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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Brasil: o futuro do país está no passado (de outros países...) - Paulo Roberto de Almeida

Um texto de 2012, feito para subsidiar palestras minhas a jovens empresários e estudantes no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais, e que ainda se revela válido para os tempos atuais.


Brasil: o futuro do país está no passado (de outros países...):
proposta para uma Fronda Empresarial

Paulo Roberto de Almeida

As revoluções e os progressos institucionais: dilemas históricos
O título deste ensaio pode parecer contraditório, mas nele pretendo argumentar que a sociedade brasileira, por não ter passado por transformações institucionais, ou culturais, que outras nações lograram alcançar no passado, enfrenta hoje sérias dificuldades para realizar todo o potencial de desenvolvimento e de prosperidade, a que seu povo está legitimamente no direito de aspirar.
Qualquer observador sensato do cenário econômico e político do Brasil contemporâneo concordaria em que o país necessita de sérias reformas, nas mais diferentes vertentes da vida nacional, e até em suas relações externas. Dirigentes sensatos costumam empreender reformas, periodicamente, como meio de evitar crises políticas ou turbulência econômicas, ou até distúrbios mais graves, eventualmente, inclusive, conflitos sociais, podendo chegar até a rupturas revolucionárias. Países que empreendem reformas, como parte de seu processo natural de adaptação a novos desafios domésticos ou à dinâmica da economia internacional, poupam a si mesmos de sofrimentos inúteis nos planos econômico ou político. Existem também aqueles que acreditam que o Brasil necessita de uma verdadeira revolução, em várias áreas.
Revoluções não são planejadas; elas acontecem; não existem líderes políticos, por mais poderosos ou convincentes que sejam, por mais messiânicos que apareçam aos olhos da massa, que consigam “produzir” revoluções verdadeiras, no seu sentido contemporâneo, ou seja: processos violentos de transformação da ordem política e social comportando a derrocada, mais ou menos completa, e o afastamento do poder de antigas elites dominantes e sua substituição por novos estratos dirigentes, geralmente aqueles que ascendem como líderes no curso do processo revolucionário.
As grandes revoluções sociais conhecidas nos últimos séculos, desde a revolução inglesa do século 17 – a de Oliver Cromwell, cuja condução da guerra civil entre o Parlamento e o rei levou à decapitação deste último – até a revolução camponesa conhecida na China do século 20 – que terminou numa guerra de posições entre os exércitos do Partido Comunista e o do Kuomintang – não ocorreram como decisão de nenhum líder político ou militar: elas ocorreram como resultado de forças sociais muito poderosas, cujas iniciativas e ações muitas vezes escaparam ao controle de seus principais protagonistas. Entre esses exemplos, muitas outras revoluções sociais ocorreram, sempre pela conjunção de variáveis imprevisíveis e de fatores contingentes, com algum elemento fortuito atuando como gatilho: fomes, profundas crises econômicas, guerras, cisão das elites dirigentes no comando do Estado, enfim, grandes comoções sociais que alteram o jogo normal do processo político e seu encaminhamento normal.
