O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

O velho nacionalismo protecionista, a anacrônica reserva de mercado volta ao cartaz...

... nas telas dos cinemas.
Os "liberais" do governo podem até se esforçar por abrir a economia, mas o velho nacionalismo protecionista volta a entrar pela janela, como comenta Ricardo Bergamini: 

Quando o governo – em nome de boas intenções – tenta reorganizar a economia, legislar a moralidade ou proteger interesses especiais, o resultado é a ineficiência, a falta de motivação e a perda de liberdade. O governo deve ser um árbitro, não um jogador ativo. MILTON FRIEDMAN:

Prezados Senhores

Presidente Jair Bolsonaro desmoraliza o pensamento liberal, com a volta da jurássica reserva de mercado. Que vergonha!


Cota de Tela 2020: Governo estabelece as regras para exibição obrigatória de filmes brasileiros nos cinemas

Decreto regulamenta reserva de salas do audiovisual brasileiro no próximo ano, conforme aguardava o setor; indefinição ao longo de 2019 prejudicou o mercado

Helena Aragão e Luiza Barros

25/12/2019

Sala de cinema: exibição de filmes nacionais será obrigatória em 2020 

RIO - Um decreto publicado na terça-feira (24) pelo presidente Jair Bolsonaro estabelece as novas cotas obrigatórias de exibição de filmes brasileiros nos cinemas do país em 2020. A regulamentação das regras para o próximo ano era aguardada pelo setor audiovisual.

Conhecida como Cota de Tela, a obrigatoriedade da exibição de filmes nacionais nos cinemas foi estabelecida pela Medida Provisória 2.228 de 2001. O objetivo do dispositivo é proteger e fomentar a produção audiovisual no país. Todo ano, o Poder Executivo tem que publicar, até 31 de dezembro, os parâmetros da Cota para o ano seguinte — ou seja, por quantos dias uma sala deve abrigar um filme nacional ao longo de um ano.

O número de filmes brasileiros que devem ser exibidos varia de acordo com o tamanho das empresas exibidoras. Por exemplo, uma empresa que tiver apenas uma sala é obrigada a exibir por 27 dias filmes brasileiros em sua programação de 2020. Já empresas que tenham a partir de 201 salas devem dedicar 57 dias de sua programação ao cinema nacional.

Também é exigida a variação nos títulos exibidos. Uma empresa com apenas uma sala, por exemplo, precisa exibir três filmes diferentes. A partir de 16 salas, deve ser feita a exibição de pelo menos 24 filmes nacionais distintos.

Salas que optarem por programar voluntariamente filmes brasileiros a partir das 17h poderão reduzir em 20% a cota obrigatória. Será estabelecido um limite mínimo de títulos diferentes a ser oferecido por cada complexo, de forma a garantir a diversidade de obras exibidas.

O decreto ainda determina que os requisitos e as condições de validade para o cumprimento da obrigatoriedade da cota de tela, bem como a metodologia de cálculo da quantidade de dias para cumprimento da obrigação, serão disciplinados em ato expedido pela Ancine.

"Em suma, a proposta tem por finalidade ampliar os resultados e atualizar o modelo vigente à atual conjuntura do setor, garantindo não só a expansão do cinema nacional, mas também sua capilaridade e divulgação em todo o país", diz nota divulgada pelo Palácio do Planalto.

Como estava a situação?

Para 2019, o ex-presidente Michel Temer não assinou o decreto no fim do ano anterior. Em janeiro, o então secretário especial de Cultura, Henrique Medeiros Pires, afirmou que, sem a definição daquele ano, as regras de 2018 seguiam valendo. Mas produtores e distribuidores seguiram com dúvidas jurídicas: segundo eles, advogados especializados contradiziam a afirmação de Pires.

No fim de abril, a ausência de definição ficou clara com a estreia de "Vingadores: Ultimato". Por causa do grande número de salas ocupadas, o blockbuster acabou diminuindo o alcance de "De pernas pro ar 3", filme brasileiro que fazia uma boa campanha nos cinemas.

Por conta disso, o ministro da Cidadania, Osmar Terra, chegou a assinar a nova Cota de Tela em maio de 2019. Mas, para a nova regra valer, ela dependia de uma assinatura de Jair Bolsonaro, que nunca se concretizou.

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quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Shanghai, em todo o seu esplendor


So many ways to welcome 2020

Hu Min
 Shanghai Daily, 18:50 UTC+8, 2019-12-26       
Bell ringing, climbing events and lantern festivals are some of the ways to celebrate the arrival of 2020, the Shanghai Administration of Culture and Tourism said on Thursday.
Bells will be rung at Longhua Temple in Xuhui District at midnight on New Year's Eve, a traditional way to celebrate the new year in China. Bronze bells will be struck 108 times in a ceremony that many believe can absolve sins and bring good luck.
Visitors can eat noodles and hang wishes on a tree at Longhua.
The Oriental Pearl TV Tower in the Pudong New Area will host a climbing event on the first day of the new year, as climbing high on New Year's Day signifies a good start to the year.
A run will be held at the Dishuihu Lake area to usher in the first sunshine of the New Year, and similar events will take place at Sheshan National Forest Park, Shanghai International Resort, Mingzhu Lake Park and Shanghai International Circuit.
Donglin Temple will also be hosting bell-ringing and climbing events.
Shanghai Tower will host an electronic music party on New Year's Eve, while Jinjiang Amusement Park will stage a light show, parade, lion dance and float show.
The China Maritime Museum will host Jiangnan sizhu (string and wind music) and gong and drum performances on the first day of the new year, together with intangible cultural heritage experiences involving Jinshan farmers' painting, model ship making and wood block printing.
A maritime-related intangible cultural heritage exhibition will also be held.
In Jinshan District, a 24-hour celebration will be held from 12pm on December 31, featuring seafood hotpot banquets, lucky draws, firework shows, and dragon and lion dances.
The Guangfulin Lantern Fair will feature around 40 lantern groups, and a 3D mapping show and projection show are also part of the display.
Shanghai Songze Archeological Site Museum will host a lantern making event on the first day of 2020, while Oriental Green Land is organizing a number of cosmos experience activities such as a fulldome digital movie and VR and AR experiences on January 1. 
Fengjing ancient town will stage traditional water town wedding rituals and hanfu (traditional Han clothing) displays on the first day of 2020.
Source: SHINE   Editor: Cai Wenjun



