O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

1310) Mercosul, algumas publicacoes (para nao me perder)

Recebi, nesta sexta feira, um livro do qual eu participei, em 2007, mas que nunca tinha recebido desde essa época.
O livro é este:

Rubens A. Barbosa (organizador):
Mercosul revisitado
(São Paulo: Fundação Memorial da América Latina, 2007, 80 p.; Coleção Cadernos da América Latina)

O trabalho com que participei é este aqui:
“Mercosul: uma avaliação retrospectiva e uma visão prospectiva”, p. 57-75.
(preciso ver uma maneira de disponibilizar esse texto, após um controle do original).

Na verdade, esse texto foi encaminhado ao Memorial para colaborar com a revisão do livro que tinha sido lançado em 2006:

Rubens Antônio Barbosa (org.):
Mercosul quinze anos
(São Paulo: Fundação Memorial da América Latina- Imprensa Oficial do Estado, 2007, 304 p.).

No seminário de lançamento eu apresentei este trabalho:

“Sete teses impertinentes sobre o Mercosul”
(Brasília, 14 março 2007, 4 p.)
Tratava-se de um enunciado de questões em torno das dificuldades do Mercosul e de propostas correspondentes para um reenquadramento no mainstream da integração.
Elas foram apresentadas, sob o título “O Mercosul e suas sete encruzilhadas”, em formato de Power Point no lançamento do livro acima citado.
Num formato de texto, eu publiquei esses comentários em Via Política (22.04.2007).
Creio, modestamente, que vale a pena, ainda, reler essas "teses impertinentes". Elas continuam impertinentes, inclusive porque o Mercosul não avançou, ao contrário, recuou.

No final do ano, eu respondi a uma consulta Delphi promovida por curso de Negociações Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Minhas respostas, consolidadas, mas sem a divulgação quanto à utilização inicial, foram publicadas como abaixo:

Uma pesquisa sobre o Mercosul: sua possível evolução até 2011 e 2021
Revista Espaço Acadêmico (ano 7, nr. 79; ISSN: 1519-6186; dezembro 2007).

Antes, na época do seminário, eu tinha respondido a um questionário de jornalista, que nunca foi divulgado em sua integra. Aproveito esta oportunidade para fazê-lo:

“Mercosul revisitado”

(Brasília, 1740: 30 março 2007, Respostas a questões colocadas por jornalista)

1) Em sua resenha do livro Mercosul quinze anos (São Paulo: Memorial da América Latina-Imprensa Oficial do Estado, 2007), o Sr. compara o Mercosul a um “aborrecente”. Caso ele esteja de fato condenado a ser um eterno adolescente, quais seriam as implicações para o Brasil no contexto de pai-fundador?
PRA: O Mercosul foi concebido com base numa declarada intenção política dos dirigentes máximos, os presidentes dos países membros, de aprofundar os laços de interdependência recíproca e de caminhar no sentido de ser estabelecido um espaço econômico comum, sem que talvez se levasse em conta as dificuldades de um processo de integração em meio às crises hiperinflacionárias e aos programas de estabilização macroeconômica que esses países enfrentaram desde os anos 1980 até o início da presente década.
Tanto na fase bilateral (1986-1990), Brasil-Argentina, quando o processo foi mais afirmadamente “dirigista” (com administração quantitativa do comércio bilateral e com protocolos setoriais negociados entre os dois países), como no âmbito do Mercosul (a partir de 1991), quando a orientação era bem mais livre-cambista, o Mercosul foi concebido para alcançar objetivos muito ambiciosos, que ainda não puderam ser cumpridos em função das dificuldades naturais dos processos de integração e também da instabilidade macroeconômica enfrentada por alguns de seus membros.
Nesse sentido, ele ainda precisa “crescer” bem mais e aprofundar os compromissos internos de desgravação e abertura recíproca e os projetos externos de maior inserção econômica e competitividade mundial. O Brasil, que se sente realmente responsável pelos destinos do Mercosul, atua por vezes de forma descoordenada, no plano interno, e de maneira contraditória aos objetivos integracionistas, uma vez que as diferentes burocracias setoriais – proteção ao consumidor, Receita Federal, órgãos normativos diversos etc. – nem sempre se pautam por essa perspectiva ao adotarem ou implementarem diferentes medidas de âmbito interno que podem eventualmente impactar de modo negativo a construção ou o reforço do Mercosul.

2) O Sr. elaborou sete teses sobre o processo de dificuldades que enfrenta o Mercosul. Em uma delas - Mimetismo indevido e foco em supostas assimetrias – e também em sua resenha no livro citado acima, o Sr. mostra que o Brasil é considerado (por quem?) de maneira equivocada como um país não-assimétrico ou “então o assimétrico absoluto, portanto encarregado de redimir os males existentes”. Tal redenção dos males existentes significa que o Brasil tem de contribuir com 70% dos US$ 100 milhões de obrigações não-reembolsáveis do Focem (Fundo de Correção de Assimetrias), mas só se beneficia com 10% dos projetos a serem financiados, majoritariamente voltados para o Paraguai e Uruguai (que aportam 3% do capital)? Por quê? Até quando?
PRA: Acredito que os demais sócios do Mercosul consideram que o Brasil, por ser o país mais avançado industrialmente, e também o maior em volume absoluto e relativo – maior massa territorial, maiores mercados em vista da população, maior volume de comércio interno e externo ao Mercosul, capacitação tecnológica etc. – deveria ser o país a “conceder” maiores vantagens aos demais, sem necessariamente exigir reciprocidade. Pode-se até imaginar que nosso país, em vista dessa dotação favorável de fatores primários, deva, efetivamente, fazer o maior esforço para concretizar a integração, mas esta é uma suposição política, não uma conclusão derivada dos dados da realidade. De todos os países, nossos indicadores sociais só conseguem ser melhores do que os do Paraguai, e em termos de assimetrias internas – desigualdades sociais e desequilíbrios regionais –, nosso país é certamente o campeão.
Por outro lado, as chamadas “assimetrias estruturais” decorrem de fatores muito poderosos, que atuam em nível de mercado, não sendo necessariamente corrigidas por iniciativas governamentais que atuam na superfície dos problemas. A experiência histórica indica que problemas econômicos estruturais são mais facilmente corrigidos quando se atua em sentido coincidente com os mercados do que tentando corrigir supostas “falhas de mercado” que expressam competitividades derivadas de especializações adquiridas ao longo do tempo, muito difíceis de serem alteradas por pequenos programas de financiamentos governamentais.

3) Talvez já terá respondido esta nas questões acima. Do contrário, quais os principais prós e contras para o Brasil como integrante do Mercosul?
PRA: Existem muitos argumentos a favor do Mercosul: ampliação dos mercados, economias de escala, modernização tecnológica derivada da competição ampliada, maior inserção econômica internacional – uma vez que a integração é uma espécie de mini-globalização – e outros elementos mais vinculados à cooperação política, cultural, tecnológica etc. Todos eles recomendam e determinam a abertura econômica e a liberalização comercial recíproca, a construção de empresas sólidas para atuar no plano mundial, a atração de investimentos externos, a futura conversibilidade das moedas nacionais (e até a eventual adoção de uma moeda única, num mercado verdadeiramente unificado), enfim, são inúmeros os elementos positivos num processo de integração. O Brasil certamente se beneficiou do Mercosul na última década e meia, com ampliação significativa do comércio regional e expansão de suas empresas para os países vizinhos.
Quanto aos possíveis elementos menos positivos, poderiam ser citados: o desvio de comércio – ao dar preferência a produtos vizinhos, eventualmente de menor qualidade e até mais caros do que os de terceiros países, mas protegidos pela eliminação da tarifa –, o desvio de investimentos – que pode não obedecer a critérios unicamente econômicos – e outros elementos ligados a uma possível introversão do processo – quando os países visam mais os mercados recíprocos, num jogo limitado à própria região, do que os terceiros mercados, mundiais. Eles podem ser minimizados, se os países membros adotam políticas comerciais e industriais de abertura e de inserção na economia mundial, mas há sempre o risco de comportamentos predatórios no próprio bloco de integração.
A solução para alguns desses problemas está num firme decisão política de se ater às regras do jogo, consolidando-as, se necessário, num arcabouço jurídico capaz de garantir essas regras contra comportamentos protecionistas dos membros, eventualmente por via de um tribunal autônomo de solução de controvérsias (entre países e também de acesso às empresas e particulares).
Um possível problema, para um país como o Brasil, é a perda de soberania – sobre as políticas econômicas e setoriais, por exemplo – que todo processo de integração implica, em última instância. Quando se decide caminhar para a integração é preciso saber aceitar essa perda de soberania, pois se trata de uma limitação à capacidade nacional de adotar regras em benefício dos agentes econômicos e sociais do próprio país. A dimensão integracionista passa a estar integrada ao processo decisório e de formulação e implementação de políticas nacionais.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 30 de março de 2007

1309) Volta ao Mundo em 25 Ensaios (two, so far...)

Dei início, recentemente, a uma série interconectada de 25 ensaios sob o tema geral:

Volta ao Mundo em 25 ensaios

todos destinados ao site Ordem Livre, onde já tinha publicado outros trabalhos (neste link).