Grandes líderes políticos ou dirigentes sociais podem, no máximo, conduzir revoltas, conflitos, enfrentamentos, guerras de guerrilha, ou até putschs e golpes de Estado, como fizeram Lênin, Mussolini, Getúlio Vargas, além de muitos outros, sempre no quadro de crises políticas mais ou menos graves em suas respectivas sociedades. Também existem aqueles que ascendem pela via eleitoral, mas que depois provocam alterações profundas no sistema político, até no sentido de ditaduras perfeitas, como pode ter sido o caso de Hitler, nos anos 1930, e, atualmente, num país bem perto do Brasil.
Nem todas as revoluções atuam num sentido positivo, ou seja, remodelar a estrutura social e o sistema político em certas sociedades, de modo a renovar as elites dirigentes num sentido progressista, ou libertário, modernizando o aparelho do Estado e permitindo a incorporação de novos estratos sociais ao jogo político, se necessário com a redução do poder político e econômico de velhas elites dirigentes. Várias delas terminam em tragédia, resultando, na prática – senão em intenção – em ditaduras criminosas, como pode ter sido o caso da revolução bolchevique (na verdade, um simples putsch leninista, em sua origem), o da conquista do poder pelo Partido Comunista da China, sob a liderança de Mao Tsé-tung, bem como a própria revolução cubana, atualmente um dos últimos e tristes exemplos de um stalinismo anacrônico, junto com seu outro regime irmão, ainda mais surrealista, o da Coréia do Norte.
A revolução francesa, que é considerada o protótipo ideal de uma grande revolução social – pelo menos para os historiadores marxistas –, ainda que resultando, teoricamente, na derrocada do Ancien Régime e na ascensão da burguesia e de um Estado moderno, não representou, necessariamente, um progresso social e econômico decisivo para a França do século 19. Aliás, até mesmo um historiador marxista, como Eric Hobsbawm, reconhece que a revolução francesa pode ter atrasado a remodelação do país num sentido capitalista, ao ter fragmentado exageradamente a propriedade da terra, obstaculizando a modernização capitalista da agricultura, e ao criar um Estado extremamente centralizado, com burocracia poderosa, que manteve muitos negócios sob o estrito controle de elites dirigentes que tendem, ainda hoje, a reproduzir os privilégios do Antigo Regime. Não é novidade para ninguém que a França tem enormes dificuldades para empreender reformas modernizantes, que vive dominada por corporações que controlam o Estado e que é, possivelmente, o país europeu mais estatizado do continente, com aproximadamente 25% da população economicamente ativa na condição de funcionários públicos. Talvez o Brasil aprecie esse modelo.
Outras revoluções produzem resultados bem mais favoráveis, tanto do ponto de vista político, como social, abrindo espaço para o desenvolvimento dos negócios, a riqueza e a prosperidade; tal é indiscutivelmente o caso da chamada “Revolução Gloriosa”, ocorrida na Inglaterra em 1688, que completou a obra da desastrosa guerra civil que a precedeu, no sentido de reafirmar a preeminência do Parlamento sobre o poder autocrático do soberano, mas sem necessitar decapitá-lo, desta vez, apenas remetendo-o ao exílio e importando uma outra casa reinante; trata-se da mesma que sobrevive até hoje no Reino Unido, mas que absolutamente não governa, sendo o país o sistema mais antigo, no mundo, de regime parlamentar plenamente democrático e estável. Outro exemplo, cem anos após, mas contra o rei e o parlamento britânicos, é o da revolução da independência americana, feita sob a inspiração de iluministas escoceses e ingleses, mas influenciada também por constitucionalistas franceses, e que foi conduzida sob a forma de uma revolta cidadã contra a extorsão tributária que o rei inglês pretendia impor aos seus súditos das treze colônias americanas.
 (...)