O fracasso da Bolsodiplomacia - Editorial Estadão (26/12/2019)

 Diplomacia da camaradagem
Quase todas as decisões adotadas pelo presidente Jair Bolsonaro na condução da política externa deram em nada ou impuseram severos prejuízos ao País.

Notas & Informações, O Estado de S.Paulo
26 de dezembro de 2019 | 03h00

Quase todas as decisões adotadas pelo presidente Jair Bolsonaro na condução da política externa deram em nada ou impuseram severos prejuízos, sejam os de ordem econômica, sejam os danos à imagem do Brasil no exterior.
O fiasco da diplomacia brasileira observado neste ano era totalmente previsível porque o presidente da República erra no básico e não emite qualquer sinal de que está disposto a aprender com seus erros. Jair Bolsonaro crê que a relação entre as nações se estabelece por meio da afinidade pessoal e ideológica entre chefes de Estado, e não pela concertação dos interesses em jogo em uma complexa trama comercial e geopolítica. Ou seja, o presidente Bolsonaro trata o que é um mero facilitador na aproximação entre lideranças internacionais como princípio orientador de suas ações.
A opção pelo alinhamento praticamente automático ao presidente norte-americano, Donald Trump, parece ser a linha mestra da política externa do governo Bolsonaro. Na visão do presidente, isso implicaria resultados que nenhum outro governo antes dele conseguiu produzir, como o ingresso do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a abertura do comércio entre os dois países. De fato, Donald Trump apoiou a entrada do Brasil no chamado “clube dos ricos”, mas tratou-se de um apoio vago, sem a definição de prazo ou condições para que o pleito do País fosse de fato analisado. Na verdade, Trump optou por dar preferência aos interesses argentinos no âmbito da OCDE, em detrimento dos brasileiros.
Quanto ao comércio entre Brasil e Estados Unidos, a “proximidade” que haveria entre Bolsonaro e seu contraparte norte-americano também não parece estar ajudando. A carne bovina brasileira continua sob embargo e, em novo revés imposto ao País, Donald Trump decidiu retomar a aplicação de tarifas sobre o aço e o alumínio provenientes do Brasil e da Argentina, sob a alegação de que os dois países estariam praticando uma “deliberada desvalorização de suas moedas a fim de prejudicar as empresas e os trabalhadores dos Estados Unidos”. Sem atinar para a dimensão do problema, Jair Bolsonaro está disposto a resolver a crise com um telefonema. “Se for o caso, falo com Trump, tenho canal aberto”, disse o presidente.
Bolsonaro também tem trabalhado duro para minar a posição de liderança do Brasil na América Latina. Evidente que as dimensões do País, de sua população e a pujança da economia brasileira são os fatores que pesam, e muito, na relação com os vizinhos. Mas o País teria muito mais a ganhar caso Jair Bolsonaro pusesse os interesses do Estado acima de suas predileções. Na Argentina, por exemplo, o presidente brasileiro manifestou apoio à reeleição de Mauricio Macri, que foi derrotado pelo peronista Alberto Fernández. A relação entre Bolsonaro e Fernández já começou estremecida, a bem da verdade por erros que foram cometidos em ambos os lados da fronteira.
No Uruguai, o presidente Jair Bolsonaro apostou na vitória de Luiz Lacalle Pou, que saiu vitorioso do pleito, mas não sem antes recusar o apoio do presidente brasileiro, tido como “tóxico” em razão de suas posições extremadas.
O ano diplomático também foi marcado pelo amplo apoio dado pelo presidente Jair Bolsonaro à recondução do primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu, outro líder internacional de quem o presidente brasileiro se julga próximo. Jair Bolsonaro chegou a prometer a mudança do local da embaixada do Brasil em Israel, de Tel-Aviv para Jerusalém, o que traria sérios abalos na relação comercial entre o País e as nações árabes.
A nota positiva na condução da diplomacia brasileira neste ano foi a recente mudança da visão do presidente Bolsonaro em relação à China, cedendo ao pragmatismo. Já não era sem tempo o despertar, dada a vibrante relação comercial com nosso principal parceiro.
A afinidade pessoal entre chefes de Estado ajuda muito na fluidez das relações entre as nações. Entretanto, este jamais deve ser o fio condutor da política externa de um país. Os riscos de uma “diplomacia da camaradagem” são muito maiores do que os eventuais benefícios que a proximidade entre os líderes, seja real ou imaginária, pode trazer.