Até o presente momento dois ensaios foram publicados:

1. Por que o mundo é como é (e como ele poderia ser melhor...)
Ordem Livre (18.01.2010)

2. Economia mundial: de onde viemos, para onde vamos?
Ordem Livre (1.02.2010)
Republicado no Instituto Millenium (5.02.2010)

A série, cujos ensaios devem ser publicados a cada 15 dias aproximadamente, compreenderá ainda os seguintes artigos:

3. Política internacional: por que não temos paz e segurança?
4. Direitos humanos: o quanto se fez, o quanto ainda resta por fazer
5. Políticas econômicas nacionais: divergências e convergências
6. Cooperação internacional e desenvolvimento: isso muda o mundo?
7. Guerra e paz no contexto internacional: progressos em vista?
8. Individualismo e interesses coletivos: qual a balança exata?
9. Duas tradições no campo da filosofia social: liberalismo e marxismo
10. Como organizar a economia para o maior (e melhor) bem-estar possível
11. Livre comércio: uma idéia difícil de ser aceita (e, no entanto, tão simples)
12. Políticas ativas pelos Estados funcionam?; se sim, sob quais condições?
13. Competição e monopólios (naturais ou não): como definir e decidir?
14. Orçamentos públicos devem ser sempre equilibrados?
15. Países ou pessoas ricas o são devido a que os pobres são pobres?
16. Preeminência, hegemonia, dominação, exploração: realidades ou mitos?
17. Por que a América Latina não decola: alguma explicação plausível?
18. Por que o Brasil avança tão pouco: sumário das explicações possíveis
19. Distribuição de renda: melhor fazer pelo mercado ou pela ação do Estado?
20. Brasil: o que poderíamos ter feito melhor, como sociedade, e não fizemos?
21. Qual a melhor política econômica para o Brasil?: algumas opções pessoais
22. Qual a melhor política externa para o Brasil?: algumas preferências pessoais
23. O que podemos aprender com a experiência dos demais países?
24. Nossa contribuição para o mundo: onde o Brasil pode ser melhor
25. Uma volta ao mundo em 25 ensaios: itinerário percorrido e o que resta fazer

À suivre, donc...

1308) O Brasil e seus criterios de "prosperidade"

Legatum Prosperity Index for Brazil
Report for Brazil in pdf

O Brasil está melhor, no conjunto da América, do que os países ditos "bolivarianos", invariavelmente nas últimas colocações da região, graças, suponho, ao seu desapreço pelas liberdades individuais, pela economia de mercado e o total desestímulo à economia empreendedora, preferindo eles a economia estatal. Azar deles.
Mas o Brasil tampouco é privilegiado no terreno econômico e social, com sérios desequilíbrios internos e deficiências graves em áreas como segurança pessoal e educação.

Brazil 41st place
Fast Facts
Population: 198.7 mn (2009 est.)
GDP (per capita): $10,200 (2008 est.)
GDP (PPP): $93.8 bn (2008 est.)
GDP (growth): 5.1% (2008 est.)
Inflation: 3.6% (2007)
Life Expectancy: 60 years (2003)
Unemployment 9% (2007)
Average Life Satisfaction: 6/10 (2008)
Freedom House Rating: Free (2009)

Index Comparisons for Brazil:
Index Comparisons
(Rank / Number of countries)
Legatum Prosperity Index: 41st / 104
Average Life Satisfaction Ranking: 38th / 104
Per Capita GDP Ranking: 56th / 104
WEF Global Competitiveness Index: 56th / 133
UN Human Development Index: 70th / 179
Heritage/WSJ Economic Freedom Index: 105th / 178
TI Corruption Perceptions Index: 80th / 180
Vision of Humanity Global Peace Index: 85th / 144


Economic Fundamentals - Ranked 54th
A large labour force with access to high levels of physical capital leads to productivity in the economy

Brazil is Latin America’s largest economy. It has a large labour force and workers enjoy high levels of access to productive physical capital, such as machinery, factories and offices. However, the unemployment rate runs at 9%, putting Brazil in the bottom 30 on this variable. Loan defaults are very low, but Brazil has the second highest margin between lending and borrowing interest rates – 14 percentage points – indicating a serious lack of competition within the banking sector. Manufactured goods rather than raw materials generate most export revenues, but export revenues overall are very low when compared to the cost of imported goods, ranking the country only 80th worldwide. Brazil receives very little foreign direct investment, ranking the country 69th on this variable. However, domestic savings are slightly low at 19% of GDP, and household expenditure as a percentage of GDP is the 10th highest in the Index, which allows Brazil to sustain a significant domestic market.

Entrepreneurship and Innovation - Ranked 37th
Brazil has the most barriers to business start-ups, and yet the second highest number of new businesses

Despite the extremely high 17 formal business start up procedures, 490,542 new businesses were registered in 2007, the second highest figure in the Index, suggesting Brazil to be a place of entrepreneurial determination. The level of internet infrastructure as measured by bandwidth is the 23rd highest in the Index, but the number of secure servers per person only ranks around the global average. Computer access is very low by global standards at just 16 personal computers for every 100 citizens, but this is still the highest figure among the South American countries. High-tech and ICT exports as a percentage of manufactured exports are moderately strong at 12% and 3.2%, respectively, placing Brazil amongst the top 50 with respect to these variables. R&D as a percentage of GDP is very low at just 0.7%, a figure that compares badly with other large industrialised economies, indicating weak commercialisation of innovation. However, payment for royalties is high, indicating that Brazil is able to capitalise on its intellectual property. In terms of value added by the service industry, Brazil ranks in the top third, internationally.

Democratic Institutions - Ranked 38th
Brazil ranks as the third most democratic country in South America, but excessive checks and balances may be blocking effective policy implementation

There is open competition among rival political parties for the office of the President, and the office is assigned through free and fair democratic elections. There is also a high level of open political competition among multiple parties for the legislature. Political rights and civil rights are categorised as very high, allowing citizens to participate in elections and associate with political parties. The political system has the second highest number of checks and balances in the Index. In addition, the judiciary is not independent, but subject to interference from other branches of government, and regime stability is average, with Brazil ranking 43rd in the Index on this variable.

Education - Ranked 58th
Brazil’s educational expenditure is very low compared to other large industrialised economies

Primary school enrolment is above the global average, with 94% of school-aged children enrolled in primary school, but Brazil is fourth from bottom among South American countries on this variable. At this education level, there is one teacher for every 21 children and the enrolment ratio of girls to boys is very high, suggesting that girls enjoy good access to education. Brazil scores highly for gross secondary enrolment, ranking 13th, internationally, but falls to 65th for gross tertiary enrolment. Brazil ranks 63rd on the number of years of secondary education per worker, which suggests correspondingly low labour productivity. Levels of tertiary education are average, with 25% of the eligible population enrolled in a higher education establishment, and an average of 3.6 years of tertiary schooling per worker, which places Brazil at 65th and 73rd respectively on these measures. Educational expenditure per student is less than $1,400, a below average figure, internationally.

Health - Ranked 64th
Brazil competes with the world’s poorer countries on most measurements of health, including life expectancy

On average, Brazilians have a health-adjusted life expectancy of 60 years, with 21% of respondents saying they suffered non-age-related health problems and 28% reporting pain.* These figures are all significantly above the global average. Infant mortality, at 2%, also ranks around the average compared to other countries in the Index. The incidence of undernourishment is moderate at 7%. Brazil receives average ratings on the number of doctors and hospital beds for the population, at 12 and 24 per 10,000 people, respectively. 77% of the population has access to improved sanitation facilities and the same percentage of respondents said they were satisfied with the quality of their water.* Only two-thirds of respondents said they felt well rested but subjective reports of health satisfaction were the 38th highest in the Index.*

Safety and Security - Ranked 79th
Brazil ranks in the bottom 10 on political terror and murder, and many Brazilians are worried about personal safety

Brazil faces serious security concerns related to the presence of cross-border refugees and internally displaced persons. Human flight also poses a serious challenge, as does political terror, with the country ranking 94th on the variable that assesses the government’s use of violent methods against its own citizens. The murder rate is very high at approximately 29 people per 100,000 capita, putting Brazil amongst the bottom 10 countries in the Index for this variable, and 60% of Brazilians don’t feel safe walking alone at night.* Although subjective perceptions of safety are among the worst in the Index, crime rates are slightly closer to Index averages, with 11% of respondents having been a victim of assault and 18% reporting theft of household property in 2008; Brazil ranks 82nd and 71st on these two variables.* There were no deaths due to civil war in 2008.

Governance - Ranked 53rd
In Brazil, politicians, businesses, and the judicial system are held in low regard and corruption is perceived to be widespread

Although Brazilians are free to participate in the political and electoral process, only 26% of respondents said they were confident in the honesty of elections – the 10th lowest ranking country in the Index.* The rule of law is implemented equally and universally but only 40% of respondents polled are confident in the judicial system.* Similarly, 72% of respondents said they believe local businesses and politicians are corrupt.* Regulation is poor and governmental effectiveness is low, suggesting uncompetitive conditions for enterprise and inefficient bureaucratic practices. Despite such perceptions, Brazil still has the second highest levels of confidence in local businesses in the region.* Confidence in the country’s military is also very low, with fewer than half of respondents expressing confidence in the armed forces.*

Personal Freedom - Ranked 16th
Brazil is a welcoming country for ethnic minorities and immigrants, and there are high levels of personal freedom

Brazilians enjoy the highest possible rating for freedom of movement, religion, and speech. Tolerance for ethnic minorities and immigrants is very high, with more than eight out of 10 respondents believing that Brazil is a good place for these minorities.* Eight out 10 respondents also said they were satisfied with their freedom to choose what to do with their lives.*

Social Capital - Ranked 62nd
Brazilians are very religious and more inclined to help a stranger than not but few say they trust others

While Brazil has the fifth highest religious membership in the Index at 77%, membership in arts, sports, and environmental associations is low, at 19%, 15%, and 7%, respectively.* Social support networks are strong, as almost half of Brazilians are married, and 88% believe they can rely on friends and family.* Volunteering and charitable giving are about average for the Index, with 26% of respondents giving money and 16% giving their time in 2008.* In Brazil, less than one in 10 believe others are trustworthy, but despite this, just over half of respondents say they would help a stranger, putting Brazilians in the top third of countries on this latter variable.*

* Data taken from the Gallup World Poll

1307) O Brasil no Indice Mundial de Prosperidade

O Legatum Institute publica, todo ano, um Legatum Prosperity Index, parte de um relatório que estabelece uma classificação de países segundo nove critérios (drivers) de prosperidade econômica e social, inclusive no terreno da governança e das liberdades pessoais.

O Brasil aparece muito mal na foto, pois só tem um UNICO critério classificado como satisfatório (liberdades pessoais), todo o resto estando na média (e possivelmente abaixo da média), com o critério "segurança pessoal" em vermelho (sabemos porque).
Ele está em 41. lugar, entre 104, sendo o primeiro a Finlândia e o último o Zimbabue.
Abaixo uma comparação entre esses três países, mostrando que se estamos bem melhor do que o país africano, ainda falta muito para alcançar o primeiro lugar.


Finlândia (verde); Brasil (azul); Zimbabue (vermelho)

The 2009 Legatum Prosperity Index
What is the Prosperity Index?

