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quarta-feira, 19 de março de 2014

Brasil-Argentina: submissao e complacencia da politica comercial antinacional - Editorial Estadao

Brasileiros bonzinhos

18 de março de 2014 | 2h 05

Editorial O Estado de S.Paulo
Os argentinos deram as cartas e os brasileiros fizeram o papel de bonzinhos, como se previa, na reunião de ministros dos dois países, na sexta-feira, para discussão de problemas do comércio bilateral, gravemente prejudicado pelo protecionismo da presidente Cristina Kirchner. Enquanto os parceiros do outro lado majestosamente silenciavam, coube ao ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges, transmitir as poucas e pouco animadoras notícias sobre o encontro. Caberá ao Brasil formular e executar um programa de financiamento aos importadores de produtos brasileiros. Além disso, o ministro apresentou como "boa notícia" a possibilidade de uma proposta conjunta na negociação de um acordo de livre-comércio com a União Europeia. Nenhum detalhe sobre o assunto foi acrescentado.
Se houvesse alguma seriedade na parceria dos dois maiores sócios do Mercosul, essa proposta teria sido apresentada há muito tempo. Não foi, até agora, principalmente por causa da estratégia da Casa Rosada. Os Kirchners sempre mostraram aversão a acordos comerciais mais ambiciosos, com abertura comercial maior. Era politicamente mais cômodo manter o protecionismo, até porque o governo do Brasil - maior mercado para as exportações argentinas - sempre se mostrou disposto, nos últimos dez anos, a aceitar os termos desse jogo.
Com reservas abaixo de US$ 30 bilhões, a Argentina está muito próxima de uma crise cambial. Sem acesso ao crédito externo, o governo argentino tem ampliado as barreiras comerciais e apertado o controle sobre as operações com dólares. Governos em condições muito melhores têm recorrido ao Fundo Monetário Internacional (FMI) pelo menos para ganhar segurança e melhorar sua imagem perante o mercado. Mas recorrer ao Fundo seria politicamente muito complicado para a presidente Cristina Kirchner.
Um programa brasileiro de financiamento poderá aliviar em parte os problemas cambiais do outro lado e dar alguma sustentação ao comércio bilateral. Há alguns anos, coube ao governo venezuelano, sob comando do presidente Hugo Chávez, comprar títulos do Tesouro argentino e dar algum fôlego financeiro ao governo do presidente Néstor Kirchner. Hoje o governo da Venezuela mal consegue cuidar de si mesmo, num país onde os consumidores já têm dificuldade até para comprar itens básicos de higiene. Resta o Brasil como fonte de alguma ajuda, até porque a Argentina continua sendo um dos principais mercados para exportações da indústria brasileira.
Segundo o ministro Mauro Borges, as possibilidades de financiamento apresentadas aos parceiros argentinos vão "muito além dos modelos tradicionais". Ele se dispensou de indicar à imprensa as propostas apresentadas, mas a conversa deve estar adiantada, porque ele se reuniu também com o presidente do Banco Central, Juan Carlos Fábrega.
Segundo a retórica do governo argentino, as dificuldades cambiais são passageiras e serão superadas quando as exportações da safra de verão deslancharem. Isso deverá, sem dúvida, ocasionar algum alívio, mas será necessário muito mais que uma boa receita de comércio exterior, nos próximos meses, para livrar o país da crise.
Para pôr a economia no caminho da recuperação, o governo central terá de iniciar uma série de ajustes complicada e provavelmente dolorosa. A inflação está próxima de 30% ao ano. Por enquanto, a principal mudança nessa área deve ser a adoção de um novo sistema de apuração de preços. O sistema em vigor está desmoralizado.
Para conter a alta de preços, o governo ainda terá de implantar uma política séria de ajuste monetário. Essa política dependerá de um Banco Central comprometido com a recuperação do poder de compra da moeda e com o cumprimento de suas funções. A autoridade monetária foi desmoralizada pela presidente Cristina Kirchner. Será igualmente necessária uma arrumação das contas públicas, além, é claro, de uma recomposição de relações com o mercado financeiro. Na falta de alternativas, a solidariedade brasileira, nunca retribuída, deve servir por enquanto.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Depois dos emprestimos secretos, a diplomacia secreta: Acordo Mercosul-UE (El Cronista, BAires)

Sem comentários...
Ou apenas um: o lead se refere a um vice-ministro, que passa antes do chanceler...
Paulo Roberto de Almeida

Kicillof viajó de incógnito a Brasil para dilatar acuerdo con la UE
El Cronista (Argentina), 15/11/2013

Acorralada por las presiones de Brasil para avanzar en un acuerdo de libre comercio con la Unión Europea, la Argentina se habría comprometido a presentar en las próximas horas una propuesta con la lista de productos en los que está dispuesta a realizar concesiones, así como también en los reclamos que pretende por parte de Europa. Sin embargo, fuentes cercanas a la negociación relativizaron esta promesa e hicieron hincapié en que “la oferta aún está verde”.

Altos funcionarios del Gobierno viajaron el miércoles a Brasilia y se reunieron, en absoluta reserva, con sus pares locales, a quienes les garantizaron que harían esta semana una oferta. Hoy habrá una reunión a nivel técnico en Caracas, donde los referentes de los distintos países del bloque buscarán acercar posiciones. Las posturas más alejadas son las planteadas por los principales países del Mercosur, ya que Brasil quiere avanzar con el acuerdo y la Argentina buscó dilatar la negociación lo máximo que pudo. Hasta ahora, que el gobierno de Dilma Rousseff dio el ultimátum al plantear que si el país no hacía una oferta, avanzarían de igual modo. Brasil tiene una clara decisión de negociar, ya que cree que un acuerdo con la UE le resultará beneficioso en el largo plazo en términos de comercio e inversiones.

Del encuentro realizado anteayer en Brasilia, participaron los cancilleres de ambos países, Héctor Timerman y Luiz Alberto Figueiredo; el ministro de Desarrollo, Industria y Comercio de Brasil, Fernando Pimentel; el viceministro de Economía argentino, Axel Kicillof, y el secretario de Planeamiento Estratégico de la cartera de Industria, Horacio Cepeda. “Ellos –por los argentinos– nos llamaron y nos dijeron que estaban dispuestos a hablar. Entonces los invitamos a esta reunión”, dijo el jefe de la Cancillería al término del encuentro.

