O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

domingo, 30 de junho de 2019

O papel da mulher na história do Brasil - Paulo Rezzutti

Nada de coadjuvantes: historiador revê papel da mulher na História do Brasil

Biógrafo da Marquesa de Santos e da Imperatriz Leopoldina, historiador conclui monólogo em que Domitila questiona distorções em sua biografia
A marquesa de Santos entrou para a História como amante de D. Pedro I e teve sua atuação política apagada Foto: ReproduçãoA marquesa de Santos entrou para a História como amante de D. Pedro I e teve sua atuação política apagada Foto: Reprodução
RIO – Domitila de Castro Canto e Melo viveu grandes paixões, ganhou títulos de nobreza, militou no Partido Liberal, envolveu-se em grandes debates, liderou a emergente sociedade paulistana no século XVIII e defendeu os mais carentes. Mas passou para a posteridade, simplesmente, como a amante de D. Pedro I. Na peça “Marquesa de Santos Verso e Reverso”, de Paulo Rezzutti, Domitila tem a oportunidade de questionar o escritor por trechos em sua biografia.
O monólogo traz à tona um questionamento sobre o verdadeiro papel das mulheres em nossa História. Normalmente, diminuído ou até apagado. A elas eram reservados apenas dois papéis: o de esposa fiel ou de amante.
– O papel da mulher brasileira foi sendo invisibilizado ou diminuído conforme se conta a História. Quem conta um conto aumenta um ponto. Mas, no caso das mulheres, parece que diminuem vários pontos – observa o escritor e biógrafo Paulo Rezzutti, que finalizou o roteiro da peça que mostra a rica e agitada vida de Domitila.
Rezzutti começou a perceber algo de errado na História de personagens femininas já em sua primeira biografia, lançada em 2013, justamente sobre a marquesa: “Domitila, a verdadeira história da Marquesa de Santos”. Em 2017, o escritor abordou o outro lado do caso. Escreveu sobre a mulher do imperador: “D. Leopoldina. A História não Contada”. Percebeu que, mais uma vez, a personagem recebia uma descrição histórica reduzida. Era a mulher traída e mãe do herdeiro do trono, D. Pedro II. O escritor a define como a mulher que arquitetou a independência do Brasil.
LEIA TAMBÉM: treze mulheres que mudaram o Brasil
Rezzutti pesquisou a biografia de mais de 200 personagens marcantes em todas as épocas no País. O esforço culminou no livro “Mulheres do Brasil – A história não contada”, lançado no ano passado.
Para ele, além de uma sociedade sem discriminação de gênero, a mulher tem direito a um novo papel na História. Nesta entrevista, o autor nega que esteja tomando a fala de lideranças femininas. A mudança, ressalta, precisa envolver a todos.
Como você começou a olhar mais para o papel da mulher na nossa História?
Trabalhos anteriores me levaram a notar como o papel da mulher brasileira foi sendo invisibilizado ou diminuído conforme se conta a História do País. Quem conta um conto aumenta um ponto. Mas, no caso das mulheres, parece que diminuem vários pontos. Comecei a minha carreira de biógrafo com a Marquesa de Santos. Estudando a figura de Domitila de Castro Canto e Melo, vi que ela não se resumia a amante do imperador. Viveu quase 70 anos, foi amante de D.Pedro durante sete, e teve uma vida riquíssima, de ações, de amores, de filhos, de processos políticos. Foi militante do Partido Liberal, tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro. Havia uma participação política dela, em nível nacional e local, em São Paulo, completamente apagada.
Você encontrou outros casos semelhantes?
Uma outra biografia que escrevi foi sobre a Imperatriz Leopoldina. Durante o processo de escrita, vi o quanto ela era mais preparada para governar que o próprio D. Pedro I. A visão geopolítica, os contatos internacionais desde a época em que viveu em Viena e a convivência com várias pessoas importantes. Leopoldina estava em Viena, em 1814-15, quando ocorreu o grande Congresso de Viena, que o pai dela (Francisco I, da Áustria) sediou. Estavam lá o czar da Rússia (Alexandre I) e embaixadores britânicos e do mundo todo.