The Legatum Prosperity Index is the world’s only global assessment of wealth and wellbeing; unlike other studies that rank countries by actual levels of wealth, life satisfaction or development, the Prosperity Index produces rankings based upon the very foundations of prosperity – those factors that help drive economic growth and produce happy citizens over the long term.

* Read the executive summary

* Download the 2009 Report

The nine building blocks of prosperity:
• Economic Fundamentals
• Entrepreneurship and Innovation
• Democratic Institutions
• Education
• Health
• Safety and Security
• Governance
• Personal Freedom
• Social Capital

Regional Ranking: The Americas

7 Canada
9 United States
32 Costa Rica
33 Uruguay
36 Chile
38 Argentina
40 Trinidad and Tobago
41 Brazil
42 Panama
43 Mexico
49 Jamaica
52 Belize
54 Dominican Republic
57 Paraguay
60 El Salvador
64 Peru
65 Colombia
66 Honduras
67 Guatemala
71 Ecuador
72 Nicaragua
73 Bolivia
74 Venezuela

Em próximo post, os dados para o Brasil explicados.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

1306) Sobre a (ir)Responsabilidades dos Intelectuais

Meu mais recente artigo publicado:

Paulo Roberto de Almeida:
Sobre a responsabilidade dos intelectuais: devemos cobrar-lhes os efeitos práticos de suas prescrições teóricas?
Revista Espaço Acadêmico, Vol. 9, No 105 (2010), p. 149-159

Resumo:
Ensaio de natureza opinativa sobre o papel dos intelectuais marxistas na trajetória prática do socialismo no século 20, com seus resultados nefastos em termos de perdas de vidas humanas e de terríveis sacrificios sociais. Contrariamente à opinião de alguns, de que Marx e Engels não podem ser considerados responsáveis pelo Gulag e pelos crimes cometidos em nome do socialismo, deve-se, sim, atribuir-lhes plena responsabilidade pelos descaminhos do socialismo real, posto que ambos eram homens de partido, ambos manifestavam desprezo pela democracia representativa e recomendavam uma revolução violenta para a implantação da ditadura do proletariado. De forma geral, qualquer intelectual deve ser considerado responsável pelos efeitos práticos de suas obras, pensamento, recomendações.

Texto Completo: PDF

O Pensador, Auguste Rodin

Revista Espaço Acadêmico - revista multidisciplinar -ISSN 1519-6186 (on-line) - Departamento de Ciências Sociais - Universidade Estadual de Maringá (UEM) - Av. Colombo, 5790 - Campus Universitário 87020-900 - Maringá/PR – Brasil

1305) Pequena reflexao sobre o futuro de Cuba

Pequena reflexão sobre o futuro de Cuba
Paulo Roberto de Almeida

Percorrendo agora sites e blogs para minha informação habitual – o que faço de maneira regular – reencontrei um antigo texto meu, na verdade uma carta pessoal dirigida ao atual presidente de Cuba: “Carta aberta a Raul Castro sobre Cuba e o socialismo” (2 agosto 2009). Ela tinha sido publicada em Via Política (17.08.2009), onde assino uma coluna regular, e republicada no blog do Instituto Millenium (08.09.2009). Essa carta indagava sobre os dons de futurologista do irmão do comandante, que tinha previsto, pouco tempo antes, que o socialismo perduraria em Cuba, mesmo com o desaparecimento dos seus líderes. Eu me permitia duvidar da previsão e mostrava como todos os socialismos reais estavam em fase de rápido declínio e total desaparecimento, e convidava o personagem em questão a fazer um pronunciamento franco e sincero na televisão cubana, desculpando-se pelos cinqüenta anos de penúria e totalitarismo e anunciando uma transição resoluta para um regime político democrático e um sistema econômico capitalista.

Não tinha nenhuma ilusão de que isso fosse ocorrer; era apenas o que se poderia chamar de “apelo à razão”, embora eu tenha plena consciência de que o que menos esse pessoal ostenta é razão, ou simples racionalidade instrumental. Três meses depois, ao persistir a repressão na ilha-prisão, notadamente em direção da dissidente-blogueira Yoani Sanchez, eu escrevia uma “Nova carta a Raul Castro: seja um pouco mais Gorby e menos Ceausescu”, cujo título já diz tudo e que já não constitui um chamado à razão, mas uma pequena lembrança de como as coisas podem resultar em acontecimentos funestos para os donos do poder. O casal Ceausescu, como se sabe, acabou fuzilado sem julgamento e sem qualquer procedimento especial no final do ano memorável de 1989, como uma prova de como, às vezes, o povo pode ficar verdadeiramente enraivecido por anos e anos de repressão e miséria (nada de muito diferente do que acontece em Cuba, com a pequena distinção de que em Havana os dirigentes não residem em palácios; eles preferem se esconder...). Essa carta, que não mais formulava sugestões para uma volta ao capitalismo e a uma democracia de mercado, também foi publicada na newsletter de Via Política (16.11.2009).

Enfim, o que me permito imaginar agora é sobre como seriam as diversas alternativas de transição em Cuba, perspectiva que deve deixar muita gente desesperada na nomenklatura cubana e preocupados alguns companheiros aqui mesmo no Brasil (aqueles que, supostamente, colaboraram com o regime e tem seus nomes gravados nos arquivos oficiais ou registrados como “amigos” do regime, alguns até “muy amigos”, com direito a tratamento especial pela Seguridad cubana, ou seja, como fiel aliados da inteligência do decrépito regime).

Parece claro que os plutocratas do PC Cubano, em especial os “donos do poder”, não pretendem ‘evacuar’ – é a palavra – o poder voluntariamente. O trágico nessas ditaduras carismáticas – muito diferente do que ocorre na China, por exemplo – é que a sucessão é sempre traumática, pois é quase inviável uma passagem normal de poder segundo regras estabelecidas (como no caso do PC Chinês, justamente). Na verdade, todo o processo em Cuba está aberto, podendo-se imaginar diferentes saídas possíveis.
Na hipótese de uma queda rápida do regime – digamos, morte de Raul Castro, depois do desaparecimento de seu irmão, em condições de saúde bem mais precária – pode haver uma transição confusa, caótica mesmo, com saques nas sedes do governo e do PCC, destruição de bens imóveis e algum exagero na punição dos “esbirros” do regime. Se a inteligência ainda não expurgou os arquivos, poderíamos ter acesso a materiais muito interessantes, inclusive do ponto de vista brasileiro, como sucedeu, em parte, no caso da DDR e os papéis da Stasi (Staat Sicherheit). A Seguridad Cubana deve ter coisas bastante curiosas em relação a personagens ainda ativos na política e na vida cultural do Brasil.

Se, ao contrário, a transição for negociada, os responsáveis pela área vão ter tempo de expurgar esses arquivos, para supostamente acobertar seus próprios crimes, a corrupção endêmica do regime e certas alianças e atitudes incômodas (dentro e fora da ilha). Mais até do que a penúria material mantida por um regime totalitário ineficiente, são as misérias morais que mais preocupam seus defensores atuais: o quadro de delatores pagos, os chantageados a qualquer título, os colaboradores voluntários, os vira-casacas, os “dissidentes” infiltrados, enfim, todo o cortejo de patifarias e pequenos e grandes crimes que sempre acompanham esse tipo de empreendimento bárbaro que representam tiranias do partido único. A esse quadro se agrega o quadro de delinquência esquizofrênica que caracterizam todas as ditaduras personalistas. Reputações vão ser destruídas e traidores serão denunciados; enfim, tudo isso é conhecido, embora alguns personagens fiquem deveras preocupados, aqui mesmo no Brasil.

Esse ajuste de contas pós-regime pode ser relativamente rápido e organizado, ou pode ser dolorido, caótico e vingativo, como também ocorre. Mas, essa será a herança maldita que terá de ser resolvida pelo próprio povo cubano, sem interferência externa. Mais fácil, em qualquer hipótese de transição política na ilha, será o ajuste de volta a um regime capitalista. Colocando de lado, por enquanto, o problema das reintegrações de posse, das indenizações e das reparações devidas por expropriações e estatizações do finado regime comunista, resta a questão da construção do capitalismo em Cuba.

Nisso não vejo nenhum problema especial. Dinheiro não vai faltar: não apenas os “gusanos” de Miami – agora já na segunda geração, quase toda ela americana – dispõem de imensos capitais que podem ser facilmente mobilizados, como os próprios americanos teriam interesse em promover uma transição bem sucedida em Cuba, feita de ajuda e cooperação, grandes investimentos de recuperação e novas iniciativas, enfim, o capitalismo, uma vez deixado livre, se encarrega ele mesmo de encontrar e ocupar todos os nichos suscetíveis de serem “explorados” – no bom e no mau sentido – para um rápido processo de reinserção de Cuba à economia mundial.

Uma das poucas heranças positivas do comunismo é o fato de ter deixado uma população bem educada – embora os padrões sejam especiais, digamos assim –, apta a trabalhar em empresas capitalistas. Mas, faltarão administradores competentes nas técnicas capitalistas, o que não é difícil de aprender. A ilha está bem situada no plano geográfico e conta com alguns recursos naturais, mas sobretudo com a imensa vontade do seu povo de atingir níveis razoáveis de prosperidade, depois de tantos anos acostumados a um regime “normal” de escassez e miséria.

Minha previsão é a de que, não mais de seis meses depois da transição política – se esta for verdadeira, claro – o capitalismo estará no comando em Cuba – para desespero de seus muitos detratores fora de Cuba, no próprio Brasil, por exemplo – e produzindo taxas de crescimento espetaculares, pois há muito o que fazer, na ilha, depois de uma modorra de mais de meio século. Haverá desigualdades, claro, mas entendo que a população cubana prefere isso à escassez socialista e a repressão comunista. A desigualdade tem o dom de incomodar pretensos intelectuais, aqueles que vivem de recursos públicos e benesses do poder, mas não angustia demasiadamente os supostos “desiguais”. A diferença específica do capitalismo, em relação ao socialismo, é que neste todos são alegadamente iguais na modéstia de seus ganhos – isso não vale para a nomenklatura, claro – ao passo que no capitalismo todos (ou pelo menos uma grande parte dos trabalhadores) esperam suplantar os colegas e conhecidos, esforçando-se para adquirir bens e riqueza. Todos são pelo menos livres para fazê-lo.
Mas, nenhuma prosperidade material tem o dom de trazer tanta felicidade humana quanto a liberdade pessoal. Sentir-se livre para ir onde se deseja, poder escolher o que fazer, onde trabalhar, onde morar, ler o que se desejar, em livros impressos ou acesso à internet, tudo isso é pouco valorizado entre nós porque se trata de gestos corriqueiros, até mesmo impensados. Para os cubanos, seria um imenso progresso moral.
Que venha o mais cedo possível...