Leiam o resto nos links indicados:  http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/2433FuturoBrasilFrondaEmpres.pdf e
https://www.academia.edu/5962599/2433_Brasil_o_futuro_do_pa%C3%ADs_est%C3%A1_no_passado_de_outros_pa%C3%ADses..._proposta_para_uma_Fronda_Empresarial_2102_

Itamaraty e funcionarios publicos: reajuste sub-inflacionario

Reajuste de 21% em quatro anos é, de fato, arrocho salarial, em vista da inflação crescente dos últimos anos e da deste ano e do próximo. Governo do PT retoma práticas do regime militar. 
Paulo Roberto de Almeida 

ASSOCIAÇÃO DOS DIPLOMATAS BRASILEIROS        ADB

 

Nota ADB nº 002/2015

 

 

NEGOCIAÇÕES DE REAJUSTE SALARIAL NO MPOG: 

JUIZ ANULA VOTAÇÃO DO SINDITAMARATY. ADB PARTICIPA DE REUNIÃO NO MPOG.

 

Em decisão liminar proferida em ação judicial movida pela Associação dos Diplomatas Brasileiros (ADB), a Dra. Patrícia Birchal Becattini, Juíza do Trabalho, declarou nulas as deliberações do Sinditamaraty tomadas durante a Assembleia-Geral Extraordinária de 1º e 2 de julho passado, bem como votação "on line"realizada ontem – as quais permitiriam à entidade propor, ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão(MPOG)critério assimétrico para a recomposição das perdas inflacionárias das três carreiras integrantes do Serviço Exterior Brasileiro (SEB).

 

A ADB havia ajuizado a ação, em 6 de julho, alegando que as deliberações do Sinditamaraty teriam lesado os interesses dos diplomatas, uma vez que o pagamento não-linear do reajuste salarial, atualmente em negociação no MPOG, implicaria perdas reais significativas para a classe. A ADB invocou, ainda, irregularidades procedimentais na condução do processo decisório no Sindicato.

 

Transcrevem-se, abaixo, trechos relevantes da decisão liminar:

 

"A votação e a assembleia do sindicato estão eivadas de nulidade, pois não foi permitida a votação e participação de toda a categoria, com mudança das regras de votação dentro da mesma assembleia.

Desse modo, concedo a medida liminar requerida, declarando nulas as deliberações da assembleia do sindicato réu nos dias 01 e 02 de julho de 2015 e votação on line finalizada no dia 06/07/2015 às 18 horas por não refletir a manifestação de toda a categoria e em face da não observância da convocação inicial que chamou todos os servidores para participarem e votarem. (...)"

 

ADB participa de reunião no MPOG sobre reajuste salarial

 

Em mais uma ação voltada à defesa dos interesses dos diplomatas, a ADB participou de reunião com o Secretário de Relações do Trabalho do MPOG, em 7 de julho corrente. Na ocasião, 56 entidades representativas de 1 milhão e 200 mil servidores públicos apresentaram suas primeiras reações à contraproposta do MPOG de recomposição inflacionária de 21,3%, distribuídos ao longo de quatro anos.

Em sua intervenção, o representante designado pela ADB, Ministro Adriano Pucci, ressaltou que a Associação se somou ao processo de negociação porque a fórmula de reajuste não-linear defendida pelo Sinditamaratyacarretaria graves perdas financeiras unicamente para a categoria dos diplomatas no curso do quadriênio. Citou, nesse contexto, a liminar concedida à ADB como indicativo de que aquelas deliberações não haviam sido tomadas em conformidade com a legislação sindical.

O Dr. Sérgio Mendonça (SRT/MPOG) tomou por unânime a recusa das entidades presentes ao reajuste ofertado. Tendo ouvido as diversas reivindicações, dividiu-as em doiplanosgeral e setorial. No plano geral, indicou que o Governo tomará em conta a preocupação com a insegurança que uma proposta plurianual suscita e que considerará a possibilidade de nova oferta, em linha com as reações registradas hoje, observada a premissa do equilíbrio entre as despesas de pessoal do funcionalismo e as exigências fiscais em vigor. No plano específico das distintas carreiras, acolheu a sugestão de organizar negociações sob a forma de mesas setoriais restritas às demandas prioritárias de cada categoria. A ADB continuará a participar de ambos os processos, em sintonia com as postulações dos diplomatas.

 

Sessão Informativa sobre a Negociação em Curso no MPOG

9 de julho, quinta-feira, 14h – Auditório Paulo Nogueira Batista

 

A ADB convida todos os diplomatas (associados ou não) a participar de encontro informativo, a ser realizadono dia 09/07/2015 (próxima quinta-feira), às 14h00, no Auditório Paulo Nogueira Batista (Palácio Itamaraty, Anexo II, Térreo), quando a Diretoria apresenta um balanço preliminar da reunião realizada hoje no Planejamento. Na oportunidadeserão examinadas as propostas de negociação e discutidos os principais pleitos dos diplomatas.

