Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
sexta-feira, 12 de junho de 2009
1153) Cursos de RI no Brasil: alguma evolucao para melhor?
A conferir.
Os cursos de Relações Internacionais no Brasil: situação atual e perspectivas
Por Paulo Roberto de Almeida
www.pralmeida.org ; pralmeida@mac.com
Segunda-feira, 28 de Maio de 2007
1. Estado atual do ensino superior no Brasil
Como várias outras instituições, as universidades públicas, em especial as federais, continuarão a apresentar um panorama desolador nos próximos anos, com deterioração física e humana dos cursos existentes, o que atinge inclusive os mais requisitados tradicionalmente (direito e medicina, por exemplo). O ensino superior no Brasil tem-se revelado, infelizmente, incapaz de atender aos requisitos da globalização e da competição internacional. Num quadro desse tipo, as entidades particulares continuarão a crescer para atender aos diferentes tipos de demanda, tanto na formação básica - daí a multiplicação de "faculdades Tabajara" - como na especializada, o que continua a se refletir na expansão relativa e aperfeiçoamento intrínseco das "indústrias" do setor (algumas grandes redes e centros de excelência ligados ao mundo empresarial). Não haverá sedimentação, por enquanto, mas a continuidade da expansão algo desordenada ocorrida nos últimos dez anos, dada a incapacidade do setor público de planejar e de "conformar" o mercado segundo expectativas e requisitos "racionais".
2. Os cursos de RI num mercado em evolução: fluxos e refluxos
Numa primeira fase (1995-2005), ocorreu certa "inflação" de cursos, de acordo com uma espécie de "lei de Say" dessa área: a oferta criava a sua própria demanda. O panorama é conhecido: os empresários da educação correram para atender a uma demanda difusa existente no mercado de ensino de terceiro ciclo, qual seja, a de demandantes confusos, fascinados pela globalização e pela regionalização e que, portanto, levam a culpa. Esses demandantes são em grande medida aqueles mesmos que no passado faziam psicologia, à falta de melhor opção (meninas casadoiras) ou que se engajavam nas ciências sociais, como se elas fossem, no dizer de Mário de Andrade, "a arte de salvar rapidamente o Brasil". Nos últimos tempos, porém, surgiram candidatos sérios a uma carreira em RI, jovens da geração internet que pretendem se formar e trabalhar no que se poderia chamar de "sociedade global".
Os "industriais da educação" que passaram a oferecer cursos de RI não estão, parece claro, minimamente preocupados com o espaço do "profissional" de RI - se é possível chamá-lo assim - no mercado de trabalho; esse não é o "departamento" deles. Sua função é apenas a de "fornecer" aquilo que lhes é pedido: um curso e um canudo, depois cada um que se vire como puder num mercado indefinido. Ou seja, não estamos num "supply side economics of international relations", mas, essencialmente, num mercado demandante de cursos e canudos, o resto fica ao sabor do próprio mercado.
Por isso, podemos estar entrando agora numa segunda fase dos cursos de RI no Brasil, que pode assistir a certa contração da demanda e, portanto, retração da oferta. Ela poderia ser chamada de Entzauberung, ou o "desencanto" dos jovens com suas reais perspectivas de trabalho, por algum tempo confundidas com o mundo da diplomacia. Deve-se observar, desde logo, que o ingresso na diplomacia, na verdade, acaba ocorrendo para uma fração mínima dos estudantes desses cursos. Por outro lado, uma parte também relativamente pequena volta-se para as próprias atividades acadêmicas ligadas às relações internacionais - que absorveu muitos deles na fase de expansão - e que agora passam a ser menos requisitados.
É óbvio que a maior parte dos egressos deveria inserir-se, de algum modo, no mercado de trabalho "normal", isto é, do setor privado, altamente competitivo. Muitos desses jovens ainda ostentam uma visão romântica do que seja o mundo ou a projeção internacional do Brasil. Eles possuem altas expectativas em relação aos cursos e às oportunidades profissionais deles resultantes, sem medir muito bem a distância que ainda separa o universo relativamente teórico que caracteriza a maior parte dos cursos e a realidade do mundo profissional, feita de muito esforço individual, salários nem sempre elevados como esperado, e uma indefinição geral quanto ao exercício concreto das "generalidades" aprendidas nos bancos universitários.
3. Problemas da formação em RI
Como o "internacionalista" é um generalista em especialidades "internacionais", ele poderá, supostamente, atuar em todas as áreas nas quais alguma competência vinculada ao seu terreno é requerida, seja no campo da análise e processamento de informações relativas aos diferentes cenários regionais e internacionais, seja na pesquisa e ensino acadêmico, nas áreas de relações internacionais das burocracias públicas - o que inclui a diplomacia tradicional, novas "diplomacias" em ministérios setoriais, assessorias internacionais de diversos órgãos etc. - e, provavelmente em maior "volume", nas empresas privadas e nas chamadas ONGs que possuem ou aspiram possuir qualquer tipo de interface com o mundo exterior.
O problema, aqui, é que as empresas requerem, em geral, uma competência específica, provavelmente mais especializada do que o conhecimento sintético de relações internacionais. As empresas não estão preocupadas com a teoria institucionalista ou neo-realista das relações internacionais, tampouco com o funcionamento do Conselho de Segurança da ONU: elas desejam, ou precisam, simplesmente, vender ou fazer negócios com parceiros externos e por isso elas são mais suscetíveis de apelarem para profissionais especializados. Estes serão, tipicamente, economistas, bacharéis em direito, administradores ou algumas outras profissões mais "tradicionais". Afinal de contas, trata-se de fazer uma prospecção de mercado ou de elaborar um contrato de cessão ou compra de direitos e outros ativos entre dois agentes privados, que devem rentabilizar seu tempo e seus recursos humanos e materiais, não havendo muito lugar para teorizações indevidas ou abstrações fora do campo essencialmente pragmático no qual atuam essas empresas.
Em outros termos, os cursos de RI, tanto os das faculdades públicas - em menor número, mas essencialmente voltadas para uma formação acadêmica nessa área - como os das privadas - simplesmente ocupando um nicho de mercado -, não estão fornecendo ao mercado aquilo que o mercado precisa: profissionais competentes em relações internacionais, que saibam lidar com as realidades da globalização.
O que se requer, para atender a essa demanda intrínseca e pouco percebida, são cursos claramente voltados para uma perspectiva de "global business".
Assim, o atual bacharel de RI seria extremamente consciencioso se ele procurasse, de imediato, suprir suas carências em competências específicas, buscando uma especialização dentro de seu campo de estudo, procurando estágios desde cedo ou mesmo fazendo algum outro curso paralelamente. Como para as demais especializações disciplinares, uma pós-graduação seria altamente recomendável, ou então uma outra via, mais racional, a formação de base numa profissão "normal" ou "tradicional" e uma pós ou estudos especializados em relações internacionais, eventualmente com orientação já definida para a área na qual o candidato a um bom emprego pretende atuar.
4. Qual seria o perfil ideal de uma formação em RI voltada para o "global business"?
De maneira geral, um curso de RI, in abstracto, está voltado para as realidades do mundo global, mas os cursos, tomadosconcretamente, diferem muito entre si pela qualidade das matérias oferecidas, pela competência dos professores contratados, pela disponibilidade de recursos didáticos e materiais etc. O panorama, na verdade, é algo caótico, pois o que a maioria dos cursos montados nessa área - mesmo os das faculdades públicas - consegue fazer é uma "assemblagem" de três ou quatro áreas tradicionais: fortes doses de direito e ciência política, algumas pitadas de história, um pouco de economia e tinturas diversas de disciplinas afins - sem mencionar metodologia e línguas -, o que dá uma bela salada sem personalidade.
Parece ocorrer, atualmente, com os cursos de relações internacionais, algo semelhante ao que se passou, em outras épocas, com os cursos de ciências sociais, de psicologia, de jornalismo, que passaram a atrair multidões de jovens sem um perfil muito definido quanto à carreira desejada ou suas aspirações concretas. O modismo, como tudo a cada época, um dia vem abaixo... Mas é também possível que os patamares de demanda sejam mantidos ou até ampliados, pois há certas "modas" que não passam, seja por uma demanda regular - como ocorre hoje com os cursos de jornalismo - seja porque a globalização é mesmo irrefreável e contínua, um "universo em expansão"...
Qual poderia ser, nessas condições, o perfil ideal de um curso de RI focado no global business? Seria preciso, para montar um curso desse tipo, fazer uma pesquisa prévia junto às empresas multinacionais já instaladas no Brasil e junto às próprias multinacionais brasileiras, para verificar o perfil demandado por elas. Eventualmente, uma consulta aos egressos dos cursos de administração e economia, que estão atuando na área internacional de empresas, também poderia fornecer indicações preciosas quanto ao conteúdo mesmo das disciplinas mais adequadas a uma formação "renascentista-executiva".
Como não existem cursos de "economia internacional" ou de "direito internacional" nas faculdades da área, apenas de economia e de direito, tout court, os egressos desses cursos, interessados ou necessitando trabalhar na vertente internacional do setor privado, devem buscar, nos últimos semestres, algum tipo de especialização informal dentro desses campos em suas respectivas áreas de estudo. Da mesma forma, comércio exterior se apresenta hoje como uma orientação relativamente técnica, algo como o "contador" ou o "contabilista" do passado, embora seja uma área que requeira e talvez deva contar com estudos aperfeiçoados, que poderiam estar dentro de alguns cursos de RI - que assim exibiriam especializações para "comércio exterior" ou para economia internacional, segundo o gosto do cliente. É evidente que todo o hinterland brasileiro requer, hoje, especialistas em comércio internacional voltados especificamente para o agribusiness, algo que as academias simplesmente não oferecem.
Provavelmente, no decurso da sedimentação futura, necessária e natural, dos cursos de RI nas diferentes regiões do país, essas orientações geográfico-espaciais ou essas inclinações temáticas acabarão emergindo progressivamente. Ou seja, pode-se conceber cursos de relações internacionais voltados para o agronegócio nas principais regiões produtoras decommodities demandadas pelo mercado mundial, cursos voltados para a diplomacia e a pesquisa nas ciências sociais em algumas grandes capitais, outros voltados para o comércio exterior e a integração regional nas regiões mais "expostas" aos processos sub-regionais de integração, e assim por diante.
Cidades como São Paulo e Rio de Janeiro demandam, naturalmente, especialistas em global business, e seria importante que a academia passasse a fornecer esses quadros, o que ainda provavelmente não é feito por nenhum curso conhecido. (Existe uma tentativa da ESPM de oferecer cursos de RI voltados para o marketing e a publicidade internacionais, mas o teste da realidade ainda não foi feito.)
A montagem de uma grade curricular adequada a esse perfil e a disponibilidade de ferramentas adaptadas à demanda doglobal business precisam ser pensadas em estreito contato com as empresas já inseridas no mercado. Uma pesquisa rápida permitiria detectar as carências e lacunas em capacitações mais sentidas pelos executivos do setor.
5. Perspectivas de curto e médio prazo da oferta e formação em cursos de RI no Brasil
A procura ainda parece ser alta, provavelmente em virtude de uma espécie de ilusão dos jovens quanto ao charme e à oferta de empregos nessa área, pelo efeito do "modismo", ou porque o Brasil está deslumbrado com a globalização, ingressante tardio - e incompleto - que é nos circuitos da interdependência global. Não imagino que a demanda venha a se manter nos próximos anos, seja porque haverá um plafonnement e queda ulterior, seja porque o ritmo de crescimento tenderá a diminuir, ao descobrirem, muitos egressos, que os cursos não são assim tão "funcionais" para as necessidades de uma carreira concreta, seja porque a oferta, como sempre ocorre, supera a demanda efetiva. Não deve ocorrer nenhum "keynesianismo" avant la lettre, pois o governo não parece estar em condições de garantir demanda efetiva numa área que não aparece como prioritária em termos de recursos humanos.
Resumindo: a procura, a jusante, não é alta, mas sim está ocorrendo um crescimento da oferta de cursos para atender a uma demanda pré-existente, a montante, portanto. O mercado deverá ajustar oferta e procura dentro em breve. De toda forma, não existe UMA carreira de relações internacionais, e sim diferentes "carreiras" - ou melhor, oportunidades de emprego - que vão se ajustando aos nichos existentes, muito diversos entre si. Como a profissão não é regulamentada, nem tem chances de sê-lo muito em breve, persistirá essa relativa indefinição do que é "carreira" ou "especialização" em relações internacionais.
O mercado pode estar a caminho de uma retração, o que recomendaria manter qualquer nova oferta vinculada às tradicionais áreas de economia, direito e administração, que oferecem amplas possibilidades para todos os tipos de vocações, por vezes sequer diretamente relacionadas com os campos temáticos dessas duas áreas. As RI podem, também, oferecer muitas possibilidades, mas, à diferença daquelas áreas regulamentadas, elas não constituem ainda uma profissão reconhecida, "testada" no mercado e expressamente demandada pelos mercados ou pelas empresas. Essa pequena diferença pode ser decisiva na inserção profissional dos jovens: entre o certo de uma profissão tradicional e o incerto de um campo novo, talvez seja o caso de ficar com o certo. O problema é que o Brasil é um país dotado de muito pouco empreendedorismo, a despeito da tremenda flexibilidade de sua mão-de-obra, revelada na grande capacidade adaptativa e nos esquemas informais que permeiam os mercados de trabalho (existem vários, do mais inserido ao totalmente informal).
