O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Pasteur. La foi dans la science - Revue L'Histoire (janvier 2022)

A França vai comemorar os 200 anos do nascimento de Pasteur reafirmando sua fé na ciência.

No Brasil, não vamos "comemorar" os 200 anos da nossa Independência porque o desgoverno do Bozo é tudo o que não gostaríamos nesse ano símbolo, a destruição das instituições, o desmantelamento da governança, o estupro orçamentário e, sobretudo, a ANTICIÊNCIA, o desprezo pelas mais rudimentares normas sanitárias, cuidados profiláticos e investimentos em vacinas, o que levou o Brasil a ter, proporcionalmente, uma das maiores taxas de mortalidade por Covid do mundo, senão a maior.

E o capitão continua negacionista e sabotando vacinas para crianças, e os necessários cuidados em relação à Ômicron. O Brasil se desfez sob o Bozo, um psicopata incurável.

Paulo Roberto de Almeida



Pasteur. La foi dans la science 

La pandémie de Covid-19 a rebattu les cartes : alors qu’on croyait possible de les éradiquer, les maladies infectieuses se rappellent à nous. Et avec elles l’importance du vaccin. C’est une des nombreuses raisons de commémorer en 2022 le bicentenaire de la naissance de Louis Pasteur à Dole, dans le Jura.

Celui-ci est devenu, de son vivant déjà, une légende, celui qui a vaincu la mort. Rien, il est vrai, ne manque au portrait du saint laïque, fils du peuple, prêt à tout pour faire triompher la vérité au bénéfice du bien-être de l’humanité.

Les travaux des historiens depuis trente ans ont nuancé ce portrait. Pasteur n’est pas un génie isolé ; il s’est appuyé sur de fidèles collaborateurs et sur les travaux de ses prédécesseurs. D’autres acteurs essentiels ont contribué à la « révolution pasteurienne », en premier lieu son grand rival allemand, Robert Koch. Pasteur fut aussi un entrepreneur avisé et sut faire preuve d’un grand sens de la communication.

Reste une œuvre scientifique immense. Et une conception de la science dont nous sommes les héritiers.

► Découvrir ce numéro

 

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

A China sempre esteve na vanguarda da ciência universal; depois caiu por 2 ou 3 séculos; agora volta com tudo: livro

 O personagem desse livro era um inglês muito estranho (como são em geral todos os ingleses). Foi ele quem evidenciou aos ocidentais, que aparentemente dominavam a ciência e tecnologia, e a pesquisa científica nos últimos dois séculos, que os chineses já tinham inventado tudo o que era preciso inventar muitos séculos antes dos ocidentais.

Vale a pena ler o livro...

Paulo Roberto de Almeida

The Man Who Loved China: The Fantastic Story of the Eccentric Scientist Who Unlocked the Mysteries of the Middle Kingdom 



In sumptuous and illuminating detail, Simon Winchester, the bestselling author of The Professor and the Madman ("Elegant and scrupulous"—New York Times Book Review) and Krakatoa ("A mesmerizing page-turner"—Time) brings to life the extraordinary story of Joseph Needham, the brilliant Cambridge scientist who unlocked the most closely held secrets of China, long the world's most technologically advanced country.

No cloistered don, this tall, married Englishman was a freethinking intellectual, who practiced nudism and was devoted to a quirky brand of folk dancing. In 1937, while working as a biochemist at Cambridge University, he instantly fell in love with a visiting Chinese student, with whom he began a lifelong affair.

He soon became fascinated with China, and his mistress swiftly persuaded the ever-enthusiastic Needham to travel to her home country, where he embarked on a series of extraordinary expeditions to the farthest frontiers of this ancient empire. He searched everywhere for evidence to bolster his conviction that the Chinese were responsible for hundreds of mankind's most familiar innovations—including printing, the compass, explosives, suspension bridges, even toilet paper—often centuries before the rest of the world. His thrilling and dangerous journeys, vividly recreated by Winchester, took him across war-torn China to far-flung outposts, consolidating his deep admiration for the Chinese people.

