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quarta-feira, 11 de março de 2020

Nova biografia reinterpreta visões de mundo de Hitler - Joachim Kürten (Deutsche Welle)

HISTÓRIA

Nova biografia reinterpreta visões de mundo de Hitler

Em "Hitler: A Global Biography", historiador afirma que relação de amor e ódio com britânicos e americanos e medo do capitalismo internacional serviram de força motriz para o ditador nazista.
Joachim Kürten, Deutsche Welle, 9/03/2020
   
Adolf Hitler em discurso diante de correligionários do NSDAP em Dortmund, em 1933
"O objetivo de Hitler não era a supremacia mundial, mas sim a sobrevivência nacional", diz historiador
Adolf Hitler é tema de inúmeros livros. Especialmente nos últimos anos, muitas biografias do ditador nazista foram publicadas por historiadores renomados. A tentativa mais recente é Hitler: A Global Biography (Hitler: uma biografia global), do irlandês Brendan Simms, professor de História das Relações Internacionais na Universidade de Cambridge. Com mais de mil páginas, seu livro foi lançado em inglês no fim do ano passado. A versão alemã chega às livrarias da Alemanha nesta segunda-feira (09/03).
Na Alemanha, o lançamento de uma nova biografia de Hitler costuma ser um acontecimento. Uma semana antes da publicação, a revista semanal Der Spiegel fez uma entrevista com Simms, na qual ele reforçou sua tese principal: a de que a força motriz de Hitler, tanto na política interna quanto na externa, surgiu de uma relação de amor e ódio que ele tinha com o mundo anglo-americano. Segundo Simms, não foi o medo do bolchevismo e da União Soviética que impulsionou a guerra e a destruição, mas sim a queda de braço com o Reino Unido e os Estados Unidos e o medo do capitalismo internacional.
O historiador diz que o que mais marcou Hitler nesse contexto foram suas experiências entre 1914 e 1918: "Admiração e respeito surgiram de suas vivências na Primeira Guerra Mundial. Hitler sempre voltava a falar da resistência dos britânicos porque os tinha visto no front", relata.
Até mesmo o antissemitismo, segundo Simms, não teria surgido primeiramente de um ódio profundo aos judeus, mas sim de forma secundária, a partir da concorrência com o "capitalismo mundial" sediado nos EUA. Lá seriam judeus os que dominavam as alavancas do poder. É preciso, então, reavaliar o olhar sobre Hitler e suas motivações?
Nos últimos anos, várias biografias do ditador nazista apresentaram perspectivas diferentes sobre ele. A principal obra de referência continua sendo a de autoria do britânico Ian Kershaw, lançada entre 1998 e 2000. Nos dois volumes, o historiador se concentrou principalmente na relação entre Hitler e o povo alemão.
Segundo a tese de Kershaw, Hitler pôde agir porque os alemães "foram ao seu encontro", ou seja: prepararam o terreno para a ideologia nazista por si mesmos.
Historiadores debatem sobre Hitler até hoje
Durante um longo período, dois grupos de historiadores disputaram como se deveria interpretar Hitler e sua política. Os chamados "internacionalistas" viam em Hitler uma figura de liderança forte e decisiva, cuja lógica e ideologia marcaram fundamentalmente os acontecimentos entre 1933 e 1945.
Do outro lado, estão os chamados "estruturalistas", que se concentraram mais na ação coletiva e antagônica de grupos concorrentes dentro do sistema nazista e menos no peso político de Hitler.
Também houve outras interpretações controversas sobre como o nazismo pôde funcionar sob Hitler e companhia em primeiro lugar: alguns cientistas questionaram se Hitler agia de forma racional. Há igualmente várias publicações sobre o estado mental do ditador nazista.
O novo livro de Simms dividiu opiniões. O diário The Guardian apontou como exagero o encaminhamento para a tese principal de que Hitler agiu somente motivado por sua fixação no Reino Unido e nos EUA.
