O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

Mostrando postagens com marcador Mein Kampf. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Mein Kampf. Mostrar todas as postagens

sábado, 10 de setembro de 2022

O programa do Partido Operário Alemão, de 1920, o primeiro partido de Hitler, segundo o Mein Kampf

 Leio, num resumo do Mein Kampf, publicado no França em 1939, este aqui: 

Publicado em 1939, pouco antes do início da guerra de Hitler.

o programa do Partido Operário Alemão, lido pelo próprio Hitler, o sétimo integrante do partido, no dia 24 de fevereiro de 1920, numa cervejaria de Munique, o início de sua conquista do partido, que o lançaria como Führer alguns anos depois.

- nacionalização dos trusts

- eliminação das grandes lojas

- confisco das fortunas feitas durante a guerra [de 1914-18]

- abolição da taxa de juros e da especulação em bolsa

- socialização dos bancos e toda a indústria

- restabelecimento da autoridade absoluta do Estado

- unificação e centralização do Reich

- expulsão dos judeus

- eliminação dos parlamentos locais

- reconstrução das Forças Armadas, mais poderosa do que em 1914

- dissolução dos sindicatos marxistas

- abolição das cláusulas financeira , militares e territoriais do Tratado de Versalhes.


        Essa foi a base do nacional-socialismo, tal como Hitler o forjaria, durante os anos 1920, com a transformação do antigo Partido Operário Alemão em NSADP: Nationalsozialistiche Deutsche Arbeiterpartei.

        O que Hitler  acrescentou ao Partido foi, além do socialismo-nacional, a firme determinação de que o partido deveria ter um único líder, ele, e os princípios do Lebensraum, do espaço vital, que deveria ser conquistado pela força na direção do leste, isto é, da Rússia bolchevique, dominado pelo marxismo judeu, e, mais importante, a eliminação dos judeus da nação germânica unificada, o que ele concebia não apenas como um dever do Reich alemão, mas como um favor que a Alemanha faria ao mundo inteiro.

Tudo isso seria explicitado no dois volumes do Mein Kampf (1925 e 1926) que ele compôs depois de sair de uma brevíssima prisão, após o putsch fracassado de 1923, feito a partir de uma cervejaria de Munique. A bandeira foi adotada mais tarde, e transformada em bandeira do Reich, a partir de 1933.


segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Cabe aguardar o golpe ou preveni-lo? - Paulo Roberto de Almeida

 Comentário a propósito da contrariedade de muitos a respeito da ação do ministro Alexandre de Moraes, mandando investigar empresários golpistas, considerando-a inconstitucional.

O problema de minimizar simples ameaças verbais é a possibilidade de um dia nos deparamos com o horror de uma ditadura cruel. 

Em 1926-27, quando foram publicados os dois volumes do Mein Kampf, não se deu muita importância aos argumentos de um golpista de instintos totalitários, já anunciando a luta contra bolcheviques e judeus. 

A obra só começou a ser lida, de fato, depois que Hitler já tinha transformado a turbulenta República de Weimar numa ditadura assassina. 

Como alertou Karl Popper, não se pode ser tolerante com os intolerantes, pois eles podem simplesmente matar a democracia.