Uma pesquisa na escola média revelaria, provavelmente, que poucos jovens aspiram lançar o seu próprio negócio, a maior parte deles estando voltada para cursinho ou estudo para algum concurso, qualquer um, em carreira dotada de estabilidade. Esse problema da indecisão dos jovens pode hoje estar levando muito deles para as RI, assim como no passado os jovens "revolucionários" eram atraídos pela sociologia e as jovens casadoiras eram levadas a fazer psicologia, esperando marido... Hoje, muitos fazem RI, um pouco porque protestar contra a "globalização perversa" virou esporte quase obrigatório entre certos jovens...
Segundo experiência pessoal com muitos estudantes de RI, eles parecer ostentar, hoje, uma noção completamente invertida do que deve ser a sua inserção no mercado de trabalho. Eles demandam, simplesmente, que o mercado e as empresas estejam preparados para "entender" sua importância enquanto "profissionais de RI" e as empresas os recrutem para "ensinar" essas empresas a lidar com as realidades da globalização, na suposição de que eles, estudantes, sejam os mais habilitados a fazê-lo.
Ora, a perspectiva deveria ser completamente invertida: nem os mercados, nem a fortiori as empresas precisam estar preparados para entender o que é profissional de RI. Essa não é função deles. Sua única função é recrutar competências para o exercício de atividades profissionais específicas e os requerimentos são estritos: ou o profissional se adapta e atende ao que lhe é demandado, ou então ele pode procurar outro emprego. As empresas, na maior parte dos casos, não querem intelectuais brilhantes que saibam discorrer sobre o Conselho de Segurança da ONU ou o último livro do Keohane. Elas querem alguém que saiba redigir um contrato, negociar um acordo comercial com parceiro de outro país, fazer uma boa prospecção de mercado, trazer negócios, lucros e resultados, ponto. Este é o mercado, que deve ocupar pelo menos 80% dos egressos dos cursos de RI, qualquer que seja o seu número (o resto indo para os governos e as academias).
Quem deve entender as empresas e o mercado, portanto, são esses profissionais, que, se não souberem lidar com essas realidades, se auto-excluem dos melhores empregos nesses mercados. Não é uma questão de preferência: as empresas não vão à cata de jovens egressos dos cursos de RI, eles é que devem tentar se oferecer para elas.
Os jovens precisam, desde o início, tomar consciência de que, ao receber o canudo, ao saírem das faculdades, não vai haver uma fileira de "head hunters" esperando por eles na calçada, não haverá sequer um mísero recrutador esperando por eles para dizer: "Venha, meu jovem, tenho um emprego esperando por você!". Isso simplesmente não vai acontecer. Ou eles se preparam, desde o segundo ou terceiro ano, fazendo estágios, montando empresas juniores com seus colegas, pesquisando por conta própria novos nichos de mercado, ou eles vão ficar de canudo na mão reclamando da vida.
Um típico jovem de RI, hoje, deveria se perguntar: "qual é o meu nicho no mercado futuro, o que o Brasil ou o mundo me reserva, dentro de dois ou três anos?" Uma pesquisa de internet daria a resposta em cinco minutos, ou a sua própria vontade e vocação determinariam o seu destino imediato. Abstraindo-se a própria carreira diplomática - excessivamente restrita para servir de "colocação" para um grande número de jovens - e algumas outras carreiras no serviço público - analistas de comércio exterior ou de inteligência - e nas academias, o que sobra, obviamente, como "opção" são as empresas, grandes e pequenas. Pode-se até dizer que o "profissional" de RI deveria montar a sua própria, mas o empreendedorismo individual ainda é muito pouco desenvolvido no Brasil.
Nessa perspectiva, é óbvio que um jovem paulistano precisa ter uma visão "global business", é evidente que um jovem do "cerrado central" precisa pensar no Brasil como o grande fornecedor mundial - ele já é, mas será cada vez mais - de produtos do agronegócio, é evidente que aqueles que amam praia, sol, florestas e montanhas encontrarão excelentes oportunidades no turismo de massa ou especializado, assim como está mais do que claro que o Brasil tem um imenso campo aberto em todas as áreas nas novas energias renováveis, na exploração dos recursos naturais, na conformação de um espaço integrado na América do Sul. Qualquer jovem que quisesse ganhar dinheiro, estaria estudando todas essas oportunidades.
6. Resumindo...
Do meu ponto de vista, considero que os cursos de RI existentes, e seus respectivos professores, estão muito pouco preparados para atender a essa demanda. Trata-se de uma demanda real, não dos requisitos prosaicos de uma grade curricular tradicional, que copia passivamente a inércia "humanistóide" dos cursos tradicionais das universidades públicas - fazendo uma combinação de direito, história, economia e ciência política - e que parecem não ter nenhum compromisso com os mercados reais.
Talvez os jovens não encontrem o curso ideal nem nas faculdades privadas nem nas públicas. O melhor, então, seria que eles "construíssem", sozinhos, e de maneira absolutamente auto-didática (se possível com os colegas), os seus próprios "cursos". Talvez eles não sejam melhores, em qualidade imediata, do que aqueles oferecidos oficialmente pelas instituições de ensino, mas eles certamente serão mais adaptados e estarão mais conformes às aspirações e necessidades dos próprios jovens.
O futuro dos cursos de RI pode estar nessa flexibilidade e adaptabilidade às novas realidades sempre cambiantes da globalização: um curso dotado dessas características pode deslanchar e se firmar num mercado educacional ainda incerto.
quinta-feira, 11 de junho de 2009
1152) "Emprestimo" ao FMI: comentarios ao meu post e meu novo comentario
Pois bem, como os comentários costumam desaparecer na sequência normal de leitura de um blog (a menos que o visitante clique no botão de comentários, o que poucos fazem por falta de tempo, claro), permito-me reproduzi-los aqui, para aproveitar a oportunidade de fazer novos comentários.
O suposto "empréstimo" do Brasil ao FMI e suas supostas "vantagens" políticas
(sim, porque financeira não existe nenhuma)
O primeiro comentário dizia o seguinte:
1) Rodrigo L. disse...
Paulo, quais são então os benefícios práticos que o Brasil obterá deste empréstimo? Melhora da nossa imagem frente a outros países? Aumento do poder de barganha com a comunidade internacional? Já que o dinheiro emprestado não estará realmente rendendo, qual é a razão para estarmos fazendo isso?
Quinta-feira, Junho 11, 2009 2:19:00 PM
PRA: Benefícios práticos eu não consigo vislumbrar algum, por mínimo que seja, a não ser poder posar de credor internacional. Não está seguro que se trate de um empréstimo, pois o FMI pode no futuro alterar o título e convertê-lo em alguma forma de fundo emergencial, podendo ocorrer que ele seja considerado um aporte de capital.
Quanto ao aumento do poder de barganha, ou da imagem, na comunidade internacional, isso pode ser motivo de vaidade, mas não creio que o povo brasileiro, que está pagando (e caro) por isso, tenha muitos motivos de orgulho. Ainda assim, como a autorização total de emissão desses títulos em DES é de 500 bilhões, convenhamos que 10 bilhões não faz muita diferença: são 2% do total apenas. Nada para abalar o mercado financeiro internacional, nem deixar o FMI de joelhos ante nossa suposta magnanimidade.
O dinheiro vai render, sim, na faixa (imagino) de 1,5% ao ano, no máximo, o que não é nada brilhante, convenhamos (com uma inflação em dólar de 3 ou 4%, estaremos perdendo dinheiro).
Quanto à razão de estarmos fazendo isso, não sei dizer: o presidente e as autoridades monetárias decidiram fazer, ponto. Acredito que esse tipo de medida, como ela tem custos, deveria passar pelo Senado Federal, encarregado de aprovar todo tipo de oparação financeira, interna e externa, mas também acredito que o Senado está alheio Às suas próprias obrigações.
Ela foi feita, claro, também porque o G20 de Londres aprovou esse mecanismo de aumento dos recursos do FMI para operações especiais, e os países membros foram chamados a colaborar. A emissão de títulos do FMI é uma modalidade prevista em seu convênio constitutivo, mas também acho que apenas países dispondo de recursos líquidos, ou seja, superávits estruturais deveriam participar.
No nosso caso é duvido que isso ocorra, pois não temos nenhum tipo de superavit estrutural, nem fiscal, nem de balança de transções correntes. Nossos recursos foram acumulados ao preço de um aumento da dívida.
Como expliquei, cada dólar foi comprado no mercado, com base em emissão de títulos internos: entre os 12% de Selic, e os juros negativos que recebemos pela aplicação desses dólares, o custo para o Brasil é muito alto, não apenas na estrita contabilidade monetária, mas também o custo-oportunidade de um capital que poderia estar sendo empregado de outra forma, em primeiro lugar abatendo a dívida interna.
O segundo, aparentemente temeroso de revelar o seu nome (vai que ele se torna diplomata e não quer ter o seu nome marcado pelos interrogadores, ops, digo, examinadores):
2) Anônimo disse...
Pois é, na prova de PI de terceira fase do CACD deste ano, caiu a participação do Brasil no G20 Financeiro. E nós candidatos tivemos de tecer todos os encômios possíveis ao empréstimo brasileiro ao FMI, ecoando toda aquela ladainha de o Brasil aceitando ônus para legitimar-se no pleito de ampliação de participação no sistema internacional.
Tudo para Antônio Carlos Lessa e Alcides Costa Vaz verem. Vou começar uma campanha: "PRA na banca de PI do CACD já!"
Quinta-feira, Junho 11, 2009 2:32:00 PM
PRA: O mais irônico é que candidatos a diplomatas não podem simplesmente expor os fatos, contar a realidade, basear-se em número reais e em questões objetivas. Esses candidatos precisam "comprar" a versão chapa branca do governo e repetir bobagens, literalmente bobagens consumadas e equívocos econômicos, num papel triste de repetidores da propaganda governamental, que além de falsa, é fraudulenta. Triste isso, que já se comece mentindo...
Quanto a minha presença em banca de PI, pode esquecer: não há nenhum risco que isso ocorra, pela mesma razão de por que meus livros não constam da bibliografia oficial. Deve ser porque eu não compro fábulas oficiais...
1151) Emprestimo do Brasil ao FMI: uma grande mentira e uma fraude com o seu dinheiro
Recentemente, um me formulou a seguinte pergunta:
"Você acha que o governo acertou ao conceder empréstimo ao FMI?"
Minha resposta:
O "empréstimo" do Brasil ao FMI: colocando os pontos nos iis
A questão precisa ser colocada no contexto correto: estamos tratando de poupança e de dívida, tanto faz se de um individuo ou de um Estado.
Normalmente, se você tem excesso de poupança sobre os seus gastos, como indivíduo, você pode escolher diversas aplicações parea o seu dinheiro: poupança clássica, fundos de investimentos, ações, ouro, etc.
Enfim, voce, como qualquer individuo, é sempre motivado pelo desejo de ganhar mais, e pelo temor de perder algo, com desvalorização da moeda, calote de títulos públicos, inflação, etc.
Se você quiser segurança absoluta, vai para a poupança garantida, que rende pouco, mas tem todas as garantias do governo (se você acredita nisso) e não paga Imposto de Renda.
Se quiser ganhar mais, vai para outros instrumentos, e aí se arrisca a perder algo (em ações desvalorizadas, por exemplo), ou que o imposto e a inflação, mais as comissões bancárias lhe comam o essencial dos rendimentos supostos de uma aplicação em renda fixa ou variável.
Com o dinheiro do governo, acontece outra coisa. O governo não tem, nunca teve no Brasil, excesso de poupança sobre gastos, ao contrário: o superavit primário nem chega a cobrir todos os juros da dívida publica. Para constituir reservas, o governo compra os dólares de quem tem dólares: geralmente exportadores.
Para comprar, o governo emite títulos da dívida publica, que pagam pelo menos a Selic (que baixou de 14% a 9,25% agora), digamos numa média de 11 ou 12% ao longo de 2008-2009. Seria melhor se os juros fossem mais baixos, mas não são, porque o governo é um contumaz despoupador líquido, e costuma pegar grande parte da poupança privada que anda pelo mercado (aquele dinheiro que voce não gasta, aplica em "fundos", e o seu banco compra títulos do governo).
Portanto, apenas com a manutenção de reservas de 200 bilhoes de dolares (o que eu reputo excessivo, pois os economistas recomendam apenas três meses de importações), o governo gasta mais de 20 bilhões de dólares por ano. Este é o custo fiscal de reservas tão elevadas.