Na plataforma History News Network, um historiador criticou o fato de o irlandês partir do pressuposto de que Hitler era "mentalmente estável" e ter retratado o ditador nazista como uma pessoa "racional": "Simms o aceita como pessoa impulsionada por uma ideologia que tem uma superestrutura intelectual, e não como um sociopata inseguro e narcisista."
A publicação conservadora National Review foi mais condescendente e julgou que Simms vai longe demais descrevendo a perspectiva americana de Hitler, mas que, mesmo com defeitos, a obra é digna de leitura. Por outro lado, a National Review avalia que a biografia é mais uma contribuição para um debate do que uma interpretação conclusiva da figura de  Hitler. Ou seja: não é, como admite o próprio Simms, "o Hitler completo".
De fato, o próprio Simms escreve no prólogo que "o livro a seguir (...), em muitos aspectos, não pode concorrer com seus antecessores". Segundo ele, "obviamente, não é a primeira obra significativa sobre o assunto, nem será a última". Uma avaliação modesta.
Pouco depois, porém, o autor afirma, autoconfiante: "Se suas [da biografia] afirmações se revelarem sustentáveis, a biografia de Hitler e talvez a história completa do Terceiro Reich precisarão ser basicamente repensadas."
Capa da versão em inglês de Hitler: uma biografia global, de Brendan Simms
Versão em inglês de "Hitler: uma biografia global", de Brendan Simms
Além da fixação de Hitler pela política, a sociedade e a cultura anglo-saxã – Simms volta a Hitler e suas reflexões sobre britânicos e americanos quase como numa oração recorrente –, outros focos na interpretação histórica do irlandês chamam atenção. Entre eles o de que a França e a União Soviética desempenharam papel apenas secundário para Hitler – até porque o alemão não via esses países como concorrentes e, no caso da União Soviética, passou muito tempo sem vê-los como ameaça.
Olhar crítico de Hitler sobre o povo alemão
Simms aponta ainda que Hitler teria pensado de forma bastante negativa sobre o próprio povo, também após 1933: "Ele continuou não tendo uma opinião muito boa sobre a população alemã e sua composição. Tinha uma consciência dolorida da pobreza e da ignorância do povo", escreve o historiador.
Dois anos após o início da guerra, Hitler já teria dado como perdida a concorrência com o mundo anglo-americano, do ponto de vista do padrão de vida dos países. "Em maio de 1937, basicamente, Hitler admitiu a derrota", escreve Simms.
O autor também interpreta que Hitler era antissemita especialmente por causa de sua profunda aversão contra a potência mundial capitalista dos EUA: "De fato, em grande parte, ele se tornou antissemita por causa de seu ódio aos poderes capitalistas anglo-americanos."
De acordo com Simms, a relação de Hitler com o mundo anglo-americano era cheia de contradições. Anos antes da guerra, o alemão já teria demonstrado inveja: "Um dos principais objetos de seu interesse eram os Estados Unidos, que ele, talvez até mais que o Império britânico, começou a enxergar como Estado-modelo", escreve Simms.
Para o autor, essa visão teria relação principalmente com o olhar de Hitler sobre supostas vantagens geográficas dos americanos – e também porque os Estados Unidos seriam uma nação cuja existência devia a imigrantes alemães. 
Por muito tempo, Hitler teria "apenas" tido a ambição de estabelecer uma potência alemã na Europa – sem maiores aspirações. Para Simms, o ditador queria fazer um contrapeso à potência mundial dos EUA: "O objetivo de Hitler não era a supremacia mundial, mas sim a sobrevivência nacional."
"Até o final, a estratégia completa de Hitler consistia em utilizar a ameaça do bolchevismo para influenciar politicamente a Alemanha, a Europa e, especialmente, o mundo anglo-americano", conclui Simms. A tese é ousada e deverá ocupar historiadores pelo mundo a partir de agora – e não só na Alemanha.
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quinta-feira, 18 de julho de 2019