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 5/09/2022

quinta-feira, 18 de julho de 2019

Hitler publica Mein Kampf: 18 de julho de 1925

Hitler publica Mein Kampf

Em 18 de julho de 1925, o líder nazista publica seu manifesto pessoal


Hitler publica o manifesto Mein Kampf
Edição de 1927 do manifesto (Foto: Wikipedia)
No dia 18 de julho de 1925, Adolf Hitler publicou o primeiro volume de Mein Kampf (Minha Luta, em português), sete meses depois de ter sido libertado da prisão de Landsberg. Durante os nove meses que passou na prisão, ele ditou a obra, que é uma narrativa amarga e recheada de desabafos antissemitas, o desprezo pela moralidade, o culto do poder e os planos nazistas de dominação do mundo. Pouco tempo depois, o manifesto autobiográfico se tornou a bíblia do Partido Nazista da Alemanha.
Em novembro de 1923, os nazistas tentaram retomar o governo à força, no que ficou conhecida como o “Putsch da cervejaria”. Hitler esperava que sua revolução nacionalista na Baviera se espalhasse e que o exército alemão derrubasse o governo em Berlim. A revolta, no entanto, foi reprimida e Hitler foi preso e condenado por alta traição.
Na prisão de Landberg, para onde foi enviado, ele passou a ditar sua autobiografia. Usava o tempo também para praticar suas habilidades de oratória. Depois de nove meses, a pressão dos partidários nazistas resultou em sua libertação. Nos anos seguintes, Hitler e outros líderes reorganizaram o Partido Nazista. O movimento de massa fanática obteve maioria no parlamento alemão. Em 1932, o presidente Paul von Hindenburg derrotou Hitler nas eleições presidenciais. Em 1933, von Hindenburg nomeou Hitler chanceler, em uma estratégia para manter o líder nazista próximo de si, para que pudesse vigiá-lo.
A estratégia falhou, e um dos primeiros atos do novo chanceler foi usar um incêndio do edifício do Reichstag – o parlamento alemão – como pretexto para convocar eleições gerais. Boa parte da oposição ao Partido Nazista foi reprimida por Hermann Goering, e os nazistas conquistaram a maioria. Pouco depois, Hitler assumiu o poder através dos atos políticos. Em 1934, Hindenburg morreu, e os últimos remanescentes do governo democrático da Alemanha foram eliminados, deixando Hitler livre para conduzir a nação no que hoje é o seu legado de terror.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Mein Kampf de Hitler, publicado na Alemanha, proibido no Brasil

Enquanto um juiz com espírito censório proibe a venda do livro-biografia de Hitler, Mein Kampf -- com base em qual argumento legal? -- a Alemanha publica uma edição crítica dessa obra controversa (para dizer o mínimo).
Fiz uma postagem sobre essa publicação aqui: https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1080984328631683

Justiça do Rio proíbe livrarias de vender livro Minha Luta, de Adolf Hitler
www.conjur.com.br
A 33ª Vara Criminal do Rio de Janeiro proibiu a venda do livro Minha Luta (Mein Kampf, em alemão), escrito por Adolf Hitler, em 1925. A decisão, assinada pelo juiz Alberto Salomão Junior, foi proferida em ação cautelar ajuizada pelo Ministério Público estadual. O descumprimento está sujeito a multa de R$ 5 mil.
Capa do livro Minha Luta, na versão original, em alemão
Para o juiz, a obra incita práticas de intolerância contra grupos sociais, étnicos e religiosos. Na decisão, ele destacou que a discriminação contraria valores humanos e jurídicos estabelecidos pela República brasileira, o que justifica a proibição.
"Destaco que a venda de livros que veiculam ideias nazistas ferem gravemente a ordem pública, pois afronta a norma penal insculpida no artigo 20, parágrafo 2º, da Lei 77168/89. Dessa forma, estão demonstrados o fumus boni iuris e o periculum in mora. O primeiro, na própria demonstração da existência da obra que apregoa o nazismo; o segundo, considerando a urgência em evitar a disseminação do livro com ideias contrárias aos direitos humanos, que é fundamento e objetivo fundamental da República Federativa do Brasil", afirmou Salomão Junior em sua decisão.
Mandados de busca e apreensão serão expedidos. Pela decisão, os diretores das livrarias serão nomeados depositários dos livros que forem apreendidos. A determinação vale apenas para as livrarias do Rio de Janeiro. Mas a Justiça fluminense encaminhará um ofício ao Judiciário de São Paulo pedindo que notifique a editora responsável pela obra para que não a distribua mais no Rio de Janeiro.
“Registre-se que a questão relevante a ser conhecida por este juízo é a proteção dos direitos humanos de pessoas que possam vir a ser vítimas do nazismo, bem como a memória daqueles que já foram vitimados. A obra em questão tem o condão de fomentar a lamentável prática que a história demonstrou ser responsável pela morte de milhões de pessoas inocentes, sobretudo, nos episódios ligados à Segunda Guerra Mundial e seus horrores oriundos do nazismo preconizado por Adolf Hitler”, escreveu.
Precedente
Na decisão, Salomão Junior destacou a decisão do Supremo Tribunal Federal de negar Habeas Corpus a uma pessoa condenada por publicar obra literária com conteúdo discriminatório. A pena foi fixada com base na Lei 7.716/89, que trata da punição para crimes de discriminação e preconceito.
“É importante destacar que o Supremo Tribunal Federal já se pronunciou sobre o tema, oportunidades em que se posicionou pela tutela das garantias das pessoas humanas em detrimento de atos discriminatórios e incentivadores de ódio e violência”, destacou o juiz. Com informações da Assessoria de Imprensa do TJ-RJ.
Clique aqui para ler a decisão.
Processo 0030603-92.2016.8.19.000





quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Adolf Hitler e o seu Mein Kampf: o que George Orwell disse a respeito? - Ishaan Tharoor (WP)

