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sábado, 2 de novembro de 2024

Maduro e Lula: relações perigosas, por Janaina Figueiredo - Clara Simão (CBN)

'Nunca foi tão ruim a relação de Lula com o chavismo e tende a piorar', afirma correspondente

No programa Viva Voz, comandado por Vera Magalhães, a colunista do O Globo e correspondente Janaina Figueiredo analisa as tensões entre Brasil e Venezuela, principalmente após a cúpula do BRICS.


Por Clara Simão, CBN, 1/11/2024

Em um novo episódio de tensões diplomáticas, nesta quarta-feira (30), Nicolás Maduro convocou o embaixador da Venezuela no Brasil para retornar a Caracas, além de chamar o encarregado de negócios brasileiros na capital venezuelana para expressar seu mal-estar em relação a declarações do assessor especial da Presidência, Celso Amorim.

O governo venezuelano afirmou que Amorim está se comportando como um mensageiro do imperialismo norte-americano e fazendo julgamentos de valor sobre processos que dizem respeito apenas à população da Venezuela e às instituições democráticas do país. 

No Viva Voz, comandado por Vera Magalhães, a colunista do O Globo e correspondente Janaina Figueiredo analisa a questão, destacando a quebra de confiança entre os países e as tensões após a cúpula do BRICS em Kazan. Ela apontou que o governo de Lula nunca esteve tão mal relacionada com o chavismo. 

Janaina afirmou que, neste momento, não existe interlocução do Brasil com a Venezuela, uma vez que Lula já está 'sem paciência' com o país desde as eleições de 28 de julho, que teve resultado contestado após Maduro se autodeclarar vencedor.

'Eu conversei com várias fontes e me disseram que o diálogo desde a cúpula de Kazan, na semana passada, na Rússia, é zero. Não há diálogo hoje entre Brasil e Venezuela. A interlocução está absolutamente suspensa, até que isso possa ou não ser recuperado. Eu acho que o presidente Lula perdeu totalmente a paciência com a Venezuela. Isso não é de hoje, isso já vem se arrastando. Eu acho que a eleição de 28 de julho foi o auge dessa irritação de Lula'

Figueiredo contou que, em reunião cordial em Caracas, entre o encarregado de negócios do Brasil na Venezuela e altas autoridades da chancelaria venezuelana foi afirmado que a relação com o Brasil é de grande importância para o país. No entanto, eles dizem não entender a posição de Celso Amorim. 

'Pelo que eu reconstruí da reunião, foi cordial, onde foi dito a eles que a relação com o Brasil é importante, mas que eles não entendem a posição de Celso Amorim. Então, a relação realmente está numa situação crítica para o governo Lula. Nunca foi tão ruim a relação de Lula com o chavismo e tende a piorar. Eu acho que ainda não é possível, nem realista, pensar numa ruptura. O Brasil não quer essa ruptura e a Venezuela também não quer, mas está escalando.

 Para a correspondente, é surpreendente ouvir os venezuelanos surpresos com a decisão do Brasil de fechar a porta do BRICS para o país: 

"Então, para mim, é surpreendente ouvir os venezuelanos, fontes minhas, pessoas que eu conheço: 'nossa, mas que absurdo! O Brasil fechou a porta do BRICS para a Venezuela, mas que absurdo! Como é que o Celso Amorim faz isso com a gente?'. Mas como não fazer? Ou seja, a Venezuela deu todos os elementos para que o Brasil dissesse, nessas condições: 'não aceitamos a Venezuela no BRICS'. Não é uma situação, não é uma incorporação oportuna. Celso Amorim, numa entrevista que eu fiz com ele semana passada, foi muito claro: 'quebrou-se a confiança entre Brasil e Venezuela'. Isso é muito, é uma declaração muito forte"

Ouça a análise completa:




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