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 06/02/2010

1304) Contradicoes de comportamento no Brasil - Rolf Kuntz

Entre o G-20 e a forca
Rolf Kuntz
O Estado de S.Paulo, 04/02/2010
Reproduzido no blog do Instituto Millenium, 06/02/2010

Dois Brasis, um promissor, outro nem tanto, foram destaques em Davos, na reunião do Fórum Econômico Mundial, na semana passada. Pela primeira vez o Fórum conferiu o título de Estadista Global e o escolhido foi o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Kofi Annan, ex-secretário-geral da ONU, entregou o troféu ao chanceler Celso Amorim, representante de Lula, e descreveu o presidente como um defensor dos pobres de todo o mundo. A homenagem foi o reconhecimento, também, do novo peso econômico e diplomático do Brasil, membro do Grupo dos 20 (G-20) e participante ativo de todos os debates sobre a reforma das finanças globais. O outro Brasil foi lembrado por um professor de Harvard, Ricardo Hausmann, num almoço planejado como complemento da premiação de Lula: a maior potência econômica da América Latina tem falhado, segundo o professor, como defensora da democracia na região.

Hausmann vive e trabalha nos Estados Unidos, é venezuelano e foi ministro do Planejamento em seu país em 1992-93. Mas isso não desqualifica seus comentários - inesperados, naquele ambiente - sobre a ação brasileira no conflito entre o governo do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e o do colombiano Álvaro Uribe. A parcialidade do presidente Lula foi evidenciada não só em episódios como o fechamento da fronteira com a Colômbia, pelo presidente Chávez, mas também quando o presidente Uribe anunciou o acordo militar com os Estados Unidos. A reação de Lula, lembrou Hausmann, foi convocar uma reunião de emergência da Unasul.

Outro venezuelano, Moisés Naim, editor da revista Foreign Policy, incluiu Lula entre os maiores hipócritas de 2009, em artigo publicado no jornal espanhol El País. Lula classificou Chávez como o melhor presidente venezuelano em cem anos, mas dele nunca se ouviu um comentário “sobre o comportamento autoritário de seu amigo”, escreveu Naim. Além disso, Lula atacou “furiosamente” as eleições em Honduras e na mesma semana “recebeu com honras Mahmoud Ahmadinejad”, vencedor de uma eleição também questionada. As eleições no Irã, segundo Naim, tiveram algo mais que as de Honduras: “enorme fraude, mortes, torturas e a repressão brutal ordenada pelo governo de Ahmadinejad.” “O afável líder brasileiro”, concluiu, “parece não se haver inteirado.”

Esse texto saiu em dezembro. Em Davos, na véspera da homenagem a Lula, o chanceler Celso Amorim discutiu com o colega iraniano, Manouchehr Mottaki, entre outros assuntos, a visita do presidente brasileiro ao Irã, em maio. Antes da reunião, um jornalista fez-lhe uma pergunta sobre execuções no Irã. O Brasil é contra a pena de morte, mas mantém relações com vários países onde vigora esse castigo, respondeu Amorim, contornando a questão.

Mas o problema político era outro. No mesmo dia haviam sido enforcados no Irã dois acusados de envolvimento em protestos contra o governo. Esses dois e mais nove foram sentenciados por crimes políticos e por haverem “movido guerra contra Deus”, segundo informou um porta-voz do Judiciário. O governo reafirmou nesta semana a intenção de executar os nove proximamente. Não se trata, portanto, apenas da manutenção da pena de morte entre as formas legais de punição, mas da execução de opositores presos durante manifestações de rua ou caçados em qualquer lugar.

A pena de morte ainda é aplicada em alguns países, normalmente em casos de homicídio. Pelo menos em democracias, ninguém é formalmente executado por ser adversário político do governo ou por participar de manifestações públicas.

O governo brasileiro parece desconhecer ou menosprezar essa diferença. Isso talvez explique seu comportamento bizarro. Em Brasília, nenhuma autoridade condenou, até ontem à tarde, o enforcamento de dois iranianos por crime político nem protestou contra a anunciada execução de mais nove. Mas o governo brasileiro insiste em evitar ou retardar a extradição de Cesare Battisti, condenado na Itália por participar de homicídios. Autoridades brasileiras classificaram essa condenação como política. Battisti, julgado por crime de morte, não foi condenado à execução. Sorte sua não ser um oposicionista iraniano. Provavelmente não teria escapado de seu país e, se conseguisse escapar, como seria recebido no Brasil? Mas é preciso reconhecer um ponto: não é preciso ter compromisso com a democracia e com a liberdade para frequentar as conferências de cúpula do G-20.

1303) Mitos historicos desmentidos

Estudo da USP desmonta hipótese Colombo da sífilis
Marcelo Leite
Folha de S.Paulo, 5/02/2010

Ossos antigos e genética inocentam marinheiros de levar doença para a Europa
Quem for ao portal do Ministério da Saúde pesquisar sobre a sífilis encontrará que a doença sexualmente transmissível, de péssima fama, foi levada por marinheiros de Cristóvão Colombo da América para a Europa, no final do século 15. Uma informação errada, segundo estudo que surgiu de um curso de pós-graduação da USP.

A disciplina foi ministrada um ano atrás por Sabine Eggers no Instituto de Biociências. Sob o título "Variabilidade em Homo sapiens: aspectos genéticos e ambientais", não tinha a princípio nada a ver com sífilis.

A geneticista deixou os alunos escolherem o que queriam fazer. Eles optaram por estudar o efeito da evolução darwiniana na medicina, aprender paleopatologia (estudo de doenças em vestígios fósseis) e escrever um artigo científico.

O resultado saiu em formato eletrônico no periódico "PLoS Neglected Tropical Diseases", dedicado a doenças tropicais negligenciadas, em janeiro: uma refutação da hipótese de que a doença só tenha chegado à Europa depois de 1492. Os marinheiros de Colombo e as índias com quem tenham mantido relações sexuais foram inocentados da acusação de ter iniciado a epidemia que devastou Nápoles em 1495.

Mal moderno

A sífilis pode ser uma doença devastadora. Inicia-se com uma pequena ferida nos órgãos genitais, 2 a 3 semanas depois da relação desprotegida, e em seguida parece sumir. Volta a manifestar-se depois, com manchas pelo corpo, queda de cabelos, cegueira, paralisias -e pode levar à morte.

Com a descoberta da penicilina, em 1928, pôde enfim ser tratada. A dificuldade de diagnóstico, no entanto, ainda a mantém em circulação e favorece a transmissão na gravidez. No Brasil, o número de casos de sífilis congênita mais que dobrou entre 1998 e 2006, passando de 2.840 para 5.749.

Importante para a pesquisa foi a sífilis causar deformações nos ossos -como a "tíbia em forma de sabre"- identificáveis em esqueletos antigos. E biólogos moleculares já haviam "soletrado" o DNA da bactéria Treponema pallidum pallidum, agente causador da doença.

O grupo multidisciplinar de alunos planejava desde o princípio combinar as ferramentas históricas e genéticas no estudo, portanto a sífilis se tornou uma candidata forte. "Era uma escolha interessante, pois havia saído um livro recentemente ["The Myth of Syphilis", O Mito da Sífilis, de Mary Lucas Powell e Della Collins Cook] que colocava bem a sua intrincada história", conta Eggers.

O primeiro passo foi reunir na literatura científica exemplos de esqueletos com vestígios característicos de sífilis. Após depurar casos duvidosos, restaram sete registros no Velho Mundo (Europa e Ásia) anteriores ao Descobrimento.

Esqueletos e genes

O diagnóstico por paleopatologia, no entanto, sempre deixa margem a dúvidas. Existem outras treponematoses (doenças causadas por bactérias do mesmo gênero) com efeitos comparáveis. O levantamento na literatura apontava evidências fortes para inocentar marinheiros europeus e índias americanas, mas não conclusivas.

É aí que o estudo da USP inova, ao complementar o registro histórico com ferramentas de biologia molecular. A ideia -usar o chamado "relógio molecular"- partiu do aluno Fernando Lucas de Melo, primeiro autor do artigo na "PLoS".

Relógio molecular é uma técnica que parte da taxa de mutação constatada em cada organismo. A sequência do genoma muda naturalmente, com o tempo, mas cada espécie o faz em velocidade mais ou menos característica. Simplificadamente se pode dizer que, com duas amostras obtidas em locais diferentes, é possível estimar se uma se originou da outra e quanto tempo atrás.

Para a sífilis venérea ter aparecido cinco séculos atrás de cepas menos virulentas, como pressupõe a hipótese Colombo, a bactéria precisaria ter taxa de mutação cem vezes mais rápida que o previsto. Pelo relógio da USP, a sífilis deve ter emergido há mais de 4.000 anos.

A combinação dos dois métodos não foi capaz, porém, de solucionar o mistério sobre a origem geográfica da sífilis. Só se sabe que ela estava presente no Novo e no Velho Mundo antes do Descobrimento, mas não qual continente exportou para o outro o "mal de Vênus" (a deusa do amor, origem da expressão "doença venérea").

1302) Dansa nuclear do Iran: Brasil como parceiro?

Brasil nega acordo para receber urânio do Irã
Catarina Alencastro e Renato Grandelle
O Globo, 5/02/2010

Apesar da disposição de Teerã em enviar material nuclear ao exterior, AIEA ainda não foi notificada oficialmente

O Itamaraty evitou comentar nesta quinta-feira (4/2) as intenções do governo do Irã de ter o Brasil como destino de seu urânio enriquecido. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, ainda não houve qualquer conversa sobre o tema. A possibilidade foi levantada pelo ministro das Relações Exteriores iraniano, Manouchehr Mottaki, dias depois da visita do colega brasileiro, Celso Amorim, a Teerã.