A experiência da imperatriz foi importante em momentos decisivos do País?
A Imperatriz Leopoldina passou para a História como mulher traída, mas teve participação importante nos eventos que culminaram na independência do Brasil Foto: ReproduçãoA Imperatriz Leopoldina passou para a História como mulher traída, mas teve participação importante nos eventos que culminaram na independência do Brasil Foto: ReproduçãoA imperatriz tinha uma rede de sociabilidade que permitiu, inclusive, o reconhecimento do Brasil como nação independente. Antes disso, Leopoldina preparara basicamente o "Dia do Fico". O fato de D. Pedro I ter ficado no Brasil, e outras questões relativas à Independência, mostram que ela estava por trás o tempo todo. Entra na História como a mulher traída, que teve de aguentar a amante do marido. Mas isso não resume sua vida. Leopoldina morreu antes de completar 30 anos, mas teve uma vida, principalmente política, muito forte e muito importante para a independência brasileira. Foi a primeira mulher a governar o Brasil, em várias ocasiões, quando D. Pedro I viajava. E isso também foi apagado.
Foi daí que veio o estalo sobre a diminuição do espaço da mulher na História brasileira?
Vendo essas duas mulheres, comecei a pensar: "Quem mais?" Quais foram as outras personagens que, também, não tiveram a história contada integralmente? Por que essas que a gente conta integralmente a vida estão na nossa história? Por que se fala da Anna Nery, a enfermeira que cuidou dos feridos na Guerra do Paraguai, que montou hospitais e laboratórios? Por que se fala da Maria Quitéria, uma mulher que pegou em armas durante a Guerra da Independência? Porque elas se encaixam em papéis que o homem permite. A Maria Quitéria só virou um soldado porque o País estava precisando. Ela se tornou um exemplo até mesmo para cutucar os homens: "A mulher está indo para a guerra, e você não vai ajudar o seu país?" E, depois, ela sumiu da História porque virou mãe e filha obediente.
Como as mulheres conseguiram ser vistas por outro ângulo?
A Anna Nery esteve na Guerra do Paraguai. Os filhos eram militares, e ela, viúva. Não tinha mais o que fazer da vida e seguiu os filhos. Depois que voltou da guerra, esta imagem sumiu. Portanto, estas mulheres eram figuras que serviam como exemplos históricos, de benemerência, exemplo disso ou daquilo. Mas, aí, há as vivandeiras, mulheres que seguiam o Exército brasileiro na Guerra do Paraguai. Como a Anna Nery, outras mães, esposas e amantes seguiram os seus respectivos. Essas mulheres lavavam, passavam, cozinhavam e ajudavam o esforço de guerra. E muitas dessas mulheres, como Florisbela e Maria Curupaiti, quando os maridos caíram mortos, pegaram em armas e enfrentaram os paraguaios. Isso não aconteceu uma, mas várias vezes. Algumas continuaram seguindo o Exército como soldados. Essas mulheres não entraram na História.
O papel da mulher já estava definido ao nascer?
Durante séculos, o espaço da mulher foi interno, ela era a rainha do lar. Se saísse de casa, precisava da companhia do marido, do irmão ou do pai. Não podia ter acesso ao espaço público sem alguém que tomasse conta. O homem, não. Era o homem público, o cara ilibado. Mulher pública não era ilibada. Muito pelo contrário. Na época do Segundo Reinado, mulheres expunham quadros e ganhavam medalhas nas exposições imperiais da Academia de Belas Artes. Só que eram quadros de natureza morta, paisagens e bichinhos. A mulher não tinha acesso ao estudo do nu artístico. Para a mulher, era limitante, também, a expressão da arte.
E como surgem os primeiros quadros que mostram a mulher em posição fora dos padrões?