Hitler publica Mein Kampf: 18 de julho de 1925

Hitler publica Mein Kampf

Em 18 de julho de 1925, o líder nazista publica seu manifesto pessoal


Hitler publica o manifesto Mein Kampf
Edição de 1927 do manifesto (Foto: Wikipedia)
No dia 18 de julho de 1925, Adolf Hitler publicou o primeiro volume de Mein Kampf (Minha Luta, em português), sete meses depois de ter sido libertado da prisão de Landsberg. Durante os nove meses que passou na prisão, ele ditou a obra, que é uma narrativa amarga e recheada de desabafos antissemitas, o desprezo pela moralidade, o culto do poder e os planos nazistas de dominação do mundo. Pouco tempo depois, o manifesto autobiográfico se tornou a bíblia do Partido Nazista da Alemanha.
Em novembro de 1923, os nazistas tentaram retomar o governo à força, no que ficou conhecida como o “Putsch da cervejaria”. Hitler esperava que sua revolução nacionalista na Baviera se espalhasse e que o exército alemão derrubasse o governo em Berlim. A revolta, no entanto, foi reprimida e Hitler foi preso e condenado por alta traição.
Na prisão de Landberg, para onde foi enviado, ele passou a ditar sua autobiografia. Usava o tempo também para praticar suas habilidades de oratória. Depois de nove meses, a pressão dos partidários nazistas resultou em sua libertação. Nos anos seguintes, Hitler e outros líderes reorganizaram o Partido Nazista. O movimento de massa fanática obteve maioria no parlamento alemão. Em 1932, o presidente Paul von Hindenburg derrotou Hitler nas eleições presidenciais. Em 1933, von Hindenburg nomeou Hitler chanceler, em uma estratégia para manter o líder nazista próximo de si, para que pudesse vigiá-lo.
A estratégia falhou, e um dos primeiros atos do novo chanceler foi usar um incêndio do edifício do Reichstag – o parlamento alemão – como pretexto para convocar eleições gerais. Boa parte da oposição ao Partido Nazista foi reprimida por Hermann Goering, e os nazistas conquistaram a maioria. Pouco depois, Hitler assumiu o poder através dos atos políticos. Em 1934, Hindenburg morreu, e os últimos remanescentes do governo democrático da Alemanha foram eliminados, deixando Hitler livre para conduzir a nação no que hoje é o seu legado de terror.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Stalin colaborou ativamente com Hitler, traindo os partidos comunistas - Secret Cables of the Comintern

Leio um dos números recentes da revista britânica History Magazine (vol. 14, n. 4, April 2014), onde na p. 9 encontro uma nota anunciando um novo livro em publicação pela Yale University:

Fridrikh Firsov (arquivista e historiador russo), Harvet Klehr; John Earl Haynes:
Secret Cables of the Comintern, 1933-1943

1943 foi o ano em que o Comintern foi dissolvido, para que Stalin fizesse boa figura junto aos seus novos aliados ocidentais, inimigos comuns do nazismo, que ainda tinha milhares de soldados na União Soviética.

A matéria se chama "Stalin pushed for closer ties with the Nazis, study shows", e relata detalhes até aqui desconhecidos da colaboração voluntária de Stalin para com Hitler, que só queria eliminá-lo da face da terra, junto com o bolchevismo, que era considerado, junto com a "peste judia", o principal inimigo da humanidade, ou pelo menos da concepção que Hitler se fazia da humanidade (para ele com a raça ariana no comando, sendo os eslavos literalmente isso mesmo, escravos).

Stalin chegou ao ponto de pretender se juntar ao Pacto de Aço, com a Itália, e deu ordens aos partidos comunistas sob influência da URSS para que colaborassem ativamente com os nazistas, nos quase três anos durante os quais vigorou o pacto Ribbentrop-Molotov. Ele até empurrou o governo pró-fascista da Bulgária a se juntar ao Pacto, dizendo ao líder do Comintern, o búlgaro Georgi Dimitrov que a própria URSS pretendia se juntar, uma demanda que os nazistas ignoraram.

Quando algum comunista disser que o partido é anti-fascista, não custa nada lembrar essa pequena história. Na verdade, comunismo e fascismo são irmãos siameses, se não irmãos gêmeos em tudo, pensamento e ação.
Paulo Roberto de Almeida

terça-feira, 20 de maio de 2014

O Cespe da UnB tem professores idiotas, ignorantes, estupidos, ou tudo isso junto? Hitler, um liberal economico...