 

Brasília (DF), 7 de julho de 2015.

 

A marcha do impeachment: editoral despudorado do Estadao

Parece que a coisa vai se acelerar em agosto, mês aziago.
Paulo Roberto de Almeida 

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, talvez por dever de oficio, reagiu à intensificação do movimento pelo afastamento da presidente Dilma Rousseff acusando a oposição de, inspirada por reprovável “despudor democrático”, estar promovendo o golpismo e o revanchismo eleitoral. As declarações de Cardozo foram feitas no mesmo dia em que o Estado publicou artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso contendo uma lúcida e aguda análise do papel das oposições diante da crise que o País enfrenta. Argumentou o ex-presidente que das oposições se espera que não tenham “o propósito antidemocrático de derrubar governos, mas tampouco o temor de cumprir seus deveres constitucionais, se os fatos e a lei assim o impuserem”.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o ministro da Justiça afirmou: “É de um profundo despudor democrático e de um incontido revanchismo eleitoral falar em impeachment da presidente como têm falado alguns parlamentares da oposição”. E acrescentou: “O desejo de golpe sob o manto da aparente legalidade é algo reprovável do ponto de vista jurídico e ético”.
Preocupado em mostrar serviço por pressão de seu próprio partido, Cardozo equivoca-se. As condições para que a discussão sobre eventual afastamento da presidente da República tenha entrado na agenda política não foram dadas pela oposição, mas pela própria Dilma Rousseff e pela incompetência de seu governo, que têm sido alvo de duros ataques até mesmo por parte do ex-presidente Lula. Foram as investigações da Lava Jato e as delações premiadas, e não a oposição, que levantaram suspeitas sobre a arrecadação de recursos na campanha reeleitoral de Dilma, abrindo a possibilidade de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vir a cassar-lhe o mandato. É o Tribunal de Contas da União (TCU), e não a oposição, que acha que as “pedaladas” fiscais de Dilma atentam contra a Lei de Responsabilidade Fiscal e por isso ameaça reprovar as contas, o que abriria a possibilidade de, neste caso, o Congresso cassar-lhe o mandato. Não havia nada parecido com tudo isso quando, na oposição, o PT do ministro Cardozo sentiu-se no direito de exigir “Fora FHC”, por despudor democrático.
As condições políticas que estimulam a discussão do impeachment no âmbito do Congresso foram criadas pela incompetência de Dilma e de seus conselheiros políticos que, sob o efeito inebriante da vitória eleitoral em outubro, tiveram a pretensão de passar por cima de seu principal aliado, o PMDB, e impor sua vontade na eleição do novo presidente da Câmara dos Deputados. Deu no que se vê.
Não é, portanto, o “despudor democrático” da oposição que está colocando em risco o mandato de Dilma Rousseff. As forças políticas que se opõem ao governo têm a responsabilidade – enfatizada por Fernando Henrique – de apontar um rumo para o País diante da crescente possibilidade de que Dilma seja legalmente impedida ou até mesmo se afaste espontaneamente da Presidência da República.
Se isso vier a ocorrer terá sido o resultado não de um golpe, como querem os defensores da presidente, mas da aplicação das medidas constitucionais destinadas a garantir a estabilidade das instituições republicanas, hoje ameaçadas – nunca é demais repetir – pela corrupção apascentada por eminentes líderes do PT e aliados, pela incompetência gerencial e pela desastrada ação política da chefe do governo, que resultaram na ampla reprovação popular a seu desempenho.
É preciso levar em conta ainda o fato de que o afastamento de Dilma pode representar, por paradoxal que pareça, o melhor caminho para a sobrevivência, no prazo mais curto, do projeto de poder do PT e da ambição de mando de seu principal líder. Pois parece ser isso o que leva Lula, diante da improvável perspectiva de recuperação da economia em tempo hábil para tornar possível a sua eleição em 2018, a dar uma no cravo e outra na ferradura quando se refere a sua criatura, sinalizando a intenção de descolar-se do desastre em que se transformou o governo de sua pupila e sucessora.
Com o impeachment ou a renúncia de Dilma, quaisquer que sejam os desdobramentos constitucionais, Lula estaria livre para assumir o comando da oposição com tempo suficiente para destilar o discurso de vendedor de ilusões que sempre embalou sua carreira populista. Aí sim, se consumaria o verdadeiro despudor democrático. (Estadão).