O mesmo aconteceria se voce, por exemplo, pegasse um empréstimo no banco, pagando juros de banqueiro, que voce deve saber quanto é, e colocasse todo esse dinheiro na poupança clássica, rendendo bem abaixo disso. Você estaria pagando para ter uma poupança. Seja lá o que voce possa pensar disso, nao acho nada inteligente, aliás, completamente estúpido: pagar para ter uma poupança. Melhor então nao fazer nenhum empréstimo, se a sua aplicação render abaixo dos juros cobrados...
E o que o governo pode fazer com esse dinheiro todo? Colocar no colchão seria seguro, mas nao renderia absolutamente nada. Comprar ouro, também nao renderia absolutamente nada, apenas a valorização (ou des-) do mercado. Se trata de um ativo tangível, comercializavel, bastante seguro, mas não muito rentável, e sobretudo incômodo, pois voce tem custos de manutencao, não sabe se vai encontrar compradores quando quiser vender, etc.
Portanto, a maior parte dos aplicadores, individuos ou governos, vai para o mercado financeiro. No caso dos governos, eles costumam comprar titulos de outros governos, considerados seguros, como sao os Treasury Bonds, dos EUA, classificados como AAA (ou seja, sem risco de calote). Acontece que esses titulos tambem correm o risco da inflacao do dolar, de sua desvalorizacao, e apenas pagam os juros fixados pelo Federal Reserve americano, hoje na casa de 0,75 a 2,5% ao ano, dependendo do prazo (de curto, médio ou longo prazo). Ora, a inflação americana está acima disso, o que lhe garante portanto juros negativos, ou seja, voce está perdendo dinheiro para aplicar em T-Bonds.
A despeito disso, o Brasil já aplicou mais de 140 bilhoes de suas reservas em T-bonds, geralmente entre 5 a 10 anos, com essa taxa de juros abaixo da inflação americana. Ou seja, o Tesouro americano agradece, mas estamos perdendo dinheiro com isso, sem contar o custo fiscal já mencionado acima.
Pois bem, a operação a ser feita com o FMI nao será muito diferente. O governo brasileiro vai pegar mais 10 bilhões de suas reservas (a um custo de pelo menos 1 bilhão ao ano, como indicado) e vai comprar titulos do FMI, como já comprava do Tesouro americano. A taxa de juros não deve ser muito elevada, provavelmente na faixa dos T-bonds, já que o FMI tambem é AAA e paga abaixo do mercado, sempre...
Resumindo, a operação toda, desde o começo, é altamente prejudicial ao Brasil, não apenas pelo custo fiscal, mas tambem pelo chamado custo-oportunidade, ou seja perdemos dinheiro ao nao aplicá-lo em coisas mais rentáveis, ou ao não diminuir nossas dividas em outros contratos e sob outras modalidades.
Por exemplo: o governo pagou toda a dívida que tinhamos com o FMI, uma atitude altamente questionavel, pois essa divida tinha um custo muito baixo, muito mais baixo do que a divida em dolares contraida nos mercados comerciais, e infinitamente mais baixa do que a divida interna, contraida ao custo Selic.
Ou seja, o governo faria muito melhor em deixar a divida com o FMI -- e não o fez por razoes puramente ideológicas, ou demagógicas, de propaganda enganosa, apenas para dizer que não devia mais nada ao FMI -- e decidir pagar a dívida ainda mantida no mercado comercial (necessariamente mais elevada do que os juros do FMI, e ainda assim mais baixa do que a interna).
Ou então, utilizar a sua alegada capacidade de poupança -- que, como sabemos, é quase zero, ou abaixo de zero -- para pagar a divida interna, muito mais custosa e muito pior do que a divida externa (comercial ou com o FMI), que geralmente tem prazos mais longos do que a interna, esta com prazo médio de 18 meses apenas.
Em tudo e por tudo, o governo erra, tanto ao não tratar prioritariamente da divida interna, como ao acumular reservas tao desmesuradamente desnecessárias, se tivessemos um movimento comercial maior (ou seja, se exportassemos e importassemos mais), e se os juros da divida interna fossem mais razoaveis.
E porque esses juros são tao altos? Simplesmente porque ninguem confia no governo a ponto de emprestar o seu dinheiro ao governo por prazos longos e a juros baixos (como ocorre com os T-bonds, por exemplo, absolutamente seguros, mas com rendimento mediocre, ou inferior à inflação).
Conclusao: muita demagogia, para uma grande perda financeira.
Nao esqueca, ao final, que é você, eu, todos nós que estamos pagando pela orgia da divida interna e que agora vamos pagar o prejuizo dessas operacoes com o Tesouro e o FMI. Um grande prejuizo, tenha certeza disso.
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Paulo Roberto de Almeida
11.06.2009
quarta-feira, 10 de junho de 2009
1150) Liberdade de imprensa? Acho que se enganaram...
Com R$ 1 bilhão anuais, o governo é o maior anunciante do País, disse ontem o secretário executivo da Secretaria da Comunicação de Governo (Secom), Ottoni Fernandes Jr, na conferência da Câmara sobre liberdade de imprensa. A partilha é assim: R$ 700 milhões para campanhas de mercado, com forte participação da Petrobras, Banco do Brasil e Caixa, R$ 200 milhões para utilidade pública e R$ 105 milhões para campanhas institucionais.
Ottoni Jr afirmou que a Secom trabalha com o princípio da mídia técnica, levando em conta circulação ou audiência. “Só o jornal da CUT tem 450 mil exemplares por semana.” Citou ainda que os grandes jornais cresceram 2% nos últimos anos, enquanto os populares chegaram a aumentar 121,4%.
Comento:
Se isso é verdade, estamos próximos de não ter liberdade de imprensa, justamente. Num país em que o governo se torna o maior anunciante do país, com o nosso dinheiro, nunca é demias lembrar, os veículos de comunicação se tornam dependentes desse maná caido dos céus, e portanto menos independentes.
Pode não se o caso dos grandes jornais, mas certamente será o caso das pequenas folhas do interior e sobretudo dessa imprensa sindical que já vive mamando nas tetas do governo, ou melhor, chupando dinheiro do nosso bolso.
Triste situação...
1149) Universidade do Pacto Amazonico: nem urgente, nem necessaria
Com efeito, não há nada, absolutamente nada, que impeça as universidades atualmente existentes de se dedicarem ao que ele propõe: o estudos do ambiente, dos problemas da Amazônia e a proposta de soluções aos mesmos, individualmente ou em cooperação, em rede ou por outras vias, com outras universidades dos países da região.
Apenas o desejo de criar mais cargos, e portanto mais despesas, pode justificar esse projeto.
Políticos são animais gastadores de uma espécie ainda não suficientemente estudada pelos naturalistas, zoologistas, ou talvez entomologistas: eles são como saúvas, a avançar sobre o dinheiro público e o privado. São como os furões, ou doninhas, que avançam nos ninhos dos outros, roubam os ovos, se apropriam dos recursos, públicos e privados.
Creio que eles deveriam ser confinados num zoológico, o que aliás não deixa de ser o Congresso, tantas são as hienas e abutres que o frequentam. Talvez fosse o caso de colocá-los confinados na ala de mais alta segurança, do contrário seu poder destrutivo é muito grande...
Universidade do Pacto Amazônico, necessidade urgente
08/06/2009 - 18h47
João Pedro
A provável Universidade do Pacto Amazônico, de minha autoria, contribuirá com o desenvolvimento da Pan-Amazônia por meio do compartilhamento dos conhecimentos e saberes científicos e tradicionais em benefício das suas populações.
Trata-se de uma necessidade urgente, porque a universidade se somará às demais instituições de ensino, pesquisa e extensão que agem para aperfeiçoar as relações de amizade e de cooperação sociocultural na região, com o diferencial de fundar uma tradição acadêmica comprometida, prioritariamente, com a sustentabilidade social, econômica e ambiental da região.
O projeto recebeu parecer favorável da Comissão de Educação do Senado e agora tramita na Câmara dos Deputados. Minha vontade, além de vê-lo aprovado e implantado no menor tempo possível, é que, no final, ele represente o conjunto de vozes das sociedades pan-amazônicas.
Não tenho medido esforços para que isso venha a acontecer. Já apresentei os fundamentos dessa proposta à Associação de Universidades Amazônicas (Unamaz), ao Parlamento Amazônico, ao Fórum Social Mundial, a governadores de Estados Amazônicos e a autoridades do governo brasileiro, como o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e o ministro da Educação, Paulo Haddad.
Outras reuniões, fóruns e audiências públicas estão programadas para tratar do tema. Ainda há tempo para acrescentarmos sugestões que aprimorem o projeto, para que ele, quando implantado, atenda às necessidades da complexidade amazônica.
A futura universidade enfrentará de imediato o desafio de unir, no cotidiano do ensino, pesquisa e extensão, oito países com diferentes níveis de desenvolvimento econômico, embora compartilhem, em pontos de seus territórios, ecossistemas e culturas semelhantes.
A unidade na diversidade, certamente, é um conceito que ajuda a pensar Amazônia no âmbito do entrelaçamento de inteligências interessadas na proteção da região por meio de uma prática científica que valorize cada vez mais saberes locais em vez de alijá-los dos meios acadêmicos.
Imagino a Universidade do Pacto Amazônico com salas de aulas, laboratórios e projetos de extensão nos oito países membros da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), e suas atividades realizadas, conjuntamente, por colombianos, brasileiros, bolivianos, equatorianos, guianenses, peruanos, surinameses e venezuelanos.
Ou, de igual modo, que estudantes, professores e a comunidade acadêmica promovam o intercâmbio cultural, a solidariedade e a fraternidade pan-amazônica. Estou impulsionado, também, pelo desejo de construirmos uma região coesa na resolução dos seus problemas e na defesa da soberania das suas populações.
O Brasil, que detém maior parte do território amazônico, tem papel relevante na articulação do bloco amazônico. Seu empenho no funcionamento da OTCA, desde 1995, é a prova de que, de algum modo, está atento a sua responsabilidade de líder regional.
Claro que, como brasileiro e amazônida, gostaria de ter uma OTCA mais atuante; e sei que, em grande medida, o tamanho dessa atuação depende dos esforços da diplomacia brasileira.
A universidade que proponho almeja tornar-se uma instituição facilitadora da integração dos oito países, principalmente por intermédio dos seus programas científicos e culturais.
Convence-me a idéia de que precisamos conhecer a Amazônia na sua complexidade sociocultural e biológica para que possamos defendê-la da depredação total patrocinada pelo capitalismo de terra arrasada.
A meu ver, para que isso ocorra, devemos estimular um novo jeito de pensar e produzir conhecimentos. Para a Pan-Amazônia, depositária de fatia significativa da diversidade cultural e biológica do Planeta, essa é uma questão urgente.
A Universidade do Pacto Amazônico expressa a contribuição das sociedades amazônicas ao grande projeto de defesa e proteção permanente da Amazônia.
João Pedro é senador pelo estado do Amazonas e vice-líder do governo.
1148) Livro: Powers and Principles, lancamento
Helàs, vai ser em Washington...
Join Us for a Powers and Principles Book Party
Preview the book
On behalf of the Stanley Foundation, I would like to invite you to a reception on July 1 celebrating the publication of a new book, Powers and Principles: International Leadership in a Shrinking World (Lexington) that collects the results of a recent Stanley Foundation initiative.
In early 2008, my former colleague Michael Schiffer and I launched a project using the concept of responsible stakeholdership to gauge the prospects for a stronger international community. In other words, what if the world's major global and regional powers came into closer alignment—with shared approaches to 21st-century threats and challenges? The project asked experts to examine nine powerful nations, the EU, and the case of a generic oil company and speculate how each might deal with the internal and external challenges posed by international norms.
We were fortunate to recruit a group of highly accomplished analysts to take part and are eager to share the results with you and other colleagues. Complimentary copies of the book will be available at the event but, in the meantime, the table of contents and other details can be found on the Lexington Books Web site. We expect many of the contributing writers will be at the reception.
The reception will take place on July 1, 2009, from 5:30 to 7:30 p.m. at the Washington office of the Stanley Foundation (co-located with the Henry L. Stimson Center) at 1111 19th Street, NW, 12th Floor.
To respond to this invitation or for questions about logistics, please contact Elaine Schilling, program assistant, by e-mail at eschilling@stanleyfoundation.org or telephone 563-264-6888.
Best regards,
David Shorr
Program Officer, The Stanley Foundation
segunda-feira, 8 de junho de 2009
1147) I Seminario de Estudos sobre a FEB, RJ, 15 de junho de 2009
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Gostaríamos convidar nossos colegas a participar no seminário onde mais de 40 pesquisadores apresentariam seus trabalhos sobre a FEB em 10 sessões temáticas sobre política nacional e relações internacionais, a criação da FEB e suas atuações militares na campanha, diversas representações na imprensa e na musica também como na memória individual, memória coletiva e na historiografia.
O seminário sobre a FEB realizará em 15 de junho de 2009 no Centro de Filosofia e Ciências Humanas/ Instituto de Filosofia e Ciências Sociais - Universidade Federal do Rio de Janeiro que fica no Largo de São Francisco 1, Centro, Rio de Janeiro, RJ.