What George Orwell said about Hitler’s ‘Mein Kampf’

The Washington Post, February 25 at 12:20 PM
As my colleague Anthony Faiola reported this week, Adolf Hitler's "Mein Kampf" is expected to be reissued in Germany for the first time since the end of World War II. Although widely available elsewhere in the world, the book — Hitler's testament and what's considered the founding text of Nazism — was never reprinted in postwar Germany.
Its planned reissue in Germany, The Post notes, will come in the form of a 2,000-page academic tome that supplements Hitler's own text with sharp commentary and criticism. The new version offers "a useful way of communicating historical education and enlightenment," says one of the scholars behind the project. "A publication with the appropriate comments, exactly to prevent these traumatic events from ever happening again."
[Read: ‘Mein Kampf’: A historical tool, or Hitler’s voice from beyond the grave?]
There was a time, though, when "Mein Kampf" was not just the repugnant treatise of the 20th century's greatest villain. More than seven decades ago, Hitler and the message of Nazism had great traction, and it required clear-eyed thinkers to cut through its seductions.
George Orwell's 1940 review of an English edition of the book is as important now as it would have been then. (You can read a digitized version of the piece, which appeared in the New English Weeklyhere.) That's not because he's uniquely right about the threat of Hitler — at this point, World War II was already in full swing. But the celebrated British man of letters has a special lens into the dangers and allure of fascism.
Orwell offers this withering assessment of Hitler's ambitions:
What [Hitler] envisages, a hundred years hence, is a continuous state of 250 million Germans with plenty of “living room” (i.e. stretching to Afghanistan or thereabouts), a horrible brainless empire in which, essentially, nothing ever happens except the training of young men for war and the endless breeding of fresh cannon-fodder. How was it that he was able to put this monstrous vision across?
It's not sufficient to answer that last question just by looking at the political and economic forces that buoyed Hitler's rise, Orwell contends. Rather, one has to grapple with the inescapable fact that "there is something deeply appealing about him."
Hitler, Orwell writes, "knows that human beings don’t only want comfort, safety, short working-hours, hygiene... they also, at least intermittently, want struggle and self-sacrifice, not to mention drums, flags and loyalty-parades."
For good reason, the Atlantic's Graeme Wood quoted this same piece in his lengthy meditation on the worldview of the militants of the Islamic State. The militarist pageantry of fascism, and the sense of purpose it gives its adherents, echoes in the messianic call of the jihadists.
Wood cites this passage in Orwell's review: "Whereas Socialism, and even capitalism in a more grudging way, have said to people 'I offer you a good time,' Hitler has said to them, 'I offer you struggle, danger, and death,' and as a result a whole nation flings itself at his feet."
But, in my view, the most poignant section of Orwell's article dwells less on the underpinnings of Nazism and more on Hitler's dictatorial style. Orwell gazes at the portrait of Hitler published in the edition he's reviewing:
It is a pathetic, dog-like face, the face of a man suffering under intolerable wrongs. In a rather more manly way it reproduces the expression of innumerable pictures of Christ crucified, and there is little doubt that that is how Hitler sees himself. The initial, personal cause of his grievance against the universe can only be guessed at; but at any rate the grievance is here. He is the martyr, the victim, Prometheus chained to the rock, the self-sacrificing hero who fights single-handed against impossible odds. If he were killing a mouse he would know how to make it seem like a dragon. One feels, as with Napoleon, that he is fighting against destiny, that he can’t win, and yet that he somehow deserves to.
Hitler projected this image — of a self-sacrificing hero, wounded by the universe — and went on to unleash horrors on the world. But the narcissism of a "martyr" and the penchant to make dragons out of mice, as Orwell puts it, can be found in demagogues of all political stripes. It's worth keeping these words in mind when watching the spectacle of our contemporary politics.
Related links
Ishaan Tharoor writes about foreign affairs for The Washington Post. He previously was a senior editor at TIME, based first in Hong Kong and later in New York.

domingo, 30 de junho de 2013

O insuportavel charme de um livro odioso: Mein Kampf apreciado na Asia

    Do Asian readers know about the anti-Semitism in 'Mein Kampf'?