Desde Brasil se mostraron satisfechos con el encuentro porque habría habido “avances”, según Figueiredo, pero en el gobierno argentino insisten en recalcar que la UE pretende la apertura en el sector de bienes y servicios pero no cede en materia agrícola, rubro que defienden con fuerte proteccionismo. Los números indican que la Argentina deja de ganar u$s 12.000 millones anuales por los controles que aplica Europa.

El viejo continente tiene un alto nivel de protección, por ejemplo, en biodiesel, carne vacuna y frutas, mientras que la Argentina atraviesa un sólido proceso de industrialización, argumentan en los despachos oficiales.

Reuniones con industriales

En los últimos meses, el Gobierno mantuvo reuniones con representantes de distintos sectores industriales para sondear cuánto estaban dispuestos a conceder en materia arancelaria. Algunos pidieron ser excluidos de la negociación, como el rubro autopartista, mientras que otros avalaron la opción de avanzar hacia una desgravación arancelaria pero de forma gradual y con un plazo de 15 años.

“La Argentina va a hacer una propuesta no negociadora y cada vez se escucha más la idea de una negociación a dos velocidades: una más rápida liderada por Brasil y apoyada por Paraguay y Uruguay, y otra más lenta, de Argentina y Venezuela, que incorpore menos productos y plazos más largos de desgravación”, señaló una fuente cercana a la discusión.
Estas diferencias generarán una ruptura del Mercosur como bloque, ya que generará una perforación del Arancel Externo Común (AEC). “La Argentina está en una encrucijada entre tener un conflicto interno o con el Mercosur”, consideró un empresario del rubro automotriz.


La expectativa era que el intercambio de ofertas entre el bloque regional y Europa se realice a fin de año, pero los expertos en estas negociaciones adelantan que será difícil.

sábado, 3 de agosto de 2013

Aldo Ferrer: o maniqueismo, a simplificacao, o reducionismo, a servico do desastre argentino

Vocês querem saber por que a Argentina encontra-se em decadência desde, mais ou menos, 80 anos? Vocês querem saber por que ela não consegue se recuperar?
Vocês gostariam de saber como e por que o Brasil poderia ir pelo mesmo caminho?
Bem, uma das formas é ler o que escreve este economista argentino, famoso autor do período do nacional-desenvolvimentismo, e que hoje é, salvo engano, embaixador da Argentina em Paris. Aldo Ferrer, muito apreciado pelos companheiros, que por isso mesmo o convidaram para se expressar na recente conferência que os companheiros promoveram na Faculdade do ABC para cantar as glórias, entre eles, dos dez anos de poder companheiro, em especial na política externa.
Simplismo, maniqueismo, reducionismo, deformação da história, deturpação das realidades econômicas, distorção das relações políticas, enfim, todos os tipos de equívocos, alguns por ingenuidade, outros por má fé mesmo, estão presentes nesta alocução, reproduzida num jornal argentino que já foi de oposição ao kirchnerismo, e que agora se submete ao poder executivo, comprado, chantageado ou intimidado, como tantos outros, em diversos países da região, pela pressão política e do dinheiro, em favor de teses companheiras.
Não tenho tempo agora -- por estar engajado em diversos trabalhos urgentes -- de rebater cada um dos argumentos do economista argentino, mas deixo o seu texto registrado aqui, para em alguma oportunidade tocar nessas teses e refutá-las, como enganosas que são.
Bem, só posso augurar mais decadência, mais distorções e mais atraso, não apenas à Argentina -- sob essas teses -- mas também a outros países que por acaso seguirem suas recomendações equivocadas. Parece que temos muitos, aqui no Brasil, dispostos a enterrar o Brasil numa decadência de médio e longo prazo.
Sirvam-se, podem se espelhar nestas ideias e seguir suas recomendações...
Paulo Roberto de Almeida

Alianza...

Por Aldo Ferrer *
Pagina 12, DOMINGO, 28 DE JULIO DE 2013
La visión argentina de Brasil y de su política externa de la última década depende de cómo los argentinos vemos el mundo y a nosotros mismos. En tal sentido, existen dos perspectivas principales y opuestas: la neoliberal y la nacional.
La visión neoliberal
La misma considera a la Argentina como un segmento del mercado mundial, que debe organizarse conforme con las señales del orden internacional. De este modo, su estructura productiva y su inserción en la división internacional del trabajo están determinadas por sus ventajas competitivas estáticas, fundadas en la abundancia de sus recursos naturales y subdesarrollo tecnológico e industrial. Este enfoque supone, asimismo, que, dada la concentración del poder en los mercados y los países dominantes, Argentina carece de la capacidad decisoria necesaria para trazar su sendero de desarrollo, industrializarse, participar plenamente en la revolución científica y tecnológica y, consecuentemente, establecer una relación simétrica, no subordinada, con el orden mundial.
Esta visión responde al convencimiento histórico del neoliberalismo de que Argentina no cuenta con factores autónomos de desarrollo. Debe asociarse, necesariamente, a un centro hegemónico externo que impulse su crecimiento. Esta fue, en efecto, la posición que el país mantuvo, hasta la crisis mundial de la década de 1930, con Gran Bretaña. Posteriormente, la pretendida durante las frustradas “relaciones carnales” con los Estados Unidos. Actualmente, la considerada conveniente con Brasil y, en mayor medida, con China. Se trata del “realismo periférico” de un país, que sólo podría aspirar a conseguir lo posible, dentro de la posición subordinada que inevitablemente ocupa en el orden mundial.
Desde esta perspectiva, es preferible que la política exterior brasileña responda a los mismos principios neoliberales. Pero, sea cual fuere el rumbo de la misma, nuestras relaciones serán determinadas por el libre juego de la fuerzas del mercado y las ventajas comparativas estáticas, determinadas por las asimetrías en los niveles de desarrollo y la dimensión económica de ambos países. Este enfoque considera normal que, en la relación bilateral, estos hechos establezcan una división del trabajo del estilo centro (Brasil)-periferia (Argentina).
La visión nacional. La propuesta industrialista forma parte de una tradición histórica que incluye a políticos y economistas, como Vicente Fidel López en el siglo XIX y, posteriormente, a mediados del XX, a Alejandro Bunge y Raúl Prebisch. La misma concibe al país como un sistema de relaciones económicas y sociales, dentro del espacio territorial, capaz de desplegar en su totalidad los recursos y el talento disponibles, construir una estructura productiva industrializada y compleja, generar ventajas comparativas dinámicas fundadas en el conocimiento, agregar valor a sus recursos naturales y establecer relaciones simétricas, no subordinadas, con el orden mundial. Si se verifican las condiciones determinantes de la densidad nacional, Argentina dispone de los recursos materiales y humanos y del poder decisorio necesarios para trazar su sendero de desarrollo y estilo de relaciones con el resto del mundo, incluso Brasil.
Desde esta perspectiva, es conveniente que la política exterior brasileña responda a objetivos nacionales propios y, al mismo tiempo, conciba la relación bilateral como una alianza estratégica para impulsar el desarrollo complejo de ambas economías y el creciente contenido tecnológico y de valor agregado del comercio recíproco, en ambos sentidos. De este modo, una política exterior brasileña que reivindica la autonomía decisoria frente a los centros de poder mundial y la solidaridad con los países del espacio sudamericano es funcional a la visión nacional del desarrollo en la Argentina.