Programa completo:
http://www.lemp.ifcs.ufrj.br/revista/Programa_Completo_20_05.pdf
1146) Bibliografia Brasiliana Antes da Independencia - John Carter Brown Library
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Compiled by the rare book cataloguer Valeria Gauz, this work describes in detail, item by item, the finest collection in North America of books relating to Brazil before the country declared its independence from Portugal in 1822.
Nearly 650 of the titles in this Catalogue antedate 1800. For the period from 1800 through 1822, some 500 titles are described, including 165 printed in Brazil itself after the Impressão Regia opened a branch in Rio de Janeiro in 1808 and presses began
operating in Bahia.
Each of the 1,300 titles catalogued in the book is annotated, some extensively, with historical and biographical information, and the major bibliographies of Luso-Brazilian printing, such as those by Rubens Borba de Moraes, are regularly cited.
For libraries with significant colonial Braziliana holdings, this book is an essential reference work. Historians and other scholars, collectors, and booksellers will find it to be an invaluable aid to research in the field.
The arrangement of entries in the volume is chronological, from 1537 to 1839, and within each year the titles are listed alphabetically. The work is completely indexed by author and title, and there is a special index to government laws and decrees, a provenance list, and helpful bibliographical guides, including a general bibliography at the end that offers readers suggestions of other related works of interest.
Valeria Gauz has been a cataloguer at the National Library in Rio de Janeiro and was employed at the John Carter Brown Library from 1998 to 2005. The John Carter Brown Library is an independently funded and administered institution for advanced research in history and the humanities founded in 1846 and located on the campus of Brown University since 1901. The Library has unparalleled strength in primary sources relating to the history of North and South America between 1492 and ca. 1825.
Only 400 copies of this book have been printed, and it is likely to sell out in about twelve months. There will be no further printings. To assure the availability of a copy, order immediately from the appropriate vendor below.
xl + 750 pages, cloth bound, 7-1/2 x 11”. 46 illus. - $175.00, plus shipping. ISBN 0-916617-69-6. Various discounts will apply, depending upon the vendor.
In North America, order from: Publications Office, John Carter Brown Library, Box 1894, Providence, RI 02912, or
In Brazil and South America, order from: ----
In Europe and the United Kingdom, and Asia, Africa, and Australia, order from: Richard C. Ramer, Old & Rare Books, Rua do Século, 107 (Apartamento 4), 1200–434 Lisboa, Portugal.
Tel.: (351) 21-346-0938 and 21-346-0947
The John Carter Brown Library anuncia a publicação do
Portuguese and Brazilian Books in the John Carter Brown Library, 1537-1839, with a Selection of Braziliana Printed in Countries Other Than Portugal and Brazil.
Compilado pela bibliotecária de livros raros Valeria Gauz, a publicação descreve com detalhes, item por item, uma das mais expressivas coleções de livros do período colonial relacionadas ao Brasil antes de sua independência de Portugal, em 1822.
Aproximadamente 650 títulos do Catálogo antecedem o ano de 1800. Outros 500 títulos pertencem ao período de 1800 a 1822, dos quais mais de 150 impressos no Brasil após a criação da Impressão Régia no Rio de Janeiro e de outras tipografias na Bahia.
Cada um dos 1.300 livros catalogados no Portuguese and Brazilian Books possui algum tipo de nota. Alguns são extensivamente descritos, com informações históricas, literárias, biográficas ou bibliográficas. As fontes de referência luso-brasileiras mais significativas são regularmente citadas ao longo do catálogo.
O Catálogo é um instrumento de referência essencial para bibliotecas, instituições de pesquisa e departamentos de História em universidades. Pesquisadores, colecionadores e livreiros poderão encontrar nessa publicação valioso auxílio para estudos em diversas áreas.
O arranjo do volume é em ordem cronológica e, em cada ano, os livros se encontram em ordem alfabética. Possui índices de autor, título, documentos governamentais (tais como alvarás, decretos e similares) e de procedência dos livros hoje na JCB, como
conhecida internacionalmente. Ao final, uma Bibliografia Geral oferece aos leitores sugestões de outros livros de interesse relacionados ao assunto.
Valeria Gauz trabalhou na John Carter Brown Library de 1998 a 2005 como catalogadora de livros raros e esteve envolvida em outros projetos, tais como a presente publicação, o web site do Código Brasiliense (www.jcbl.org/CB) e participou no comitê de aquisição de livros brasileiros e portugueses. A Biblioteca é um centro de estudos avançados na área de Humanidades, com administração independente, fundada em 1846 e localizada no campus da Brown University, em Providence, Rhode Island, desde 1901. Viagens, Expansão Européia, Incunábulos das Américas do Norte, Central e do Sul, Ciências Naturais, Escravatura, Cartografia, Direito, Religião, História Marítima, Literatura, o âmbito das Histórias Social, Econômica e Política, são alguns dos
temas que constituíram a coleção particular de John Carter Brown (1797-1874), um comerciante de Rhode Island com grande interesse em Americana, ou livros sobre as Américas.
xl + 750 pages, cloth bound, 19 x 28 cm. 46 illus. - $US 175.00, plus shipping. ISBN 0-916617-69-6. Various discounts will apply, depending upon the vendor.
Somente 400 cópias estarão disponíveis no mercado e não haverá outra edição ou tiragem do Catálogo. Para garantir sua cópia, favor contatar:
Brasil e América do Sul:
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Estados Unidos: Publications Office, John Carter Brown Library, Box 1894, Providence, RI 02912, or
Europe and the United Kingdom, and Asia, Africa, and Australia: Richard C. Ramer Old & Rare Books, Rua do Século, 107 (Apto. 4), 1200-434 Lisboa, Portugal.
0947. Fax: (351) 21 346 7441
sábado, 6 de junho de 2009
1145) Mauricio David: um amigo liberto dos grilhoes
A alma, de fato, não é pequena, mas a vida é apenas muito curta para que possamos dar todo o sentido do bom combate.
Em todo caso, minha homenagem a um amigo que se manteve reto...
Meus caros:
A partir de hoje sou um homem livre ! Obtive a minha carta de alforria dos grilhões do BNDES, aposentado que estou...
E aproveito a oportunidade para lhes enviar uma cópia da circular que remeti no dia de ontem aos meus colegas e amigos do BNDES, uma espécie de testamento ou memorial que bem expressa o que sinto e penso :
,-,-,-,-,-,-,-,-,-,-,-,-,-,-,-,
Caros colegas e amigos do BNDES :
Todo homem tem a sua hora e sua vez, já dizia Guimarães Rosa... Pois finalmente, depois de peleas incomensuráveis, que só um Borges poderia descrever, estou obtendo a minha carta de alforria e, a partir de hoje, serei um homem livre : aposentado estarei, livre do jugo da catraca eletrônica e com tempo e disposição para lutar pelas causas quixotescas que movem o mundo... Ao final, tudo terá valido a pena, apesar da luta não ter sido pequena...
E já que usei acima estes versos do Fernando Pessoa, nada melhor que lhes deixar como presente de despedida alguns versos do Pessoa no Poema em Linha Reta:
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos tem sido campeões de tudo.
.............................................................................
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho.
Nunca foi senão príncipe- todos eles príncipes- na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Quer confessasse não um pecado, mas uma infâmia ;
Que contasse, não uma violencia, mas uma cobardia !
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil ?
Ó príncipes, meus irmãos
Arre, estou farto de semideuses !
Onde é que há gente no mundo ?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra ?
.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-
Arre, na virada dos sessenta e três anos, começo vida nova... Na cabeça. planos de trezentos e oitenta e quatro livros a escrever... Algumas dezenas de milhares a ler...Dos netos a vida desfrutar, vendo a semente florescer nas descendencia...
E o propósito firme e decidido de não abandonar as grandes causas, pois não há repouso para o guerreiro nem fim para as batalhas da vida...
Meus próximos anos ainda padecem de algumas indefinições. Mas minha tendencia é retornar para a minha Alma Mater, na Sorbonne, em Paris. Com uma esticada de por meio em Nova York (Columbia) ou Washington (Wilson Center ou SAIS), se a compatibilização for possível.
Mas em qualquer paradeiro do mundo serei o mesmo de sempre : às vezes irreverente, o mais das vezes bonachão, frequentemente mais disposto a conversar sobre filosofia, política e economia do que sobre futebol, praia ou novelas de televisão... O que de fazer se há ? Deste barro sou feito e assim permanecerei, até a desintegração final.
Mas, quando toparem com o velho amigo, seja nas margens do Sena ou do Hudson ou Potomac, podem ficar certos de que sempre terei uma última dica de leitura para dar ou uma última crítica ferina e descarga de ironia sobre os poderosos para proferir. Pois este é o sal e o açúcar da vida...
Até breve, pois ! Levarei desta caixa-preta às margens da Avenida Chile plantada as mais inolvidáveis recordações... Algumas boas, outras nem tanto, três ou quatro realmente péssimas. Passarei a borracha nas amargas, pois as boas lembranças são as que fazem a pena ter vivido...
E, para os que me possibilitaram partir agora com um leque de boas recordações, o meu eterno agradecimento,
Ver-nos-emos nas esquinas da vida,
o amigo
Mauricio
1144) Como avaliar um professor; carreira diplomatica
Um alô de Florianopolis
Caro Paulo,
Não o conheço, mas trato-lhe como se fosse seu amigo de longa data. Acho que são os novos tempos, a internet que permite-nos através de um site fingir que conhecemos alguém.
Visitei o seu e me identifiquei com muito do que você escreveu, especialmente no seu artigo “Como Avaliar um Professor”. Quando fala em “leitura anotada, estudo sistemático”. Imagine a identificação que tive ao ler isso, sabendo que aqui em Florianópolis, onde moro, meus colegas e familiares torcem o nariz ou criticam o fato de eu “rabiscar livros” e “perder tanto tempo” fazendo anotações e organizando matérias de revistas para usá-las em meus artigos (que ninguém lê).
Sou engenheiro de controle e automação industrial, profissão que não chega a ser um fardo para mim, mas esta longe de ser minha verdadeira vocação, a qual ainda não descobri qual é.
Gosto muito de viajar, aprender idiomas e ler, morei 5 meses nos EUA, 5 meses na França, 3 meses no Peru e Bolívia e viagei boa parte da America do Sul e Europa. Batendo um papo com uma prima minha ela sugeriu a carreira diplomática, isso foi a pouco tempo, logo foquei meus estudos para o concurso (do ano que vem, pois o bate papo foi após o encerramento das inscrições deste ano).
Outro texto seu que li e achei muito bom e motivador foram as “Dez Regras Modernas de Diplomacia”. Muito bom, e realmente me motivou a reavaliar minha carreira, afinal hoje meu trabalho não me empolga como minhas leituras.
Não me pergunte qual o propósito deste e-mail. Gostaria de elogia-lo, admiro o fato de você aparentemente ter encontrado equilíbrio em sua vida (vocação, família, lazer, estudos etc).
Também gostaria de perguntar o que você gostaria que lhe dissessem (ou escrevessem) quando você estava iniciando sua carreira diplomática (ou os estudos para ela), ou melhor quando era mais imaturo e estava perdido na vida.
O que você gostaria que lhe tivessem dito? Que livro(s) gostaria que lhe tivessem recomendado? E assim por diante.
Um grande abraço,
Rafael XXXXX
(PS.: Devo ter respondido na ocasião ao Rafael, mas não vou buscar entre milhares de mensagens agora para tentar encontrar a resposta.)
1143) Paranoia amazonica: o mito da internacionalizacao...
Esta aqui entra na categoria do denuncismo vazio sobre a internacionalização da Amazônia. O mais curioso é que a presidência da República, que tem alguns milhares de funcionários, pede para o interessado acessar o meu site pessoal para se informar sobre esses boatos fraudulentos.
Enfim, fica o registro, mais uma vez...
(PS: deixo os e-mails das pessoas, posto que elas foram irresponsáveis ao ponto de disseminarem boatos sem fundamento)
PRA
Bobagens amazônicas (o título é meu, PRA)
ilmos Srs.
Acessei a pagina do Exmo. Sr. Ministro Conselheiro da Embaixada do Brasil em Washington, Senhor Paulo Roberto de Almeida, entretanto, me parece um tanto simples a visão que vem sendo apresentada, direcionada simplesmente como boatos, porem para que venha a tona uma histeria coletiva resultante de um denucismo desenfreado, obviamente deva ser investigado mais profundamente os reais motivos dos denunciantes, ou quiçá verdades, não posso tecer comentários pois espero informações para formar juízo.
Não querendo atribuir veracidade a denuncia, ou indicar culpa ou culpados pela postura relativamente ao assunto em questão, na condição de cidadão Brasileiro, eleitor e pai de família, zelo pelo futuro dos meus e de todos os filhos dessa nossa "Pátria Mãe", que deve ser preservada. Isto posto, acredito que a investigação deva tomar outros rumos e não somente o da boataria, pois a própria historia passada e recente no mundo nos mostra, intervenções pacificas e armadas, que visam atender interesses puramente econômicos, por tanto, não devemos excluir simplesmente essa real possibilidade.