Outra hipótese aventada foi a de o Brasil servir como uma espécie de "fiador" do material, atuando na entrega do produto a outro país que realizaria o processo de enriquecimento para fins pacíficos. O Itamaraty nega que qualquer uma dessas possibilidades tenha sido discutida.

Brasil não tem condições de enriquecer a substância Qualquer acordo comercial entre os dois países envolvendo o urânio esbarraria em pelo menos duas limitações. O Brasil só enriquece a substância a até 3%, enquanto Teerã quer tê-la a 20%.

Outro obstáculo é a limitação da indústria brasileira. Apenas 2,6% do urânio usado nas usinas de Angra 1 e 2 são enriquecidos no país: o resto vem de um consórcio formado por Holanda, Alemanha e Reino Unido.

No início da década, um projeto do governo federal previa a instalação de dezenas de cascatas em Resende, cada uma contendo várias centrífugas, mas apenas uma está em funcionamento. Por falta de recursos, as demais nunca saíram do papel. O presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben), Guilherme Camargo, diz que seriam necessários até US$ 300 milhões para completar o programa.

- O Brasil é autossuficiente na produção de urânio concentrado para consumo próprio. Mas, quando se trata de urânio enriquecido, nosso domínio industrial está em fase embrionária - explicou Camargo.

O novo embaixador americano em Brasília, Thomas Shanon, evitou polemizar sobre a relação do Brasil com o Irã. Ele se limitou a dizer que o país é soberano e não precisa de autorização dos Estados Unidos para agir de acordo com seus interesses. Ele ressaltou ainda a importância do papel de mensageiro que o Brasil desempenha junto ao governo do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad.

- Temos um diálogo intenso com o Brasil e outros países dentro do Conselho de Segurança. O Brasil tem um papel importante, de comunicar o Irã sobre as preocupações mundiais com seu programa nuclear, especialmente com a falta de transparência, com os direitos humanos, políticos e civis, além da liberdade religiosa - afirmou o embaixador.

A súbita aceitação de Teerã do envio de urânio ao exterior pode ser um ato de boa vontade rumo à mesa de negociações.

Mas, enquanto não houver um comunicado formal à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), líderes mundiais veem com desconfiança as intenções do presidente Mahmoud Ahmadinejad.

Na Rússia, o presidente da comissão de Relações Exteriores do Parlamento, Konstantin Kosachyov, fez coro a Estados Unidos e França e afirmou que o Ocidente está cada vez mais perto de apertar as sanções econômicas ao país.

- O Irã muda constantemente de opinião - disse Kosachyov, referindo-se à indecisão de Ahmadinejad, que havia já sinalizado a possibilidade de enviar urânio ao exterior em novembro passado, voltando atrás pouco depois.

Já a China insiste no caminho da diplomacia. Segundo o chanceler chinês, Yang Jiechi, novas sanções ao regime dos aiatolás seriam "contraproducentes".

No último round da guerra de nervos travada acerca do programa nuclear nos últimos meses, oficiais iranianos acusaram ontem os EUA de incitar o mundo a uma "Irãfobia".

- Não querem ver boas relações entre nós e nossos vizinhos no Golfo - disse o chefe do EstadoMaior do Irã, general Hassan Firouzabadi, à agência estatal iraniana Irna.

1301) A novela dos avioes militares: falta de transparencia

O que mais impressiona, em todo este processo, é a absoluta falta de explicações credíveis para certos sinais emanados do núcleo central do governo. Tudo se resume a dizer que "a decisão é política", ou que se trata de uma "relação estratégica" e outras bobagens do gênero. Já ouvi até dizer que "às vezes, o barato sai caro" (sic); confesso que não sei o que isso quer dizer, a não ser que o caro sai caro, e pode sair mais caro ainda. Se os próprios militares da Aeronáutica preferiram a opção mais barata, porque é que eles poderiam se arrepender depois? Ou será que o dinheiro não sai do bolso deles também?
Nunca ofenderam tanto a minha inteligência como agora, ou talvez sim, em vários outros caso, como se sabe; mas nunca uma ofensa desse tipo custou tão cara no meu bolso...

Entre a esperança e a desilusão
Correio Braziliense, Conexão DIplomática - 06/02/2010

Apesar das declarações constantes do presidente Lula e do ministro da Defesa, Nelson Jobim, em favor do caça francês Rafale, as outras concorrentes não esconderam a surpresa diante da notícia de que a decisão já teria sido tomada pela proposta da Dassault — que continua sendo a mais cara. A posição oficial, tanto da norte-americana Boeing quanto da sueca Saab, é de que a disputa continua, que não há um anúncio oficial do governo, que Jobim negou a decisão diante das câmeras. Na verdade, o que a informação da escolha gerou nos outros dois candidatos foi um misto de desilusão e esperança. Desilusão pela falta de transparência, pelo privilégio dado a um dos concorrentes de negociar a oferta em separado, pela mudança nos critérios de avaliação. Esperança pela promessa expressa em um comunicado do Ministério da Defesa, divulgado na quinta-feira, de que o governo “levará em consideração, também, outras informações enviadas pelos governos interessados e pelos proponentes”.

A Saab já se mobiliza, e pretende enviar ao Ministério da Defesa, na próxima semana, um adendo à oferta apresentada em novembro, como um último suspiro. Mas, como a notícia pegou os suecos de surpresa, ainda será preciso espremer a proposta, principalmente nos quesitos preço e offset (contrapartidas), para ver se sai uma oferta melhor do que já foi a “melhor e última oferta”. A Boeing, no entanto, parece menos disposta a mexer em sua proposta sem antes saber do governo brasileiro o que, na verdade, está sendo pedido. “Queria que alguém pudesse me explicar os novos critérios de avaliação. Por que vou mexer no meu preço, se isso parece não estar importando para o governo, que prefere um avião ainda 20% mais caro?”, questionou o gerente de Desenvolvimento de Negócios Internacionais da Boeing, Mike Coogins. “Transferência de tecnologia, pelo que entendi, não é mais o principal, nem o preço”, desabafou.

Show mantido
O governo americano mantém a programação de enviar, ainda este mês, um porta-aviões para o litoral do Rio de Janeiro com pelo menos 15 aviões Super Hornet usados pela marinha americana. A demonstração dos caças seria a tentativa final do lado americano. Se, contudo, a decisão aparentemente tomada for irreversível, o show dos F-18 servirá para mostrar o que o governo brasileiro perdeu por um precinho mais camarada.

Mais que uma compra
Em seu primeiro dia de trabalho de fato à frente da representação dos Estados Unidos, o novo embaixador, Thomas Shannon, tentou recuperar a defasagem sofrida pelos últimos cinco meses sem um alto representante norte-americano no Brasil — justamente o período mais crítico da concorrência para a compra dos caças. Em encontro com o ministro Jobim, na tarde de ontem, Shannon se empenhou em mostrar ao brasileiro a importância da parceria bilateral em segurança e a sua expectativa de aumentar essa cooperação. A preocupação é mostrar ao governo brasileiro que não só os franceses oferecem os caças “acoplados” a uma estratégia maior de defesa.

1300) Por que intelectuais de esquerda sao coniventes com uma ditadura abjeta?

O caso, obviamente, é o de Cuba, em relação à qual intelectuais brasileiros, que se dizem democratas e amigos da liberdade no plano interno, flertam, quando não apoiam de maneira indecorosa, uma das piores ditaduras já surgidas no hemisfério.
Não se sabe, exatamente, o que os leva a essas posições não apenas contraditórias, como inaceitáveis no plano da moral e da ética políticas. Bem, isso se explica no caso de Niemayer, um stalinista impenitente e um dos grandes idiotas latino-americanos e universais. Os casos de outros são mais dificilmente explicáveis: deve ser uma mistura de estupidez política e anti-imperialismo infantil, igualmente estúpido.
A matéria abaixo trata do caso de outro intelectual idiota, Garcia Marquez.
Paulo Roberto de Almeida (5.02.2010)

Ideologia
Cem anos de adulação
Os bastidores da amizade entre Fidel Castro e Gabriel García Márquez ajudam a explicar de onde vem o fascínio de intelectuais pelo autoritarismo de esquerda
Diogo Schelp

Fotos Jose Gotia/AP e Bettmann/Corbis/Latinstock
QUEM COCHICHA O RABO ESPICHA
García Márquez e Fidel trocam confidências em Havana, em 2002. Em seu romance sobre Simón Bolívar (à dir.), o escritor homenageou o ditador cubano

A história da amizade entre o colombiano Gabriel García Márquez, de 82 anos, e o ditador cubano Fidel Castro, de 83, é uma fábula cujo fio condutor é o interesse mútuo, apesar de Castro dizer que o escritor é o seu melhor - e provavelmente único - companheiro do peito, e de García Márquez já ter afirmado que, se o barbudo morrer, não suportará visitar Cuba sem tê-lo por perto. Por trás das constantes trocas de mensagens afetuosas, Fidel aproveita-se do prestígio literário do colombiano para fazer propaganda do regime autoritário que personifica e tentar preservar sua imagem no exterior. García Márquez vale-se da intimidade com o ditador para exercer sua obsessão pelo poder e desfrutar vantagens materiais. Alguns aspectos dessa amizade são descritos na biografia Gabriel García Márquez - Uma Vida, do inglês Gerald Martin, que a Ediouro lança em março no Brasil. Como o próprio Martin é amigo do biografado e dele obteve a autorização para escrever o livro, não se poderia esperar mais do que uma narrativa acrítica e branda sobre o vínculo entre o escritor e o ditador. Uma versão mais honesta dessa relação é apresentada pelo espanhol Ángel Esteban e pela belga Stéphanie Panichelli no livro Gabriel García Márquez e Fidel Castro - Os Segredos de uma Amizade, recém-lançado nos Estados Unidos e publicado em Portugal pela editora Ambar. Trata-se de uma obra instigante não só pela riqueza de informações, todas sustentadas por inúmeras entrevistas e documentos, mas por introduzir uma discussão pertinente sobre o que leva intelectuais estrangeiros a apoiar um regime sanguinário como o cubano, que já matou mais de 7 000 pessoas e costuma reprimir qualquer opinião divergente com cadeia ou paredón. Esteban e Panichelli, ambos professores universitários de literatura e letras, buscam a resposta a essa questão com o inconformismo de fãs que descobriram a face nefasta de seu ídolo. "Considero García Márquez um dos maiores escritores do século XX, mas, como pessoa pública, ele precisava ser desmascarado", diz Esteban.