La evidencia

En la historia contemporánea, Argentina puso en práctica, en su relación con Brasil (y con el resto del mundo), ambas visiones. Al tiempo del regreso de ambos países a la democracia, los acuerdos bilaterales de los gobiernos de Alfonsín y Sarney reflejaron la propuesta nacional del desarrollo argentino y el impulso de una integración programada, a través de la convergencia de las políticas públicas y del estrechamiento de las relaciones entre los sectores privados de ambos países. Su mejor ejemplo fue la prioridad de los acuerdos sectoriales de integración industrial, con eje en el sector crítico de los bienes de capital.
Durante los gobiernos de Menem y Collor, la relación de nuestros países en el marco del Mercosur quedó subordinada a las fuerzas del mercado. Esto se reflejó en un creciente desequilibrio en el contenido de valor agregado y tecnología del comercio bilateral y, finalmente, concluyó en el descalabro de la economía argentina en la crisis del 2001/2.
En el transcurso de la última década (2003-13), la Argentina resolvió la crisis de la deuda externa, recuperó soberanía y la capacidad decisoria de sus políticas públicas. La política exterior brasileña permitió discutir y resolver, con un espíritu solidario, las consecuencias del cambio de rumbo en la Argentina y, al mismo tiempo, fortalecer una visión común sobre las tendencias del orden mundial y el lugar, en el mismo, de nuestros países. Argentina tiene una responsabilidad fundamental en la definición de la naturaleza de la relación argentino-brasileña. Brasil, por su dimensión y potencial de recursos humanos y materiales, es ya un protagonista importante del escenario internacional y, como diría Helio Jaguaribe, está condenado a ser una potencia de primer rango. Somos nosotros, los argentinos, quienes tenemos que contribuir a una relación simétrica y solidaria, a través de la eficacia de nuestras políticas de desarrollo nacional e inclusión social.

Trayectorias comparadas

Los argentinos tenemos que entender por qué Brasil acumuló un considerable poder nacional en sectores fundamentales de la economía. La explicación radica en que, a pesar del sesgo ortodoxo de la política financiera en diversos períodos, Brasil mantuvo a largo plazo la decisión de fortalecer núcleos estratégicos del poder nacional (Petrobras en hidrocarburos, Embraer en la industria aeronáutica, las grandes empresas de construcción e ingeniería). Esto se refleja, ahora, en la proyección internacional de las firmas brasileñas.
En materia de financiamiento del desarrollo, el Banco Nacional de Desenvolvimento (Bndes) es un envidiable ejemplo de movilización de recursos internos, con fondeos en gran medida provenientes del sistema de seguridad social y la masa salarial. Instrumentos financieros como el Bndes y el dinamismo de los principales grupos económicos permitieron el despliegue de ambiciosos planes de desarrollo de la infraestructura y programas de apoyo a la competitividad y el desarrollo de actividades prioritarias. Asimismo, Brasil protegió su soberanía, preservando la jurisdicción de sus tribunales en el caso de litigios con intereses extranjeros, no ratificó ningún tratado bilateral de garantía de inversiones, ni se adhirió al Ciadi.
En contraste con la experiencia del Brasil, en la Argentina, durante el largo período de la hegemonía neoliberal (1976-2001), que no incluye el gobierno de Alfonsín, se demolieron sistemáticamente las fuentes del desarrollo y poder soberano de decisión y se adoptaron compromisos internacionales, que implicaron una renuncia voluntaria de la soberanía.
En el pasado, la asimetría de las estrategias de desarrollo seguidas por Argentina y Brasil generó una división del trabajo en el intercambio bilateral, con Argentina en la posición predominante de abastecedor de bienes de menor contenido relativo de tecnología y valor agregado. La asimetría se expresa en sectores como el automotor, bienes de capital, electrodomésticos, informática, telecomunicaciones, calzado y textiles. De este modo, en el largo plazo, se fueron generando rasgos estructurales en ambas economías, que continúan influyendo en el intercambio y otros aspectos de las relaciones económicas bilaterales.
Una vez que Argentina, después de la debacle de la estrategia neoliberal, resolvió cambiar el rumbo e impulsar su reindustrialización, necesariamente debían cambiar la dinámica y el contenido de la relación bilateral. En la actualidad, la vecindad, la historia y los desafíos que plantea el escenario internacional han llevado a los dos países a establecer un grado de comunicación y empatía sin precedentes y a la instalación del concepto de “alianza estratégica”, indispensable para ampliar las fronteras del desarrollo nacional de cada uno de ellos.