terça-feira, 7 de julho de 2015

Itamaraty: desventuras bolivarianas se acumulam

Oh céus, depois de tanto tempo dando certo, todo mundo se locupletando e se beneficiando, foi acontecer logo comigo, urubu no meu pedaço, mosca na minha sopa, caroço no meu angu?
Eu mereço isso?
O tempora, o mores...

Blog Lauro Jardim, terça-feira, 7 de julho de 2015

11:32 \ Governo

Em campanha por Madri

Simões tem se articulado

Simões tem se articulado

Indicado por Dilma para a embaixada do Brasil em Madri,Antonio Simões tem se articulado para evitar ser boicotado pela oposição em sua sabatina no Senado.

Durante a leitura do relatório da indicação, Romero Jucá e Edison Lobão foram à Comissão de Relações Exteriores elogiá-lo.

O temor é que o clima contrário à política externa do governo para a América do Sul prejudique sua indicação.

Atualmente, Simões é subsecretário-geral de América do Sul no Itamaraty e, portanto, está diretamente envolvido nas relações com os países vizinhos.

Por Lauro Jardim

Global Economic Prospects; the world in transition - a World Bank Report

Global Economic Prospects, June 2015 : The Global Economy in Transition

cb
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Global growth is expected to be 2.8 percent in 2015, but is expected to pick up to 3.2 percent in 2016–17. Growth in developing countries and some high-income countries is set to disappoint again this year. The prospect of rising borrowing costs will compound the challenges many developing countries are facing as they adapt to an era of low commodity prices. Risks to this outlook remain tilted to the downside. This edition of Global Economic Prospects includes two Special Features that analyze the policy challenges raised by the two transitions in developing countries: the risks associated with the first U.S. central bank interest rate increase since 2006 and the implications of persistently low commodity prices for low-income countries. Global Economic Prospects is a World Bank Group Flagship Report that examines global economic developments and prospects, with a special focus on developing countries, on a semiannual basis (in January and June). The January edition includes in-depth analyses of topical policy challenges faced by developing countries while the June edition contains shorter analytical pieces.
Citation
“World Bank Group. 2015. Global Economic Prospects, June 2015 : The Global Economy in Transition. Washington, DC: World Bank. © World Bank. https://openknowledge.worldbank.org/handle/10986/21999 License: CC BY 3.0 IGO.”
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Global Economic Prospects