Mais de cinco décadas de repressão política e fracasso econômico, impostos aos cubanos pelo regime comunista, não foram o suficiente para privar Fidel do apoio de escritores e artistas esquerdistas, entre os quais brasileiros como o cantor Chico Buarque e o arquiteto Oscar Niemeyer. "Há uma tradição entre parte dos intelectuais latino-americanos de falar em nome dos outros, de se considerar a voz dos que não falam. É uma visão autoritária que, como não poderia deixar de ser, produz fascínio pela tirania de esquerda", afirma o historiador Marco Antonio Villa. Mas ninguém bajula ditadores com tanta convicção quanto García Márquez. Ele passou mais de quinze anos tentando se aproximar do ditador. Para isso, escreveu artigos chapas-brancas, fez propaganda do regime cubano em entrevistas e empenhou-se para não se envolver em polêmicas que pudessem desagradar a Fidel. Em 1971, quando os principais escritores de sua geração protestaram contra a prisão do poeta cubano Heberto Padilla, García Márquez foi o único que ficou em silêncio. A partir de 1975, ele começou a visitar Cuba com frequência, em busca de amizades que pudessem lhe dar acesso ao círculo de poder em Havana. Fidel, no entanto, só começou a se interessar pelo autor de Cem Anos de Solidão em 1977. Ele fez de García Márquez um embaixador informal de sua imagem no exterior e, em troca, deu ao escritor uma plataforma política para estabelecer contato com outros governantes esquerdistas, como François Mitterrand, da França. García Márquez usou essas amizades para fazer campanha pelo Prêmio Nobel de Literatura, conquistado por ele em 1982.

O prêmio inaugurou uma nova fase na amizade entre o escritor e o ditador. No mesmo ano, Fidel ordenou que fossem dados a García Márquez uma mansão em um bairro nobre de Havana e um automóvel Mercedes-Benz para que ele pudesse desfrutar melhor suas temporadas em Cuba, onde o escritor, posteriormente, ajudou a fundar uma escola de cinema. García Márquez também se acostumou a submeter os seus manuscritos ao ditador, para que ele fizesse observações ao estilo "censura vip". Esteban e Panichelli apresentam boas provas desse fato, incluindo o depoimento de três amigos de García Márquez. Segundo eles, o romance O General em Seu Labirinto, de 1989, é uma homenagem a Fidel. No livro, o colombiano descreve Simón Bolívar (1783-1830), herói da independência dos países andinos, exatamente com as qualidades que ele costuma atribuir, em entrevistas, a Fidel. Quando cobrado por sua conivência com a violação de direitos humanos em Cuba, García Márquez explica que usa sua influência para convencer Fidel a libertar oposicionistas e a deixá-los fugir para o exílio. O escritor deve achar que, assim, está comprando sua própria absolvição na história por desfrutar as benesses de um tirano. Em 1975, ele disse em uma entrevista: "O que eu posso fazer com minha fama? Vou gastá-la em política". Até o momento, foi um péssimo investimento.

1299) UnB e ex-ministro da Justica a favor do apartheid racial

A UnB é um caso sério de debilidade mental coletiva: não de todos os seus integrantes, claro, apenas dos racialistas que conseguiram converter um problema social (dificuldades de acesso de estudantes pobres, nem todos negros, mas uma grande maioria de negros) em um início de política do Apartheid no Brasil.
Agora, um ex-ministro da Justiça (que militou espertamente para livrar o presidente da República da corrupção criada e estimulada pelo seu partido) sai em defesa de políticas de exclusão racial dessa universidade decadente, como se isso fosse reparar qualquer dívida histórica, uma alucinação coletiva de um bando de racistas.
A nota abaixo vem da área de informação da UnB.
Ela é particularmente viciosa, viciada e deformada: tenta equiparar problemas de minorias ou de dificientes com uma política racialista (e racista) que concerne a maioria da população brasileira, que é notoriamente mestiça, ou seja, tem traços de antecessores africanos.
Paulo Roberto de Almeida (6.02.2010)

Márcio Thomaz Bastos participará do julgamento das cotas no STF
Ex-ministro da Justiça foi convidado pelo ministro da Promoção da Igualdade Racial. Audiências públicas começam em março
Marta Avancini - Da Secretaria de Comunicação da UnB
4 de Fevereiro de 2010

O advogado criminalista e ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos vai atuar em defesa do sistema de cotas raciais da Universidade de Brasília (UnB) no julgamento do Superior Tribunal Federal (STF).

Bastos afirmou à UnB Agência que decidiu participar do processo por considerá-lo uma “causa justa”. “As cotas são um mecanismo importante de justiça social”, afirmou. “É o pagamento de uma dívida histórica”.

O advogado participará do processo como amicus curiae, representando entidades que, embora não participem da ação, têm interesse na matéria. No caso do processo contra as cotas raciais da UnB, organizações sociais a favor e contrárias às cotas raciais têm direito de apresentar nomes de juristas que representem seu ponto de vista para participar do processo e, dessa maneira, subsidiar a decisão dos ministros do STF.

Os nomes devem passar pelo aval do relator do processo no STF, Ricardo Lewandowski, e, se aprovados, terão direito de se manifestar durante o julgamento do processo. O convite para participar do processo a Bastos foi feito pelo ministro da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Edson Santos.

Para o reitor da UnB, José Geraldo de Sousa Junior, a participação de Bastos fortalece a defesa das cotas. “Ele falará na condição de representante da sociedade e será uma expressão acolhida pelo STF. Isso significa que Tribunal quer ouvir o que ele tem a dizer sobre o tema”, analisa o reitor.

HISTÓRICO - Em junho de 2009, o Partido Democratas (DEM) entrou com uma ação no STF pedindo a suspensão do sistema de cotas na UnB, baseando-se no argumento de que, no Brasil, a exclusão do ensino superior decorre de problemas sócio-econômicos e não raciais – diferentemente do que acontece nos Estados Unidos e África do Sul.

O DEM também sustenta que o sistema de cotas raciais em universidades reforça o preconceito racial e é inconstitucional. Na UnB o sistema de cotas foi implantado em 2005 como uma política pensada para durar dez anos. Ele prevê a reserva de 20% das vagas do vestibular para afrodescendentes. Além da UnB outras 80 universidades públicas do país possuem algum tipo de sistema de ingresso diferenciado para afrodescendentes.

Para fortalecer a defesa das cotas, está sendo organizado um “abraço ao STF” em 2 de março, um dia antes das audiências públicas com pessoas interessadas no tema, promovidas pelo Supremo entre os dias 3 e 5 do próximo mês.

Segundo o ministro interino da Seppir, Elói Ferreira de Araújo, é importante que se faça uma ampla mobilização em defesa das cotas. “A tese que fundamenta a ação do DEM é contrária à justiça social e agride as políticas de promoção da inclusão como um todo” afirma Araújo.

“Está em desacordo com o ambiente que vivemos nesse país, além de ser cruel em relação à nossa história de exclusão e desigualdade”, complementa o ministro interino, que participou de uma reunião com o reitor da UnB sobre o tema nesta quarta, 03 de fevereiro.

José Geraldo analisa que a ação movida pelo DEM contra a UnB coloca em risco outros tipos de ações afirmativas que favorecem mulheres, deficientes, entre outros grupos sociais excluídos. “É fundamental que se perceba que esse tipo de política melhora o país ao promover a inclusão econômica e social”, defende.

1988) Crise de confianca nos PIGS da Uniao Europeia: o euro na berlinda

Os dois grandes jornais americanos, NYT e WP, publicaram materias analiticas sobre a crise de confiança nos chamados PIGS: Portugal, Irlanda (e Itália), Grécia e Espanha.

Debt Crisis in Euro Zone Is Severe Political Test for Bloc
By STEVEN ERLANGER
The New York Times, February 6, 2010

PARIS — What began with worries about the solvency of Greece in the face of high deficits, fake budget figures and low growth has quickly become the most severe test of the 16-nation euro zone in its 11-year history.

Anxiety about the health of the euro, which has spread from Greece to Portugal, Spain and Italy, is not simply a crisis of debts, rating agencies and volatile markets. The issue has at its heart elements of a political crisis, because it goes to the central dilemma of the European Union: the continuing grip of individual states over economic and fiscal policy, which makes it difficult for the union as a whole to exercise the political leadership needed to deal effectively with a crisis.

A policy of muddling through may be comfortable in political terms, but experts warn it can have dire economic consequences. Jean-Paul Fitoussi, professor of economics at the Institute of Political Studies in Paris, said that European leaders had “handled this crisis very badly,” feeding market speculation and greed.

Greece’s ratio of public debt to gross domestic product is no higher than Germany’s, and Greece has not defaulted, he said, but European leaders have done too little to calm the markets and rating agencies.

While no one expects that the European Union will allow Greece or the others to default or the euro zone to collapse, European leaders and the Central Bank will almost surely have to bend the rules to provide guarantees or loans, if necessary. But even tiding over countries in trouble will not solve the main flaw in the euro: the sharp divergence of national economies that share a common currency without significant fiscal coordination, let alone a single treasury.

“The challenges facing the euro zone are very serious,” said Simon Tilford, chief economist for the Center for European Reform in London. “For countries that have become pretty uncompetitive in the euro zone and have weak public finances, the current environment is very dangerous.”

It does not help matters that the European Union is undergoing a major political transition to new leaders, a new Commission and Parliament, and a new governing treaty, the Lisbon Treaty, which creates a new president and foreign affairs chief. But even if all these positions were filled, serious questions remain about whether the union or its leading member states will take charge before further damage is done.

In some sense, there is a game of chicken being played, with Greece counting on help and other countries holding back until Athens pays a steep price for its profligacy and manipulation of statistics. But the delay is costly, and there are deeper structural problems that few want to discuss.