Cultura y transformación

Argentina y Brasil no han alcanzado, todavía, altos niveles de desarrollo económico y social. Sin embargo, en el plano de la cultura son potencias de primera magnitud. El aporte de nuestros escritores, pintores, músicos y otros creadores forma parte fundamental de la creación y del ingenio humanos en el escenario mundial. Incluso en las ciencias duras y en las sociales nuestro aporte es significativo. El desafío consiste en poner la realidad económica y social a la misma altura de los niveles alcanzados en la cultura. La ciencia y la tecnología forman parte de este campo fundamental del desarrollo y la integración de nuestros países.
La formación de un sistema económico y social avanzado exige articular la explotación de los recursos naturales, con su industrialización e incorporación de valor agregado y tecnología. Las estructuras productivas, reducidas a producir y exportar productos primarios, desembocan en el subdesarrollo, la dependencia y la exclusión social. En el caso argentino, por ejemplo, es indispensable esta visión integrada del desarrollo para erradicar definitivamente el falso supuesto de que existe un conflicto de intereses entre el campo y la industria.
La movilización de los recursos propios es el fundamento insustituible del desarrollo y la integración. La dependencia del capital extranjero reduce el ahorro interno y la tasa de inversión. Culmina con niveles insostenibles de deuda externa, desequilibrios inmanejables y la subordinación a la irracionalidad de la especulación financiera. Argentina proporciona un ejemplo dramático en la materia. Acontecimientos semejantes suceden, actualmente, en varios países de la Unión Europea. En consecuencia, vivir con lo nuestro, abiertos al mundo, en el comando de nuestro destino, es indispensable para el ejercicio efectivo de la soberanía y del derecho de construir un sendero propio en el orden global. La presencia de las filiales de las empresas transnacionales es positiva cuando contribuye a la apertura de nuevos mercados, la transferencia de conocimientos, los equilibrios en los pagos internacionales y la integración de cadenas de valor de creciente valor agregado y tecnología. Al mismo tiempo, debe ser complementaria, no sustitutiva, del protagonismo del empresariado local, que es uno de los componentes de la densidad nacional.
Lo que está en crisis, en la actualidad, no es la globalización, que es una consecuencia inevitable del avance de la ciencia y la tecnología. La crisis es del neoliberalismo y de los estados neoliberales, cuya impotencia para administrar las fuerzas de la globalización provoca descalabros como los que hemos vivido en nuestra propia experiencia y suceden, actualmente, en otras latitudes.
Aun juntos, Argentina y Brasil no pueden cambiar el mundo de asimetrías, inestabilidad e injusticia que habitamos, pero tienen una capacidad decisiva para estar, en ese mundo, parados en sus propios recursos, ejerciendo la soberanía y, desde allí, en efecto, contribuir a la defensa de los intereses del género humano en el orden global.