José Alves Peixoto Filho
----- Original Message -----
From: pr@planalto.gov.br
To: peixoto.peixoto@terra.com.br
Sent: Thursday, May 27, 2004 5:40 PM
Subject: ENC: RORAIMA é do USA- A B S U R D O ! ! ! ! !
Prezado Senhor,
Registramos o recebimento de sua mensagem, à qual o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva gostaria de responder, não fossem os inúmeros compromissos diários.
Devemos esclarecer que algumas mensagens veiculadas pela internet não passam de manipulações grosseiras de indivíduos inescrupulosos atuando clandestinamente, sem qualquer sentido de ética ou respeito à verdade.
Permita-nos sugerir que acesse o site preparado pelo Ministro Conselheiro da Embaixada do Brasil em Washington, Senhor Paulo Roberto de Almeida, sobre esse assunto: http://www.pralmeida.org/01DossierAmazonia/00SumarioAmazonia2003.html
Atenciosamente
Diretoria de Documentação Histórica
Gabinete Pessoal do Presidente da República
-----Mensagem original-----
De: PROTOCOLO da PR (DIDOC)
Enviada em: quinta-feira, 27 de maio de 2004 09:20
Para: Presidência da República
Assunto: ENC: RORAIMA é do USA- A B S U R D O ! ! ! ! !
-----Mensagem original-----
De: Peixoto [mailto:peixoto.peixoto@terra.com.br]
Enviada em: quarta-feira, 26 de maio de 2004 15:16
Para: gabinetemj@mj.gov.br; Governo@brasil.gov.br; protocolo@planalto.gov.br
Cc: Peixoto
Assunto: RORAIMA é do USA- A B S U R D O ! ! ! ! !
Exmo.Sr. Presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Exmo. Sr. Ministro de Estado da Justiça Márcio Thomas Bastos
É com grande preocupação que retransmito este e-mail abaixo, pois se confirmando as graves revelações, providências urgentes devem ser tomadas para que a soberania do nosso Pais não seja ameaçada, por nações que através dos povos indígenas invadem nossos territórios.
José Alves Peixoto Filho
----- Original Message -----
From: gisele felinto
To: mcmholanda@hotmail.com ; evila_feitosa@hotmail.com ; nevesgeorgia@hotmail.com ; ivanioribeiro@hotmail.com ; fha_c@hotmail.com ; fbarros19@hotmail.com
Sent: Saturday, May 22, 2004 1:03 PM
Subject: Fw: RORAIMA é do USA- A B S U R D O ! ! ! ! !
>
>
> > Segue abaixo o relato de uma pessoa conhecida e séria, que passou recentemente em um concurso público federal e foi trabalhar em Roraima.
>
> Trata-se de um Brasil que a gente não conhece. As duas semanas em Manaus foram interessantes para conhecer um Brasil um pouco diferente, mas chegando em Boa Vista (RR) não pude resistir a fazer um relato das coisas que tenho visto e escutado por aqui. Conversei com algumas pessoas nesses três dias, desde engenheiros até pessoas com um mínimo de instrução.Prá começar o mais difícil de se encontrar por aqui é roraimense, pra falar a verdade, acho que a proporção de um roraimense para cada 10 pessoas é bem razoável, tem gaúcho, carioca, cearense, amazonense, piauiense, maranhense e por aí vai. Portanto falta uma identidade com a terra.
>
> Aqui não existem muitos meios de sobrevivência, ou a pessoa é funcionária pública, e aqui quase todo mundo é, pois em Boa Vista se concentram todos os órgãos federais e estaduais de Roraima, além da prefeitura é claro. Se não for funcionário público a pessoa trabalha no comércio local ou recebe ajuda de programas do governo. Não existe indústria de qualquer tipo.
>
> Pouco mais de 70% do território roraimense é demarcado como reserva indígena portanto restam apenas 30%, descontando-se os rios e as terras improdutivas que são muitas, para se cultivar a terra ou para a localização das próprias cidades. Na única rodovia que existe em direção ao Brasil (liga Boa Vista a Manaus, cerca de 800km) existe um trecho de aproximadamente 200km (reserva indígena Waimiri Atroari) por onde você só passa entre 6:00 da manhã e 6:00 da tarde, nas outras 12 horas a rodovia é fechada pelos índios (com autorização da FUNAI e dos americanos) para que os mesmos não sejam incomodados. Detalhe: você não passa se for brasileiro, o acesso é livre aos americanos, europeus e japoneses. Desses 70% de território indígena, diria que em 90% dele ninguém entra sem uma grande burocracia e autorização da FUNAI. Detalhe: americanos entram na hora que quiserem, se você não tem uma autorização da FUNAI mas tem dos americanos então você pode entrar. A maioria dos índios fala a língua nativa além do inglês ou francês, mas a maioria não sabe falar português.
>
> Dizem que é comum na entrada de algumas reservas encontrarem-se hasteadas bandeiras americanas ou inglesas. É comum se encontrar por aqui americanos tipo nerds com cara de quem não quer nada, que veio caçar borboleta e joaninha e catalogá-las, mas no final das contas, pasmem, se você quiser montar um empresa para exportar plantas e frutas típicas como cupuaçu, açaí ,camu-camu etc, medicinais, ou componentes naturais para fabricação de remédios, pode se preparar para pagar royalties para empresas japonesas e americanas que já patentearam a maioria dos produtos típicos da Amazônia...
>
> Por três vezes repeti a seguinte frase após ouvir tais relatos: é, os americanos vão acabar tomando a Amazônia e em todas elas ouvi a mesma resposta em palavras diferentes. Vou reproduzir a resposta de uma senhora simples que vendia suco e água na rodovia próximo de Mucajaí: "Irão não meu filho, tu não sabe mas tudo aqui já é deles, eles comandam tudo, você não entra em lugar nenhum porque eles não deixam. Quando acabar essa guerra aí eles virão pra cá , e vão fazer o que fizeram no Iraque quando determinaram uma faixa para os curdos onde iraquiano não entra, aqui vai ser a mesma coisa.
> " A dona é bem informada não? O pior é que segundo a ONU o conceito de nação é um conceito de soberania e as áreas demarcadas têm o nome de nação indígena. O que pode levar os americanos a alegarem que estarão libertando os povos indígenas. Fiquei sabendo que os americanos já estão construindo uma grande base militar na Colômbia, bem próximo da fronteira com o Brasil numa parceria com o governo colombiano com o pseudo objetivo de combater o narcotráfico. Por falar em narcotráfico, aqui é rota de distribuição pois essa mãe chamada Brasil mantem suas fronteiras abertas e aqui tem estrada para as Guianas e Venezuela. Nenhuma bagagem de estrangeiro é fiscalizada, principalmente se for americano, europeu ou japonês, (isso pode causar um incidente diplomático)...
>
> Dizem que tem muito colombiano traficante virando venezuelano, pois na Venezuela é muito fácil comprar a cidadania venezuelana por cerca de 200 dólares. Pergunto inocentemente às pessoas; porque os americanos querem tanto proteger os índios? A resposta é absolutamente a mesma, porque as terras indígenas além das riquezas animais e vegetais, da abundância de água, são extremamente ricas em ouro (encontram-se pepitas que chegam a ser pesadas em quilos), diamantes, outras pedras preciosas, minério e nas reservas norte de Roraima e Amazonas, ricas em PETRÓLEO.
>
> Parece que as pessoas contam essas coisas como que num grito de socorro a alguém que é do sul, como se eu pudesse dizer isso ao presidente ou a alguma autoridade do sul que vá fazer alguma coisa. É pessoal, saio daqui com a quase certeza de que em breve o Brasil irá diminuir de tamanho. Um grande abraço a todos." Será que podemos fazer alguma coisa??? Acho que sim. Repasse esse e-mail para que um maior número de brasileiros fique sabendo desses absurdos...
>
>
> Mara Silvia Alexandre Costa Depto de Biologia Cel.Mol.Bioag.Patog. FMRP - USP.
>
> Por favor se vc se indignou também, repasse, para que o Brasil saiba que o Brasil é o Brasil. Vamos amá-lo e defendê-lo. Muitas vezes depois de receber uma mensagem perguntamos: quem me mandou como descobriu meu e-mail?Temos o cuidado de mandor somente mensagens que sejam edificantes e as de conteúdo degradantes...
1142) Um dialogo sobre a globalizacao
Intercâmbio de idéias nunca faz mal
Paulo Roberto de Almeida
Transcrevo abaixo um diálogo com um dos meus leitores (ocorrido em 2006), a partir de perguntas elaboradas anteriormente e que tinham permanecido sem respostas. Tentarei ser breve, mas suficientemente claro para permitir a compreensão de meus pontos de vista.
As perguntas numeradas são as que eu tinha elaborado em 12 de janeiro de 2006 (1530), sob o título “Perguntas impertinentes a colegas que me acusam de ser ‘liberal fundamentalista’”, e que tinham sido postadas em meu primeiro blog, sob nr. 154, neste link. Elas estavam, justamente, concebidas como perguntas incômodas aos que defendem as posições do movimento anti-globalizador, que são em geral também contra a abertura econômica.
Em versão diferente, mas com as mesmas perguntas, elas foram publicadas sob o título “Perguntas impertinentes a um amigo anti-globalizador”, no boletim Relnet (no. 13, 2006; no link, mas não estou certo de que ainda esteja lá, em razão da descontinuidade do Relnet).
Aparentemente, elas estarão sendo republicadas no Meridiano 47 - Boletim de Análise da Conjuntura em Relações Internacionais (Brasília: Instituto Brasileiro de Relações Internacionais, ISSN 1518-1219, nº 65, dezembro 2005, p. 2-4; link a ser determinado, mas que pode ser encontrado atualmente no site do Mundorama.neet).
Quem me responde, identificado abaixo como RR, é o Roberto Ruiz, que se apresenta como sou doutorando em Economia em uma escola Ortodoxa de SP. Ele me disse, em mensagem de 15 de abril de 2006, que gostaria de dialogar sobre o assunto.
Pois não, com prazer: meus novos comentários seguem abaixo com a sigla PRA.
1. Quais são as evidências materiais, ou seja, provas estatísticas, dados quantificáveis, observáveis e verificáveis, de que a globalização, como pretendem os anti, aprofunda a miséria, cria mais desemprego e acarreta mais desigualdades no mundo? Isso vale tanto para dentro dos países, como entre os países, esclareço.
RR: Quais são os dados provando o contrário? A globalização construiu riqueza aonde? É só pegar Amarthya Sen nos EU para ver como a globalização impós miséria nos EU e AL pós 90 a miséria que causou....
PRA: Existem muitos dados sobre a criação de riqueza pela globalização, sendo os dois exemplos mais eloquentes dados pela China e pela Índia. Veja meu trabalho nº 1574, “Sorry, antiglobalizadores: a pobreza mundial tem declinado, ponto!”, apresentando, resumindo e discutindo o estudo de Xavier Sala-i-Martin, “The World Distribution of Income: Falling Poverty and... Convergence, Period”, The Quarterly Journal of Economics (vol. 126, nº 2, 2006; link), com comentários adicionais sobre o processo de globalização; disponível no site pessoal (link). Tenho vários outros trabalhos sobre o assunto, alguns deles citados nesse mesmo.
2. Se as políticas liberais só conseguem produzir recessão e desemprego, privilegiando unicamente os setores financeiros – o capital financeiro monopolista internacional, como se dizia antigamente –, por que, exatamente, os países que mais crescem e que ostentam as menores taxas de desemprego são, justamente, esses ditos “neoliberais”?
RR: Quais países são estes? Desconheço. Na última tabela dos 10 países mais competitivos do Forum Econômico apareciam mais países de bem-estar social do que liberais (Canada, Finlândia, Suécia, ...). Cidades estado (Singapura, HK) são uma análise a parte.
PRA: Recomendo uma consulta aos dados da OCDE e de sites do gênero. Ou se desejar pegue qualquer The Economist: as taxas de crescimento de países como EUA, GB, NZ, Austrália e alguns outros são bem superiores aos da Europa, que contínua no pântano, em virtude de estruturas rígidas. Os países asiáticos não podem ser descritos como liberais, ainda, mas estão crescendo, justamente, por se inserirem de modo mais afirmado nos circuitos da globalização.
3. Se o “consenso de Washington” fracassou redondamente na América Latina, por que os países que mais são contrários às suas regras não são, longe disso, exemplos de crescimento, de dinamismo e de inserção competitiva na economia internacional? E por que, a contrário senso, os países que mais se identificaram com essas medidas “neoliberais”, a começar pelo Chile, conseguem ostentar taxas sustentadas de crescimento ao mesmo tempo em que fazem progressos no caminho da redução das desigualdades distributivas e da qualificação competitiva de suas economias?
RR: O Chile teva alto aumento das desigualdades distributivas (há vasta literatura sobre o assunto) e a qualificação competitiva é em produtos de baixo valor agregado (salmão, frutas e minérios).... vinho (é produto artesanal???). Algum outro exemplo na AL de país neoliberal bem sucedido - não vejo Chile crescendo na cadeia de valor internacional, enfim, teve um êxito relativo?