Georgina de Albuquerque se tornou a primeira mulher a pintar uma temática histórica envolvendo outra mulher: Leopoldina presidindo o conselho de Estado que determinou a independência do Brasil Foto: ReproduçãoGeorgina de Albuquerque se tornou a primeira mulher a pintar uma temática histórica envolvendo outra mulher: Leopoldina presidindo o conselho de Estado que determinou a independência do Brasil Foto: ReproduçãoAs primeiras a terem acesso ao estudo do corpo foram pintoras e escultoras da virada do século XIX para o XX. Georgina de Albuquerque estudou no exterior. Muitas delas acabavam complementando os seus estudos de nu artístico, de modelo-vivo, na Academia Julian, em Paris. No Brasil, era complicado: a legislação permitia, mas elas não se sentiam bem com os homens. Havia hostilidade contra mulheres nas classes de modelo-vivo. Georgina foi uma das que trabalharam o modelo-vivo e se tornou a primeira mulher a pintar uma temática histórica envolvendo outra mulher: Leopoldina sentada, presidindo o conselho de Estado que determinou a independência do Brasil. Nesse mesmo período, isso é 1921 e 1922, ocorreu o Centenário da Independência. Muitos artistas plásticos voltaram com esta temática histórica na pintura. Ao mesmo tempo, o italiano Domenico Failutti também pintou Leopoldina, mas sob encomenda do Museu Paulista (Museu do Ipiranga). Só que, pela encomenda do diretor do museu, é como? Ela sentada, rodeada de filhos. Assim, o homem viu Leopoldina como a mãe de D. Pedro II, esposa de D. Pedro I, e outra mulher a viu como estadista, participando do conselho de Estado.
Com o olhar de outra mulher, a História é diferente?
A gente tem a imagem da Maria Quitéria graças a uma inglesa, Maria Graham. Ela foi a preceptora da Maria da Glória – a filha mais velha de Leopoldina e D. Pedro I, rainha de Portugal. Maria Graham era uma mulher muito culta. Escreveu um livro a respeito da viagem ao Brasil. Relatou conversa com Maria Quitéria, ilustrada por gravura da personagem (com saia em cima da calça) feita pelo inglês Edward Finden. Por isso, sabemos que Maria Quitéria existiu. A questão é que ela havia brigado com o pai para ingressar no Exército. E o pai foi atrás dela, mas o Exército não a devolveu porque era boa atiradora. Naquele momento da independência, precisavam de gente com o mínimo de noção de arma, e Quitéria, criada pelo pai junto com um monte de irmãos, sabia caçar, atirar, montar, tudo o que homem sabia.
Mesmo no período colonial, as mulheres já apresentavam papel relevante?
A gente esquece das mulheres do Brasil Colônia. Duas capitanias hereditárias deram muito certo, São Vicente e de Pernambuco. Ambas foram governadas por mulheres. São Vicente foi fundada por Martim Affonso de Souza. Quando ele voltou para Portugal e recebeu uma ordem para partir rumo às Índias, passou uma procuração para a mulher, Anna Pimentel, administrar a capitania a partir de Portugal. Ela enviou os primeiros colonos para a região, além de gado, arroz, laranja e várias outras coisas. Martim Affonso de Souza havia determinado que a capitania se desenvolvesse apenas no litoral, mas ela descumpriu a ordem e permitiu que os colonos pudessem subir a Serra do Mar. Em última instância, São Paulo foi fundada graças a Ana Pimentel.Em Pernambuco foi uma viúva que perdeu os filhos e, sozinha, fez a capitania dar certo.
As mulheres sempre encontraram resistência a uma maior participação?
Julieta de França foi uma das primeiras escultoras do Brasil e a primeira a ganhar uma bolsa de estudos do governo, já nos anos iniciais da República. Em Paris, estudou com Rodin e participou de vários salões de arte. Como sua bolsa era pequena, ela não tinha recursos para fundir as peças em bronze e as apresentou em gesso. Mesmo assim, foi reconhecida e seu trabalho ficou em terceiro lugar em uma lista de esculturas feita por um crítico importante da época.