La integración

La integración de Argentina y Brasil se despliega en tres planos: las políticas internas, las reglas del juego de la integración y la proyección conjunta hacia el resto del mundo. Detengámonos, brevemente, en cada uno de estos tres planos.
Las políticas internas. El avance de la integración depende, en gran medida, de cuestiones que sólo tienen resolución dentro de cada espacio nacional y son indelegables a la esfera bilateral y regional. Tales, por ejemplo, las políticas sociales, para elevar el nivel de vida y las macroeconómicas, para abrir espacios de rentabilidad que fortalecen la competitividad e impulsan la inversión y el empleo. Cuanto más exitosas sean las políticas internas de desarrollo e inclusión social, más amplias son las fronteras de la integración.
La calidad de las políticas públicas depende de la fortaleza de la densidad nacional. Vale decir, de la integración de la sociedad, la vocación patriótica de los liderazgos, la estabilidad institucional de largo plazo y la vigencia de un pensamiento crítico, no subordinado a los criterios de los centros hegemónicos del orden mundial. Estas son condiciones necesarias de las políticas impulsoras de la transformación productiva y la asimilación de la ciencia y la tecnología, generadoras de oportunidades para amplios sectores sociales, protectoras de los intereses nacionales y capaces de arbitrar los conflictos distributivos y asegurar los equilibrios macroeconómicos. El fortalecimiento de la densidad nacional es una responsabilidad propia e indelegable de cada país. Cuanto más sólida sea la de Argentina y Brasil, mayor la posibilidad de construir juntos el sendero de la integración.
Las reglas del juego. La integración es útil en cuanto instrumento para impulsar el desarrollo nacional y fortalecer la posición en el escenario global. Sus reglas del juego deben ser, por lo tanto, consistentes con tal objetivo y distribuir, con equidad, los beneficios de la aplicación de la ciencia y la tecnología, es decir, del desarrollo. Esto implica la formación de economías nacionales integradas y abiertas, relacionadas entre sí y con el orden mundial, a través de la división internacional del trabajo basada en la especialización intraindustrial. Por lo tanto, las reglas del juego de la integración deben ser compatibles con el desarrollo el Brasil y la Argentina. Lo mismo es válido para la integración más amplia en el Mercosur y el espacio sudamericano.
Es preciso, entonces, tomar nota de la situación particular de cada uno y de la naturaleza de la relación, entre dos países vecinos, con una importante asimetría de dimensión y de nivel de desarrollo, en algunos sectores. Aclarar estas cuestiones es vital para el futuro de la integración.
La clave del éxito de la integración no radica en la delegación de soberanía a órganos supranacionales bilaterales o comunitarios. La experiencia de la Unión Europea alcanza para demostrar cómo la cesión de soberanía termina subordinando a las partes más débiles al poder hegemónico de los más fuertes. La integración de Argentina y Brasil y, más allá, en el Mercosur y el espacio de América del Sur, no radica en la cesión de soberanía sino en la construcción solidaria de lo que nos falta en la ciencia y la tecnología, el desarrollo industrial y la inclusión social. En materia financiera, en tiempos recientes se han dado pasos positivos en tal sentido, a través del desendeudamiento externo, la acumulación de reservas internacionales y los controles de los capitales especulativos. La integración consiste entonces en la complementación de las soberanías nacionales a través de reglas adecuadas de la integración.
La adecuación de las reglas del juego de la integración para responder a las asimetrías y a los cambios en las realidades nacionales es imprescindible para el éxito de la integración. De allí la vigencia de reglas graduales, flexibles y equilibradas, como fueron establecidas en los acuerdos de integración bilateral, durante los gobiernos de Alfonsín y Sarney.
Si la integración se concibe como una combinación virtuosa de fuerzas del mercado y políticas públicas, esas reglas revelan la lucidez de las dirigencias para preservar el objetivo estratégico, reconociendo los problemas propios y el cambio de las circunstancias internas de los dos países.
Es claro que las adaptaciones no pueden ser discrecionales y deben surgir de negociaciones entre las partes, para preservar la máxima estabilidad y previsibilidad posibles de las normas. Esto es indispensable para fortalecer la competencia en el mercado ampliado y la competitividad sistémica de las producciones nacionales de bienes transables, en el mercado regional y el resto del mundo. Pero un sistema inflexible, si entra en conflicto con objetivos irrenunciables de los países, se rompe.
Otra cuestión, que influye pero no determina la naturaleza de la relación bilateral, es la asimetría en la dimensión de las dos economías. El factor fundamental que caracteriza la división del trabajo y el conjunto de las relaciones entre economías con tales asimetrías es la estructura productiva comparada, no la dimensión. En Europa, por ejemplo, Suecia y Alemania son países cercanos y el primero, pese a su menor tamaño, es un país plenamente desarrollado, que mantiene una relación simétrica no periférica con Alemania. En el caso de los países emergentes de Asia, como la República de Corea, Taiwan y Malasia, la vecindad con dos gigantes, como India y China, no es obstáculo alguno al pleno desarrollo industrial y tecnológico de los mismos.
En consecuencia, las diferencias actuales de dimensión de las economías no debe inducir a la suposición de que el destino de la relación bilateral es reproducir, en el espacio regional, una relación centro-periferia, entre un Brasil industrial y una Argentina principalmente proveedora de alimentos y materias primas. Esto debilitaría la importancia de Argentina para Brasil, como aliado estratégico, porque el mejor socio es el plenamente desarrollado. Si así fuera, perdería sentido el significado de la integración como instrumento del desarrollo argentino pero, en tal caso, la responsabilidad no sería, como no lo fue en el pasado, del Brasil, sino consecuencia de nuestra propia incapacidad de consolidar la densidad nacional y trazar un rumbo eficaz del desarrollo argentino.
En realidad, contar en paz con un gran vecino (como es para Argentina el caso del Brasil, con el cual comparte, además, la misma matriz histórica y cultural) es un activo fundamental de nuestro propio desarrollo. Para estos fines es preciso enfrentar las asimetrías observables en las estructuras productivas de los dos países, fundadas en la desindustrialización relativa argentina durante la hegemonía neoliberal.
Tenemos así por delante el desafío de construir una relación viable, mutuamente conveniente, para lo cual Argentina tiene que ampliar y profundizar su desarrollo industrial y tecnológico, integrar las cadenas de valor de la producción primaria con la participación creciente de componentes provenientes de nuestro propio acervo, impulsar el protagonismo de las empresas argentinas y, en este escenario, generar una dinámica de integración entre empresas de ambos países y de cadenas de valor binacionales y el acceso conjunto a los mercados internacionales.

La proyección hacia el resto del mundo

La integración de Argentina y Brasil debe proyectarse necesariamente al Mercosur y el espacio sudamericano. Como dice Marco Aurélio García, la relación de Argentina y Brasil no es toda la integración de America del Sur pero, sin ella, esta última no es concebible.
Debe atenderse, en particular, a través de acciones conjuntas, el desarrollo de los países hermanos de menor tamaño y desarrollo. Esta solidaridad hacia afuera construye también la solidaridad hacia adentro argentino-brasileña. La programación del desarrollo industrial en áreas importantes como, por ejemplo, celulosa y papel, es una forma de vincular los intereses de los países miembros del Mercosur. Si, por ejemplo, hubiéramos desplegado esta posibilidad a tiempo, nos habríamos ahorrado los dolores de cabeza de Argentina y Uruguay, provocados por las instalaciones de la pastera de Fray Bentos.
La alianza estratégica se proyecta también al escenario global a través de la concertación de posiciones conjuntas en los foros multilaterales como el G-20, OMC, FMI y las negociaciones con Estados Unidos, la Unión Europea y las potencias emergentes en la cuenca de Océano Pacífico y, también, en cuestiones críticas como las de seguridad, protección del medio ambiente, emergencias sanitarias y la lucha contra el narcotráfico. La emergencia de China y otros nuevos centros dinámicos en la economía mundial es un hecho positivo porque amplía las fronteras de la proyección internacional de Argentina y Brasil. Pero plantea, al mismo tiempo, el riesgo de reactivar el antiguo modelo centro-periferia que, en el pasado, postergó nuestro desarrollo tecnológico e industrial y lo subordinó a la situación de proveedor de productos primarios e importador de manufacturas y capitales. La estrategia conjunta de Argentina y Brasil frente a la nueva geografía de la economía mundial, resultante de la emergencia de China y otros países de Asia, es necesaria para evitar una renovada subordinación periférica.