    By Husna Haq

    North Korean leader Kim Jong-un has been giving state officials
     copies of Adolf Hitler's book, while the book is a bestseller in India.

    The Christian Science Monitor,  June 19, 2013

Kim Jong Un has reportedly given copies of 'Mein Kampf' to North Korean state officials as gifts.
David Guttenfelder/AP

The latest "it" book in some Asian countries is evidence of a startling new trend: growing interest in “Mein Kampf,” Adolf Hitler’s anti-Semitic Nazi manifesto.

Hitler’s autobiography is gaining popularity in North Korea and India, where fans appear to be relatively unaware of its anti-Semitic message and instead embrace the book for other reasons. The news, coming on the heels of German efforts to republish the anti-Semitic autobiography early last year, has revived debates about balancing freedom of speech and of the press with efforts to restrict hateful speech.
North Korean leader Kim Jong-un gave state officials copies of “Mein Kampf” as gifts on his birthday last January, according to a report in New Focus International, a newspaper run by North Korean defectors. “It seems the book was intended to promote a study of Hitler’s economic reforms, and was not necessarily meant as an endorsement of Nazism,” reports NPR.
“Kim Jong-un gave a lecture to high-ranking officials, stressing that we must pursue the policy of Byungjin (Korean for ‘in tandem’) in terms of nuclear and economic development. Mentioning that Hitler managed to rebuild Germany in a short time following its defeat in WWI, Kim Jong-un issued an order for the Third Reich to be studied in depth and asked that practical applications be drawn from it,” a source told New Focus International in a telephone interview.
And in India, the book has become a bestseller,Businessweek reports.
“Lacking the sting of anti-Semitism but troubling nonetheless, the Hitler brand is gaining strength in India,” Bloomberg Businessweek reports. “Mein Kampf is a bestseller, and bossy people are often nicknamed Hitler on television and in movies.”
Indeed, Hitler has become so popular in India that movies, soap operas, and even retail stores have been named after the Nazi leader. But in India, where European history is not widely taught and Hitler’s anti-Semitism is largely unknown, the admiration has less to do with Hitler’s hatred of Jews and more to do with hero worship of strong military leaders.
The growing popularity of “Mein Kampf" in North Korea and India follows on the heels of efforts to republish portions of the book in Germany in early 2012, more than 85 years after its initial publication. 
There, editors at the German magazine “Zeitungszeugen” had planned to run three 16-page installments of “Mein Kampf” as pamphlets inserted into issues of the magazine, arguing that exposing the work would remove its mystique and the “forbidden” appeal surrounding it.
The decision launched the country into a tense debate about whether republishing would “propagate hate and inspire neo-Nazi groups” or “deflate the aura that surrounds the restricted work and expose it as a confused, rambling screed.” 
As we reported last January, Hitler wrote "Mein Kampf" – "My Struggle" in English – while he was languishing in a Bavarian prison after the failed Beer Hall Putsch of 1923. The rambling and anti-Semitic manifesto-cum-autobiography outlined his ideology, including his views on Aryan racial purity and his hatred of Jews and opposition to Communism. Following World War II, the Allies gave the rights to "Mein Kampf" to the Bavarian state government and the book is widely available online and across the world.
Husna Haq is a Monitor correspondent.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Um livro odioso e horroroso - Mein Kampf, de Adolf Hitler

Todo livro é interessante, pois ele sempre contém uma síntese da cultura de sua época, o chamado Zeitgeist, como se diz em alemão.
Este livro, em particular, é um dos que mais mal fizeram à humanidade, propagando preconceitos, ódio, incitação à morte e à exterminação dos judeus.
Poucos livros, talvez nenhum outro, causaram tanto mal à humanidade quanto este pedaço de ódio e de irracionalidade, de incitação ao crime, quanto este monumento à imbecilidade humana que se chama Minha Luta.
Mas é preciso estudá-lo, para que outros idiotas não venham pregar as mesmas ideias impunemente.
Paulo Roberto de Almeida