Saiba mais

Exposição no Centro do Rio lembra as conquistas da bancada feminina na redação da Constituição

As protagonistas da mostra

Filme sobre ativista trans brasileira concorre à Palma Queer no Festival de Cannes

Indianara tem 30 anos de ativismo pelos direitos das pessoas LGBTI Foto: Arte de Nina Millen sofre foto de Divulgação de Bruno Ryfer

Três maridos, 11 filhos, mil intrigas: conheça Maria da Glória, a brasileira que reinou em Portugal

Maria da Glória foi a primeira filha do imperador Dom Pedro I com a imperatriz Leopoldina, nascida no Brasil e rainha de Portugal Foto: O Globo

História feminina do samba reflete o machismo na sociedade brasileira

Elas. Mulheres que marcaram lugar na história do samba (a partir da esquerda): a fundadora Tia Ciata; a pioneira Dona Ivone Lara; a ativista Leci Brandão; e a herdeira Teresa Cristina
Foto: Arte de Lari Arantes sobre fotos de arquivo
Ao voltar ao Brasil, participou de um concurso para homenagear a república brasileira. Apresentou a maquete do monumento, mas a comissão de jurados considerou que aquilo não servia para nada e a desclassificou. O que esta mulher fez? Levou a maquete à Europa e conseguiu laudo positivo de grandes escultores europeus, inclusive Rodin. De volta ao Brasil, protocolou isso no Senado, afrontando toda a elite artística do País. Ninguém mais a contratou.
A luta pelos direitos das mulheres é muito antiga no Brasil?
Teresa Margarida da Silva e Orta é considerada a primeira romancista no Brasil. Nasceu em São Paulo, em 1711, e morou em Portugal. Escreveu: "Os homens nasceram primeiro que as mulheres e aproveitaram para pega todos os direitos. E para a gente não sobrou nada." As mulheres já se ressentiam há muito tempo de não ter acesso aos mesmos direitos dos homens. A professora Leolinda Daltro criou, no início do século passado, no Rio, o Partido Republicano Feminino. Depois veio a Bertha Lutz (bióloga e uma das primeiras ativistas feministas). O Rio Grande do Norte foi o primeiro estado a liberar o voto das mulheres. Foi de lá, também, a primeira prefeita, Alzira Floriano, em Lajes, eleita em 1928. Nacionalmente, o voto feminino só se concretizou em 1932. Mesmo assim, a brasileira obteve direito a voto antes das francesas, que só passaram a votar depois da Segunda Guerra Mundial.
Como foi a decisão de incluir Marielle Franco em "Mulheres do Brasil, a história não contada"?
Marielle entrou no meio da produção do livro. Os originais já tinham sido entregues e, na época, a editora-chefe com quem trabalho chamou a atenção sobre o crime. Aí, vi o quanto a vereadora havia trabalhado pelos direitos humanos. Pensei que o livro ficaria datado porque logo resolveriam o assassinato dela. Já faz mais de um ano e não vai ser amanhã que vão resolver o caso Marielle.
LEIA TAMBÉM: 'Tanta gente usa a imagem dela para se promover', diz Luyara, filha de Marielle Franco
Há um capítulo que tem mulheres de poderes e poderes das mulheres. Falo das mulheres que governaram o Brasil, das primeiras políticas e, aí, encaixei a Marielle na questão como vereadora, da participação no movimento popular, de onde ela veio e o que se tornou.
Você traça o perfil de mulheres que marcaram a nossa História?
Explico porque algumas mulheres não fazem parte da História. Modifico um pouco o discurso padrão de outras, como falar que a Dilma é a primeira mulher a governar o Brasil. Não. Não foi. A gente tem exemplos antes da República. Duas mulheres governaram o Brasil antes da presidente Dilma. Temos a Leopoldina e a própria Princesa Isabel, que governou o Brasil, no mínimo, por quase cinco anos. Ela assumia quando o pai viajava.
O senhor voltou à Marquesa de Santos com o monólogo em que ela mostra insatisfação com o que contaram em sua biografia.
Tenho uma peça a respeito da Marquesa de Santos. Brinco com a questão do árduo trabalho de ser biógrafo. A gente tem de trabalhar com documentação e, às vezes, faltam dados. Mas não podemos criar porque vira ficção. Acabamos deixando lacunas. Neste monólogo, faço uma inversão. A marquesa discute com o biógrafo imaginário, do mesmo jeito que tive a personagem imaginária dela na minha frente durante os dois anos em que escrevi a biografia.
A marquesa é um bom exemplo para entendermos como a mulher foi relegada na História?
Essa história da marquesa envolve muito a questão de gênero, absurdamente ainda comum. Uma questão pouco falada é que ela foi esfaqueada pelo marido. Ele jogava cartas e perdia muito dinheiro. Falsificou a assinatura de Domitila para vender terras que tinha herdado e conseguir o dinheiro. Chego ua tentar matá-la. Quer dizer, o cara tentou se livrar da marquesa, de ter tentado matá-la, alegando legítima defesa da honra. A quantidade de feminicídios no Brasil tem aumentado cada vez mais. Tem coisas que aconteceram há 200 anos, mas que continuam acontecendo até hoje.
Essa nova maneira de olhar para a História gerou polêmicas?
Uma coisa que me questionaram é se eu não estava tirando o lugar da fala da mulher. As mulheres estão inseridas na sociedade, mas ela snão vão conseguiram mudar tudo sozinhas. A sociedade precisa mudar. O homem, também, tem de fazer isso.
O monólogo "Marquesa de Santos" será apresentado no dia 17 de agosto, pela atriz Beth Araújo.
Solar da Marquesa de Santos (Museu da Cidade de São Paulo), às 10h
Rua Roberto Simonsen 136, Sé, Centro de São Paulo.

sábado, 29 de junho de 2019

Apple Moves Mac Pro Production to China (WSJ)

O que o Trump vai dizer a partir desse anúncio, justo no dia em que ele se encontra com Xi Jinping? 
F...... Apple?
Mas é justamente ele que torna impossível a manufatura desses produtos nos EUA, ao elevar tarifas sobre importações de insumos e produtos da China.
Suas ações têm o dom de produzir o efeito justamente contrário ao pretendido, retirando renda, salários e empregos aos trabalhadores americanos.
Paulo Roberto de Almeida

Apple Moves Mac Pro Production to China

The $6,000 desktop computer had been the company’s only major device assembled in the U.S.