La convergencia de los tres planos de la integración
No existe una secuencia cronológica entre las tres esferas de la integración de Argentina y Brasil. Es necesario avanzar, simultáneamente, en todas ellas. Es decir, construir, a partir de la fortaleza de las densidades nacionales, una densidad bilateral, mercosureña y sudamericana, fundada en la inclusión social, la eficacia de los liderazgos, la consolidación de la democracia y el pensamiento crítico. Cada país tiene la globalización que se merece en virtud de la fortaleza de su densidad nacional.
Cuanto más se consoliden las situaciones nacionales, más fluidos serán los intercambios, cuanto más flexibles y realistas las normas, mejor serán las respuestas frente a los cambios en las situaciones nacionales y, finalmente, cuanto más solidaria sea la proyección conjunta en el escenario global, más libertad de maniobra tendrán las políticas nacionales, bilaterales y regionales

* Profesor emérito. Universidad de Buenos Aires.
El texto es la ponencia presentada en el panel sobre la visión de los países vecinos. Conferencia nacional “2002-2013. Una Nueva Política Externa” del Brasil. Universidad Nacional del ABC, Sao Bernardo do Campo, del 15 al 18 de julio de 2013. 

domingo, 21 de julho de 2013

Brasil-Argentina: rusgas comerciais, desentendimentos presidenciais(Noticias Argentinas)

Tensión Argentina-Brasil: El mal momento de Dilma y Cristina en Montevideo


Si bien oficialmente se atribuyó a "problemas de agenda" y a que habían hablado "todo lo que tenían que hablar", un semanario uruguayo cuenta el motivo por el que se canceló la reunión bilateral entre ambas presidentes, en la que iban a hablar de diversos temas. Qué pasó. El antecedente.

CIUDAD DE BUENOS AIRES (Urgente24). Si bien oficialmente se atribuyó a "problemas de agenda", la suspensión de la reunión bilateral que se iba a realizar la semana pasada entre la presidente Cristina Fernández y su par de Brasil, DilmaRousseff, en el marco de una cumbre del Mercosur, en Uruguay,  obedecería a más que un simple tema de horarios.

Dilma y Cristina iban a conversar a solas a "agenda abierta". Pero el canciller Héctor Timerman aseguró que ambas mandatarias habían "hablado de todo lo que tenían que hablar" durante el plenario del Mercosur y que por retrasos de la cumbre se posponía el encuentro.

Sin embargo hay otra versión. Según recoge este jueves la agencia Noticias Argentinas, ambas presidentes tuvieron un fuerte cruce por las nuevas condiciones para las trabas importaciones que propuso Rousseff.

NA reproduce información del semanario uruguayo Búsqueda que asegura que tras ese "duro" cruce en Montevideola reunión que había sido programada fue "desactivada".

"Según el medio, Rousseff presentó en la reunión una propuesta para que las medidas administrativas que aplica la Argentina a las importaciones no fueran impuestas a los países del Mercosur, pero la retiró luegodel rechazo de Cristina Kirchner, quien respondió que "no piensa modificar su política"", consigna NA.

De acuerdo a Búsqueda, según la agencia, el presidente uruguayo José Mujica tuvo que intervenir para "apaciguar la situación".

"Después de ese encuentro quedó desactivada la reunión bilateral que tenían previsto sostener ambas presidentas. Incluso, se había preparado todo para que Dilma estuviera presente en la inauguración de Tecnópolis", señala NA a partir de la información de la revista uruguaya.

No es el primer cruce fuerte entre las poderosas mandatarias por el tema comercial. En mayo, el diario Valor, de Brasil, dio cuenta de un reunión "durísima debido a los desacuerdos en materia de comercio e inversiones".

Según el autor de aquel artículo, si bien después del encuentro "ambas se esforzaron en mostrar sonrisas y cordialidad", la reunión "dejó sin resolver cuestiones relevantes para Brasil, como la eliminación de las barreras informales en la aduana, y para la Argentina, ya que solicita un crédito del Banco Nacional de Desarrollo Económico y Social (Bndes) para obras de infraestructura, como un ferrocarril y dos represas hidroeléctricas".

Ambas jefas de Estado volverán a verse las caras en el marco de la visita que sostendrá el Papa Francisco a Brasil por la jornada Mundial de la Juventud.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Brasil sofre na companhia de Argentina e Venezuela

A matéria é de 12 de junho de 2013, mas a situação não melhorou desde então. Ao contrário, só piorou. PRA

Comércio exterior

Argentina e Venezuela 'queimam' imagem do Brasil, diz professor

Para Arturo Porzecanski , da American University, foco do Brasil no Mercosul dificulta desenvolvimento do comércio exterior do país e afasta investidores