Reflexoes sobre o Brasil feitas em viagem - Paulo Roberto de Almeida


Um legado de desunião
O que foi feito do Brasil e o que cabe fazer no Brasil

Paulo Roberto de Almeida

O Brasil de 2014 se apresentava como um país profundamente dividido quando ele começou a sentir os primeiros efeitos da crise autoconstruída que se manifestaria com especial acuidade em 2015. Mas o Brasil de 2013 também já tinha sido dividido, assim como o mesmo Brasil dos anos anteriores, recuando no tempo até treze anos atrás aproximadamente. Foi naquele momento que o país começou a ser formalmente dividido em categorias sociais distintas – retoricamente separado entre “eles” de um lado, “nós” do outro – numa caracterização totalmente artificial, mas que valia de discurso político em diferentes circunstâncias, não apenas nas conjunturas eleitorais.
Esse tipo de discurso, na verdade, vigorava desde antes de 2003, mas passou a ser exercido em toda a sua exuberância a partir desse ano, quando chegou ao poder o partido salvacionista, maquiavelicamente envelopado na falsa retórica da “esperança que venceu o medo”. O discurso da separação era tradicional no partido segregacionista, na agremiação da luta de classes, no movimento maniqueísta que pretendia o resgate da profunda desigualdade social que sempre dividiu o país desde tempos imemoriais.
O discurso da separação exibia certa legitimidade, já que tinha fundamento nos dados da realidade brasileira, mas nas fileiras do partido segregacionista o argumento era defendido com ódio, com despeito, com desejos de vingança, mas sobretudo com a decisão de integrar um projeto de poder. Assim foi feito, e o Brasil mudou. Mudou para melhor? Talvez, pelo menos no plano da distribuição de alguns benefícios monetários a contingentes consideráveis de brasileiros desfavorecidos, não necessariamente porque eles constituíssem um exército de necessitados absolutos, mas porque eram uma parte assessória, mas importante, do mesmo projeto de poder.
O Brasil chegou a 2015 menos dividido do que se esperava, uma vez que parte considerável da cidadania decidiu romper com a mística fraudulenta da separação dos brasileiros entre “nós” e “eles”, ainda que para isso tenham contribuído duas crises simultâneas: a econômica, derivada dos equívocos acumulados por uma gestão particularmente inepta dos assuntos econômicos, e a política, que dela emergiu por que a sociedade que despertou do pesadelo da fraude separatista levou lideranças políticas a divergirem do partido hegemônico, convertido em partido das minorias. O legado de desunião semeado durante anos pelo partido segregacionista ainda produz efeitos no país, mas já não tem o poder de paralisar a cidadania e de determinar a agenda política. Ele sempre foi incapaz de unir, mas escondia esse fato sob a coberta do resgate social, que lhe serviu durante anos como retórica de legitimidade política. Isso agora acabou.
O Brasil de 2015 tem de recompor seu discurso político, seu tecido social, e as bases de funcionamento da governança, a começar pela restauração dos fundamentos econômicos que o coloquem novamente no caminho do crescimento, depois do imenso descalabro provocado pela inépcia dos segregacionistas. Não será uma tarefa fácil, nem pelo lado da eliminação dos desequilíbrios e desajustes econômicos, nem pela correção dos fundamentos morais da governança política, profundamente abalada pela gigantesca fraude causada por um partido composto por dirigentes eticamente delinquentes, e que ainda têm contas a ajustar com a justiça, mas sobretudo com a história.
O que falta fazer no Brasil é a recuperação do sentido moral da atividade política e a restauração da crença cidadã numa governança responsável. Para que isso seja feito, os anões morais precisam ser afastados do poder e banidos da política, abrindo espaço a que novas lideranças possam reconstruir o país segundo princípios que já figuram em sua carta maior, mas que foram vilmente ignorados e vilipendiados pelos delinquentes políticos que assaltaram o poder treze anos atrás. Os brasileiros estão prontos para banir a retórica da desunião, o discurso da separação, o apelo ao ódio de classes sociais e as falsas divisões regionais. A quase totalidade da cidadania disso já se convenceu: ela vai dar o empurrão final na classe política para que esta cumpra o seu dever.
A longa travessia do deserto dos homens e mulheres de bem, dos cidadãos simplesmente sensatos, está próxima do final. Um último esforço e o Brasil vai conseguir superar o legado da desunião.
Assim espero...