Greece, Italy, Portugal and Spain — known now as the PIIGS, if Ireland is included — are the weak sisters of Europe, with high structural deficits matched with low prospects for the kind of economic growth and productivity improvements that can bring them back to health.

The north-south split is partly geographic, partly cultural, partly religious and partly historical, but the southerners tend to be poorer and to have less competitive economies.

“The markets are having fun testing the euro,” said Nicolas Véron, a senior fellow at Bruegel, an economic policy research institute in Brussels. But the markets are also increasing pressure on the biggest European economies, like Germany and France, to figure out ways to rescue Greece, which is already facing strikes in light of current austerity measures, and to bolster the others.

But with the European Union undergoing a triple political transition, it is not entirely clear where that leadership will come from.

“Who’s in charge now?” asked Antonio Missoroli, director of studies for the European Policy Center in Brussels. “Nobody yet, and it may still take time.”

There is a newly nominated European Commission and now a new European president, Herman Van Rompuy, and European minister for foreign affairs, Catherine Ashton. The commissioner in charge of this crisis, Joaquín Almunia, is a lame duck, due to switch jobs and become competition commissioner.

Mr. Van Rompuy has announced an informal economic summit meeting for next Thursday, to get the member nations to concentrate on the crisis.

Default for a member of the euro zone is simply unacceptable, European officials and analysts say — a country is not a bank. At the moment, even calling in the International Monetary Fund to help Greece is considered too embarrassing and not yet necessary, given the new Greek government’s apparent determination to deal realistically with its problems.

More likely, they say, is a set of bilateral loans or loan guarantees from richer countries like Germany. Leaders in France, Germany and other European nations have already begun discussing how such aid might be structured, officials said last week.

“It’s highly unlikely Greece will be allowed to default,” Mr. Missoroli said. “But no one wants to say that out loud to take the pressure off the Greek government.”

But it is also unprecedented, and difficult politically, for the European Union, or any member country, to impose conditions for economic adjustment on another member country, which is why some analysts urge the involvement of the International Monetary Fund.

Jacques Mistral, an economist at the French Institute for International Relations, said that the main actors now were Jean-Claude Trichet, president of the European Central Bank, and the leaders and finance ministers of Germany and France.

“That’s the troika, and they’re leading the process to explore different ways and compromises,” Mr. Mistral said. “When there is a will there is a path.”

But summoning that will has proved difficult in the northern tier, which mistrusts the southerners. Greece is a prime example of the disease in the euro zone, said Mr. Tilford, the economist in London, made worse by political mismanagement; the global recession, which has hit tax receipts; and the impossibility of devaluing a shared currency.

Portugal, the poorest country in the euro zone, has been stagnating for years, proving that membership in the euro “is not a panacea,” he added.

In addition, Portugal has something of a political crisis, with Parliament voting down an austerity plan on Friday that was promoted by the minority Socialist government.

Spain has relatively low debt, but high unemployment and weak banks, and after the bursting of the housing bubble it can no longer rely on construction and inflated asset prices to propel growth.

These aspects, together with the larger size of the Spanish economy, had led Nouriel Roubini, a professor at New York University, to suggest this week that Spain is a bigger threat to the euro zone than Greece.

At the same time, some northern countries, like Germany and the Netherlands, are still playing “beggar thy neighbor” by their reluctance to stimulate their own domestic purchasing, which could help weaker countries to export.

“The southerners can do their best to cut costs and be competitive,” Mr. Tilford said. “But they need the others to create more domestic demand and be less export dependent.”

Critics like Mr. Fitoussi are left wondering why the crisis was ever allowed to expand to this point. “This is much ado about nothing,” he said. “But the nothing can ruin the whole project. I don’t think the euro is in danger. But the leaders are taking too much time.”

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Debt crisis unsettles European economy
By Anthony Faiola
Washington Post Foreign Service
Saturday, February 6, 2010; A01

LONDON -- Governments in Athens, Madrid and Lisbon struggled on Friday to quell fears of a looming debt crisis in Europe that is pummeling the euro and rippling across global markets, as authorities vowed to impose fiscal austerity and plug their yawning budget deficits. The problem, however, is that investors don't appear to believe them.

Senior officials at the major rating agencies on Friday played down the risk of an immediate debt crisis, saying even nations such as Greece have enough reserves to put off for months a day of financial reckoning. Yet investor doubts over the will of Greece, Portugal and other nations to right their accounts have sparked a crisis of confidence that is seeping into stock and corporate bond markets across Europe and beyond. It is especially hitting banks and other institutions with broad exposure to the sovereign debt of the "PIGS" of Europe -- Portugal, Ireland, Greece and Spain.

Investor panic is threatening to drive up the cost of borrowing for myriad nations around the world and to destabilize global currency markets, with the falling euro and strengthening dollar already hitting U.S. exporters by making such items as American beef and U.S. steel more expensive overseas. The euro, the principal European currency, fell Friday to its lowest level in eight months, tumbling almost 1 percent against the dollar.

The crisis unfolding in Europe has some parallels to the debt crises that hit Latin America and Asia in the past, particularly in how Greece's problems have spread so quickly to other countries in the region with similar economic woes.

But there are major differences. Analysts said the healthy, large economies of the "eurozone" -- namely, Germany and France -- are likely to step in to prevent a default in a weaker neighbor, if only to head off the turmoil it might cause in the value of the euro.

Still, analysts remain concerned that the problems in Europe could spread to emerging markets. And although the chances of a default by Greece may be low, its impact would be felt by investors worldwide, including in the United States; roughly 70 percent of Greek bonds are held by foreigners, from pension funds to global commercial banks.

Investors also drove up to fresh highs the cost of insuring against a default in Greece, Spain and Portugal. In some instances, analysts say, those fears may not be wholly misplaced.

Portugal, in recent days, has been swallowed up in the debt market panic that began in Greece late last year. Portuguese officials have pledged to slash spending. Nevertheless, opposition lawmakers on Friday pushed through a controversial bill funneling tens of millions of euros to the Azores and Madeira islands in a move the country's finance minister openly warned could have "grave consequences for Portugal's public accounts."

In Greece and Spain, analysts additionally fear bouts of civil unrest that could roll back attempts to address the fiscal problems. The Greek government's pledge to slash spending and curb public- sector pay sparked protests in Athens on Thursday; customs officials and tax collectors walked off the job in the first of a number of planned mobilizations against government austerity measures set to continue next week.

Though E.U. officials demanding tighter spending have signed off on Greece's plan, they are dispatching a team to review government accounts, which were found late last year to have been grossly underestimating the extent of the country's economic woes.

In Spain, government union leaders on Thursday also vowed a series of protests against planned cuts, while opposition parties have threatened to hold a no-confidence vote on Prime Minister José Luis Rodríguez Zapatero. So far, analysts note, only Ireland, whose bonds have been less hard-hit by the current turmoil, has pushed through the serious cuts that have demonstrated its willingness to deal with its huge deficit.

"The fix of this problem needs to be a political solution, and you can't easily persuade people or politicians to accept this kind of medicine," said Steven Bell, chief economist of GLC, the London-based hedge fund.

Analysts said some institutional holders are dumping Greek bonds in particular because stricter borrowing rules are coming back into effect later this year at the European Central Bank. The ECB has been allowing banks, including those holding significant portions of Greek bonds, to put up riskier investments as collateral for loans to help them through the financial crisis.

But the ECB is tightening those standards later this year, when banks will be allowed to use only top-rated bonds as collateral. Fears that Greek bond ratings may lose their investment-grade status in the coming months have led some banks to sell them at a loss.

"As they see the ratings on these bonds going down, investors can't wait anymore -- they are acting now, liquidating them at huge losses into the market," said Steven Major, head of fixed-income research at London-based HSBC.

A default by Greece or any other country in the 16-nation eurozone would be potentially catastrophic to the region, leading, analysts say, to possible eviction from the monetary union and severely testing the soundness of Europe's integration. Most analysts believe the eurozone's economic powerhouses might ultimately come to the aid of Greece, currently the most troubled nation in the region, in much the way Washington bailed out Mexico in the 1990s. European officials have offered mixed signals about their willingness to do so.

But analysts say the alternative -- having the International Monetary Fund rescue a eurozone country -- would be so deeply embarrassing to Europe's major powers that they would opt to aid Greece.

Analysts are also growing more worried about the U.S. budget deficit, which remains higher than that of most eurozone nations. But Greece, Spain and other troubled countries in Europe do not command the kind of economic clout the United States does and, in many cases, have yet to escape the Great Recession.

Spain, for instance, reported Friday that it has yet to climb out of the recession, announcing that its economy contracted by 0.1 percent in the fourth quarter of 2009. Its unemployment rate is hovering near 20 percent and is still foundering amid a U.S.-style real estate bust.

1927) Diplomacia partidaria: o Itamaraty muda os costumes

Brasil: Política Externa
Bandeiras ideológicas
Diogo Schelp
Revista Veja, edição n. , 2151 - 10 de fevereiro de 2010

A análise das notas oficiais do Itamaraty durante o governo Lula mostra subserviência aos interesses de Chávez e desrespeito a princípios universais

UM PESO, DUAS MEDIDAS
As notas do Itamaraty condenam a prisão da birmanesa Aung San Suu Kyi, mas ignoram a de Raúl Baduel (à dir.). As posições brasileiras sobre questões regionais parecem emanar diretamente de Chávez (ao lado, entre Lula e Celso Amorim)

Na Venezuela, há quarenta cidadãos presos apenas por discordar de Hugo Chávez. Um deles é Raúl Baduel, ex-ministro da Defesa, que rompeu com Chávez por se opor aos planos do tirano de se perpetuar no poder. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil nunca emitiu uma única nota de repúdio à prisão de Baduel. Desde que Lula assumiu a Presidência, há sete anos, o Itamaraty mantém silêncio a respeito das medidas autoritárias na Venezuela. Outros países recebem um tratamento diferente. A diplomacia brasileira, por exemplo, divulgou três notas criticando a repressão política em Mianmar, na Ásia, duas delas contra a prisão domiciliar da vencedora do Prêmio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi. O que motivou a posição desigual nos casos de Baduel e da dissidente birmanesa e em outros temas externos? Se fosse para defender os interesses nacionais do Brasil, o correto seria manter-se fiel aos princípios que norteiam as relações exteriores desde a promulgação da Constituição de 1988 – entre os quais a defesa dos valores democráticos e dos direitos humanos. "Contudo, o que tem orientado a diplomacia brasileira nos últimos anos são as posições ideológicas do partido que está no poder", diz Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Washington. "Com isso, o Itamaraty trocou uma política de estado por uma política partidária." A primeira interessava ao Brasil. A segunda, ao PT. A primeira obedece a princípios. A segunda, a bandeiras partidárias.