After the war, Needham was determined to tell the world what he had discovered, and began writing his majestic Science and Civilisation in China, describing the country's long and astonishing history of invention and technology. By the time he died, he had produced, essentially single-handedly, seventeen immense volumes, marking him as the greatest one-man encyclopedist ever.

Both epic and intimate, The Man Who Loved China tells the sweeping story of China through Needham's remarkable life. Here is an unforgettable tale of what makes men, nations, and, indeed, mankind itself great—related by one of the world's inimitable storytellers.

https://www.amazon.com/dp/B0017T09J0/ref=dp-kindle-redirect?_encoding=UTF8&btkr=1 


quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Documento sobre a pandemia do Covid-19 por médicos e profissionais da saúde da Bélgica

 A carta a seguir, até o momento, foi assinada por 394 médicos belgas, 1.340 profissionais de saúde com treinamento médico e milhares de cidadãos. Como o texto é muito longo e conta com mais de 50 links, tentei abreviá-lo tanto quanto possível, mas a leitura integral é fortemente recomendada. 

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"Nós, médicos e profissionais de saúde belgas, desejamos expressar nossa séria preocupação com a evolução da situação nos últimos meses, em torno do surto do vírus SARS-CoV-2. Apelamos aos políticos para que sejam informados de forma independente e crítica no processo de tomada de decisão e na implementação obrigatória de medidas em relação ao coronavírus. Pedimos um debate aberto, onde todos os especialistas sejam representados, sem qualquer forma de censura. Após o pânico inicial em torno da covid-19, os fatos objetivos agora mostram um quadro completamente diferente - não há mais justificativa médica para qualquer política de emergência.

A atual gestão de crises tornou-se totalmente desproporcional e causa mais danos do que benefícios.

Apelamos ao fim de todas as medidas e pedimos uma restauração imediata da nossa governança democrática normal, estruturas jurídicas e de todas as nossas liberdades civis.

'A cura não deve ser pior que o problema' é uma tese mais relevante do que nunca na situação atual. Notamos, no entanto, que os danos colaterais que agora estão sendo causados à população terão um impacto maior a curto e longo prazo em todas as camadas da população do que o número de pessoas agora sendo protegidas da coroa.

Em nossa opinião, as atuais medidas e as penas severas pelo seu não cumprimento são contrárias aos valores formulados pelo Conselho Superior de Saúde da Bélgica, que, até recentemente, como autoridade sanitária, sempre garantiu uma medicina de qualidade no nosso país: “Ciência - Competência - Qualidade - Imparcialidade - Independência - Transparência”.

Acreditamos que a política introduziu medidas obrigatórias sem embasamento científico suficiente, direcionamento unilateral e que não há espaço na mídia para um debate aberto em que diferentes visões e opiniões sejam ouvidas. Além disso, cada município e província passou a ter autorização para acrescentar medidas próprias, fundadas ou não. (...)

O conceito de saúde

Em 1948, a OMS definiu saúde da seguinte forma: 'Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou outra deficiência física'.

Saúde, portanto, é um conceito amplo que vai além do físico e também se relaciona com o bem-estar emocional e social do indivíduo. A Bélgica também tem o dever, do ponto de vista dos direitos humanos fundamentais, de incluir esses direitos humanos na sua tomada de decisão quando se trata de medidas tomadas no contexto da saúde pública. (...)

A pandemia prevista com milhões de mortes

No início da pandemia, as medidas eram compreensíveis e amplamente apoiadas, mesmo que houvesse diferenças na implementação nos países ao nosso redor. A OMS previu originalmente uma pandemia que causaria 3,4% das vítimas, ou seja, milhões de mortes, e um vírus altamente contagioso para o qual nenhum tratamento ou vacina estava disponível. Isso colocaria uma pressão sem precedentes nas unidades de terapia intensiva (UTI) de nossos hospitais.

Isso levou a uma situação de alarme global nunca vista na história da humanidade: “achatar a curva” foi representado por um bloqueio que desligou toda a sociedade e economia e colocou pessoas saudáveis em quarentena. O distanciamento social tornou-se o novo normal na expectativa de uma vacina.

Os fatos sobre covid-19

Gradualmente, a campainha de alarme soou de várias fontes: os fatos objetivos mostraram uma realidade completamente diferente.

