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segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Cabe aguardar o golpe ou preveni-lo? - Paulo Roberto de Almeida

 Comentário a propósito da contrariedade de muitos a respeito da ação do ministro Alexandre de Moraes, mandando investigar empresários golpistas, considerando-a inconstitucional.

O problema de minimizar simples ameaças verbais é a possibilidade de um dia nos deparamos com o horror de uma ditadura cruel. 

Em 1926-27, quando foram publicados os dois volumes do Mein Kampf, não se deu muita importância aos argumentos de um golpista de instintos totalitários, já anunciando a luta contra bolcheviques e judeus. 

A obra só começou a ser lida, de fato, depois que Hitler já tinha transformado a turbulenta República de Weimar numa ditadura assassina. 

Como alertou Karl Popper, não se pode ser tolerante com os intolerantes, pois eles podem simplesmente matar a democracia.

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 5/09/2022

sábado, 14 de março de 2020

Karl Popper: em defesa da ciência e da racionalidade

Apenas transcrevendo o que mantenho na coluna da direita (de quem olha) deste blog.

Uma reflexão...

Recomendações aos cientistas, Karl Popper:
Extratos (adaptados) de Ciência: problemas, objetivos e responsabilidades 
(Popper falando a biólogos, em 1963, em plena Guerra Fria):

"A tarefa mais importante de um cientista é certamente contribuir para o avanço de sua área de conhecimento. A segunda tarefa mais importante é escapar da visão estreita de uma especialização excessiva, interessando-se ativamente por outros campos em busca do aperfeiçoamento pelo saber que é a missão cultural da ciência. A terceira tarefa é estender aos demais a compreensão de seus conhecimentos, reduzindo ao mínimo o jargão científico, do qual muitos de nós temos orgulho. Um orgulho desse tipo é compreensível. Mas ele é um erro. Deveria ser nosso orgulho ensinar a nós mesmos, da melhor forma possível, a sempre falar tão simplesmente, claramente e despretensiosamente quanto possível, evitando como uma praga a sugestão de que estamos de posse de um conhecimento que é muito profundo para ser expresso de maneira clara e simples.
Esta, é, eu acredito, uma das maiores e mais urgentes responsabilidades sociais dos cientistas. Talvez a maior. Porque esta tarefa está intimamente ligada à sobrevivência da sociedade aberta e da democracia.
Uma sociedade aberta (isto é, uma sociedade baseada na idéia de não apenas tolerar opiniões dissidentes mas de respeitá-las) e uma democracia (isto é, uma forma de governo devotado à proteção de uma sociedade aberta) não podem florescer se a ciência torna-se a propriedade exclusiva de um conjunto fechado de cientistas.
Eu acredito que o hábito de sempre declarar tão claramente quanto possível nosso problema, assim como o estado atual de discussão desse problema, faria muito em favor da tarefa importante de fazer a ciência – isto é, as idéias científicas – ser melhor e mais amplamente compreendida."

Karl R. Popper: 
The Myth of the Framework (in defence of science and rationality)
Edited by M. A. Notturno. (London: Routledge, 1994), p. 109.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

O historicismo e a dinamica apocaliptica: Karl Popper e M.H. Simonsen - Eugenio Gudin (1973)

O historicismo e a dinâmica apocalíptica: Karl Popper e M.H. Simonsen

*Eugênio Gudin Filho, 7/12/1973


Ao tempo (no princípio do século) em que eu alisava os bancos da Escola Politécnica, havia dias tendências distintas pelas quais os estudantes de matemática e engenharia, de um lado, e os estudantes de direito, de outro, abordavam os problemas de ciências sociais. Os politécnicos só davam valor aos problemas passíveis de solução pela matemática (de que seu espírito estava imbuído), ao passo que os futuros bacharéis procuravam abordá-los pelos princípios jurídicos. Caso característico era (e talvez ainda seja) o da economia política. Os estudantes da Politécnica a tratavam com desdém pela ausência de métodos matemáticos (a que hoje se recorre como auxiliares ou como alternativas precisas e sintéticas da linguagem corrente), enquanto os futuros bacharéis se inclinavam para tratá-la como matéria paraliterária. 