Corrijo desde já o título desta postagem de Rodrigo Constantino: o CESPE da UnB não tem nada a ver com o Governo do Distrito Federal. Se trata de uma fundação da UnB especificamente dedicada a realizar concursos, para vários demandantes, privados e públicos, inclusive, e principalmente, para o governo federal, e para o governo do GDF. Mas seus funcionários, e os professores que elaboram e corrigem as questões são geralmente funcionários da UnB, não do GDF.
Em geral, professores universitários revelam um conhecimento do mundo superior à média universitária, que anda baixando perigosamente, sempre escorregando no precipício da ignorância e da estupidez ideológica, sobretudo nestes tempos companheiros, quando o alinhamento com o que há de mais anacrônico e atrasado supera o conhecimento técnico e o simples bom-senso. Professores que fazem as perguntas dos concursos, e que corrigem as provas deveriam, então, ser um pouco melhores do que os outros, porque supostamente estudarão aquela área de conhecimento, mas como vemos pelo exemplo abaixo, nem sempre é o caso.
Neste caso, então, a estupidez é flagrante, e deve revelar apenas ignorância. Pelo menos espero.
Seria terrível imaginar que a desonestidade subintelequitual, e a má-fé se unissem para tentar aproximar Hitler do liberalismo econômico. Que tal um Hitler neoliberal avant la lettre?
Seria perfeito para a campanha dos companheiros totalitários contra os neoliberais tucanos não e mesmo?
Paulo Roberto de Almeida

Rodrigo Constantino, 
20/05/2014
 às 21:06

Hitler, um liberal? Para o governo do Distrito Federal sim!