PRA: Você está muito enganado quanto ao desempenho econômico chileno. É o único país da América Latina que está reduzindo as desigualdades, justamente com suas políticas de abertura econômica e de inserção na globalização. Quanto aos produtos que você cita, eles têm, justamente, alto valor agregado, todos eles, independente de serem do primário. Não creio que existam mais países liberais na América Latina: o México se abriu e cresceu muito, tem um comércio exterior muito superior ao do Brasil – com o mesmo PIB – e por isso já tem investment grade.
4. Se os processos de abertura econômica e de liberalização comercial significam, ipso facto, sucateamento da indústria e desmantelamento de setores inteiros da economia nacional, como explicar as evidências de que países que adotaram essas medidas de modo unilateral, como o Brasil do início dos anos 1990, por exemplo, registraram, nesses anos justamente, as maiores taxas de crescimento da produtividade, além de ganhos significativos e comprovados de competitividade internacional?
RR: Poderia definir produtividade? Lembro de plano Collor como crise geral e decrescimo de PIB de 4,5%.
PRA: Qualquer economista define produtividade, como sendo a produção agregada dividida pelo número de homens/hora de trabalho. Os indicadores de crescimento de produtividade do Brasil foram elevados no início dos anos 1990, com a abertura e início da privatização, depois eles voltaram a cair. Leia o último estudo da CNI sobre esse aspecto, comparando países, justamente.
5. Se as regras liberais impõem, como acusam os anti-globalizadores, total liberdade aos movimentos de capitais e a plena abertura cambial, o que facilitaria as atividades especulativas nos mercados de divisas, como explicar o fato que de que a Argentina, no auge do seu “fundamentalismo liberal”, impunha a rigidez cambial, em direção oposta aos regimes cambiais praticados pela maior parte dos países e contrariamente ao que sempre prega o FMI em caso de correção de desequilíbrios de balanço de pagamentos?
RR: Que período o Sr. refere? Poderia especificar o governo e ministro?
PRA: Todo mundo sabe que a política cambial argentina, de 1991 a 2001, foi de rigidez cambial. País único no mundo, pois o FMI sempre recomenda desvalorização para os casos de desajuste. Acusar a Argentina de neoliberal por manter o câmbio fixo é de uma incompreensão total do que significa neoliberalismo, que se bate justamente por regras de mercado. É o mercado que deve ditar o câmbio, não os governos.
6. Se a flexibilização neoliberal do mercado de trabalho produz desemprego e perda de direitos consagrados, resultando em precarização ampliada das relações de trabalho e terceirização, por que os países que mais adotaram essa postura são os que exibem as menores taxas de desemprego e o maior crescimento da produtividade do trabalho?
RR: Bem, China tem baixa taxa de desemprego e jornadas de 14 horas 24x7 sem adicional noturno ou benefício fora da provincia de nascimento. Tem uma questão quantitativa e qualitativa misturada.
PRA: Todos os países de regras laborais mais flexíveis têm menores taxas de desemprego. Consulte os dados da OCDE a esse respeito. A China está em transição e não pode ser meodelo para absolutamente nada, a não ser o fato de que abertura traz crescimento.
7. Se o livre-comércio internacional acarreta desigualdades crescentes e dependência de empresas multinacionais, o que compromete políticas públicas, macroeconômicas e setoriais, por que os países, ou melhor, as economias que mais se inseriram nos fluxos internacionais de intercâmbio comercial são as que melhoraram de padrão de vida, viram o surgimento de suas próprias multinacionais e diminuíram, justamente, sua dependência de alguns poucos mercados de matérias-primas ou manufaturados leves, que são dominados por alguns poucos oligopolistas mundiais?
RR: Muito abstrato, quais são os exemplos de paises que criaram multinacionais baseados em livre comércio? Coréia criou com reserva de mercado violenta, China tb (obrigação de joint venture 50% Estado).
PRA: Dois exemplos não fazem maioria. O processo histórico de criação de multinacionais se dá quando os países se inserem nos mercados globais. Foi assim com a GB, com os EUA, com a Alemanha e outros países. Coréia e China estão justamente criando multinacionais ao se inserirem de modo mais afirmado nos circuitos de comércio internacional. O Brasil também, aliás.
8. Se os direitos de propriedade intelectual são inerentemente injustos, transferindo renda dos países mais pobres para os mais ricos, condenando os primeiros a uma “eterna dependência tecnológica” dos segundos, por que países como China e Índia, que são ainda relativamente pobres para os padrões internacionais, estão aderindo de forma crescente a normas mais elevadas de proteção patentária?
RR: CONCORDAMOS... quando o Brasil copiar o suficiente como China e India podemos aderir de forma "lenta gradual e progressiva" aos direitos de PI. Trabalhava em uma grande multinacional escandinávia de telecom e a Huawai copiava centrais sem a menor cerimônia. Hoje eles podem aceitar as patentes. Brasil produziu algum vendor de telecom depois de décadas de Sist. Telebrás?
PRA: O Brasil já tem status de criatividade para reforçar os direitos de PI. China e Índia estão justamente fazendo isso. Chega um momento em que a cópia é naturalmente substituída pela adaptação, pela inovação e pela invenção.
9. Se os investimentos estrangeiros são criadores de maior dependência econômica e de remessa ampliada de divisas e de royalties para o exterior, por que tantos países em desenvolvimento vêm aumentando o volume e a qualidade da proteção dada ao IDE, assinando acordos de garantia de investimentos e assegurando livre transferência dos resultados produzidos?
RR: Nem um extremo nem outro, investimento estrangeiro deve ser tratado pontualmente: área interessam outras não. Alto valor agregado e transferência de tecnologia podem vir...maquiladoras ou pagando impostos ou não obrigado.
PRA: Você também acredita que burocratas devem ditar aos empresários o que eles devem fazer com o dinheiro deles? Por que simplesmente não permitir que os investimentos se façam livremente, em função das oportunidades percebidas. Ou você acha que os planejadores governamentais sabem melhor do que os donos do dinheiro?
10. Se já existem evidências concretas de que as políticas agrícolas, subvencionistas e protecionistas, de países desenvolvidos, como os EUA, a União Européia e o Japão, entre outros, são absolutamente condenáveis, em primeiro lugar em função de sua inerente irracionalidade econômica, em segundo e principal lugar em virtude do enorme prejuízo trazido aos países mais pobres, por que os movimentos anti-globalizadores, que dizem atuar em prol do desenvolvimento e da inserção dos mais pobres e do bem estar de suas populações, não são mais incisivos na oposição a essas políticas?
RR: realismo político.
PRA: Eles estão sendo conviventes com um crime, que é o de impedir a qualificação produtiva dos países mais pobres, geralmente africanos. Aliás, por simples medida de racionalidade econômica, os países também deveriam abolir o protecionismo agrícola: sairia mais barato para eles importar do que produzir internamente. Numa palavra: toda a sociedade está sendo refém de um punhado de agricultores que, na verdade, são assalariados do Estado.
11. Se os países em desenvolvimento são, por definição e historicamente, importadores líquidos de capitais dos países mais ricos, por que os movimentos anti-globalizadores insistem tanto na adoção de uma taxação internacional sobre os movimentos de capitais, sabendo-se que esse novo imposto irá necessariamente aumentar o custo dos empréstimos e de captação de recursos financeiros nos mercados livres?
RR: Há uma diferente de hot money e investimento, É preciso trabalhar as duas coisas em separado.
PRA: Por certo que existem diferentes tipos de investimento, mas isso não elimina o fato de que o custo da taxação será absorvida pelo país importador de capital, apenas isso.
12. Finalmente, se mercados livres já provaram, ao longo da história, sua funcionalidade absoluta do ponto de vista da modernização tecnológica, dos ganhos de oportunidade, da distribuição de renda via especialização produtiva e outros benefícios indiretos da livre circulação de fatores, por que os anti-globalizadores, e com eles o contingente bem maior de protecionistas de todos os tipos, insistem tanto na administração política dos mercados internacionais, como se os governos soubessem melhor do que agentes econômicos ou do que os indivíduos consumidores o que é melhor para o bem estar dos cidadãos dos mais diversos países?
RR: Desculpe, se o Sr. ler H.J. Chang, Robert Wade e muitos mais, a história nunca provou a funcionalidade dos livres mercado como promotor de Pareto..... Governos não sabem melhor que os agentes, as instituições estruturadas procuram minimizar os problemas com uma posição neutra na sociedade. O mercado possui a leitura singular do interesse no curto prazo. Voltando as raízes, é a leitura de Adam Smith em Riqueza das Nações sem a Teoria dos Sentimentos morais, o homem não tem compaixão pelo próximo no médio prazo, seu egoísmo é maior do que qualquer sentimento. Não sou contra globalização, mas não apoio o liberalismo.
PRA: Surpreendentemente contraditório: o Chang faz uma leitura seletiva dos dados da história e não consegue desmentir Adam Smith: ele simplesmente contorna o problema. Mercados sempre agem no curto prazo, pois são o resultado do comportamento de indivíduos buscando maximizar o seu bem-estar. Sempre foi assim e sempre será assim. A visão supostamente onisciente dos governos querendo “corrigir” os mercados sempre faz mais mal, pois que produz o que os economistas chamam de “misallocations”. Se você não é contra a globalização, já está sendo a favor do liberalismo, pois o que você pretende colocar no lugar da globalização? Comércio administrado, economias dirigidas?
1141) Teoria do capital bibliografico
Teses marxianas sobre relações de leitura e modo de redação
Paulo Roberto de Almeida
Arriscando-me a decepcionar alguns amigos – que por vezes me advertem que eu acabo escrevendo mais rápido do que eles conseguem ler minha produção – confesso que não tenho nenhuma receita particular sobre como e o quê fazer para ler bastante, digerir o máximo de informação possível e depois destilar esses insumos acumulados no conta-gotas da produção ensaística de pequeno porte ou no torrencial mais forte da elaboração livresca. Ou talvez eu tenha, sim, mas não sei se isso conforma um método muito efetivo ou aplicável em outros casos de atração pelos livros e pela arte da “escrevinhação”. Vejamos em todo caso o meu “modo peculiar de produção”.
(...)
OK, interrompo aqui a leitura, pois se trata de um texto antigo, bem maior, que desapareceu de seu site original (e único) de publicação, tendo por isso recebido uma reclamação de um leitor de meus artigos.
Para satisfazer a curiosidade, coloquei-o provisoriamente em meu site, até encontrar destinação mais apropriada em outro lugar.
Em todo caso, trata-se de um simples divertissement, ou seja, uma brincadeira em torno de leituras, livros e escritos.
Boa leitura, a quem pretender se arriscar...
O texto encontra-se neste link.
1140) Obama e seu discurso "muculmano": comentarios desabusados
À falta de reflexão própria, transcrevo comentários de um leitor desabusado...
Mr. X: O discurso no Cairo
05 Jun 2009
Comento aqui o inútil discurso de Obama. Após algumas platitudes sobre o Holocausto, o restante da sua fala parece ter sido o equivalente oral ao seu gesto de submissão frente ao monarca saudita. De qualquer modo, por melhor que tivesse sido, de pouco adiantaria. Sou da escola que acha que discursos não mudam nada. Eis alguns trechos comentados:
[Israel must] “live up to its obligations to ensure that Palestinians can live, and work, and develop their society… Progress in the daily lives of the Palestinian people must be part of a road to peace, and Israel must take concrete steps to enable such progress.”
Os israelenses é que devem “garantir” que os palhestinos possam viver, trabalhar, e desenvolver sua sociedade? Que tal os próprios palestinos fazerem isso? E se os palestinos não quiserem viver, trabalhar e desenvolver sua sociedade? Acho que ninguém nunca pensou nessa possibilidade. Até por que não há como sustentar essas pessoas, o máximo a que a “Palestina” pode aspirar é a virar um Kosovo, um “país” de marginais (80% de desemprego) sustentado pela ONU.
“any nation - including Iran - should have the right to access peaceful nuclear power”
Pacífica como a cara do Amadinehjad. E aliás, se Obama gosta tanto da energia nuclear pacífica, por que está acabando com ela em solo americano?
“a world in which no nations hold nuclear weapons.”
Enquanto Obama delira, a Coréia do Norte testa mísseis, o Paquistão pode perder o controle dos seus, Japão e vários países árabes pensam em se armar e o Irã já quase tem sua bombinha.
tension “has been fed by colonialism that denied rights and opportunities to many Muslims, and a Cold War in which Muslim-majority countries were often treated as proxies without regard to their own aspirations.”
Blablablá. Típico esquerdismo. “As veias abertas do Mundo Muçulmano”. Ora, as “aspirações” dos islâmicos são converter todo o mundo ao islã e impor a sha’ria. Que importam as suas aspirações? De que país Obama é presidente?!?