O curso do covid-19 seguiu o curso de uma onda normal de infecção semelhante a uma temporada de gripe. Como todos os anos, vemos uma mistura de vírus da gripe seguindo a curva: primeiro os rinovírus, depois os vírus da gripe A e B, seguidos pelos coronavírus. Não há nada diferente do que normalmente vemos. (...)

Confinamento

Se compararmos as ondas de infecção em países com políticas rígidas de bloqueio com países que não impuseram bloqueios (Suécia, Islândia ...), vemos curvas semelhantes. Portanto, não há ligação entre o bloqueio imposto e o curso da infecção. O bloqueio não levou a uma taxa de mortalidade mais baixa.

Se olharmos para a data de aplicação dos bloqueios impostos, vemos que os bloqueios foram definidos após o pico já ter passado e o número de casos diminuindo. A queda não foi conseqüência das medidas tomadas.

Como todos os anos, parece que as condições climáticas (clima, temperatura e umidade) e o aumento da imunidade têm maior probabilidade de reduzir a onda de infecção.

Nosso sistema imunológico

Por milhares de anos, o corpo humano foi exposto diariamente à umidade e gotículas contendo microorganismos infecciosos (vírus, bactérias e fungos).

A penetração desses microrganismos é impedida por um avançado mecanismo de defesa - o sistema imunológico. Um forte sistema imunológico depende da exposição diária normal a essas influências microbianas. Medidas excessivamente higiênicas têm um efeito prejudicial em nossa imunidade. Somente pessoas com sistema imunológico fraco ou defeituoso devem ser protegidas por meio de higiene extensiva ou distanciamento social. (...)

A maioria das pessoas, portanto, já tem uma imunidade congênita ou cruzada porque já estiveram em contato com variantes do mesmo vírus. (...)

A maioria das pessoas com teste positivo (PCR) não tem queixas. Seu sistema imunológico é forte o suficiente. O fortalecimento da imunidade natural é uma abordagem muito mais lógica. A prevenção é um pilar importante e insuficientemente destacado: nutrição saudável e completa, exercícios ao ar livre, sem máscara, redução do estresse e nutrição dos contatos emocionais e sociais.

Um vírus altamente contagioso com milhões de mortes sem nenhum tratamento?

A mortalidade acabou sendo muitas vezes menor que a esperada e próxima à de uma gripe sazonal normal (0,2%).

O número de mortes por corona registradas, portanto, ainda parece estar superestimado.

Há uma diferença entre morte por corona e morte com corona. Os seres humanos são frequentemente portadores de vários vírus e bactérias potencialmente patogênicas ao mesmo tempo. Levando em consideração o fato de que a maioria das pessoas que desenvolveram sintomas graves sofria de patologia adicional, não se pode simplesmente concluir que a infecção por corona foi a causa da morte. Isso geralmente não foi levado em consideração nas estatísticas.

Os grupos mais vulneráveis podem ser claramente identificados. A grande maioria dos pacientes falecidos tinha 80 anos ou mais. A maioria (70%) dos falecidos, com menos de 70 anos, apresentava algum distúrbio subjacente, como sofrimento cardiovascular, diabetes mellitus, doença pulmonar crônica ou obesidade. A grande maioria das pessoas infectadas (> 98%) não adoeceu ou dificilmente ficou doente ou se recuperou espontaneamente.

Enquanto isso, existe uma terapia acessível, segura e eficiente disponível para aqueles que apresentam sintomas graves da doença na forma de HCQ (hidroxicloroquina), zinco e AZT (azitromicina). Aplicada rapidamente, essa terapia leva à recuperação e freqüentemente evita a hospitalização. Quase ninguém precisa morrer agora. (...)

Máscaras

As máscaras orais pertencem a contextos onde ocorrem contatos com grupos de risco comprovado ou pessoas com problemas respiratórios superiores, e em um contexto médico / ambiente de lar de aposentados em hospitais. Eles reduzem o risco de infecção por gotículas por espirro ou tosse. As máscaras orais em indivíduos saudáveis são ineficazes contra a propagação de infecções virais.