Um leitor me manda uma prova da CespeUnB para um concurso recente, organizado pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação do Governo do Distrito Federal. O aluno deve marcar C (certo) ou E (errado). Na questão 23, temos:
Adolf Hitler presidiu a Alemanha entre 1933 e 1945, tendo
implantado nesse tempo o Nacional Socialismo, também
conhecido como nazismo, movimento político e ideológico
baseado no nacionalismo, no racismo, no totalitarismo, no
anti-comunismo e no liberalismo econômico e político.
E eis o gabarito: C. Isso mesmo: certo! Hitler, líder do Nacional Socialismo, organizou um movimento nacionalista (ok), racista (ok), totalitário (ok), anti-comunista (ok, irmãos brigam entre si pelo poder) e LIBERAL!!! Não socialista, mas liberal! Pode isso, Arnaldo?
Já escrevi alguns textos mostrando como o nazismo era semelhante ao socialismo em inúmeros aspectos. Os 25 itens elaborados pelo Partido dos Trabalhadores Nacional-Socialista seriam endossados por diversos membros da esquerda, jamais por liberais. Eram coletivistas, repudiavam o capitalismo liberal (tanto que usavam os judeus, ícones deste capitalismo, como bodes expiatórios para todos os males do país), e depositavam no estado a solução para tudo. Liberal? Vejam alguns exemplos:
7. Nós exigimos que o Estado especialmente se encarregará de garantir que todos os cidadãos tenham a possibilidade de viver decentemente e recebam um sustento. 
10. O primeiro dever de todo cidadão deve ser trabalhar mental ou fisicamente. Nenhum indivíduo fará qualquer trabalho que atente contra o interesse da comunidade para o benefício de todos.
11. Que toda renda não merecida, e toda renda que não venha de trabalho, seja abolida.
13. Nós exigimos a nacionalização de todos os grupos investidores.
14. Nós exigimos participação dos lucros em grandes indústrias.
15. Nós exigimos um aumento generoso em pensões para idade avançada.
16. Nós exigimos a criação e manutenção de uma classe média sadia, a imediata socialização de grandes depósitos que serão vendidos a baixo custo para pequenos varejistas, e a consideração mais forte deve ser dada para assegurar que pequenos vendedores entreguem os suprimentos necessários aos Estaso, às províncias e municipalidades.
17. Nós exigimos uma reforma agrária de acordo com nossas necessidades nacionais, e a oficialização de uma lei para expropriar os proprietários sem compensação de quaisquer terras necessárias para propósito comum. A abolição de arrendamentos de terra, e a proibição de toda especulação na terra.
25. A fim de executar este programa, nós exigimos: a criação de uma autoridade central forte no Estado, a autoridade incondicional pelo parlamento político central de todo o Estado e todas as suas organizações.
Parecem bandeiras liberais? Ou socialistas? Segue um desses meus textos antigos. É realmente vergonhoso e revoltante que uma prova de um concurso público afirme que Hitler era representante do liberalismo econômico e político. Um ultraje! Um acinte! Mas sabemos como essa turma joga baixo e apela para a doutrinação ideológica. Não é de hoje. Só que agora há resistência mais atenta e organizada. Não passarão!
Socialismo e nazismo
“Que significa ainda a propriedade e que significam as rendas? Para que precisamos nós socializar os bancos e as fábricas? Nós socializamos os homens.” (Adolf Hitler, citado por Hermann Rauschning, Hitler m´a dit, Coopération, Paris 1939, pg 218-219)
Ensinada desde os tempos de Lênin, muitos socialistas usam a tática de acusar os opositores daquilo que eles mesmos são ou fazem. Tudo que for contrário ao socialismo, vira assim “nazismo”, ainda que o nacional-socialismo tenha inúmeras semelhanças com o próprio socialismo.
Tanto o nazismo como o marxismo compartilharam o desejo de remodelar a humanidade. Marx defendia a “alteração dos homens em grande escala” como necessária. Hitler pregou “a vontade de recriar a humanidade”. Qualquer pesquisa séria irá concluir que nazistas e socialistas não eram, na prática e no ideal coletivista, tão diferentes assim. 
Não obstante, para os socialistas, aquele que não for socialista é automaticamente um “nazista”, como se ambos fossem grandes opostos. Assim, os liberais, que sempre condenaram tanto uma forma de coletivismo como a outra, e foram alvos de perseguição dos dois regimes, acabam sendo rotulados de “nazistas” pelos socialistas, incapazes de argumentar além dos tolos rótulos de “extrema-esquerda” e “extrema-direita”.
Tal postura insensata coloca, na cabeça dos socialistas, uma “direitista” como Margaret Thatcher mais próxima ideologicamente de um Hitler que este de Stalin, ainda que Thatcher tenha lutado para defender as liberdades individuais e reduzir o poder do Estado, enquanto Hitler e Stalin foram na linha oposta.
O fim da propriedade privada de facto foi um objetivo perseguido tanto pelo nazismo como pelo socialismo, que depositaram no Estado o poder total. O Liberalismo, em sua defesa pela liberdade individual cujo pilar básico é o direito de propriedade privada, é radicalmente oposto tanto ao nazismo como ao socialismo, que em muitos aspectos parecem irmãos de sangue.
A conexão ideológica entre socialismo marxista e nacional-socialismo não é fruto de fantasia, e Hitler mesmo leu Marx atentamente quando vivia em Munique, tendo enaltecido depois sua influência no nazismo. Para os nazistas, os grupos eram as raças; para os marxistas, eram as classes. Para os nazistas, o conflito era o darwinismo social; para os marxistas, a luta de classes. Para os nazistas, os vitoriosos predestinados eram os arianos; para os marxistas, o proletariado.
Além da justificativa direta para o conflito, a ideologia de luta entre grupos desencadeia uma tendência perversa a dividir as pessoas em parte do grupo e excluídos, tratando estes como menos que humanos. O extermínio dessa “escória” passa a ser desejável seja para o paraíso dos proletários ou da “raça” superior. Os individualistas, entrave para ambas ideologias coletivistas, acabam num campo de concentração de Auchwitz ou num Gulag da Sibéria, fazendo pouca diferença na prática.
A acusação de que a Alemanha nazista era uma forma de capitalismo não se sustenta com um mínimo de reflexão. O “argumento” usado para tal acusação é de que os meios de produção estavam em mãos privadas na Alemanha. Mas como Mises demonstrou, isso era verdade somente nas aparências. A propriedade era privada de jure, mas era totalmente estatal de facto, da mesma forma que na União Soviética. O governo não só nomeava dirigentes de empresas como decidia o que seria produzido, em qual quantidade, por qual método, e para quem seria vendido, assim como os preços exercidos.
Para quem tem um mínimo de conhecimento sobre os pilares de uma sociedade capitalista liberal, não é difícil entender que o nazismo é o oposto deste modelo. Para os nazistas, assim como para os socialistas, é o “bem comum” que importa, transformando indivíduos de carne e osso em simples meios sacrificáveis para tal objetivo. 
Existem, na verdade, vários outros pontos que podemos listar para mostrar que o nazismo e o socialismo são muito parecidos, e não opostos como tantos acreditam. O fato de comunistas terem entrado em guerra com nazistas nada diz que invalide tal tese, posto que comunistas brigaram sempre entre si também, e irmãos brigam uns com outros, ainda mais por poder.
Apesar do Liberalismo se opor com veemência a ambos os regimes, os socialistas adoram repetir, como autômatos, que liberais são parecidos com nazistas, apenas porque associam erradamente nazismo a capitalismo. Se ao menos soubessem como é o próprio socialismo que tanto se assemelha ao nazismo!
Rodrigo Constantino