Trade tensions are disrupting supply chains in China that have churned out electronics such as Apple's iPhone and Nintendo's Switch. Now companies are considering a move out of the country. Photo composite: Sharon Shi
Apple Inc. is manufacturing its new Mac Pro computer in China, according to people familiar with its plans, shifting abroad production of what had been its only major device assembled in the U.S. as trade tensions escalate between the Trump administration and Beijing.
The tech giant has tapped Taiwanese contractor Quanta Computer Inc. to manufacture the $6,000 desktop computer and is ramping up production at a factory near Shanghai, the people said. Apple can save on shipping costs for components given the proximity of many suppliers.

sexta-feira, 28 de junho de 2019

Villafañe abre na ABL o ciclo de conferências sobre o Barão do Rio Branco

Diplomata e historiador Luís Cláudio Villafañe abre na ABL o ciclo de conferências sobre o Barão do Rio Branco


O diplomata e historiador Luís Cláudio Villafañe abre na Academia Brasileira de Letras o ciclo de conferências Legado de Rio Branco: interpretações e atualidade, sob coordenação do Acadêmico e jornalista Merval Pereira. O evento está programado para o dia 4 de julho, quinta-feira, às 17h30min, no Teatro R. Magalhães Jr. (Avenida Presidente Wilson, 203, Castelo, Rio de Janeiro), com o tema Procedo neste caso como teria procedido o Barão: O legado de Rio Branco como fonte de legitimidadeEntrada franca. 
A Acadêmica e escritora Ana Maria Machado é a coordenadora geral dos Ciclos de Conferências de 2019.
Serão fornecidos certificados de frequência. 
O ciclo terá mais duas conferências no mês de julho, sempre às quintas-feiras, no mesmo local e horário: Rio Branco hoje: os desafios do ofício, com o diplomata Marcos Azambuja, no dia 11; e Rio Branco: a persistência de um novo paradigma para a política externa, diplomata e professor Gelson Fonseca, dia 25.
O CONFERENCISTA
Luís Cláudio Villafañe Gomes Santos, diplomata e historiador, nasceu no Rio de Janeiro em 18 de setembro de 1960. Bacharel em Geografia pela Universidade de Brasília e bacharel em Diplomacia pelo Instituto Rio Branco, possui pós-graduação em Ciência Política pela New York University e mestrado e doutorado em História pela Universidade de Brasília.
Nomeado Embaixador do Brasil na República da Nicarágua por Decreto de 16 de fevereiro de 2017.
Como diplomata serviu no Escritório Financeiro do Itamaraty em Nova York, nas Embaixadas do Brasil na Cidade do México, Washington, Montevidéu e Quito, e na Missão do Brasil junto à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em Lisboa.
Villafañe é autor de diversos livros sobre a história das relações exteriores do Brasil, entre os quais, O Evangelho do Barão (Unesp, 2012) e O dia em que adiaram o carnaval (Unesp, 2010). Foi curador da mostra oficial sobre o centenário da morte do patrono da diplomacia brasileira “Rio Branco: 100 anos de memória”, exibida em Brasília e no Rio de Janeiro em 2012.
Publicou artigos em revistas especializadas e participou em obras coletivas no Brasil, Estados Unidos, Europa e América Latina, dentre as quais a coleção Historia General de América Latina, publicada pela Unesco.
Ademais de sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (Rio de Janeiro) e da Academia de Geografía e Historia de Nicaragua (Manágua), é pesquisador associado ao Observatório das Nacionalidades (Fortaleza).
Vencedor do Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), melhor livro do ano (2018) na categoria Biografia/Autobiografia/Memória, com Juca Paranhos, o barão do Rio Branco.

27/06/2019

Acadêmico Merval Pereira convida para o ciclo "Legado de Rio Branco: interpretações e atualidade"

Gênero, sexo e outras coisas do mesmo gênero: leituras recomendadas

Por acaso, recebo de uma editora uma série de leituras que poderão ajudar a retificar certas ideias malucas que circulam por aí...

digitaisamor é amor

1331.jpg

548.jpg

1303.jpg

Educação e Igualdade de Gênero Gênero e SexualidadePolíticas de Gênero na América Latina