“And I consider it part of my responsibility as president of the United States to fight against negative stereotypes of Islam wherever they appear,”
Hã?!? Isto é o mais próximo que Obama já chegou de confessar abertamente que é muçulmano. Um presidente americano que tem a missão de “lutar contra estereótipos negativos do Islã onde quer que apareçam”? Quem é ele, Super Islamic Boy? Estamos fritos. Um muçulmano na Casa Branca. Quanto será que os sauditas pagaram? Aquele colar de ouro deve valer bastante…
Outros comentários seguirão...
sexta-feira, 5 de junho de 2009
1139) Curiosidade sobre "A Grande Mudanca" e meu status
Uma curiosidade: você é muito audacioso em seus textos! Nunca sofreu retaliações por isso? Não me parece nada "comum", alguém falar tão livremente dos problemas do país, sendo um diplomata...
E quanto às dez propostas ao governo...Algum dia sentiu vontade de segurar as "rédeas do poder"? Ainda que fosse como o acessor do Príncipe...?
Respondo de imediato: de fato, esse meu livro foi escrito justamente com essa intenção, provocar, ou pelo menos apresentar propostas audaciosas para tentar "consertar" o Brasil num momento eleitoral. Não que eu tivesse qualquer ilusão de que minhas "propostas" de políticas públicas fossem ser lidas e menos ainda acatadas. Mas não posso evitar essa responsabilidade cidadã que me impeliu a também apresentar algumas novas soluções a velhos problemas que amarram o Brasil no baixo crescimento e no subdesenvolvimento político.
Foi o meu único livro polêmico, já que todos os demais são de pesquisa, ou classicamente acadêmicos.
De fato, esse livro me trouxe retaliações, imediatas, se ouso dizer, sem que eu lamente especialmente esse fato. Cada um deve assumir responsabilidade pelo que fala, escreve, divulga, e eu assumi plenamente a minha parte de responsabilidade, por propor coisas manifestamente heterodoxas (em relação ao pensamento temporariamente dominante, quero dizer).
Como transcrevi no frontspício:
“A inconsciência de certos homens os faz por vezes levantar-se contra algumas verdades evidentes da vida humana e da ordem natural das coisas (natura naturans). A estupidez de alguns outros os faz pretender opor-se a essas verdades verdadeiras, abatendo-se com fúria sobre aqueles que delas se fazem portadores.
A uns e outros, a Divina Providência (Mente divina) há de aconselhar e a Ordem dos Justos corrigir, desde que lhe seja dada a oportunidade de assim fazer.”
Apud Giordano Bruno, Dei segni dei tempi (Veneza, 1576)
Singela homenagem ao filósofo cuja religião era a da “pacifica convivenza tra le religioni, fondata sull’unica regola della mutua intesa e della reciproca libertà di discussione”, e que, na hora decisiva, pronunciou estas palavras: “Tremate forse píù voi nel pronunciar la sentenza, ch’io nel riceverla” (1600).
Tributo a Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça (1774-1823), o homem que criou a imprensa livre brasileira, fora do Brasil, colocando este dever ao cidadão redator de idéias públicas:
“O primeiro dever do homem em sociedade é ser útil aos membros dela, e cada um deve, segundo suas forças físicas ou morais, administrar, em benefício da mesma, os conhecimentos ou talentos que a natureza, a arte ou a educação lhe prestou. O indivíduo, que abrange o bem geral de uma sociedade, vem a ser o membro mais distinto dela: as luzes que ele espalha tiram das trevas da ilusão aqueles que a ignorância precipitou no labirinto da apatia, da inépcia e do engano. Ninguém mais útil, pois, do que aquele que se destina a mostrar, com evidência, os conhecimentos do presente e desenvolver as sombras do futuro. Tal tem sido o trabalho dos redatores das folhas públicas, quando estes, munidos de uma crítica sã e de uma censura adequada, representam os fatos do momento, as reflexões sobre o passado, e as sólidas conjecturas sobre o futuro.”
Abertura do número inaugural do Correio Braziliense (1808)
Capa, sumário e algumas partes desse livro podem ser vistos neste link.
Provavelmente vou escrever um novo livro, numa próxima transição presidencial, no mesmo estilo deste, mas com conteúdo bem diferente, oferecendo um balanço e propondo novas medidas. Sei que não adianta muito, mas não posso me impedir de pensar e de dizer o que penso. Difícil é cultivar a mediocridade.
Dependendo de quem ganhar, vem retaliação, mas espero pequena melhoria dos costumes políticos em nossa terra...
quinta-feira, 4 de junho de 2009
1138) Brazil's Candidacy for Major Power Status
Maiores informações sobre o livro podem ser encontradas em meu site, neste link.
Powers and Principles: International Leadership in a Shrinking World
On behalf of the Stanley Foundation, I would like to invite you to a reception on July 1 celebrating the publication of a new book, Powers and Principles: International Leadership in a Shrinking World (Lexington) that collects the results of a recent Stanley Foundation initiative.
In early 2008, my former colleague Michael Schiffer and I launched a project using the concept of responsible stakeholdership to gauge the prospects for a stronger international community. In other words, what if the world's major global and regional powers came into closer alignment with shared approaches to 21st-century threats and challenges? The project asked experts to examine nine powerful nations, the EU, and the case of a generic oil company and speculate how each might deal with the internal and external challenges posed by international norms.
We were fortunate to recruit a group of highly accomplished analysts to take part and are eager to share the results with you and other colleagues. Complimentary copies of the book will be available at the event but, in the meantime, the table of contents and other details can be found on the Lexington Books Web site. We expect many of the contributing writers will be at the reception.
The reception will take place on July 1, 2009, from 5:30 to 7:30 p.m. at the Washington office of the Stanley Foundation (co-located with the Henry L. Stimson Center) at 1111 19th Street, NW, 12th Floor.
To respond to this invitation or for questions about logistics, please contact Elaine Schilling, program assistant, by e-mail at eschilling@stanleyfoundation.org or telephone 563-264-6888.
Best regards,
David Shorr
Program Officer, The Stanley Foundation
quarta-feira, 3 de junho de 2009
1137) Um debate sobre as cotas raciais e outras medidas em favor do Apartheid no Brasil
Por isso resolvi transcrever num post independente, os comentário sobre este tema, que primeiro apareceu neste blog, sob a forma seguinte:
Segunda-feira, Junho 01, 2009
1133) De volta ao problema do Apartheid racial: o problema das cotas
'País, que não se pensava dividido, está sendo dividido', aponta antropóloga
Yvonne Maggie elogia decisão do TJ do Rio, critica cotas raciais e defende investimentos na educação básica
José Meirelles Passos escreve para O Globo, 31.05.2009:
1) Transcrevo aqui os comentários encaminhados na sequência pela Gláucia, uma interlocutora habitual de meu blog, ainda que até aqui desconhecida, se ouso dizer:
Glaucia disse...
Professor,
Continuo aqui, ja que a alta produtividade do blog vai arrastando discussões até que bem recentes para o historico. Não faço questão de outroladismo, não, ja fico honrada com a aceitação da critica neste espaço.
Perdoe a falta de referência no post anterior; falava de um texto que esta em outro blog seu, e que identifica como a grande falha do sistema de cotas o aumento da disparidade intra-negros nos EUA.
Ora, esse, me parece, é o objetivo do sistema de cotas (ou de qualquer ação afirmativa) numa sociedade capitalista: igualar a "amplitude de desigualdade" na raça negra à do resto da sociedade.
Acho curioso - e um pouco comovente - como os mais conservadores e autoproclamados meritocratas se tornam igualitaristas, quando se trata de negar uma chance a quem esta no fundo.
Sobre essa entrevista, o que posso dizer? Trata-se de uma antropologa que vem à midia falar sobre direito, constituição, educação, eficacia de politicas sociais, sociologia - tudo, em suma, menos aquilo que ela apresenta como sua especialidade. Maior autoridade que ela, nisso, so se chamassem o Caetano para contribuir no debate.
Interessante também como parece não incomodar a xenofobia quase chavista dessa mesma autoridade intelectual juridico-politico-filosofica, em geral apontada como uma praga de latinoamérica, quando a conclusão é favoravel.
Pra mim, quando a midia faz isso confessa o proprio fracasso.
Não preciso então nem comentar a insinuação de que a picaretagem de politicos ligados a categorias profissionais seja uma consequência da "divisão da sociedade em raças".
De resto, pra uma abordagem juridica séria, recomendo o capitulo correspondente em Dworkin, Taking Rights Seriously. A tese principal é: não ha nada que, isoladamente e a priori, possa ser considerado como constituindo o que chamamos "mérito". "Mérito" é o que é socialmente aceito como tal.
Não vejo então por que negar com tanta veemência que se considere como mais meritorio um estudante que ultrapassou varias barreiras do que um que teve tudo na mão, quando estes obtenham depois de 17 anos de tratamento continuo a mesma nota, ou notas semelhantes.
E verdade que nem todos os estudantes negros terão tido tratamento horrivel, e que nem todos os brancos terão morado em mansões. Mas não é esse o ponto.
Trata-se de verificar empiricamente a existência de um desequilibrio, com base na lei dos grandes numeros, e de procurar corrigir - também com base na lei dos grandes numeros - esse desequilibrio. As historias individuais vão, algo tolstoicamente, se dissolvendo nalgo que é a historia do pais. O fato de que pudesse haver escravos brancos em rincões do pais, e de que do outro lado muitos negros pudessem ser livres, não impede de dizer que o que ocorreu no Brasil foi uma "escravidão negra".
A antropologa, no caso, esta fazendo o que se espera da intelectualidade brasileira: raciocinar a partir de principios abstratos e dai tirar conclusões bem-pensantes - ainda que sem nenhum suporte na realidade.
O que me impressiona, nesse debate, é o quanto gente acostumada ao "bottom line", às analises empiricas, afferrada à prevalência da eficiência sobre a filosofia, de repente se põe a divagar sobre nossa consciência enquanto sociedade, a nivel de povo. E se recusa a pinçar uma estatistica, a fazer um estudo de caso, a olhar em volta um segundo que seja.
Se fizerem isso, torna-se dificil argumentar que politicas color blind vão resolver o problema do Brasil num prazo de menos de três gerações.
Como sempre, um abraço!
(P.S. - Reconheço a façanha que é usar a expressão "apartheid social" pra argumentar contra as quotas; Adorno ficaria orgulhoso)
Quarta-feira, Junho 03, 2009 1:15:00 PM
2) Transcrevo aqui o comentário por mim efetuado, em 3.06.2009:
Glaucia,
Não vou tecer longos comentários ao seu já longo comentário. Vou me ater a fatos simples.
Fato 1: O Brasil, sim, conheceu a escravidão negra, africana.
Fato 2: Os negros libertos foram, sim, discriminados socialmente, não recebendo terras, compensações, educação ou trabalho.
Fato 3: Isso comprometeu, sim, suas chances de progresso social ao longo dos anos e décadas seguintes, por não disporem de condições mínimas de inserção no mercado de trabalho em condições de igualdade com outras categorias sociais, mas provavelmente no mesmo plano dos mestiços do interior -- quero aqui me referir aos "bugres", "cafuzos" ou mesmo mulatos livres vivendo no campo desde os tempos coloniais, como vaqueiros, agregados, trabalhadores de latifúndios etc -- que tampouco tiveram muitas chances na sociedade capitalista atrasada que era o Brasil do final do século 19 e início do século 20.
Fato 4: Sim, os negros constituem boa parte da população pobre e deseducada no Brasil, ou seja, na incidência estatística é mais fácil encontrar negros do que brancos nos estratos mais desfavorecidos.
Desses fatos se pretende extrair "conclusões" que levariam aos seguintes equívocos:
Equívoco 1: Selecionar certo número de negros para serem contemplados com cotas universitárias, no serviço público, nos filmes, etc.
Equívoco 2: Fazer os descendentes de outros negros, brancos pobres, mestiços remediados, netos de imigrantes analfabetos, burgueses, aristocratas, privilegiados em geral, pagarem por esse tipo de "inserção social".
Equívoco 3: Substituir o mérito individual, obtido através do estudo, do empenho pessoal, do trabalho duro, por uma seleção política, por parte de um tribunal racial ou uma medida legislativa de caráter aparentemente genérica, fazendo dos seus beneficiários cidadãos especiais, premiados com algum tipo de escada oficial, governamental, para ascender na escala social, e isso unicamente em virtude da cor de sua pele, e não de seu caráter, esforço ou condição social de origem.
Equívoco 4: Chamar essa política racial discriminatória de combate à desigualdade social, quando ela está criando, como apontado, uma desigualdade supostamente equivalente àquela existente na sociedade capitalista.
Equívoco 5 e mais perigoso: Considerar que esse tipo de política racialista vai criar uma sociedade mais inclusiva, mais solidária, em lugar de uma sociedade contaminada pelo ódio racial, o que nunca existiu no Brasil, a despeito da discriminação "natural" existente na sociedade (como em qualquer outra sociedade, infelizmente, por enquanto, se espera).
Estes são os meus fatos e minha leitura dos equívocos que se cometem em promover uma política de cotas e, mais ainda, uma Lei da Desigualdade Racial, que, se aplicada na Alemanha de Hitler em favor dos brancos e contra os judeus, deixaria os nazistas muito contentes.
