Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
T. S. Eliot, “The Wasteland” (1922), verse 182, https://www.poetryfoundation.org/poems/47311/the-waste-land
‘Nam Sibyllam quidem Cumis ego ipse oculis meis vidi in ampulla pendere, et cum illi pueri dicerent: Σίβυλλα τί θέλεις; respondebat illa: άποθανεîν θέλω.’
For Ezra Pound il miglior fabbro.
I. The Burial of the Dead
April is the cruellest month, breeding
Lilacs out of the dead land, mixing
Memory and desire, stirring
Dull roots with spring rain.
Winter kept us warm, covering
Earth in forgetful snow, feeding
A little life with dried tubers.
Summer surprised us, coming over the Starnbergersee
With a shower of rain; we stopped in the colonnade,
And went on in sunlight, into the Hofgarten,
And drank coffee, and talked for an hour.
Bin gar keine Russin, stamm’ aus Litauen, echt deutsch.
And when we were children, staying at the archduke’s,
My cousin’s, he took me out on a sled,
And I was frightened. He said, Marie,
Marie, hold on tight. And down we went.
In the mountains, there you feel free.
I read, much of the night, and go south in the winter.
What are the roots that clutch, what branches grow
Out of this stony rubbish? Son of man,
You cannot say, or guess, for you know only
A heap of broken images, where the sun beats,
And the dead tree gives no shelter, the cricket no relief,
And the dry stone no sound of water. Only
There is shadow under this red rock,
(Come in under the shadow of this red rock),
And I will show you something different from either
Your shadow at morning striding behind you
Or your shadow at evening rising to meet you;
I will show you fear in a handful of dust.
Frisch weht der Wind
Der Heimat zu
Mein Irisch Kind,
Wo weilest du?
‘You gave me hyacinths first a year ago;
‘They called me the hyacinth girl.’
—Yet when we came back, late, from the Hyacinth garden,
Your arms full, and your hair wet, I could not
Speak, and my eyes failed, I was neither
Living nor dead, and I knew nothing,
Looking into the heart of light, the silence.
Oed’ und leer das Meer.
Madame Sosostris, famous clairvoyante,
Had a bad cold, nevertheless
Is known to be the wisest woman in Europe,
With a wicked pack of cards. Here, said she,
Is your card, the drowned Phoenician Sailor,
(Those are pearls that were his eyes. Look!)
Here is Belladonna, the Lady of the Rocks,
The lady of situations.
Here is the man with three staves, and here the Wheel,
And here is the one-eyed merchant, and this card,
Which is blank, is something he carries on his back,
Which I am forbidden to see. I do not find
The Hanged Man. Fear death by water.
I see crowds of people, walking round in a ring.
Thank you. If you see dear Mrs. Equitone,
Tell her I bring the horoscope myself:
One must be so careful these days.
Unreal City,
Under the brown fog of a winter dawn,
A crowd flowed over London Bridge, so many,
I had not thought death had undone so many.
Sighs, short and infrequent, were exhaled,
And each man fixed his eyes before his feet.
Flowed up the hill and down King William Street,
To where Saint Mary Woolnoth kept the hours
With a dead sound on the final stroke of nine.
There I saw one I knew, and stopped him, crying: 'Stetson!
‘You who were with me in the ships at Mylae!
‘That corpse you planted last year in your garden,
Inclusão econômica e transição energética são os desafios mais importantes desta era
Um conteúdo McKinsey
Dois meses atrás, países e empresas de todo o mundo assumiram compromissos para chegar à neutralidade nas emissões de carbono. Mas há outro desafio de enorme escala que também exige urgência: enfrentar a pobreza de forma decisiva. Esses dois objetivos estão interligados e precisam ser abordados em conjunto. Lideranças de algumas das maiores economias do globo – dos Estados Unidos ao Japão, passando por Brasil, países africanos e europeus até o Oriente Médio – concordam ao declararem recentemente que as mudanças climáticas e a inclusão econômica são objetivos “existenciais” e “convergentes.” Em 2024, o Brasil será palco das mais importantes discussões sobre crescimento sustentável e inclusivo, ao sediar o Business 20 – ou B20, fórum de diálogo mundial que conecta a comunidade empresarial aos governos do G20, as dezenove principais economias do mundo, União Europeia e União Africana. O tema: crescimento econômico para um futuro sustentável. O McKinsey Global Institute (MGI) buscou entender o tamanho de ambos os objetivos – e quanto custa enfrentá-los. Na entrevista abaixo, Tracy Francis, sócia sênior da McKinsey em São Paulo e coautora do estudo do MGI, fala sobre as principais conclusões dessa investigação e do papel fundamental do setor produtivo. Confira abaixo os trechos mais importantes dessa conversa.
