma recuperação
mais rápida, mas vai levar mais tempo. Significa que o próximo ano terá um
crescimento muito pequeno, abaixo de 1%. É lógico que um adiamento do ajuste
fiscal pode postergar a recuperação também. Fico preocupado de ver que o ajuste
pode levar mais tempo do que esperávamos.
O ajuste está correto?
Esperávamos que o governo cumprisse a
meta de 1,1% de superávit, mas já foi dito que não será possível. Isso pode
adiar a recuperação. Precisamos de um ajuste fiscal profundo e rápido, que é
muito melhor do que um pequeno e lento.
O cenário político atrapalha?
Pode atrapalhar a economia por duas
razões simples: a primeira, a de tornar ainda mais difícil a recuperação dos
investimentos externos e internos. E também porque toma muito mais difícil a
aprovação das medidas econômicas no Congresso.
É hora de continuar subindo juros?
As cifras de inflação mostram que os
aumentos que estão sendo feitos são necessários e não vejo uma recuperação
econômica possível sem uma rápida redução da inflação. Quantas altas de juros
ainda precisa para reduzir a inflação? Não sei. Minha impressão é que estamos
chegando ao limite necessário, porque a economia está praticamente num cenário
de recessão.
Por que o mercado de carros caiu tão
rapidamente? É efeito da crise ou de um esgotamento de consumo?
A indústria automobilística é pró-cíclica.
Cresce mais rápido quando a situação econômica é boa e piora muito mais quando
é ruim. Eu já esperava que, com a situação econômica difícil, para a indústria
seria ainda pior. Isso é o normal nos ciclos econômicos. Porém, há dois fatores
que complicam ainda mais. O primeiro é a queda forte na confiança dos
consumidores - o medo de perder o emprego. Temos também um esgotamento do
modelo, em razão do alto endividamento das famílias. As pessoas não têm mais
condições de comprar carros. E fica ainda mais difícil com a inflação alta.
Isso faz com que a queda nas vendas seja maior do que esperávamos.
O que o sr. esperava inicialmente?
Começamos o ano com cenário de vendas de
3,2 milhões de veículos. No primeiro trimestre, ajustamos para 3 milhões. Hoje,
prevemos 2,8 milhões (queda de 20% ante 2014). E acreditamos que só na segunda
metade de 2016 começará uma recuperação.
É a pior crise do setor?
Eu não falaria que é a pior da história,
pois já tivemos situações muito difíceis, com queda da demanda de 20%, 30%. O
que é diferente hoje é que a capacidade da indústria é muito maior. Todos
fizeram investimentos baseados numa projeção de mercado que não se cumpriu.
Temos capacidade em excesso e trabalhadores em excesso, o que complica mais a
situação.
O excesso é resultado de investimentos
em ampliação e da vinda de novas fábricas ao País. Ninguém percebeu que não
havia demanda para tudo isso?
Devo falar, com humildade, que a GM
percebeu, pois fomos uma das poucas empresas que avaliou que não era o momento
de construir novas fabricas. Estivemos perto de tomar uma decisão, mas ao final
vimos que era prudente aguardar. Mas, quando você tem um mercado de quase 4
milhões de veículos ninguém quer ficar de fora. Aí chegam os concorrentes novos
e eu não posso culpá-los por instalarem fabricas aqui porque o Brasil era e
continua sendo um mercado interessante. O que me surpreendeu foram os
investimentos de alguns concorrentes tradicionais, que já conheciam bem o
mercado. Mas o Brasil vai crescer de novo. Continua sendo um dos maiores
mercados do mundo.
A indústria estava viciada na redução
do IPI?
Incentivos precisam ser temporários para
ter impacto. Quando o mercado se acostuma, começa a incorporar nas expectativas
e nos preços e o impacto desaparece. Foi o que ocorreu com o IPI. Desse ponto
de vista, a resposta é sim: acho que a indústria se acostumou a um incentivo
que, por natureza, ia ser temporário. Porém, também acho que os impostos na
indústria automobilística são muito altos e em algum momento será preciso rever
isso. Estou ciente de que não é o momento, seria uma irresponsabilidade fiscal
pedir isso hoje. Mas vai chegar o dia em que o govemo vai ter de procurar fazer
receita fiscal em outras áreas e reduzir de forma permanente o IPI e outros
impostos, pois como está hoje é exagerado.
As montadoras já demitiram neste ano
7,6 mil trabalhadores e 0 sr. diz que ainda há excesso. Cortes vão continuar?