4891.jpg

4470.jpg

genero_na_educacao_infantil.jpg

Gênero, Orientação Sexual, Raça e ClasseFeminismos na Imprensa Alternativa BrasileiraGênero na Educação Infantil

inclusao_e_diversidade.jpg

relacoes_de_genero_na_escola_publica_de_transito.jpg

sociedade

Inclusão e DiversidadeRelações de Gênero na Escola Pública de Trânsito Sociedade, História e Relações de Gênero



Cartas de Shanghai: um projeto de 2009, no blog Shanghai Express - Paulo Roberto de Almeida

Transcrevo abaixo, tal como publicada em meu antigo blog Shanghai Express, uma primeira "carta de Shanghai", que redigi quase dez anos atrás, pouco antes de partir para uma missão transitória naquela grande e moderna cidade chinesa, por ocasião da Exposição Universal de 2010, na qual dava início ao que pensava seria uma série de 15 "cartas", sobre os diversos aspectos da China moderna. 
Por que a reproduzo agora?
Porque acabo de preparar um depoimento (que vou revelar mais adiante), solicitado pelo diretor do Centro de Estudos Brasileiros do Instituto da América Latina da Academia Chinesa de Ciências Sociais, Zhou Zhiwei, sobre minhas interações com a China, e esta postagem foi a primeira dessa série, infelizmente não realizada em seu projeto e formato original, mas inserida num conjunto de centenas de postagens que efetuei naquele blog provisório, e neste mais permanente. O projeto original vai também reproduzido mais abaixo.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 28 de junho de 2019

THURSDAY, NOVEMBER 12, 2009

78) Carta de Shanghai, 1: O que eu sei sobre a China?

Carta de Shanghai, 1:
O que eu sei sobre a China?; e o que pretendo aprender…

Paulo Roberto de Almeida
(www.pralmeida.org; pralmeida@mac.com)
(escrito em vôo: Brasília-São Paulo, 4.11.2009)
http://shangaiexpress.blogspot.com/2009/11/78-carta-de-shanghai-1-o-que-eu-sei.html

O que eu sei sobre a China? Muito pouco, sem dúvida, mas tenho a intenção de aprender bastante, no curso dos próximos meses (e talvez anos).
Decidi aceitar uma missão temporária na China, mais precisamente em Shanghai, onde vou assumir a direção do pavilhão do Brasil na Exposição Universal que ali se realizará de maio a outubro de 2010. Trata-se de um novo e importante (e interessante) desafio em minha carreira profissional, tanto pelo trabalho em si, quanto pelo país, obviamente, o de maior projeção internacional na atualidade, pelas suas promessas de crescimento e de ascensão na escala mundial de poder e prestígio.

Por que aceitei a missão? Em primeiro lugar porque fui para tal autorizado pela minha caríssima, diletíssima e queridíssima esposa – desculpem o excesso de “íssimas”, mas cabem a ela – Carmen Lícia, que teria a última palavra em qualquer decisão nesse sentido: ou seja, se ela se opusesse à idéia, eu simplesmente não aceitaria o encargo, mesmo estando nele interessado e decidido a aceitar preventivamente. Parto do princípio de que a família passa na frente da carreira, ou das decisões profissionais, embora toda decisão, ou escolha, nesse âmbito sempre é difícil, tendo em conta as inúmeras variáveis em consideração. Uma vez recebido o convite, ou a oferta, procurei informar-me suficientemente sobre o país e sobre a natureza do trabalho, antes de apresentar tal oferta a Carmen Lícia. Para minha surpresa, e alívio, ela aceitou imediata e entusiasticamente, sem nenhuma objeção de princípio, o que me deixou muito contente, pois temia alguma hesitação ao projeto, pelo seu caráter provisório, ou pelas características do país. Eu lhe sou grato por isso, e creio que ela retirará, inclusive, bem maior proveito desta missão, do que eu, que terei de me desempenhar na representação burocrática e nos afazeres oficiais.
Bem, considerações pessoais à parte, vejamos o que me atraiu no convite e na perspectiva da missão. Porque se trata, em primeiro lugar, de um bom desafio intelectual, já que a China constitui, provavelmente, o país mais curioso, misterioso e fascinante da atualidade (ou talvez tenha o sido desde a mais remota antiguidade, pelo menos da perspectiva dos nossos olhos, ocidentais). Também porque se trata, como expressamente esclarecido, de uma designação temporária, sete ou oito meses no máximo, o suficiente para tentar conhecer a China – ou obter alguma compreensão um pouco mais ampla, e talvez uma idéia um pouco mais precisa – sobre o que ela representa para a economia mundial e sobre o seu futuro papel na política mundial. Ou seja, estarei de volta antes de ter tido tempo suficiente para aprender o mandarim.
Sobre a língua, de fato, se trata de um obstáculo relativo, mas menos do que se pensa e menos do que parece. Mas, aparentemente, não terei tempo para aprendê-la de maneira suficientemente satisfatória, tendo em vista minhas outras obrigações profissionais e emprego do tempo. Não que eu repugne aprender a língua oficial e veicular da China, mas é que também pretendo me concentrar em tantas outras coisas que, creio, não poderei alocar tempo suficiente para aprendê-la, tarefa que deleguei, em parte, a Carmen Lícia, esta inteligentíssima esposa que me acompanhará o tempo todo.