Paulo Roberto de Almeida
1136) Tiananmen: 20 anos da revolta estudantil na China
Talvez os filhos desta geração sacrificada conheçam a democracia, mas terão primeiro de romper o monopólio político do Partido Comunista. Nenhuma democracia é possível no atual sistema.
Tiananmen, la révolte qui a ébranlé la Chine
De notre correspondant à Pékin, Arnaud de La Grange
Le Figaro, 03/06/2009
Quand le mouvement de grève de la faim se déclenche le 13 mai et que l'occupation de la place Tiananmen devient effective, la population pékinoise s'est largement rangée aux côtés des étudiants.
Quand le mouvement de grève de la faim se déclenche le 13 mai et que l'occupation de la place Tiananmen devient effective, la population pékinoise s'est largement rangée aux côtés des étudiants. Crédits photo : AP
Dans la nuit du 3 au 4 juin 1989, l'Armée populaire de libération ouvre le feu sur les jeunes contestataires qui manifestent depuis plusieurs semaines dans la capitale. C'est la fin du «printemps de Pékin».
Il y aura vingt ans exactement cette nuit, le sang coulait au cœur de la capitale d'un pays que, durant une décennie pourtant, le monde avait regardé s'adonner avec frénésie aux réformes. La Chine venait de connaître six semaines où le cours de l'histoire avait débordé, dépassant tout le monde, le pouvoir comme le camp prodémocratique.
Tout a commencé le 15 avril 1989, avec l'annonce de la mort du réformateur Hu Yaobang, dont la popularité n'a cessé de grandir depuis qu'il avait été limogé deux ans auparavant. Des étudiants se rendent alors en grappes pour lui rendre hommage devant le monument aux héros place Tiananmen. Ils ne veulent pas renverser le régime, juste obtenir une réaffirmation de la réforme politique. Le 20 avril, ils sont des milliers à se rendre devant l'entrée de Zhongnanhai, la «nouvelle cité interdite» des barons communistes, pour demander la «réévaluation du rôle de Hu Yaobang», plus de liberté d'expression et moins de corruption. Devant l'absence de réponse, hormis quelques coups de matraque, le mouvement va se structurer. Dans les universités, les étudiants créent des associations autonomes pour remplacer les unions officielles liées au Parti.
Un «immense gâchis»
Quand le mouvement de grève de la faim se déclenche le 13 mai et que l'occupation de la place Tiananmen devient effective, la population pékinoise s'est largement rangée aux côtés des étudiants. C'est l'occasion de protester contre l'augmentation du coût de la vie, de demander plus de justice, plus de liberté de la presse pour lutter contre la corruption et l'arbitraire des cadres du Parti. Mais les ouvriers, longtemps tenus à distance par les étudiants d'ailleurs, ont à peine le temps de commencer à s'organiser. Il n'y aura pas de «Solidarnosc chinois».
L'histoire bascule en deux journées. Le 17 mai, lors d'une réunion chez Deng Xiaoping, le patron du PC, Zhao Ziyang, et son bras droit Bao Tong sont accusés d'avoir favorisé l'essor du mouvement étudiant. Deng Xiaoping dresse le tableau d'une anarchie croissante, du risque de perte de contrôle total de la situation et suggère l'instauration de la loi martiale. Le 18 au matin, la décision est prise. Zhao Ziyang décide de jeter l'éponge. «Je me suis dit que quoi qu'il arrive, je refuserai d'être le secrétaire général du Parti qui aura mobilisé la troupe pour tirer sur les étudiants», raconte-t-il dans ses mémoires posthumes qui viennent d'être publiés aux États-Unis et à Hongkong. Le soir du 19 mai, on voit ces images terribles de Zhao Ziyang - accompagné de l'actuel premier ministre Wen Jiabao - descendre au-devant des étudiants sur la place Tiananmen. Il les exhorte à rentrer chez eux, fait ses excuses. «Nous sommes venus trop tard», finit-il par lâcher, les larmes aux yeux.
Trop tard, en effet. La loi martiale est promulguée le 20 mai et l'armée reçoit l'ordre de faire mouvement. Partout, des barricades sont dressées, des murs humains se forment pour freiner l'avancée des soldats. Parfois, la violence éclate. Entre le 20 mai et le 3 juin, l'armée se trouve paralysée dans une ville en ébullition. Les soldats avaient l'ordre de ne pas menacer la foule, de ne pas tirer et beaucoup n'auront longtemps pas de munitions dans leurs chargeurs. Dean Peng, alors assistant de recherche à l'Institut de l'énergie atomique de l'université de Pékin, était sur la place Tiananmen la nuit du 3 au 4 juin. Il se souvient qu'à ce moment-là, il y avait de moins en moins d'étudiants et de plus en plus de chômeurs dans les rues. Le mouvement étudiant donnait des signaux contradictoires d'essoufflement et de radicalisation. «Rétrospectivement, je me rends compte de l'immense gâchis que tout cela a été, raconte-t-il, même chez les durs du pouvoir, personne ne voulait de ce bain de sang, d'où ce sentiment de honte qui perdure jusqu'à aujourd'hui chez nos dirigeants.»
Nettoyer la place
Pour Dean, le drame est venu d'une montée aux extrêmes presque mécanique. Pourtant peu suspect de sympathie pour le Parti, qui pour lui n'est plus aujourd'hui le PCC mais «la FCC, fraction communiste de Chine», cet homme de 41 ans estime qu'«il y a eu des erreurs tactiques des deux côtés». «Les étudiants ont poussé trop loin à un moment, laissant croire à Deng que son pouvoir était menacé sur le fond. Le pouvoir a fait lui une erreur énorme en décrétant la loi martiale, qui a irrité les gens, alors que tout aurait pu se gérer sans violence, les revendications étant très vagues et pas structurées politiquement». Le problème, selon lui, c'est qu'aucun des deux camps n'avait l'expérience de ce type de confrontation. «Et c'est devenu un problème de “face”, poursuit-il. Les étudiants, s'ils se retiraient, montraient qu'ils avaient peur. Deng, s'il ne parvenait pas à rétablir l'ordre alors qu'il avait poussé à la loi martiale, perdait la face.»
L'ordre est donné le 3 juin de nettoyer la place à tout prix. Mais les consignes stipulent que le sang ne coule pas sur Tiananmen. De fait, la plupart des morts seront à déplorer dans les avenues adjacentes ou dans différents quartiers de la capitale. Lynchages de soldats, tirs contre des barrages humains de civils, la violence court avec la nuit qui avance. «Avec mon mari, nous avons cherché notre fils Wu Xiangdong toute la nuit, raconte Xu Jue, une adorable femme de 70 ans, qui était géographe chercheur à l'époque. On a vu une foule se déchaîner contre un soldat. Je n'ai pas compris. Et puis j'ai vu ces mêmes soldats abattre un rang entier de manifestants qui barraient la rue. Je ne comprenais plus rien. C'était terrible.» Après avoir couru tous les hôpitaux, le couple ne retrouvera son fils qu'au petit matin. Mort, son cadavre aligné auprès d'autres dans le garage à vélos de l'hôpital. Il avait 21 ans.
Aujourd'hui, avec bien d'autres «mères de Tiananmen», Xu Jue a écrit son histoire, archivée sur un site américain «pour que la mémoire ne meure pas». Elle montre la chemise que portait son fils à Tiananmen, bardée des signatures de ses amis. Son testament, aussi, écrit le 20 mai, quand la loi martiale a été instaurée. «Mes chers parents, pardonnez-moi si je ne suis pas très obéissant, a écrit le jeune homme, mais ce que je fais est digne de mon nom chinois». Officiellement, la «tempête politique» de mai 1989 a fait 241 morts. Xu Jue ne demande aujourd'hui que trois choses : que la vérité sur les faits et le bilan des victimes soient rétablis, que l'on dise officiellement qui a donné l'ordre de tirer et qu'une indemnité soit donnée aux familles, «pas pour l'argent, mais pour le principe». Et que l'État de droit et la liberté d'expression ne soient pas aussi en retard sur le développement économique. «L'année dernière, j'ai voulu aller me recueillir sur la tombe de Zhao Ziyang, dit-elle, six policiers m'ont arrêtée et emmenée dans une voiture. Un grand pays peut-il traiter comme cela une femme âgée, dont le seul crime est d'avoir perdu son fils il y a vingt ans ?»
» Pékin sur la défensive avant l'anniversaire de Tiananmen
» BLOG - L'espérance indéfectible de Bao Tong
terça-feira, 2 de junho de 2009
1135) O Fim do Desenvolvimento: um texto provocador
(agora só falta melhorar socialmente o Brasil)
Paulo Roberto de Almeida (www.pralmeida.org)
Pretendo, neste texto deliberadamente provocador e voluntariamente desprovido do aparato referencial constante dos ensaios “científicos”, formular uma série de argumentos sobre o que eu entendo ser o caráter basicamente desenvolvido da formação econômica e política do Brasil. A ausência de citações e remissões a obras acadêmicas não quer dizer que meus argumentos tomem como base apenas opiniões pessoais ou que eles refletem tão somente uma interpretação subjetiva da realidade que pretendo descrever. Ao contrário, meus argumentos tendem a expressar o resultado de vários anos – talvez décadas – de estudo dos problemas de desenvolvimento econômico, político e social do Brasil, em perspectiva histórica e numa visão comparada com outras experiências internacionais.
As seções seguintes estão, justamente, organizadas em função desses argumentos, que constituem uma série de afirmações um tanto quanto provocadoras, consoante meu desejo de confrontar a opinião corrente, que reputo como de “senso comum”, sobre o processo evolutivo e o estágio atual do que chamei de “desenvolvimento brasileiro”. Isto é, ao considerar que o processo de desenvolvimento está “acabado” no Brasil, parto da idéia de que o Brasil conseguiu realizar o essencial de uma trajetória relativamente bem sucedida de desenvolvimento, ainda que isto não se reflita inteiramente nos indicadores sociais mais eloqüentes a este respeito. Sei que meus argumentos são controversos, mas estou disposto a sustentar o “fogo adverso”, com base em argumentos bem informados sobre os problemas aqui levantados.
Todo exercício de “contrarianismo acadêmico” tende a provocar reações que se dirigem, muitas vezes, mais ao formulador dos argumentos expostos do que à substância da matéria em si, o que espero não ocorra no presente caso. Convido, em todo caso, o leitor destas linhas a tentar abstrair o invólucro “desenvolvimentista” que costuma enquadrar as análises econômicas e sociais sobre a situação brasileira, para ver a condição do país do ponto da ciência social “normal”, isto é, aquela que se dirige à própria essência da questão, não diferenciando entre países em função de categorias políticas, criadas artificialmente.
Sumário:
1. O Brasil é um país desenvolvido
(mas ele ainda não sabe disso e parece não querer ser informado a respeito)
2. Como o Brasil se tornou desenvolvido
(pequeno manual de desigualdades sociais)
3. O desenvolvimento é uma “fatalidade”, humana e civilizacional
(mas muitos insistem em velhas atitudes mentais)
4. Quais problemas impedem o Brasil de se considerar realmente desenvolvido?
(um outro manual sobre tarefas aparentemente simples)
5. O fim do desenvolvimento
(só falta trabalhar mais um pouco)
Para ler este texto completo, clicar aqui.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 15 de novembro de 2004
segunda-feira, 1 de junho de 2009
1134) Economia Politica do Intelectual
Economia política do intelectual
O intelectual pode ser definido como sendo, essencialmente, um produtor de saber ou, pelo menos, de idéias (nem sempre originais).
Pretendo, nestas breves considerações em torno da economia política dos intelectuais, oferecer uma visão cética, ou pelo menos crítica, sobre alguns dos mitos da nossa época, entre eles o do intelectual público enquanto figura de proa dos movimentos vanguardistas, ou progressistas, e portanto, de uma figura isenta que encarna, supostamente, os melhores valores da racionalidade e do humanismo. Ainda que tudo isso possa ser justificado, em bases racionais, ou legitimado socialmente, nenhuma restrição de ordem conceitual ou filosófica deveria nos impedir de examinar essa figura ímpar da modernidade – mas, na verdade, eles não são tão modernos assim, nem tão excepcionais quanto se quer fazer acreditar –, tendo como base analítica essencial a relação de custo-benefício que eles costumam apresentar para a sociedade e como único critério a dissecação sem compaixão desse obscuro objeto de admiração (por vezes indevida).
Sumario:
1. Certidão de nascimento ou temporalidade difusa?
2. Natureza do produto e valor agregado: ativos tangíveis e intangíveis
3. Volatilidade e imperfeição dos mercados intelectuais
4. Um tipo específico de intelectual: a “vaca sagrada”
5. Intelectuais de marca ou genéricos?
6. A substituição de importações intelectuais no caso brasileiro
7. Regulação e concorrência do mercado de intelectuais
8. As finanças dos intelectuais: transparência e recursos não-contabilizados
9. Uma lei de responsabilidade social para os intelectuais?
Interessados, invejosos, candidatos a intelectuais (mas nao recomendo, neste caso), enfim, curiosos em geral, podem ler a integra neste link:
http://www.domtotal.com/colunistas/detalhes.php?artId=676