Já demos férias coletivas e lay-off.
Estamos fazendo o possível para evitar demissões. Agora tem o Programa de
Proteção do Emprego, que acho muito interessante. Para tentar minimizar o
desemprego, o lay-off e o PPE são ferramentas apropriadas. A GM fará uso delas
até onde for possível. Mas não posso esconder que temos trabalhadores demais. O
que eu faço com os trabalhadores se não tem demanda? Inevitavelmente temos de
tomar uma decisão.
Então haverá mais cortes?
No geral, não sei o que vai ocorrer, pois
cada empresa toma suas decisões. Mas acho que ainda tem um grupo muito
significativo de trabalhadores em excesso. Para a demanda que temos hoje é
evidente que a indústria, incluindo fornecedores, ainda tem de passar por um
ajuste.
A GM tem mil trabalhadores em lay-off
e demitiu cerca de 400 trabalhadores no ABC. Ainda não foi suficiente para
reduzir o excesso?
Neste momento não temos novos planos de
cortes. O que temos são planos de usar as ferramentas existentes, ou seja
o lay-off e o PPE. Porém, temos de decidir o que fazer com o pessoal que está
em lay-off. Vamos nos inscrever no PPE, porque não é eficiente para uma empresa
fazer cortes e depois na recuperação ter de recontratar. A prioridade será o
pessoal do lay-off, mas provavelmente não para todos.
Como a matriz vê o cenário brasileiro?
Faz sentido investir num mercado que opera com 50% da capacidade?
Nossa perspectiva continua sendo de longo
prazo. O Brasil é um mercado fundamental para a GM. No nosso negócio não dá
para parar de investir, se não fica atrasado tecnologicamente. Sem dúvida vamos
manter investimentos em produto e tecnologia. Mas claro que estamos preocupados.
A situação está pior do que imaginávamos quando fizemos o orçamento para o ano.
Está quanto pior?
Perdemos 27% em vendas no primeiro
semestre e 34% da receita no segundo trimestre em relação ao ano passado. Mas
temos suficiente caixa para continuar financiando os investimentos e não
precisamos de empréstimos.
No passado recente, foi a classe média
emergente que garantiu o crescimento das vendas, com a compra do primeiro carro
zero, com crédito longo. E hoje, quem compra carro?
A classe C, como consumidora de carros,
praticamente saiu do mercado. Hoje, a imensa maioria da classe C não tem
condições de comprar carro novo por causa da alta de juros, aumento da inflação
e do endividamento. É aí que está a queda da demanda. As mais de 20 milhões de
novas pessoas que tínhamos na classe C, e que foi a fonte fundamental de
crescimento da indústria, está comprando cosméticos, alimentos - até mudando
para marcas mais baratas -, mas não está comprando carros. A imensa maioria das
vendas hoje é para as classes A e B. E mesmo nessas classes há mudanças de
comportamento. Por exemplo, estamos vendendo muito bem Onix e Prisma (mais
populares). Não duvido que muitos desses clientes, em condições normais, iriam
comprar carros de maior porte, mas por enquanto estão se conformando com Onix e
Prisma.
Mas as vendas de modelos premium
seguem crescendo...
Os ricos estão assustados com a crise,
mas não sofreram impacto.
A exportação é saída para o setor?
Hoje ainda não, mas pode se tornar fonte
de crescimento importante nos próximos dois anos se forem cumpridas condições
que têm a ver não só com o patamar do câmbio, que está mais equilibrado, mas
com a redução de custos. Temos custos na área trabalhista, tributária, de
logística e de infraestrutura muito altos, que dificultam a competição no
mercado internacional.
O Inovar-Auto ajuda ou atrapalha?
Ele é um fato. No próximo ano, será
avaliado quem cumpriu as metas. Os investimentos que precisavam ser feitos para
cumprir a regulamentação já ocorreram, com um impacto em custos importante.
Estamos preparados para o Inovar. O que eu espero é que fiquemos aí. Acho que
seria inapropriado pensar em outra fase, o Inovar 2, porque as empresas e o
consumidor não estão em condições de assumir novos custos.
O sr. acha que o excesso de capacidade
se deve ao Inovar-Auto, que exigiu a produção local?
Trazer investimentos era o propósito,
além de melhorar a qualidade do meio ambiente e reduzir o consumo de
combustível. O aumento de capacidade foi uma consequência que na época ninguém
tinha condições de prever.
Por que as empresas estão reajustando
preço dos carros?