O uso de máscara apresenta efeitos colaterais. A deficiência de oxigênio (dor de cabeça, náuseas, fadiga, perda de concentração) ocorre com bastante rapidez, um efeito semelhante ao mal-estar da altitude. Todos os dias vemos pacientes reclamando de dores de cabeça, problemas nos seios da face, problemas respiratórios e hiperventilação devido ao uso de máscaras. Além disso, o CO2 acumulado leva a uma acidificação tóxica do organismo que afeta nossa imunidade. Alguns especialistas chegam a alertar para um aumento da transmissão do vírus em caso de uso inadequado da máscara.

O uso impróprio de máscaras sem um arquivo abrangente de teste cardiopulmonar médico não é recomendado por especialistas de segurança reconhecidos para trabalhadores.

Os hospitais possuem ambiente estéril em suas salas cirúrgicas onde os funcionários usam máscaras e há regulação precisa de umidade / temperatura com fluxo de oxigênio devidamente monitorado para compensar isso, atendendo assim a rígidos padrões de segurança.

Uma segunda onda corona?

Uma segunda onda está agora em discussão na Bélgica, com um novo endurecimento das medidas como resultado. No entanto, um exame mais atento dos números da 'Sciensano' (último relatório de 3 de setembro de 2020) mostra que, embora tenha havido um aumento no número de infecções desde meados de julho, não houve aumento de internações ou óbitos naquela época. Portanto, não é uma segunda onda de corona, mas uma chamada “química de caso” devido a um número maior de testes.

O número de internações hospitalares ou óbitos apresentou um aumento mínimo de curta duração nas últimas semanas, mas ao interpretá-lo, devemos levar em consideração a onda de calor recente. Além disso, a grande maioria das vítimas ainda está na faixa populacional> 75 anos.  Isso indica que a proporção das medidas tomadas em relação à população ativa e aos jovens é desproporcional aos objetivos pretendidos.

A grande maioria das pessoas “infectadas” testadas positivamente está na faixa etária da população ativa, que não desenvolve nenhum ou apenas sintomas limitados, devido a um sistema imunológico em bom funcionamento.

Portanto, nada mudou - o pico acabou.

Vacina

Pesquisas sobre vacinação contra influenza mostram que, em 10 anos, tivemos sucesso apenas três vezes no desenvolvimento de uma vacina com uma taxa de eficiência de mais de 50%. Vacinar nossos idosos parece ser ineficaz. Acima de 75 anos de idade, a eficácia é quase inexistente.

Devido à contínua mutação natural dos vírus, como também vemos todos os anos no caso do vírus da gripe, uma vacina é no máximo uma solução temporária, o que requer novas vacinas a cada vez. Uma vacina não testada, que é implementada por procedimento de emergência e para a qual os fabricantes já obtiveram imunidade legal contra possíveis danos, levanta sérias questões. Não desejamos usar nossos pacientes como cobaias.

Em escala global, são esperados 700 mil casos de danos ou morte em decorrência da vacina.

Se 95% das pessoas experimentarem Covid-19 virtualmente sem sintomas, o risco de exposição a uma vacina não testada é irresponsável.

O papel da mídia e o plano oficial de comunicação

Nos últimos meses, os jornais, rádio e TV pareceram apoiar quase sem crítica o painel de especialistas e o governo, onde é precisamente a imprensa que deve ser crítica e impedir a comunicação governamental unilateral. Isso levou a uma comunicação pública em nossa mídia de notícias que era mais uma propaganda do que uma reportagem objetiva.

Em nossa opinião, é tarefa do jornalismo trazer as notícias da forma mais objetiva e neutra possível, visando a descoberta da verdade e o controle crítico do poder, sendo também concedido aos especialistas dissidentes um fórum para se expressarem.

Essa visão é apoiada pelos códigos de ética jornalística.

A história oficial de que um bloqueio era necessário, de que essa era a única solução possível e de que todos estavam por trás desse bloqueio tornava difícil para pessoas com uma visão diferente, bem como especialistas, expressar uma opinião diferente.

Opiniões alternativas foram ignoradas ou ridicularizadas. Não vimos debates abertos na mídia, onde diferentes pontos de vista pudessem ser expressos.