Ambas as orientações eram deformativas: uma, porque as ciências sociais não são ciências exatas; outra, porque também não são paraliterárias.

Dos grupos de tendência matemática (econometria à parte) há os que, por deformação espiritual ou por carência de capacidade crítica, recorrem à extrapolação e à futurologia, como no caso do Hudson Institute.

Mas esses profetas do futuro só tinham como plataforma de partida os dados da história, sobre os quais extrapolavam usando funções, lineares ou homogêneas. Daí sua subordinação ao historicismo.

Eu tinha um amigo inglês que freqüentemente me dizia: “When things come back to normal” (quando as coisas voltarem à normalidade), a que eu retrucava que “as coisas nunca voltavam”; evoluem. A história não é repetitiva. E aí é que está a dificuldade de saber como e para onde evolui.

A crítica mais arrasadora que conheço do historicismo é o de Karl Popper na Pobreza do historicismo (título que parafraseia a Pobreza da filosofia, de Marx, o qual por sua vez ironizava a Filosofia da pobreza, de Proudhon).

Popper discerne bem a origem do historicismo no fato de que aqueles que vivem em um certo período da história inclinam-se erradamente a acreditar que as regularidades que observam em torno de si são leis sociais de caráter universal, válidas para todas as sociedades.

Sempre tive para mim que a regularidade dos ciclos de prosperidade e depressão é uma construction de l’esprit. Como também nunca confiei nos planejamentos quantitativos do futuro (que a Deus pertence) a que se dedicam economistas menos ocupados de um período econômico (ano, qüinqüênio, etc), fixando parâmetros de 10%, digamos, para a taxa de progressão do PNB, ou 12% para a taxa de inflação em 1973, ou o dia de São Sebastião para a inauguração da Ponte Rio - Niterói ou ainda o mês de setembro de 1971 (!) para a inauguração do horário de 5 horas (!) no percurso Rio -São Paulo da Central do Brasil...

Muitos devem ter sido os pecados que cometi quando Ministro da Fazenda. Mas asseguro que nenhum foi por falta de cumprimento de promessa, ou - melhor ainda – por ter prometido qualquer coisa. Sempre acreditei em procurar informar o público das intenções e dos planos gerais da administração. Nunca em prometer resultados quantitativos em prazos determinados.

Na Teoria do Crescimento Econômico, em vias de publicação, Mário Henrique Simonsen aborda de início, com extraordinária lucidez (o que para o autor é usual), a dinâmica apocalíptica pelo problema do determinismo histórico: “O prestígio desses modelos é psicologicamente compreensível: as angústias da humanidade provêm do desconhecimento do futuro, e as construções deterministas são as únicas que se propõem a revelar a evolução dos fatos sem a intromissão de condicionais. Um bom profeta deve possuir suficiente coragem de afirmar e isso recomenda que seus vaticínios sejam enquadrados numa moldura de determinismo histórico”.

Entre as construções econômicas de maior glamour cita o autor: a teoria clássica inglesa da evolução para o estado estacionário, a previsão marxista da derrocada do capitalismo por suas contradições internas, e a projeção estagnacionista da decadência do sistema pelas próprias condições da abundância.

A história foi suficientemente caprichosa, escreve Simonsen, para ir desmentindo, uma a uma, essas construções. Com a vantagem de terem provocado os cientistas sociais a descortinar a defesa contra os vaticínios catastróficos.

Nenhum dos construtores da dinâmica apocalíptica, como Malthus ou Marx, conseguiu até hoje acertar em suas previsões.

Nas páginas que se seguem desse primeiro capitulo vão-se sucessivamente esboroando, a golpes de racionalidade e de lucidez, os mitos da lei dos rendimentos decrescentes no caminha malthusiano para a miséria, a lei férrea dos salários conduzindo ao nível de subsistência, o determinismo histórico de Marx, a inexorabilidade da luta de classes, a famosa mais-valia, a ruptura violenta do sistema pela revolução do proletariado e por fim a tendência para a depressão que se inspira no modelo keynesiano.

Felizmente para a humanidade, remata Simonsen, os rendimentos decrescentes do fator trabalho e o desmoronamento do capitalismo foram contornados pela acumulação do capital e pelo progresso tecnológico.