Comparado com a inflação e a desvalorização
do real, os reajustes foram pequenos. Não compensam nem a metade dos aumentos
de custos que já tivemos.
domingo, 26 de julho de 2015
Celso Furtado, mais algumas criticas - Ivan Lima
Paulo Roberto de Almeida
Sobre Celso Furtado
Ivan Lima
Libertatum, 23/07/2015
Um dos
intelectuais esquerdistas depoentes sobre o economista Celso Furtado, no vídeo
que recentemente publiquei em Libertatum, fala em encantamento - que segundo
ele, o acompanhou por toda a vida - ao assistir uma palestra de seu ídolo
marxista nacional.
Essa
pequena nota é para dizer o quanto eu próprio testemunhei esse encantamento por
Celso Furtado em algumas pessoas com as quais me
relacionei profissionalmente. Algumas delas era gente culta, com
formação superior e empresários. Gente da melhor qualidade moral, e
elegantes no trato. Algumas já morreram. Outras não sei se ainda vivem. Mas
todas certamente chegaram ou estão chegando ao fim da jornada já
há décadas intelectualmente mortos com o tal encantamento a Celso
Furtado e sua teoria de transformação do mundo via marxismo.
E
chegaram a essa condição antes mesmo da morte física,
simplesmente porque o marxismo é contraditório, destrutivo, e autofágico.
Conflituoso, desagregador, com suas falácias sobre as já refutadas teoria da
exploração e luta de classe. E seu espírito precisa permanentemente de
propaganda para manter-se em evidência pois sua teoria é vazia, inócua,
embora seus meios iníquos, impiedosos, quando totalitariamente no
poder. Igual a aquelas pessoas que conheci encantadas pelas
"ideias" de Celso Furtado, gerações de brasileiros que efetivamente
tiveram excelentes oportunidades de através do seu talento intelectual e
profissional contribuir para a mudança de mentalidade dessa sociedade
estatista, ajudaram a enterra-la mais fundo no buraco socialista em que ela
hoje se encontra.
Em
alguma parte da aludida matéria o autor fala como chega a ser ridícula a
fala teórica de Celso Furtado no vídeo. Digna de piedade. Destaco o trecho em
que Celso Furtado fala sobre a condição de miserabilidade do povo, que
"será", segundo ele dizia, eterna, nunca mudará sob o capitalismo.
Mudou e muda, - embora penosamente devido ao governo - porque a ação humana é
como água, penetra em qualquer fresta e se espraia por toda a parte com sua
pujança, ainda que regulada. Isso ocorre da iniciativa do vendedor de bom bom
da esquina ao mega empreendedor. A situação de uma sociedade pobre não muda
devido as políticas assistencialistas de cunho socialista tipo Bolsa Família e
outros mas graças ao mercado, ao capitalismo. E não muda mais rapidamente devido
ao intervencionismo do governo na economia e também exatamente devido ás
políticas públicas defendidas por tolos como Celso Furtado e seguidores. Devido
as medidas "protetivas ao trabalhador" como a CLT que restringindo e
proibindo o trabalho joga milhões de brasileiros na desesperança, baixo estima,
degradação e estimula criminalidade em muitos deles, ao exigir obrigatoriedade
de salário mínimo, carteira assinada, pagamento de decimo terceiro salário, - o
ano só tem doze meses - ferias remuneradas pagas por terceiros, pagamento de
encargos e tributos para o governo, "direitos", "direitos",
"direitos"... Capital gravado, regulado, restringido, desemprego
crônico, sociedade pobre.
O
marxismo é a mais contraditória de todas as teorias, produtivamente a
mais estéril exatamente porque é contra a produção humana e a liberdade de
empreender através dos meios privados de produção. Ou seja, é contra a ação
humana. O socialismo é impraticável, nunca deu certo e nunca dará, pois é
destituído de precificação como agente que informa durante o processo de
mercado, sobre produção e escolha dos consumidores, todos nós. Ludwig von
Mises, ainda em 1922, provou a impraticabilidade do socialismo ao mundo
em sua irrefutável obra, "O Cálculo Econômico Sob o Socialismo".
É preciso
lutar para se alcançar a mudança de mentalidade na sociedade. Mas isso só será
possível quando as ideias de encantamento com o socialismo defendido por gente
como Celso Furtado parecer ás pessoas inteligentes o que efetivamente é: veneno
da mais elevada toxidade pronto para infectar e destruir uma sociedade.
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