Também ficamos surpresos com os muitos vídeos e artigos de diversos especialistas científicos e autoridades, que foram e ainda estão sendo retirados das redes sociais. Sentimos que isso não se coaduna com um estado constitucional livre e democrático, tanto mais que leva a uma visão de túnel. Essa política também tem um efeito paralisante e alimenta o medo e a preocupação na sociedade. Neste contexto, rejeitamos a intenção de censura aos dissidentes na União Europeia!

A maneira como a Covid-19 foi retratada por políticos e pela mídia também não ajudou em nada a situação. Os termos de guerra eram populares e não faltava linguagem bélica. Freqüentemente, há menção de uma 'guerra' com um 'inimigo invisível' que deve ser 'derrotado'. O uso na mídia de frases como 'heróis do cuidado na linha de frente' e 'vítimas corona' alimentou ainda mais o medo, assim como a ideia de que estamos lidando globalmente com um 'vírus assassino'.

O incessante bombardeio de cifras, que se desatou sobre a população dia após dia, hora após hora, sem interpretar esses cifras, sem compará-los com as mortes por gripe em outros anos, sem compará-las com mortes por outras causas, induziu uma verdadeira psicose de medo na população. Isso não é informação, é manipulação.

Deploramos o papel da OMS nisso, que pediu que o 'infodêmico' (isto é, todas as opiniões divergentes do discurso oficial, inclusive de especialistas com diferentes pontos de vista) fosse silenciado por uma censura da mídia sem precedentes.

Apelamos urgentemente à mídia para assumir suas responsabilidades aqui!

Exigimos um debate aberto em que todos os especialistas sejam ouvidos.(...)

Danos imensos causados pelas políticas atuais

Uma discussão aberta sobre as medidas corona significa que, além dos anos de vida ganhos pelos pacientes corona, devemos levar em consideração outros fatores que afetam a saúde de toda a população. Isso inclui danos no domínio psicossocial (aumento da depressão, ansiedade, suicídios, violência intra-familiar e abuso infantil) 16 e danos econômicos.

Se levarmos em conta esse dano colateral, a política atual está fora de proporção, o proverbial uso de uma marreta para quebrar uma noz.

Achamos chocante que o governo esteja invocando a saúde como uma razão para a lei de emergência.

Enquanto médicos e profissionais de saúde, perante um vírus que, em termos de nocividade, mortalidade e transmissibilidade, se aproxima da gripe sazonal, só podemos rejeitar estas medidas extremamente desproporcionais.

Distribuição desta carta

Gostaríamos de fazer um apelo público às nossas associações profissionais e colegas cuidadores para que deem a sua opinião sobre as medidas em vigor.

Chamamos a atenção e pedimos uma discussão aberta em que os cuidadores possam e ousem falar.

Com esta carta aberta ... convidamos os políticos a se informarem de forma independente e crítica sobre as evidências disponíveis - incluindo as de especialistas com diferentes pontos de vista, desde que com base em ciência sólida - ao implantar uma política com o objetivo de promover a saúde ideal. Link da carta integral:

 https://docs4opendebate.be/en/open-letter/?fbclid=IwAR0nbJk5Mf39ibdw_2Kf38PEfAc98ojKwcv1yPZpz4Lrk7225xJTLExpVLo

quarta-feira, 18 de março de 2020

Pandemias são interrompidas pela ciência. E só por ela - Geraldo Wilson Fernandes, Sérvio P. Ribeiro (UFMG)

Pandemias são interrompidas pela ciência. E só por ela

Professores Geraldo Fernandes e Sérvio Ribeiro alertam que não ouvir os cientistas em situações como a da atual epidemia de coronavírus pode trazer consequências devastadoras