A política externa é atribuição do Poder Executivo e, como tal, está subordinada ao presidente da República. Em governos anteriores, as decisões nessa área levavam em conta o conhecimento técnico dos diplomatas de carreira, a tradição brasileira e os princípios universalmente consagrados da convivência pacífica entre os povos. Essa tradição foi rompida ao se delegar a política externa aos humores dos radicais esquerdistas. Para compreender o alcance do viés ideológico na definição da política externa brasileira, VEJA fez um levantamento de todas as notas oficiais divulgadas pelo Itamaraty desde 2003, o começo do governo Lula. No total, foram mais de 4 600 comunicados, muitos deles informes técnicos sobre viagens do presidente. A reportagem se fixou na análise de 296 dessas notas, justamente aquelas em que o Itamaraty dá a saber a posição oficial do Brasil a respeito de questões conflituosas ou polêmicas. São notas reveladoras.

As notas sobre o conflito no Oriente Médio são a manifestação clara de opção ideológica em detrimento dos interesses nacionais permanentes (veja o quadro ao lado). Ao Brasil, que almeja legitimamente aumentar seu protagonismo internacional, interessaria não o engajamento ao lado de um dos contendores, mas a mais notória neutralidade nas complexas disputas do Oriente Médio. O comprometimento do Itamaraty é ainda mais evidente nos temas latino-americanos. As notas defenderam manobras liberticidas dos governos esquerdistas da Bolívia, da Venezuela e de Cuba, mas condenaram a deposição do presidente hondurenho Manuel Zelaya. Como ficou claro no episódio, Zelaya decidiu rasgar a Constituição de seu país para, com o apoio de Hugo Chávez, dar um golpe. "O episódio de Honduras confirmou um fenômeno preocupante: as posições do Itamaraty e de Chávez na política regional coincidem quase sempre", diz José Botafogo Gonçalves, presidente do Centro Brasileiro de Relações Internacionais, no Rio de Janeiro.

O Executivo tem todo o direito de buscar suas preferências em política externa e – desde que isso tenha sido abertamente discutido na campanha eleitoral – fazer guinadas nos rumos da diplomacia. Os limites dessas manobras, porém, são dados pela tradição diplomática do país e pela persecução dos interesses nacionais permanentes – aqueles que são revertidos em benefício da maioria, e não da minoria no poder. Nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama mudou o tom da diplomacia, mas não seus objetivos básicos: vencer a guerra ao terror e barrar a proliferação nuclear em países párias, para citar dois exemplos. No Brasil, a mudança de rumo foi desastrosa. É antiga, legítima e positiva para todos os brasileiros a reivindicação de um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. A diplomacia petista está sempre reafirmando essa meta. Mas também não perde uma chance de arruinar qualquer possibilidade de isso vir a ocorrer. O alinhamento automático de Brasília com ditaduras da América Latina, Ásia e África é uma deferência aos radicais do PT, mas um desastre internacional de previsíveis, duradouras e trágicas consequências para as pretensões brasileiras.

1926) Universidades americanas: a excelencia vem de baixo

A receita é muito simples: se você quer ter universidades excelentes, comece com escolas primárias e secundárias excelentes, públicas, de preferência...

Tales Out of School
By CLAUDIA GOLDIN
The New York Times Book Review, February 7, 2010

Book Review:
THE GREAT AMERICAN UNIVERSITY
Its Rise to Preeminence, Its Indispensable National Role, Why It Must Be Protected

By Jonathan R. Cole
616 pp. PublicAffairs. $35

Of the top 20 universities in the world, according to one 2008 reckoning, just three were outside the United States. Of the top 50, just 14 were. American colleges and universities are unquestionably pre-eminent in teaching and research, attracting students and faculty members from around the world. We may no longer be the nation that exports cars. But we are the nation that exports higher education.

This is a relatively new phenomenon. Before the 1940s many of America’s greatest scholars and scientists went abroad to study. Americans have won a majority of Nobel Prizes in science and medicine since 1955, but before 1935 Americans took home far fewer of those trophies.

As provost of Columbia University for 14 years and a professor of sociology and dean of faculties before that, Jonathan R. Cole is in an excellent position to write about the rise of the American research university and its special contribution to American life. In “The Great American University,”he makes a case for the extraordinary role such institutions play in improving our daily lives. He also argues that these “jewels in our nation’s crown” face a host of serious threats.

As the parents of every prospective college student know all too well, America offers a mind-boggling array of choices. About 1,600 public and nonprofit private institutions grant a bachelor’s degree, while an additional 1,100 two-year colleges are often the gateway to a four-year education. But Cole is concerned primarily with research universities (and medical schools), the 125 or so institutions that do the most to foster innovations that “enhance our standard of living and our quality of life.”

He lists their dazzling achievements, which in biology and medicine include findings on gene-splicing, recombinant DNA, retroviruses, cancer therapies, coch­lear implants, the fetal ultrasound scanner, the hepatitis B vaccine, prions, stem cells, organ transplantation and even a treatment for head lice. In the physical sciences, universities have contributed to the Hubble telescope, lasers, LEDs, bar codes, radar, transistors, M.R.I. technology and numerous advances in computing. In a chapter on the social sciences, he cites, among many others, such useful innovations as theories of human capital and social mobility, research in linguistics and even the use of prices to reduce traffic jams.

No one can for a moment doubt the special role universities play in innovations that arise from research in pure science and an interest in solving problems. But a 150-page inventory like the one Cole provides here tells us as much about why some universities are “great” as a list of names of accomplished people in a large family shows us why their family is “great” relative to others. Moreover, it does nothing to illuminate whether universities did it alone and what kind of incentives were used to enhance researcher productivity.

Private enterprise and government agencies work with universities, as Cole’s own roll call of great achievements demonstrates; they also compete with them. For example, the University of California scientist who isolated the gene for insulin founded Chiron. The cancer drug Gleevec originated in research at M.I.T. and U.C.L.A. but was produced by Novartis. The fetal scanner was produced by Physionic Engineering Inc., formed by researchers who had left the University of Colorado. Organs can be transplanted only with the immunosuppressive drug cyclosporine, developed by Sandoz (now Novartis). The head-lice shampoo developed at Purdue was marketed by Nature’s Sunshine. The Hubble telescope was a joint venture among the European Space Agency, NASA and others, though the idea came from a Princeton astrophysicist. The laser came from research at American universities and Bell Labs.

Cole notes these collaborations but does little to address the numerous questions they raise. What is the optimal division of research among universities, private enterprise and the government? Some universities allow faculty members to hold patents; some give them joint interests in private sector ventures. Which arrangement is most advantageous for research output? Which is best for the integrity of the university? “At Columbia, we pursued technology transfer aggressively,” Cole writes. “If we succeeded, we could use the resources generated to compete effectively with wealthier universities.” But was Cole really just acting as a modern Robin Hood, or does the profit motive pervert the mission of his and other universities?

According to Cole, the current threats to the American university don’t come from the outside — no other nation’s universities are within striking distance — but from within our borders and even within the university itself. Since the Sept. 11 attacks, foreign students and professors find it more difficult to venture to the United States. Cole devotes two chapters to the Bush administration, which he sees as a “frightening example of how the distrust of scholarly and scientific work — because it chal­lenges the ideological views of the prince — can begin to seriously erode the structure of knowledge production that has made our universities the finest in the world.”

But he also sees a grave threat from inequalities among the great universities. A few universities have colossal endowments, but most do not. In 2008, before the financial crisis, 76 had endowments of more than $1 billion; 19 (including Columbia) had endowments of more than $5 billion; and 6 had endowments exceeding $10 billion. “The alarming growth of inequality among university endowments over the past two decades has produced an unnerving potential for a few institutions to be able to dominate the competition for talent,” thus sapping vital competition, Cole argues. But are such inequalities good or bad? Could 125 equally sized automobile firms produce cars as cheaply as a few very large ones? Probably not. So why isn’t that the case for university research as well?

In his conclusion, Cole plays with the notion that universities could engage in cross subsidies, as in baseball, where a luxury tax applies to total payroll. Only one team can win, and taxing rich teams keeps the game more interesting. But knowledge creation, unlike baseball, is not a zero sum game. Everyone can win.

Cole then reverses course and proposes cost-saving mergers among universities. Provosts may see institutional boundaries, but professors, separated by miles and oceans, already work together, sharing research ideas, course syllabuses and students. University researchers are truly scholars without borders; ideas do not wear school colors.

Today, the greatest threats to American higher education probably do not concern any of the things Cole discusses. Rather, they relate to the openness of the system and the academic preparedness of its students, who, as Cole acknowledges at the outset, play almost no role in this volume. But teaching and research cannot be so easily separated. The great research universities educate a substantial fraction of all four-year undergraduates and produce more than three-quarters of all Ph.D.’s. As Cole acknowledges, “excellence in teaching and excellence in research” are “mutually reinforcing.”

But many students are finding it harder to gain access to that teaching. In 1980 average private tuition was 20 percent of median family income, but it is 50 percent today; average public tuition was 4 percent of median family income in 1980 and is 11 percent today. We have witnessed, just this past year, the vulnerability of the great California system.

American universities became the very best in the world because of the nation’s early commitment to universal high school education. Maintaining excellence at the highest educational levels requires sustaining the pipeline from the lower levels. Without renewed commitment to preparedness and access, the great American university may not remain great.

Claudia Goldin is a professor of economics at Harvard. Her latest book, with Lawrence F. Katz, is “The Race Between Education and Technology.”

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

1925) Estatisticas deste blog (cinco dias e meio)

Recebi, do SiteMeter, estas estatisticas para este blog: Diplomatizzando
(desde 30 de janeiro as 14hs até o dia 4 de fevereiro as 24hs, ou seja, cinco dias e meio, aproximadamente)

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