quinta-feira, 8 de novembro de 2007

803) Lições da historia: a derrocada do dólar

A coluna diaria do jornalista econômico Luis Nassif trouxe hoje, 8.11.2007, as ponderações que reproduzo abaixo sobre a queda do dólar e possíveis conflitos derivados disso.
Respondi com outras ponderacoes, que seguem in fine.
Creio que o tema é de interesse geral, por isso reproduzo o que escrevi em particular ao jornalista...
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Paulo Roberto de Almeida

On 08/11/2007, at 10:33, Agência Dinheiro Vivo wrote:

Racionalidade – 1
Entre as duas Guerras, as principais nações do mundo partiram para um novo arranjo, a Liga das Nações, com a missão de evitar novas guerras. O ponto central do raciocínio dos países é que uma guerra era algo tão irracional que a própria racionalidade de incumbiria de impedir novas conflagrações. Tudo se resolveria com os países sendo democráticos e a racionalidade vinda das eleições se impondo sobre os erros.

Racionalidade – 2
Como se recorda, a Liga ainda compartilhava dessa fantasia quando a Alemanha começou a se armar, como reação às indenizações de guerra que lhe eram cobradas. E poucos anos depois, o mundo entrava em uma guerra muito mais letal, que envolveu praticamente toda a humanidade. Desde então, o estudo da política internacional abriu mão dessa visão de que os atos são conduzidos pela razão.

Racionalidade – 3
Digo isso a respeito da atual situação internacional, desse aparente equilíbrio de interesses que mantém as reservas da China financiando os déficits dos Estados Unidos. Segundo essa visão, jamais a China deixaria de financiar porque jogaria o mundo em uma crise da qual nenhum país sairia incólume. Mais uma vez, uma aposta em uma racionalidade que não costuma imperar em todos os momentos da história.

Racionalidade – 4
É por isso que o dólar ontem voltou a chacoalhar, com o euro batendo em US$ 1,47. O principal fato foram boatos de que parlamentares chineses teriam defendido que a China diversificasse suas reservas internacionais, reduzindo a proporção de dólares. Somados aos problemas dos bancos americanos e à contínua queda da cotação do dólar, o solavanco acabou afetando grande parte das bolsas internacionais.

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Meu caro Luis Nassif,
Suas ponderacoes são corretas no geral, mas acredito que pouco adaptadas ao particular.
Os grandes enfrentamentos belicos do seculo XX foram de fato precipitados pela ausencia de entendimento entre as grandes potencias quanto ao grau de acesso a mercados e da coordenacao economica necessaria para enfrentar crises eventuais dos seus sistemas.
A Alemanha era culpada pela Primeira Guerra, teve de pagar mais do que podia, e o resto é aquela historia que o Keynes, como bom profeta neste caso, ja tinha previsto desde 1919, na propria Conferencia da Paz de Versalhes.
A situacao atual não tem a mesma conotacao: ninguem está obrigando ninguem a pagar nada, apenas se discutem desequilibrios macroeconomicos que poderiam ser resolvidos num G8 ampliado à China, mas que nao vao ser, pois nenhum governante gosta de impor sacrificios ao seu povo (vide Protocolo de Quioto e a postura dos EUA).
A consequencia disse é o dolar vai continuar escorregando, tao ou mais rapidamente quanto os chineses facam isso que alguns recomendam: diversifiquem reservas para o euro. A consequencia vai ser uma queda ainda mais rapida do dolar, o que vai ser bom para o mundo e para os proprios EUA: vao ser obrigados a fazer um ajuste mais rapido (pois estao sendo irresponsaveis ate o momento) e suas exportacoes vao se tornar competitivas, tirando mercado dos europeus e japoneses e diminuindo a atratividade dos produtos chineses.
Por outro lado, os chineses ja tem muito dinheiro e algum patrimonio nos EUA, e por isso nao pretendem atirar nos proprios pes. Desvalorizar seus proprios ativos é coisa de malucos,e acho que os chineses não são tão malucos assim...
Dai que o mundo nao vai evoluir para algo tao dramatico como os anos 1930, mas para algo mais benigno, que será uma administracao compartilhada (e dificil) dos sacrificios.
Pensar historicamente nao significa achar que o que veio antes vai se reproduzir novamente.
O abraco do
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Paulo Roberto de Almeida

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