Imagem de viriões de Sars-CoV-2 obtida por microscópio eletrônico de varrimento
Imagem do Sars-CoV-2, o novo coronavírus, obtida por microscópio eletrônico de varrimentoNIAID Rocky Mountain Laboratories (RML), U.S. NIH / Domínio Público
Cientistas investigam a natureza e tudo o que está relacionado a ela – desde a descrição de fenômenos, formas, quantidades e comportamentos até a formulação de predições sobre acontecimentos futuros, baseados no entendimento (passado e presente) dos fenômenos naturais.
Faz 20 anos que os cientistas alertam que haveria mudanças de regimes de chuvas, com cenários mais imprevisíveis e com eventos extremos mais frequentes, caso o aquecimento global provocado pelo homem não fosse revertido. E não foi! 
Em 29 de janeiro, de forma imprevisível, as áreas mais nobres de Belo Horizonte foram devastadas por uma chuva que superou os desastres das tempestades de 2017. Em regiões como as atingidas, essas chuvas extremas deveriam se repetir naturalmente em intervalos de mais ou menos 20 anos, mas agora estão mais frequentes. Na sexta-feira anterior ao dia 29, a chuva devastou ainda mais gravemente regiões carentes da cidade.
Entre tantos campos em que a ciência se aplica, está o da previsibilidade. Quando fazem previsões, os cientistas não querem que elas se concretizem. O que querem é alertar as sociedades de perigos iminentes e provocar mudanças em políticas públicas e em comportamentos sociais, de forma a evitar danos às pessoas, ao meio ambiente e às economias. Fenômenos climáticos extremos e imprevisíveis que atingem os ricos os fazem perceber que não há onde se refugiar, e a necessidade de mudanças políticas contra o aquecimento global começa a ficar mais evidente.
No que se refere às doenças, ocorre algo semelhante: a reação é mais rápida quando o risco de transmissão não pode ser controlado ou mesmo impedido apenas com a aplicação de recursos financeiros. Assim, vírus que se espalham rapidamente com grande risco de contaminação e causam doenças letais, são minimamente responsáveis por rupturas no sistema econômico global, o que faz o mundo se mobilizar por soluções rápidas. Enquanto alguns governos e instituições fundamentam suas decisões no entendimento preditivo da ciência, sempre há outros, assim como alguns setores da sociedade, que responsabilizam arbitrariamente fenômenos que não são a causa da pandemia ou atribuem a culpa às próprias vítimas, em especial aquelas que vivem em estado de pobreza crônica. 
No início dos anos 2000, o mundo enfrentou duas outras pandemias de coronavírus de forma bem-sucedida. Isso ocorreu porque foram seguidos protocolos científicos aceitos globalmente para conter a expansão desses vírus. Resumidamente, cientistas epidemiologistas usam uma constante chamada H0, que é o número de pessoas que podem ser infectadas por um sujeito contaminado. Essa é uma medida classicamente ecológica, que avalia a velocidade de multiplicação em se tratando de vírus. O assustador é que se trata de uma medida exponencial, o que significa que, após certo ponto, é impossível de ser freada.
Quando fazem previsões, os cientistas não querem que elas se concretizem. O que querem é alertar as sociedades de perigos iminentes e provocar mudanças em políticas públicas e em comportamentos sociais, de forma a evitar danos às pessoas, ao meio ambiente e às economias.
O problema de certas viroses é que o H0 é muito alto, e as infecções se propagam tão rapidamente que chegam a atingir um número máximo de indivíduos que um ambiente pode sustentar. Dessa forma, a relação entre o hospedeiro e a doença entra em colapso. Como nós somos o “recurso” para o vírus, estamos falando de índices aterrorizantes de mortalidade e ruptura social. Usando a ciência, é fácil entender que, se as pessoas sadias (= recurso) estiverem fora do alcance do vírus, interromperemos esse ciclo mortal antes que ele se espalhe exponencial e descontroladamente. No entanto, em todos esses casos anteriores, as formas emergentes dos vírus não se transmitiam pelo ar, somente por partículas de saliva ou fluídos corporais.
Neste ano, a nova pandemia de coronavírus avança, e os padrões sugerem que a infecção possa se dar de pessoa a pessoa, assim como pelo ar. Outro detalhe preocupa: a maior parte da população está nas mãos de governantes autoritários ou, quando democráticos, negacionistas da ciência.
A tradição de escutar os cientistas tem variado de tempos em tempos.  Nos casos cotidianos de endemias, as consequências de não escutar a ciência (e de não agir coordenadamente via órgãos internacionais regulatórios) são, na verdade, um enorme crime social, com consequências quase sempre devastadoras.
Qualquer governo no mundo que atuar desamparado de critérios científicos no combate ao coronavírus reeditará o chamado “racismo ambiental”, que define situações nas quais os custos de um impacto ambiental atingem mais os pobres que os ricos. Em outras palavras, um cenário epidemiológico desamparado de suporte científico e não pautado por condutas internacionais validadas cientificamente poderia vir a ser definido como “racismo sanitário” – no fundo, algo tão óbvio e antigo em países em desenvolvimento que dispensa explicações ou tipificações.
O medo, portanto, não é só do vírus, mas de que, em regiões importantes do mundo, com largas rotas migratórias e comerciais, a ciência seja ignorada em detrimento de critérios político-financeiros. Olhando de maneira mais ampla, não valorizar as universidades e o ensino equivale a não planejar políticas com base no investimento na ciência e monitoramento de ameaças potenciais ao cidadão.
Um governo responsável trata seu ministério da saúde como um segundo ministério de ciência e tecnologia, capaz de dialogar e criar força de trabalho com as universidades e centros de pesquisa. Essa base institucional de colaboração no controle epidemiológico está presente no Brasil há várias décadas.
Geraldo Wilson Fernandes, professor titular de Ecologia da UFMG
Sérvio P. Ribeiro, professor titular e chefe do Laboratório de Ecohealth da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e docente visitante no Departamento de Parasitologia do ICB/UFMG