Qual é a principal conclusão do relatório?
A inclusão econômica e a segurança ambiental do planeta são os desafios mais importantes desta era. São questões urgentes e simultâneas e, por isso, trouxemos uma visão holística de enfrentamento. O crescimento da economia, lado a lado com a inovação, aumenta a renda e os padrões de vida enquanto também destrava o financiamento necessário para a transição energética. Há, claro, tensões nesse processo. Aumentar os padrões de vida também implica uma maior procura por produtos e serviços e, com isso, cresce o consumo de energia e o volume de emissões. Por outro lado, uma transição energética desordenada pode aumentar os custos de vida e afetar o mercado de trabalho. Ao mesmo tempo, não agir diante das mudanças climáticas prejudica a economia e as populações mais pobres, que estão fortemente expostas a riscos ambientais. A equação não é simples, mas existem caminhos. O relatório propõe uma mudança de paradigma na questão da inclusão econômica. Que mudança é essa? Fizemos um enorme progresso social nas últimas décadas – no Brasil e no mundo – tirando bilhões de pessoas da pobreza. O próximo estágio do desenvolvimento é subir a barra. Por isso, propusemos expandir o conceito de ‘linha da pobreza’ para ‘linha do empoderamento’. Esse conceito define o que é preciso para que uma pessoa tenha acesso não apenas à subsistência, mas a toda uma gama de serviços essenciais, incluindo saúde, moradia, educação. A linha do empoderamento ainda implica viver em circunstâncias bastante modestas, mas os cidadãos passam a ter mais meios de se desenvolver e ascender social e economicamente, podendo pensar para além da próxima refeição e com condições de ter alguma economia e se engajar socialmente. Em 2020, cerca de 51% dos brasileiros, ou 110 milhões de pessoas, viviam abaixo da linha do empoderamento, segundo o nosso relatório. Na América Latina, eram 390 milhões de pessoas, ou 60% da população. O relatório coloca cifras nesses desafios. Qual é o investimento necessário? Primeiro, fizemos uma análise global: enfrentar de forma sistemática a inclusão econômica e a transição energética requer um investimento anual da ordem de 8% do PIB mundial ao longo da década (ou em torno de US$78 trilhões no total). Depois, entendemos que esse montante varia de acordo com o grau de desenvolvimento atual de cada país. Para o Brasil, chegamos à cifra de 10% do PIB (cerca de US$1,7 trilhão). De fato, uma enorme quantidade de investimento. Mas, quando olhamos mais a fundo, vemos que o crescimento e a inovação podem fechar, sozinhos, cerca de 50% desse gap. Isso mostra, então, que é impossível pensar na solução desses desafios sem refletir sobre o papel fundamental do setor produtivo. Que papel é esse que o setor produtivo deve desempenhar? Na solução desses grandes desafios, o crescimento econômico e a inovação liderada pelas empresas podem nos levar até a metade do caminho. Essas forças são especialmente importantes quando se trata de inclusão econômica e elevação dos padrões de vida. Mas é preciso um esforço intencional para maximizar esse efeito. O crescimento pode gerar empregos melhores e mais bem remunerados. E, num momento em que a tecnologia está mudando tão rapidamente, os empregadores desempenharão um papel fundamental no desenvolvimento de habilidades técnicas e na criação de carreiras mais amplas. Descobrimos que cerca de metade dos ganhos ao longo da vida dos trabalhadores vêm do desenvolvimento de capacidades por meio da experiência e da aprendizagem no trabalho, especialmente para aqueles que ingressam no mercado sem educação formal e em empregos de baixa remuneração. Você vê as lideranças empresariais comprometidas com esses objetivos? Participo de muitos fóruns e vejo um entusiasmo em relação a esses temas. A pauta da transição energética está mais avançada e é um exemplo de como podemos amadurecer discussões dessa natureza. Seja no Brasil, em Davos ou no B20, vejo o interesse crescer, mas precisamos aumentar o foco em direção ao crescimento sustentável e inclusivo que almejamos. Reconhecemos a dimensão desses desafios e a força gravitacional do status quo. É extremamente complexo chegarmos a um consenso para implementar as mudanças necessárias, mas não assumir esse compromisso significa comprometer o futuro de uma geração inteira e, em última instância, de todo o planeta. O desafio é enorme, nós sabemos disso, mas o apelo é para que todos arregacem as mangas e façam ainda mais.
(Para se aprofundar no tema, acesse o relatório completo ‘Da Pobreza ao Empoderamento: subindo a barra para o crescimento sustentável e inclusivo’ (disponível em inglês).