*Eugênio Gudin Filho (Rio de Janeiro, 12 de julho de 1886 - Rio de Janeiro, 24 de outubro de 1986) foi um economista brasileiro, ministro da Fazenda entre setembro de 1954 e abril de 1955, durante o governo de Café Filho.

Formado em Engenharia Civil em 1905 pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro, passou a interessar-se por Economia na década de 1920. Entre 1924 e 1926, publicou seus primeiros artigos sobre Economia em O Jornal, do Rio de Janeiro.

Em 1944, o então ministro da Educação, Gustavo Capanema, designou Gudin para redigir o Projeto de Lei que institucionalizou o curso de Economia no Brasil. Nesse mesmo ano, foi escolhido delegado brasileiro na Conferência Monetária Internacional, em Bretton Woods, nos Estados Unidos, que decidiu pela criação do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (Bird)

Durante os sete meses em que foi ministro da Fazenda (1954-1955), promoveu uma política de estabilização econômica baseada no corte das despesas públicas e na contenção da expansão monetária e do crédito, o que provocou a crise de setores da indústria. Sua passagem pela pasta foi marcada, ainda, pelo decreto da Instrução 113, da Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc), que facilitava os investimentos estrangeiros no país, e que seria largamente utilizada no governo de Juscelino Kubitschek. Foi por determinação sua também que o imposto de renda sobre os salários passou a ser descontado na fonte.

domingo, 3 de março de 2013

A pseudo teoria do aquecimento global - Paul Johnson

Os aderentes à "teoria" do aquecimento global não possuem, até o momento, provas realmente irrefutáveis sobre sua realização. Eles mostram evidências circunstancias que corroboram uma crença no fenômeno, mas tudo feito na base do alarmismo e das falsas suposições.
O historiador britânico restabelece um pouco de lógica ao debate (que na verdade não existe: quem acredita, faz disso um artigo de fé...).
Paulo Roberto de Almeida

