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Site pessoal: www.pralmeida.net.
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terça-feira, 16 de dezembro de 2025

Uma paz não kantiana?: Sobre a paz e a guerra na era contemporânea (trechos) - Paulo Roberto de Almeida

Um trecho de meu ensaio:
Uma paz não kantiana?
: Sobre a paz e a guerra na era contemporânea

Paulo Roberto de Almeida
In: Eduardo Svartman, Maria Celina d’Araujo e Samuel Alves Soares (orgs.),
Defesa, Segurança Nacional e Forças Armadas: II Encontro da Abed
(Campinas: Mercado de Letras, 2009, 376 p.; ISBN: 978-85-7591-112-9; p. 19-38).

Sumário:
1. Introdução: Raymond Aron corrige Immanuel Kant
2. Guerra e paz em perspectiva histórica
3. Sobre uma paz não kantiana, em meio a conflitos prováveis
4. Da grande para a pequena geopolítica (em torno dos conflitos regionais)
(...)

"Inglaterra e Espanha tiveram um grande enfrentamento geopolítico no século 16, em torno de seus interesses nacionais respectivos (que não se limitavam ao controle do Atlântico Norte). França e Inglaterra estiveram em conflito geopolítico no decorrer dos dois séculos seguintes, na Europa e nas Américas, episódios apenas concluídos com a derrota definitiva de Napoleão (ainda assim com escaramuças subsequentes, localizadas na África e no sul da Ásia). Depois, ambas as potências levaram uma luta geopolítica conjunta contra a expansão russa em direção do Mar Negro e contra o império otomano, nos Balcãs e no Oriente Médio. O século 19 e a primeira metade do século 20 foram, indiscutivelmente, etapas sucessivas da grande luta hegemônica conduzida pela Alemanha em sua busca de supremacia geopolítica na Europa central e em âmbito mundial. O Japão acompanhou a tendência, no mesmo período, tentando construir sua esfera de ‘co-prosperidade’ na Ásia, primeiro derrotando a China e a Rússia em conflitos limitados, depois invadindo a China em grande estilo, finalmente enfrentando o grande rival geopolítico no Pacífico, os EUA."
(...)
Trecho do final:
"Como dizia Sun Tzu (2008: 20), a guerra tem importância crucial para os Estados e, no cenário previsível, nenhuma comunidade internacional suplantará o poder dos Estados nacionais nas questões definitivas de guerra e de paz. Nas condições da globalização, porém, a guerra não tem mais por objetivo conquistar terrenos, subjugar inimigos ou esmagar desafiantes no plano diretamente material. A ‘guerra’ econômica da atualidade (e, presumivelmente, cada vez mais, as ‘guerras’ do futuro) tem mais a ver com o domínio da tecnologia e do saber científico do que com o deslocamento de tropas no terreno, mesmo que este ainda seja um fator diferencial para os conflitos de pequena geopolítica do presente e para contendores secundários (e, aqui, tanto Clausewitz quanto Maquiavel podem ser de grande auxílio intelectual).
Quanto à grande geopolítica, ela provavelmente terá mais a ver com Adam Smith do que com Kant, mesmo que este continue relevante, talvez em alguma combinação com o primeiro, segundo uma fórmula ainda não exatamente detectada pelos cientistas políticos da globalização. Para terminar mais uma vez com Raymond Aron, ouso reinterpretar seu velho diagnóstico do início da Guerra Fria e formular uma antevisão para os primeiros (e seguintes) anos do século 21: guerra distante, paz possível, mas conflitos muito prováveis...

[Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 5 de março de 2009]

Ler a íntegra aqui:
Disponível na plataforma acadêmica Academia.edu:
https://www.academia.edu/145428228/1987_Uma_paz_n%C3%A3o_kantiana_Sobre_a_paz_e_a_guerra_na_era_contempor%C3%A2nea_2009_
Divulgado no blog Diplomatizzando: https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/12/uma-paz-nao-kantiana-sobre-paz-e-guerra.html

segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

Uma paz não-kantiana? Sobre a paz e a guerra na era contemporânea - Paulo Roberto de Almeida

 Uma paz não-kantiana? Sobre a paz e a guerra na era contemporânea

(Brasília, 5 março 2009, 19 p.; 1987)

Paulo Roberto de Almeida
In: Eduardo Svartman, Maria Celina d’Araujo e Samuel Alves Soares (orgs.), Defesa, Segurança Nacional e Forças Armadas: II Encontro da Abed (Campinas: Mercado de Letras, 2009, 376 p.; ISBN: 978-85-7591-112-9; p. 19-38). Disponível na plataforma acadêmica Academia.edu: https://www.academia.edu/145428228/1987_Uma_paz_n%C3%A3o_kantiana_Sobre_a_paz_e_a_guerra_na_era_contempor%C3%A2nea_2009_ . Relação de Publicados n. 908.

Sumário:
1. Introdução: Raymond Aron corrige Immanuel Kant
2. Guerra e paz em perspectiva histórica
3. Sobre uma paz não kantiana, em meio a conflitos prováveis
4. Da grande para a pequena geopolítica (em torno dos conflitos regionais)


Resumo: Em 1948, Raymond Aron, convencido dos impasses da Guerra Fria, formulou um diagnóstico por ele confirmado três décadas depois: “paz impossível, guerra improvável”. Uma leitura não kantiana dos problemas da paz e da guerra atualmente – isto é, não condicionada aos sistemas políticos dos contendores, mas situada na tradição aroniana – poderia introduzir novas reflexões sobre a natureza dos conflitos contemporâneos. As possibilidades de conflito aberto entre as grandes potências retrocederam em relação ao panorama de guerras totais, de estilo clausewitziano, que Aron contemplava em sua época. Mas não estamos sequer próximos de qualquer tipo de paz “kantiana”. O cenário estratégico poderia ser resumido numa paráfrase da afirmação aroniana: paz possível, conflitos prováveis.
Palavras-chave: Guerra. Paz. Globalização. Conflitos contemporâneos.

A non-Kantian peace?: On peace and war in the contemporary era
Abstract: Raymond Aron, believing in the irretrievable nature of the Cold War divide between Western powers and Soviet Empire, formulated in 1948 his very well known diagnostics about this conflict: “impossible peace, improbable war”, which he confirmed three decades later, in his posthumous work, “The Last Years of the Century”. A present-day non-Kantian reading of the peace and war problems in the context of globalization – and thus not conditioned by the political system of the contenders, albeit within Aronian tradition – could help in bringing new light to the discussion about possible conflicts in contemporary era. Possibilities of open conflicts between the big powers have receded in comparison with the Clausewitzian scenario, analyzed by Raymond Aron in his time. Yet, we are very far from any kind of a Kantian peace. Strategic scenario could be interpreted by a paraphrase of the Aronian dicto: “possible peace, probable conflicts”.
Key-words: War. Peace. Globalization. Contemporary conflicts.