Talita Fernandes
Veja.com, 12/06/2013
Dilma e Cristina Kirchner durante encontro do Mercosul, em Brasília
Relações entre as presidentes Cristina Kirchner e Dilma Rousseff enfrenta problemas (Ueslei Marcelino/Reuters)
Em tempos de mercados cada vez mais fechados e turbulências econômicas que não cessam, chegou a hora de o Brasil se afastar da Argentina e da Venezuela para evitar mais problemas, diz o economista e professor da American University (Washington, EUA), Arturo Porzecanski. De acordo com o estudioso da economia da América Latina, os dois países não têm os mesmos valores democráticos que o Brasil e a insistência do governo na proximidade com ambos arranha a imagem do país na percepção dos investidores internacionais. Para explicar seu raciocínio, o professor, que é uruguaio, mas radicado nos Estados Unidos, usa o ditado popular "Diga-me com quem andas que direi quem és". 
Em evento realizado nesta terça-feira em São Paulo, Porzecanski disse que, enquanto o Brasil resiste em participar de alianças de livre comércio, movimento que vem sendo adotado por outros países, e insiste no Mercosul - bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e, mais recentemente, pela Venezuela - ele passa uma imagem aos possíveis investidores de que compartilha do mesmo pensamento econômico desses países.
Argentina e Venezuela se destacam por políticas econômicas desastrosas. Os dois países têm forte controle cambial e maquiam dados sobre inflação, que atinge patamares muito elevados nos dois casos. Na Argentina, por exemplo, o dado oficial é de inflação na casa dos 10% ao ano, mas cálculos extraoficiais apontam para um patamar inflacionário entre 20% e 30%. Na Venezuela, a inflação ultrapassa a casa dos 20%, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI).
O Mercosul foi criado em 1991, com o tratado de Assunção, com o objetivo de criar uma união tarifária, ou seja, a isenção de tarifas de importação entre os países membros e a uniformização das tarifas cobradas sobre produtos importados dos demais países. Mais de 20 anos se passaram e, até agora, o Mercosul está muito longe de ser um bloco livre de tarifas de importação. Brasil e Argentina, que são as maiores economias que compõem o bloco, têm cada vez mais dificuldades nas relações comerciais. O episódio mais recente foi a estatização de ferrovias que estavam sobre concessão da gigante brasileira América Latina Logística (ALL), decisão que pegou a empresa de surpresa.
Outros problemas envolvem duas importantes companhias brasileiras: Vale e Petrobras. Em março, o Conselho Administrativo da Vale decidiu suspender o projeto de potássio Rio Colorado, na Argentina. A suspensão originou uma série de embates e o país chegou a ameaçar a tirar a concessão da mineradora. A Casa Rosada considerou a medida como falta de apoio do Palácio do Planalto. A mesma avaliação foi feita em relação à decisão da Petrobras de não vender seus ativos no país. Há duas semanas, a Petrobras recuou de uma negociação com o grupo Indalo, de Cristóbal López.
Apesar do cenário, o ex-presidente do Banco Central e sócio da Tendências Consultoria Gustavo Loyola afirmou, no mesmo evento, que o país não vai se afastar de seus vizinhos latino-americanos e que a relação econômica com eles é importante. Contudo, Loyola compartilha do pensamento de Porzecanski de que o Brasil não deve deixar o Mercosul restringir sua política de comércio exterior. Ele reforça que o cenário atual para as relações econômicas bilaterais entre Brasil e Argentina é negativo. "Mas isso não quer dizer que o Brasil tenha de desistir." 
O ex-dirigente do BC explica que o Mercosul passa por momentos difíceis - e que se pode falar até em crise. "Tem várias questões que pioraram o Mercosul nos últimos anos. Politicamente, o erro grosseiro foi a suspensão do Paraguai e o ingresso da Venezuela", comenta. Para Loyola, o bloco não deveria fechar as portas a novos membros, mas acha crítico que os países tenham permitido o ingresso da Venezuela que, na prática, não é um país democrático, e "não tem economia de mercado".
O Paraguai foi suspenso do bloco em junho do ano passado por questões políticas, quando o Congresso decidiu pelo impeachment do presidente Fernando Lugo. No momento da suspensão, os países membros usaram como justificativa a saída de Lugo e aproveitaram a oportunidade para chancelar a inclusão da Venezuela. O Paraguai era o único membro contrário à entrada do país então comandado por Hugo Chávez - e que hoje está sob o comando de seu sucessor, Nicolás Maduro. A decisão sobre a volta ou não do Paraguai ao Mercosul só será tomada após a posse do novo presidente eleito, Horacio Cartes, marcada para 15 de agosto.
Para os economistas, o cenário faz com que o empresariado tenha pouca confiança nos países do Mercosul e o sentimento de insegurança jurídica cresça. "Isso está provocando um distanciamento. Afasta o investimento e provoca o desinvestimento", comenta Loyola. 
Alianças — Em meio às críticas ao Mercosul, Porzecanski usa o exemplo que vem sendo adotado por outros países latino-americanos. Ele cita a Aliança do Pacífico, firmada no ano passado por México, Colômbia, Peru, Chile, que recentemente anunciaram a retirada de 90% das tarifas de importação. Devem aderir ao bloco também Costa Rica e Panamá. O professor destaca que esses países têm também firmado uma série de acordos com os Estados Unidos, União Europeia e com algumas economias asiáticas.
Outro exemplo é a Parceria Transpacífico (TPP, na sigla em inglês), que envolve 11 países no total, entre eles Japão e Estados Unidos. Porzecanski diz que não vislumbra nenhum caminho para o Mercosul nesse cenário. "O Brasil corre o risco de ficar isolado", comenta. “Não acho estratégia inteligente, pois esse foi o caminho seguido por países que viraram líderes”.
Multilateralismo falho - A estratégia de multilateralismo e poucos acordos bilaterais por parte do Brasil também é alvo de críticas. Segundo o professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP), as alianças comerciais bilaterais de países latino-americanos ajudaram na expansão de suas economias, como o México, por exemplo. "Enquanto isso, o Brasil ficou só nos acordos multilaterais. Por isso nós ficamos com uma economia mais fechada."
Nesta terça, a Câmara Internacional de Comércio (ICC, na sigla em inglês), divulgou um rankingfeito com base no nível de abertura econômica dos países. O Brasil aparece na 67ª posição em uma lista de 75 economias. É o que ostenta a pior posição entre as 20 maiores economias mundiais, o G-20, e entre os Brics, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. "Com a perda da competitividade, sobretudo da indústria, nós ficamos apelando para coisas como a salvaguarda. Nesse ponto, há um risco muito grande para a competitividade no curto e no médio prazo. Mantemos um distanciamento dos polos mais avançados, onde são desenvolvidas as tecnologias mais de ponta e nós ficamos com as produções mais básicas apenas", comenta Grisi.
Ele avalia que o país tem perdido a oportunidade de negociar alianças comerciais com a Europa, por exemplo, e lembra que os EUA e a zona do euro discutem acordos enquanto isso. "Precisamos fazer acordos e liberalizá-los. E, assim, buscar por ganhos de competitividade", comenta. 