Em voo, Atlanta-Brasília, 2839: 7 de julho de 2015, 2 p.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Trapalhadas automotivas dos companheiros: Japao contra Brasil na OMC

BRASIL – OMC

Denúncia do Japão contra política industrial do Brasil surpreende governo
Assis Moreira
Valor Econômico, 6/07/2015

A denúncia feita pelo Japão contra o Brasil na Organização Mundial do Comercio (OMC), atacando as bases da política industrial no governo Dilma Rousseff, na semana passada, "causou ondas" e mal estar em Brasília. A decisão de Tóquio de comprar briga com o Brasil foi recebida com surpresa, justamente quando as duas diplomacias preparam visitas de alto nível para reforçar as relações econômicas: o príncipe herdeiro Nahurito pode ir ao Brasil entre fim de outubro e início de novembro; e a presidente Dilma Rousseff tem planos de ir ao Japão em dezembro.
Visivelmente crente de que tem um caso para ganhar, o Japão resolveu ampliar a pressão contra a política industrial turbinada por exigência de conteúdo local, que é pessoalmente defendida por Dilma Rousseff, passando de "terceira parte" na disputa aberta pela União Europeia (UE) para protagonista de seu próprio caso na OMC contra o Brasil.
Se o governo tivesse negociado com os países, que não cessaram de reclamar em comitês da OMC antes de recorrer aos juízes da entidade, provavelmente teria garantido a essência do Inovar-Auto e dos outros programas e evitado esses contenciosos. No entanto, diante da rigidez do governo, os parceiros foram adiante. Fontes do governo, ainda atônitas, dizem que houve conversas com as montadoras para mostrar que não valia questionar o Brasil na OMC por causa do Inovar-Auto, já que elas seriam ganhadoras com o programa.
O Japão, assim como fez a UE, ataca 14 programas brasileiros no total, desde o Inovar-Auto até setores de informática, automação, inclusão digital e outros. É possível que forças internas no Japão tenham prevalecido sobre as montadoras, no mínimo para evitar que o exemplo brasileiro seja copiado por outros emergentes - o que não reduz o mal estar bilateral.
Tóquio acusa o Brasil de ter adotado uma série de medidas fiscais que seriam discriminatórias contra produtos estrangeiros, e de concessão de "ajuda proibida" aos exportadores nacionais.
Esse litígio ilustra como, na ausência da reforma tributária e outras, o custo Brasil pesa tão fortemente em toda a cadeia produtiva que o jeito é inventar remendos para dar alguma competitividade, como o Inovar-Auto. Só que era possível fazer isso sem atropelar frontalmente as regras internacionais e ficar exposto a sanções dos parceiros. A própria maneira de descrever as medidas adotadas tem peso. O Ministério da Fazenda, por exemplo, sob o controle de Guido Mantega, chegou a definir o Regime Especial de Aquisição de Bens de Capital para Empresas Exportadoras (Recap) como programa para beneficiar "predominantemente companhias exportadoras", o que já coloca o Brasil na defensiva diante dos parceiros.
O histórico de 20 anos mostra que Brasil sabia usar as regras internacionais para derrubar barreiras para seus exportadores e para defender seu mercado. Foi assim que ganhou a briga do aço e de autidumping contra os EUA, do frango contra Argentina e UE, do açúcar contra a UE. Agora, a expectativa é sobre até que ponto os negociadores vão conseguir reduzir o impacto da condenação na OMC.

Academia.edu: os trabalhos mais vistos e os mais descarregados - Paulo Roberto de Almeida

Apenas para registro, como sempre. Existe alguns que não são meus: um se refere ao depoimento de um funcionário, até aqui incógnito, sobre a roubalheira na Petrobras patrocinada pelos companheiros.
Também tem o Bumerán Chávez, um relato impressionante sobre os bolivarianos mafiosos. 
Ainda, material do Ministério Público sobre o maior escândalo de corrupção do Brasil, do planeta, do universo, e da Veja, sobre o mesmo assunto. Os companheiros são mesmo universais: eles roubam até o fundo da galáxia...
O resto parece que é meu, mas só parece: qualquer disputa de copyright, eu mesmo me processo nos tribunais...
Paulo Roberto de Almeida 


Trabalhos de Paulo Roberto de Almeida
Academia.edu: documentos mais vistos e mais descarregados

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