Mas, voltemos ao tema desta primeira “carta de Shanghai”: o que eu sei sobre a China e o que pretendo aprender durante minha curta estada na grande nação asiática? Em duas breves expressões: muito pouco, e tudo o que for possível aprender no curto espaço de seis ou sete meses (mas já estou aprendendo antes, desde agora, de forma sistemática). Paradoxalmente, já que pretendo aprender muito sobre a China, por que não dedicar-me mais intensamente ao estudo do mandarim, que seria instrumental para o meu objetivo principal? Bem, minha explicação seria puramente racional e tem a ver justamente com a insuficiência de tempo para fazer tudo o que seria humanamente possível de fazer em relação a um conhecimento mais aprofundado da China.
Minha área básica de trabalho é a economia mundial, o desenvolvimento econômico, as instituições políticas, os problemas da paz e da guerra em um mundo ainda em transição para uma ordem menos anárquica do que aquele que vivemos em grande parte do século 20 (e que ainda está conosco residualmente). Ora, a maior parte da literatura nesses campos está em inglês ou em outras línguas ocidentais, ainda que não se possa descurar a (presumível e esperada) produção própria da China, geralmente acadêmica, que é crescente e da maior qualidade (segundo leio em artigos especializados), à medida que o país já abandonou as misérias intelectuais do maoísmo delirante e se abre à globalização, inclusive científica. Possivelmente, também, todos os meus interlocutores chineses nas matérias e áreas por mim selecionadas falarão ou entenderão inglês, e com eles poderei interagir o suficiente para me informar e dialogar sobre o país e seu papel na economia e na política mundiais.
De toda forma, aprender mandarim seria importante se eu me dedicasse ao aprendizado de aspectos diversos da cultura chinesa, sua literatura, folclore, costumes e tradições, o que também procurarei fazer na medida do possível. Mas o cálculo é simples: o tempo empenhado no estudo da língua – seus fonemas e ideogramas – seria retirado de esforço equivalente no estudo e conhecimento de áreas de meu interesse primordial, o que poderei fazer em inglês, inclusive para interagir com o público at large. Dessa forma, estou decidido a concentrar-me na China da globalização, não na China da tradição, de suas aldeias e costumes ancestrais. Talvez seja um erro, do qual eu venha a me arrepender no mesmo momento, e pode parecer uma decisão mal avisada; na vida, contudo, sempre temos de fazer escolhas difíceis entre objetivos conflitantes. Por outro lado, não deixarei de aproveitar-me dos conhecimentos sobre o povo, seus hábitos e outras características que o domínio sobre a língua que Carmen Lícia pretende adquirir nos permitirá (o que, aliás, ela já vem fazendo preventivamente).