As empresas brasileiras que penam na Argentina

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ALL Logística


Na última terça-feira, o governo de Cristina Kirchner anunciou mais uma ação intervencionista na Argentina: a estatização de trecho de oito mil quilômetros de linhas férreas concedidos à gigante brasileira América Latina Logística (ALL). Para rescindir o contrato de concessão, o governo alegou que a ALL havia parado de pagar multas e direitos de exploração e não realizou os investimentos e obras necessárias para melhorar a infraestrutura das ferrovias.
1) ALL Logística
Na última terça-feira, o governo de Cristina Kirchner anunciou mais uma ação intervencionista na Argentina: a estatização de trecho de oito mil quilômetros de linhas férreas concedidos à gigante brasileira América Latina Logística (ALL). Para rescindir o contrato de concessão, o governo alegou que a ALL havia parado de pagar multas e direitos de exploração e não realizou os investimentos e obras necessárias para melhorar a infraestrutura das ferrovias.
2) Petrobras
A Petrobras trabalha com margens de lucro muito apertadas na Argentina, razão que, por si só, motiva a retirada de empresas de um país. Mas além disso, o governo da Argentina passou a determinar o fechamento de instalações da petrolífera no país. Em março, a justiça argentina mandou fechar uma refinaria na província de Buenos Aires. A Petrobras cogitou vender toda a sua subsidiária no país, mas, pelo menos por enquanto, não ficou satisfeita com as propostas de compra.
3) Vale
A mineradora tinha planos para um projeto de extração de potássio em uma mina no Rio Colorado, na província de Mendoza. A Vale pleiteava uma maior flexibilidade tributária e cambial para tocar o projeto, mas não houve acordo com o governo. Mesmo sem ser atendida, a Vale foi obrigada pelo governo a manter o empreendimento. Após ordens judiciais de ambos os lados, a mineradora brasileira fechou em abril um acordo para deixar a mina. Em contrato, a Vale se comprometeu a pagar dois meses e meio de salários a 4,9 mil trabalhadores. A mineradora brasileira gastou 2,2 bilhões de dólares no projeto e agora planeja vender a mina para recuperar o dinheiro aplicado.
4) Construtoras
As empreiteiras Odebrecht, Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa foram prejudicadas pela desistência da Vale em terminar o empreendimento no Rio Colorado. A primeira era responsável pela construção da mina; a segunda ficou encarregada da construção de um porto, que seria erguido para escoar a produção de potássio; já a Camargo Corrêa era a operadora de uma ferrovia, que ligaria o porto e a mina, seria revitalizada e ganharia um novo ramal.
5) Deca
Também em abril, a fabricante de louças e metais sanitários Deca fechou sua fábrica em Buenos Aires. A empresa, que estava na Argentina desde 1995, afirmou que não conseguiu reverter sucessivos prejuízos financeiros. Cerca de 140 pessoas ficaram desempregadas com a desativação da fábrica.
6) JBS
Cristina Kirchner criou regras intervencionistas - e bizarras - até para frigoríficos de carne. Uma de suas medidas foi determinar que os frigoríficos vendam, para cada 2,5 quilos exportados, um quilo de carne abaixo do custo para o mercado argentino. Com a imposição, em vigor até hoje, a JBS acabou fechando a maior parte das operações que tinha no país.
7) Alpargatas
A dona das marcas Havaianas e Topper também passa por apuros na Argentina. Como o governo Kirchner impõe uma série de imposições para a troca de pesos por dólares, com o objetivo de segurar as divisas do país em moeda norte-americana, a Alpargatas estaria sofrendo para enviar suas remessas ao Brasil.

O papa argentino sem argentinos no Brasil: restricoes cambiais explicam(mas nao justificam)

Pobres papistas argentinos.
Ops, pobres não. Que tem dinheiro para viajar ao Brasil não é exatamente pobre.
Só não consegue comprar reais ou divisas para viajar.
O Brasil já esteve nessa pindura, uns 30 anos atrás. Salvou-nos o rum creosotado do Plano Real e certa consciência de que algumas coisas são absolutamente ridículas, como essas proibições típicas dos anos 1930.
Pois é, a Argentina não tem vergonha de ser ridícula.
Paulo Roberto de Almeida

Argentinos não conseguem comprar real para ver o papa no Brasil

Restrição cambial dificulta a vida dos peregrinos; jovens não conseguem trocar pesos no banco porque muitos não trabalham e não podem comprovar salário

Papa Francisco acena para a multidão durante a missa de entronização, no Vaticano
Papa Francisco acena para a multidão durante a missa de entronização, no Vaticano - Gregorio Borgia/AP
Nem mesmo a primeira viagem de um papa argentino à América Latina inspirou o governo da Argentina a aliviar o rígido controle cambial para os peregrinos que desejam ver o papa Francisco no Brasil, na semana que vem.
Milhares de jovens católicos argentinos, muitos de origem humilde, desejam viajar ao Rio de Janeiro para participar da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e encontrar o papa conterrâneo, que chega na segunda-feira na primeira viagem ao exterior de seu pontificado. Mas as restrições para a troca do peso argentino pelo real estão complicando os planos dos peregrinos. Muitos afirmam que as regras deveriam ter sido aliviadas para uma ocasião especial. "O governo não está sendo razoável", disse à Reuters o bispo Raúl Martín, de Buenos Aires. "Obviamente muitos argentinos iriam ao Brasil."
Martín disse que cerca de 18.000 jovens se inscreveram para o evento no Rio. Muitos vão dormir em escolas pertencentes a organizações religiosas e faltarão ao trabalho. Ele disse estar recebendo ligações diárias de pessoas que não conseguem trocar dinheiro. A mídia local estima que 42 mil argentinos irão ao Brasil.
Antes de viajar para o exterior, os argentinos precisam solicitar uma permissão ao governo para trocar pesos. Eles precisam repassar detalhes da viagem e apresentar documentos, incluindo detalhes sobre seus salários. O problema é que muitos jovens que se inscreveram para a JMJ são muito novos para trabalhar, disse Martín, e não estão podendo trocar pesos por reais porque não têm como comprovar salário.
Sacar dinheiro em caixas-eletrônicos com um cartão de crédito, opção utilizada como último recurso, não funciona no Brasil, uma vez que a Argentina proíbe os saques em países vizinhos. A presidente argentina, Cristina Kirchner, estabeleceu novos controles sobre a compra de moeda estrangeira logo após ser reeleita, em outubro de 2011, para tentar reduzir a saída de capital.
A dificuldade em fazer transações de câmbio levou muitos argentinos ao mercado negro em busca de dólares. Em Buenos Aires, cambistas fazem fila nas principais ruas oferecendo "câmbio" aos pedestres. Líderes religiosos, no entanto, não querem encorajar a atividade ilegal e estão solicitando informação ao governo sobre como jovens podem comprar legalmente uma quantidade limitada de reais, disse Martín.
Um porta-voz do Banco Central da Argentina informou que as regras atuais autorizam instituições religiosas a trocar dinheiro diretamente com o banco, mas que os peregrinos que desejam viajar para ver o papa devem percorrer o caminho normal.
(Com Reuters)