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sábado, 29 de março de 2025

O apoio objetivo de Lula a Putin na guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia - Julio Benchimol Pinto

O apoio objetivo de Lula a Putin na guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia

 Julio Benchimol Pinto

Introdução PRA: “ Lula nunca escondeu sua aliança implícita e explícita com a Rússia, e com Putin particularmente. Não quer reconhecer sua aliança com duas grandes potências autoritárias, bem mais forte nos objetivos inconfessáveis da “nova ordem global multipolar”, do que o apoio oportunista de Bolsonaro à Rússia. O ex-presidente havia  insistido, contra as recomendações do Itamaraty, em visitar o ditador uma semana antes da invasão, quando se declarou solidário a ele, por razões basicamente eleitoreiras (fertilizantes e combustíveis). 

Lula tem razões ideológicas, supostamente geopolíticas, para desejar a vitória russa, o que é uma postura sórdida.”

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Julio Benchimol Pinto (28/03/2025):

“ Nem todo “intermediador” é neutro - e nem toda “paz” é justa

Lula anuncia que conversará com Zelenskyy “esperando que agora ele esteja preocupado com a paz”. Como se a Ucrânia, invadida, destruída e mutilada, fosse a parte menos interessada em encerrar a guerra. Como se a vítima da agressão russa tivesse responsabilidade equivalente à do agressor. Como se “impor a vontade” fosse um gesto simétrico entre quem resiste e quem invade.

A retórica do presidente brasileiro busca se equilibrar sobre um falso “nem-nem”: nem com Putin, nem com Zelenskyy. Mas, na prática, relativiza a barbárie da invasão russa ao diluir responsabilidades e tratar a paz como uma equação matemática de boa vontade mútua - e não como o que ela realmente é: o fim da agressão iniciada por Moscou.

O direito internacional é claro: a invasão russa da Ucrânia é uma violação frontal do artigo 2º, § 4º da Carta da ONU. A Rússia é o agressor. A Ucrânia tem o direito, inclusive jurídico, de se defender com todos os meios necessários, inclusive com apoio de terceiros (artigo 51).

A fala de Lula joga água no moinho do discurso revisionista de potências autoritárias, que usam a retórica da “segurança” para justificar expansão territorial. O paralelo histórico é sombrio.

A neutralidade entre opressor e oprimido não é neutralidade - é cumplicidade.

O Brasil pode e deve buscar a paz. Mas uma paz justa, que respeite a soberania das nações e puna a violação do direito internacional. Paz sem justiça é apenas o nome elegante da rendição.

Se Lula pretende ser ouvido como interlocutor legítimo, deve começar por reconhecer, sem tergiversar: a Rússia é o agressor, a Ucrânia é a vítima.

E se alguém aí ainda duvida, a história julgará - e como sempre, será implacável com os omissos e equidistantes.”


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