Pois bem, retomando o título desta minha primeira “carta de Shanghai” – não pretendo usar a forma brasileira Xangai – o que, de verdade, eu conheço sobre a China? Para ser claro, muito pouco, apenas o que consegui aprender, rápida e superficialmente, nos artigos de jornais e revistas – tipo Economist, Financial Times, New York Times, Foreign Policy e Foreign Affairs – ademais de boletins e estudos de organismos internacionais e think tanks americanos e europeus. Ou seja: um conhecimento basicamente ocidental e focado na economia e nas relações internacionais, o que é, obviamente, uma parte muito pequena das realidades chinesas. Também já li alguma coisa nos livros de história e de política internacional, no se refere à China, materiais que estou agora devorando com uma ênfase particular naqueles temas de meu interesse. Em recente viagem à Europa adquiri um bom guia – Lonely Planet, que recomendo – e diversos livros sobre a China. Graças a Carmen Lícia, acabo de ler a Historia Mongalorum – Storia dei Mongoli, ou Tartari (1247) – do franciscano Giovanni dei Pian di Carpine, o primeiro ocidental a ter visitado a China, entre Gengis Khan e Kublai Khan, numa missão (diplomática, mas também de espionagem militar) a serviço do papa Inocêncio IV.
Preparando-me para a minha missão (puramente diplomática, mas certamente, também, de espionagem intelectual), criei um blog, Shanghai Express, no qual estou “depositando” tudo o que eu encontro de interessante sobre a China naquelas áreas de meu interesse específico. Nada de muito planejado ou organizado: apenas uma plataforma eletrônica de apoio a minhas leituras e para a coleta e disponibilização de todo tipo de dado sobre os “meus tártaros”. Tenho grandes expectativas a essa missão transitória, além e acima do mero encargo burocrático de representação do Brasil durante a Shanghai Expo.
Gostaria de ter a oportunidade de viajar pelo país e adjacências, o que farei na medida do possível. Pretendo entrar em contato com acadêmicos, funcionários do governo e cidadãos comuns, capitalistas ou trabalhadores, para interagir em função de meus objetivos de conhecimento aprofundado e de compreensão do papel da China no contexto internacional. Ou seja, pretendo aprender muito e, conscientemente, tentar disseminar um pouco do que eu conseguir aprender para um público mais vasto, especialmente no Brasil, que continua a ser a base principal de meu trabalho intelectual.
De fato, nunca fui um “orientalista” e muito menos um “asiatista” ou sinólogo; ao contrário, sempre fui um “brasilianista”, obsessivamente preocupado com os problemas do desenvolvimento brasileiro. Pois bem, chegou a hora de me ocupar agora de um país distante, mas muito presente, quase desconhecido para a maior parte dos ocidentais, mas tremendamente importante para o mundo e para o Brasil, nessa ordem. Espero estar à altura do desafio, não exatamente o de representar o Brasil na Expo – pois isso é o mínimo que se poderia esperar de um profissional – mas do gigantesco desafio que representa aprender o máximo possível sobre a China e a sua vasta região, de fato “apreender” exatamente qual é o seu papel no mundo de hoje, na economia do futuro, e depois ser capaz de transmitir tudo (ou pelo menos um pouco) do que consegui aprender a meus eventuais leitores e colegas de academia e de profissão.

A China é, em si e por si, mais do que um continente inteiro, um vasto mundo, o país do momento e também a nação do futuro, o imediato e o previsível. Desejo aprender, compreender, traduzir e transmitir algo de meus novos e projetados conhecimentos; creio, aliás, que Lao Tsé, Confúcio e outros distinguidos pensadores chineses se encaixariam bem na minha coleção de “clássicos revisitados”, dos quais já “extraí” um Manifesto Comunista na era da globalização, um Moderno Príncipe (que Maquiavel talvez apreciasse) e um De la Démocratie au Brésil, que precisou mobilizar novamente os dotes de viajante de Tocqueville. Não tenho certeza de que, no plano puramente político, a China tenha mudado muito desde os tempos de frei Giovanni, no século 13. Mas ela certamente se transformou enormemente nos últimos trinta anos, e está transformando a região e o mundo. Espero testemunhar um pouco sobre esse seu papel revolucionário no contexto das relações internacionais e da geoeconomia mundial. Veremos o que resulta desta aventura intelectual e deste empreendimento de sinologia aplicada.

Brasília-São Paulo, 4 novembro 2009.

SUNDAY, NOVEMBER 22, 2009

104) Cartas de Shanghai: esquema redacional

Cartas de Shanghai, Planejamento Editorial
Paulo Roberto de Almeida
(o que eu poderei, ou não, escrever nos meses à frente)
http://shangaiexpress.blogspot.com/2009/11/104.html

1. A China: o território, o país, características básicas no plano geográfico
2. A China: sociedade, povos, cultura, diversidade e unidade das civilizações locais
3. Desenvolvimento histórico da sociedade chinesa: império e cultura milenares
4. Desenvolvimento histórico da sociedade e da economia chinesa: grandes tendências
5. Ordem política e instituições: uma longa história de centralização e despotismo
6. Economia: da maior economia mundial à decadência e à recuperação atual
7. Economia: desenvolvimentos desde as reformas da era Deng Xiaoping
8. Economia: perspectivas da China na economia mundial
9. Equilíbrios geopolíticos e questões de defesa e de segurança
10. Desenvolvimentos nos campos científico e tecnológico
11. Aspectos de sua literatura e cultura: breve síntese contemporânea
12. A China no mundo: do centro do universo à interdependência soberana
13. Relações com os Estados Unidos: osmose necessária e contraditória
14. Relações com o Brasil: considerações no plano econômico e diplomático
15. O que o Brasil pode aprender com a China; o que a China espera do Brasil

Esquema tentativo: 30.10.2009