The Real Way to Save the Planet


It is a pity Karl Popper did not live to see that Global Warming fitted perfectly into his model of a pseudo-theory.
The Copenhagen Summit was bound to fail if only because politicians are beginning to realize that ordinary voters do not believe in man-made Global Warming, as polls plainly show. They did not believe in Marxist Dialectical Materialism either, or Freudianism. These three pseudo-sciences have a lot in common, not least their ability to inspire a religious kind of belief in highly educated people who lack a genuine creed.
When I was an undergraduate the philosopher I studied most carefully was Karl Popper, especially his writings on the evaluation of evidence and criteria to distinguish a genuine scientific theory from a false one. He made two key points. First, a theory must include the falsifiability principle. It must be susceptible to empirical tests and, if it fails to meet them, be scrapped. He gave as an example of a genuine theory Einstein’s General Relativity of 1915. Einstein insisted that it must survive three practical tests, and if it failed any one of them be dropped as untrue. In fact it passed triumphantly all three, beginning in 1919, and many other since.
Popper argued that prima facie evidence of a bogus theory was the practice of altering or enlarging it, by its authors, to accommodate new evidence since its original formulation. This, he argued, had happened in the case of Marxism and, still more, Freudianism. Scientific theories, he argued, must be very precise and scientific to be of any use. Marxism and Freudianism were just portmanteau notions into which virtually any kind of phenomena could be made to fit. Hence Marxism led to political and economic disaster areas like the Soviet Union, and Freudianism to a stupendous waste of time and money.
It is a pity Popper did not live to see that Global Warming fit perfectly into his model of a pseudo-theory. It is vaguely and imprecisely formulated. It fails the falsifiability test, because all new evidence is made to fit by enlarging the theory. When originally formulated in the 1980s, Global Warming produced by man-made emissions would lead, it was argued, to much higher temperatures and desiccation. There would be a huge drop in rainfall and an imperative need to build seawater desalination plants. I recall an unusually dry summer (1987) in the English Lake District, normally rainy, was triumphantly presented as “absolute proof” of the theory. This autumn, the Lake District had an unusually wet spell, culminating in floods that engulfed the delightful town of Cockermouth, where Wordsworth was born. This was pounced upon by Global Warming “experts” as “absolute proof” of their theory, and paraded as such in Copenhagen.
The fact is that the theory has now been expanded to include any unusual form of weather, anywhere. Hot summers, warm winters — global warming. Cold weather at an unusual time of year — global warming. Drought, storms, floods — global warming. No snow on the ski slopes, sudden snow, out of season snow, very heavy snow — global warming. Of course in countries like Japan or the UK, where unusual, unpredictable, and tiresomely variable weather is the norm (it was first commented on in the UK by the Venerable Bede in the eighth century), the public does not swallow global warming, and polls show majorities of 55 to 60 percent reject it.
Of course vested interests accept it. It is regarded as a splendid way of damaging the American economy, by the same kind of left-wing intellectuals who supported the Club of Rome in the 1960s, which argued that world resources were on the brink of exhaustion. It is a form of pantheism and a useful emotional outlet for people who have renounced Judeo-Christianity. If someone is anti-American, left-liberal, and atheist, it is virtually certain he (or even she: women are notoriously more skeptical about it than men are) is a Global Warmer.
THEN AGAIN, GLOBAL WARMING NOW HAS a powerful, worldwide institutional substructure. If a media outlet has an environment correspondent, or a university a Department of Climate Studies, or a government a Ministry of Global Warming, those involved are certain to be not just believers but fanatical propagandists for the cause. Their livelihood depends on it. I calculate that the lobby now includes over 20,000 full-time, well-paid professionals whose entire life is spent in pushing “proofs.” The existence of this enormous phalanx of well-placed, articulate enthusiasts has inevitably led to the capture of powerful institutions — in Britain, for instance, the Meteorological Office, the Royal Society, and the BBC, together with many universities and newspapers. It used to be supposed that scientists, or those calling themselves such, were incorruptible and guided purely by genuine convictions based on objective evidence. But scientists behave just like politicians if the pressure and prizes make it worth their while to conform.
So vast sums of money will continue to be spent on an unproven and unprovable theory, predicting a global catastrophe from the realms of fantasy. The money could be much more profitably spent on space exploration. This is a genuine science and could turn out to be useful, even vital. The planet Earth, though not threatened with destruction by man-made global warming, is by no means indestructible. There are many unpredictable events within our solar system, and still more outside it, that could make Earth uninhabitable by humans. A meteorite of sufficient size could destroy it entirely. A giant sunspot could produce precisely the catastrophic climate change the lobby falsely claims is being created by man’s “emissions.” There are hundreds of fatal possibilities astrophysicists can imagine, and thousands more, no doubt, that could occur.
In the long term, it is desirable that the human race, faced with the prospect of extinction on Earth, should prepare an escape route for itself to another inhabitable planet. In order to do this we must explore the universe far more thoroughly and exhaustively than we have done up till now, and equally important, develop the concept of mass space travel and colonization schemes. Mankind has done this before, notably in the 15th century, when the threat of plague and starvation in Europe led to the successful crossing of the Atlantic and colonization in the Americas. We need to repeat the imaginative effort of the late medieval Spanish, Portuguese, and Genoans in navigation, technology, and courage, but on an infinitely greater scale. This would be a worthy cause for the united resources of the human race to combine in furthering — the colonization of the universe.
It may be a distant goal, but it is a practical one, and in pursuing it we would do more to unite the human race in purposeful activity than anything else so far proposed. By contrast, combating a largely imaginary threat of global warming is just as costly, as well as scientifically unsound, technologically impossible, and, not least, divisive. 

sábado, 17 de setembro de 2011

A frase de sempre - Karl Popper


A tarefa mais importante de um cientista é certamente contribuir para o avanço de sua área de conhecimento. A segunda tarefa mais importante é escapar da visão estreita de uma especialização excessiva, interessando-se ativamente por outros campos em busca do aperfeiçoamento pelo saber que é a missão cultural da ciência. A terceira tarefa é estender aos demais a compreensão de seus conhecimentos, reduzindo ao mínimo o jargão científico.

Karl Popper, em “Ciência: problemas, objetivos e responsabilidades” (1963)

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A frase da semana

Não devemos aceitar sem qualificação o princípio de tolerar os intolerantes senão corremos o risco de destruição de nós próprios e da própria atitude de tolerância.

Karl Raimund Popper