sábado, 14 de março de 2020

Karl Popper: em defesa da ciência e da racionalidade

Apenas transcrevendo o que mantenho na coluna da direita (de quem olha) deste blog.

Uma reflexão...

Recomendações aos cientistas, Karl Popper:
Extratos (adaptados) de Ciência: problemas, objetivos e responsabilidades 
(Popper falando a biólogos, em 1963, em plena Guerra Fria):

"A tarefa mais importante de um cientista é certamente contribuir para o avanço de sua área de conhecimento. A segunda tarefa mais importante é escapar da visão estreita de uma especialização excessiva, interessando-se ativamente por outros campos em busca do aperfeiçoamento pelo saber que é a missão cultural da ciência. A terceira tarefa é estender aos demais a compreensão de seus conhecimentos, reduzindo ao mínimo o jargão científico, do qual muitos de nós temos orgulho. Um orgulho desse tipo é compreensível. Mas ele é um erro. Deveria ser nosso orgulho ensinar a nós mesmos, da melhor forma possível, a sempre falar tão simplesmente, claramente e despretensiosamente quanto possível, evitando como uma praga a sugestão de que estamos de posse de um conhecimento que é muito profundo para ser expresso de maneira clara e simples.
Esta, é, eu acredito, uma das maiores e mais urgentes responsabilidades sociais dos cientistas. Talvez a maior. Porque esta tarefa está intimamente ligada à sobrevivência da sociedade aberta e da democracia.
Uma sociedade aberta (isto é, uma sociedade baseada na idéia de não apenas tolerar opiniões dissidentes mas de respeitá-las) e uma democracia (isto é, uma forma de governo devotado à proteção de uma sociedade aberta) não podem florescer se a ciência torna-se a propriedade exclusiva de um conjunto fechado de cientistas.
Eu acredito que o hábito de sempre declarar tão claramente quanto possível nosso problema, assim como o estado atual de discussão desse problema, faria muito em favor da tarefa importante de fazer a ciência – isto é, as idéias científicas – ser melhor e mais amplamente compreendida."

Karl R. Popper: 
The Myth of the Framework (in defence of science and rationality)
Edited by M. A. Notturno. (London: Routledge, 1994), p. 109.

quarta-feira, 12 de junho de 2019

Last Unknowns? Não existem "últimos" desconhecidos, sempre haverá novos, mas vale ler o livro...

