Biblioteca Infantil Municipal Anne Frank, em São Paulo, minha primeira alma mater
Paulo Roberto de Almeida
Tenho mantido um diálogo à distância com animadores e responsáveis pelas comunicações da Biblioteca Infantil Municipal Anne Frank, no bairro do Itaim, em São Paulo, o local de minha infância e dos meus primeiros aprendizados e brincadeiras, ainda na fase pré-alfabetização. Reproduzo aqui abaixo parte de minhas reflexões, retiradas da memória de décadas passadas, sobre meus momentos felizes da primeira infância.
Suponho que os livros de minha infância já não mais estão disponíveis atualmente no catálogo da Biblioteca Infantil Anne Frank – velhos Monteiro Lobato da Brasiliense, nas edições dos anos 1950, Emílio Salgary, Karl May, Malba Tahan, Jules Verne e outros – e entendo que as coleções hoje estejam até mais voltados aos adolescentes e jovens pré-adultos do que apenas na primeira infância. Muitos anos atrás, compareci à biblioteca para rever esses livros que encantaram e formaram minha primeira capacidade intelectual, mas como era ainda numa fase dos primeiros laptops portáteis, com sistemas operacionais peculiares, todos os registros foram perdidos, mas ficou o registro na memória das primeiras leituras, assim como dos primeiros filmes vistos no auditório: as comédias de Oscarito e Grande Otelo nas produções da Atlântida, Tarzan do primeiro Jonny Weissmuller, Roy Rogers, Hopalong Cassidy, o primeiro Zorro com seu amigo Tonto, Gordo e Magro, Três Patetas e muitos outros da época, segunda metade dos anos 1950. Anos de otimismo no governo JK, primeira Copa do Mundo de Futebol e aquela sensação de que ninguém poderia segurar o Brasil. Conseguiram, não apenas os militares, mas nossas próprias crises políticas internas, ao início dos anos 1960, com inflação e temores alimentados de um improvável comunismo.
Nosso percurso, desde então, foi errático e, ao mesmo tempo, prometedor, com avanços sociais e materiais por um lado, e recuos em outro, segurança pública, persistência das desigualdades, mediocridade das elites políticas e empresariais. O que fica de tudo isso? A certeza de que lugares acolhedores como uma biblioteca infantil democrática podem fazer toda a diferença na vida de muitas crianças vindas de uma condição modesta, como era o meu caso. Por isso mesmo, toda a minha gratidão à Biblioteca Infantil Anne Frank pelas oportunidades que me deu de me elevar intelectualmente, assim por todo o lazer oferecido sob a forma de filmes e brincadeiras.
Fica o preito de gratidão…
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 20/03/2025
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Uma postagem anterior:
As bibliotecas de minha infância e adolescência
https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/09/as-bibliotecas-de-minha-infancia-e.html
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