Liste de diffusion en Histoire Politique du XXème siècle

CONFERENCE
Mein Kampf, 70 ans après
Atelier de recherche
Paris, 12 septembre 2011

Lundi, 12 septembre 2001, 14 heures–17 heures 30

Lieu : Salle Georges Vedel
Institut français de la presse, CARISM (Centre d’analyse et de recherche interdisciplinaire sur les médias); 4 rue Blaise Desgoffe 75006 Paris. (6e étage)
Métro Saint-Placide, Notre-Dame des Champs ou Montparnasse Bienvenüe

Organisateurs :
Fabrice d’Almeida, IFP, Université de Paris 2 – Panthéon – Assas
Fabrice.Dalmeida@u-paris2.fr
Jean-Marc Dreyfus, Université de Manchester, Royaume-Uni
Jean-Marc.Dreyfus@Manchester.ac.uk

En avril 2015, Mein Kampf, l’ouvrage phare du national-socialisme, écrit par Adolf Hitler lui-même, tombera dans le domaine public, en application du droit d’auteur. L’Etat de Bavière, qui est aujourd’hui propriétaire des droits et tente de s’opposer à la publication de l’ouvrage, se désengagera de sa responsabilité. Mein Kampf pourra être ainsi publié librement. En Allemagne, l’Institut für Zeitgeschichte de Munich travaille d’ores et déjà à la publication d’une édition scientifique. En France, l’ouvrage est autorisé à la condition de contenir un avertissement – application de l’ordonnance de la cour d’appel de Paris de juillet 1979.
Afin de préparer l’échéance qui s’annonce, une initiative composée notamment de juristes a vu le jour, pour demander texte européen (résolution et charte d’autorégulation?) qui prendrait position sur la question et inciterai à l’apposition d’un avertissement pédagogique attaché à toute publication, sur le modèle français, et ce dans les 27 pays de l’Union Européenne www.hateprevention.org.
Un Forum de réflexion est organisé le mardi 11 octobre 2011 à la Maison du Barreau à Paris (Voir le programme : http://hateprevention.org/evenement/).
Il nous semble nécessaire que les historiens se mobilisent également pour réfléchir à cet enjeu, aussi bien en terme de mémoire que d’éducation et de compréhension du phénomène qu’a représenté et représente encore Mein Kampf, l’un des best-sellers du XXe siècle. En effet, l’ouvrage est encore largement diffusé, légalement ou non, à travers le monde et de nouvelles éditions se sont encore récemment vendues à des dizaines de milliers d’exemplaires. Par ailleurs, l’ouvrage est accessible librement en intégralité sur Internet, en de nombreuses langues.
Cet atelier de réflexion veut aider à la préparation du forum, en rassemblant des historiens venus d’horizons différents. Il s’agira de tenter d’appréhender l’impact réel de Mein Kampf sur l’idéologie nationale-socialiste, aussi bien en Allemagne que dans le reste de l’Europe. Le livre a-t-il été vraiment lu ? Comment a-t-il été compris ? Quelle a été son influence sur les différents groupes de la société allemande, sur les membres des organisations nazies ? La volonté d’hégémonie européenne, la Shoah, ont-elles été des conséquences directes des idées contenues dans le livre ? Dans un deuxième temps, l’onde de choc à plus long terme sera considérée. Mein Kampf a-t-il continué d’être publié, d’être lu ? Par qui et dans quels pays ? Pourquoi l’ouvrage a-t-il été récemment un succès de librairie en Turquie ? Quelles sont les questions éditoriales que pose aujourd’hui Mein Kampf, face aux différentes lois interdisant l’incitation à la haine raciale ?

14 heures – 15 heures 30
Mein Kampf : Usages et impact d’un livre sous le national-socialisme

Table ronde animée par Fabrice d’Almeida
Participant : Johann Chapoutot (Université de Grenoble II- Pierre Mendès France); Rainer Hudemann, (Université de Paris IV); Anne Simonin (CNRS, IRICE)

15 heures 30-16 heures : pause café

16 heures – 17 heures 30
Mein Kampf : 70 ans après, enjeux politiques, enjeux éditoriaux
Table ronde animée par Jean-Marc Dreyfus
Participants : Anthony Rowley (Sciences Po Paris, Fayard)
Josselin Bordat (Brain Magazine)
Jean-Yves Camus (IRIS)
Gisèle Sapiro (EHESS, CSE)