The Last Unknowns: Deep, Elegant, Profound Unanswered Questions About the Universe, the Mind, the Future of Civilization, and the Meaning of Life Paperback – June 4, 2019

The universe's ultimate mysteries, presented by "the world's finest minds" (The Guardian)


Featuring a foreword by DANIEL KAHNEMAN, Nobel Prize-winning author of Thinking, Fast and Slow
This is a little book of profound questions—unknowns that address the secrets of our world, our civilization, the meaning of life. Here are the deepest riddles that have fascinated, obsessed, and haunted the greatest thinkers of our time, including Nobel laureates, cosmologists, philosophers, economists, prize-winning novelists, religious scholars, and more than 250 leading scientists, artists, and theorists. In The Last Unknowns, John Brockman, publisher of Edge.org, asks "a mind-blowing gathering of innovative thinkers" (Booklist): "What is ‘The Last Question,’ your last question, the question for which you will be remembered?"


Featuring the Pulitzer Prize–winning author of Guns, Germs, and Steel JARED DIAMOND • Nobel Prize-winning University of Chicago economist RICHARD THALER • Harvard psychologist STEVEN PINKER • religion scholar ELAINE PAGELS • author of Seven Brief Lessons on Physics CARLO ROVELLI • Booker Prize–winning novelist IAN McEWAN • neuroscientist SAM HARRIS • philosopher DANIEL C. DENNETT • MIT theorist SHERRY TURKLE • decoder of the human genome J. CRAIG VENTER • The Coddling of the American Mind author JONATHAN HAIDT • Nobel Prize-winning physicist FRANK WILCZEK • UC Berkeley psychologist ALISON GOPNICK • philosopher REBECCA NEWBERGER GOLDSTEIN • New York Times columnist CARL ZIMMER • MIT cosmologist MAX TEGMARK • Whole Earth founder STEWART BRAND • "Marginal Revolution" economist TYLER COWEN • Anatomy of Love author HELEN FISHER • Noble Prize-winning NASA physicist JOHN C. MATHER • psychologist JUDITH RICH HARRIS • Princeton physicist FREEMAN DYSON • musician BRIAN ENO • environmental scientist JENNIFER JACQUET • Duke economist DAN ARIELY • Oxford philosopher A. C. GRAYLING • Harvard cosmologist LISA RANDALL • anthropologist MARY CATHERINE BATESON • Emotional Intelligence author DANIEL GOLEMAN • Harvard genticist GEORGE CHURCH  Blueprint author NICHOLAS A. CHRISTAKIS • Stanford political scientist MARGARET LEVI • economist ALAN S. BLINDER • publisher TIM O'REILLY • theoretical cosmologist JANNA LEVIN • Serpentine Gallery owner HANS ULRICH OBRIST  Wired founding editor KEVIN KELLY • Cambridge astrophysicist MARTIN REES, and more than 200 others.

quinta-feira, 6 de junho de 2019

Academia Brasileira de Ciência: "ciência gera desenvolvimento"

O papel fundamental da ciência na construção da nação:

Ciência Gera Desenvolvimento é um projeto da Academia Brasileira de Ciências que utiliza a divulgação científica para conscientizar a população sobre a importância do investimento em ciência e dos seus impactos na economia e na sociedade.
Desde 2017, divulgamos uma série de vídeos curtos, dinâmicos, acessíveis e cheios de informação, que mostram, com exemplos reais, como a produção científica pode ser traduzida em benefícios palpáveis para o nosso país.

O Brasil é o segundo maior produtor de soja do mundo. E ainda com o menor custo de produção! Grande parte dessa conquista se deve à engenheira agrônoma Johanna Döbereiner, que desenvolveu um mecanismo que trouxe economia nos gastos com fertilizantes! Quer saber como? É só assistir ao primeiro vídeo da série.

CNPq, Comissão Nacional de Energia Nuclear e Instituto de Matemática Pura e Aplicada: provavelmente você já ouviu falar de alguma dessas instituições. Sabe o que elas têm em comum? O Almirante e ex-presidente da ABC Álvaro Alberto estava envolvido na criação de todas elas. Conheça a sua importante trajetória no segundo vídeo do projeto.

Você sabia que a insulina usada no tratamento de diabetes era tirada de bois e porcos? Foi o médico Marcos Luiz dos Mares Guia que desenvolveu o método que gera a insulina humana e fez do Brasil o líder dessa produção. Ficou curioso? Confira o terceiro vídeo da série, que foi lançado no dia 14 de maio!

Vídeos disponíveis no site da ABC.