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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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domingo, 2 de setembro de 2018

Diplomatizzando: estatísticas de acesso

Diplomatizzando
Temas de relações internacionais e de política externa do Brasil, políticas econômicas, viagens, livros, cultura em geral.

https://diplomatizzando.blogspot.com

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. 
Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org.

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segunda-feira, 11 de junho de 2018

Um Quilombo de resistencia intelectual - Paulo Roberto de Almeida


Em 2010, depois de alguns anos de travessia do deserto, e aproximando-ser mais um escrutínio eleitoral, durante o qual todas as mentiras seriam mobilizadas pelos mesmos mentirosos que ocupavam o poder desde o início da década, eu resolvi, parcialmente estimulado por meu amigo Vinicius Portela, criar um espaço de livre posicionamento, mais incisivo do que este meu blog habitual, considerado sempre um mero divertissement intelectual.
O blog deveria ser mais combativo no afrontamento às ideias perversas, deliberadamente mentirosas, e também deveria representar, como o nome indicava, um bastião de resistência aos descaminhos que eu observava desde o início do governo celerado dos companheiros, que eu tinha certeza de que iria destruir o país (como de fato ocorreu, embora um pouco mais tarde).
Por diferentes razões, inclusive e principalmente por falta de tempo, o blog não foi continuado, mas algumas postagens iniciais evidenciavam seu propósito e seu comprometimento.
Reproduzo aqui algumas poucas postagens desse fase inicial, e final...
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 11 de junho de 2018


Minha visao sobre o Quilombo da Razao - Paulo R Almeida

Quilombo de resistência intelectual
Paulo Roberto de Almeida (6.09.2010)

Em situações de quase completa unanimidade, torna-se difícil, praticamente impossível, manter uma posição dissidente, discordante da maioria. Somos olhados como pessoas estranhas, suspeitos de alguma arrogância intelectual ou de elitismo social, o que aos olhos da maioria aparece como um pecado capital.
No entanto, esparsos na comunidade, existem muitos outros indivíduos que também mantêm as mesmas reservas e restrições à ordem dominante, pessoas que se ressentem dos consensos impostos e que gostariam de contribuir para um ambiente de pluralidade e, sobretudo, de respeito à livre expressão de suas discordâncias e propostas alternativas. 
É o momento, talvez, de se congregarem esforços na resistência intelectual, de agrupar as forças contrárias atualmente existentes naquele conjunto que foi chamado, em conformidade ao título desta nota, de quilombo, um espaço de racionalidade, de defesa da razão, de não conformismo ou de não conformidade com a aparente unanimidade (que pode ter sido construída por meios de instrumentos espúrios). Trata-se, como alertado, de um foco de resistência, de preservação da racionalidade em meio ao oceano de aprovação, de aparente contentamento com a situação existente, de falsas utopias e de soluções enganosas. 
Um quilombo é isso: uma fuga da ditadura dominante, uma pequena ilha de liberdade nas trevas das paixões desatadas, uma centelha de esperança na libertação futura, a preservação da autonomia em momentos de opressão, mesmo virtual ou potencial. Todos os fascismos – e os socialismos não deixam de ser modalidades dessa grande espécie – requerem a unanimidade. O quilombo da razão recusa a unanimidade. Por enquanto é apenas isso...

Paulo Roberto de Almeida
(Shanghai, 6.09.2010)

PS.: A ideia do Quilombo da Razão é inteiramente devida ao amigo Vinicius Portella, mas desde o início concordei com o projeto e me coloquei à disposição para colaborar. Pretendo elaborar, oportunamente, o que poderia servir de "carta de princípios" do "QR".

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Existem momentos na vida de uma nação...

...em que ocorre aos mais lúcidos a nítida noção de que a vaca foi para o brejo...
Desculpem a expressão corriqueira, mas eu queria me referir a algo mais profundo, um processo histórico de dimensões toynbeeanas...
Bem, talvez não seja para tanto, tanto porque não conformamos, exatamente, uma "civilização" no sentido pleno da expressão.
Mas a sensação é a mesma se vocês querem saber.

São momentos em que...

1. O sentimento de mal-estar se torna generalizado na sociedade, ainda que possa ser difuso.
2. Os avanços econômicos são lentos, ou menores, em relação a outros povos e sociedades.
3. Os progressos sociais são igualmente lentos ou repartidos de maneira desigual.
4. A lei passa a não ser mais respeitada pelos cidadãos ou pelos próprios agentes públicos.
5. As elites se tornam autocentradas, focadas exclusivamente no seu benefício próprio.
6. A corrupção é disseminada nos diversos canais de intermediação dos intercâmbios sociais.
7. Há uma desafeição pelas causas nacionais, com ascensão de corporatismos e particularismos.
8. A cultura da integração na corrente nacional é substituída por reivindicações exclusivistas.
9. A geração corrente não se preocupa com a seguinte, nos planos fiscal, ambiental ou outros.
10. Ocorre a degradação moral ou ética nos costumes, a despeito mesmo de “avanços” materiais.


OK, fiz essa pequena seleção a partir de um trabalho mais amplo que redigi em 2007, sem no entanto me referir uma única vez ao Brasil.
Mas é claro que eu pensava obsessivamente no Brasil.
Estas são as referências de meu trabalho, para quem desejar lê-lo:

Pequeno manual prático da decadência (recomendável em caráter preventivo...)
Brasília, 31 janeiro 2007, 11 p.
Digressões sobre formas e modalidades de declínio econômico e social, sem qualquer referência ao Brasil.
Colaboração a número especial sobre “O Brasil que saiu das urnas”, da revista Digesto Econômico, revista da Associação Comercial de São Paulo (ano 62, n. 441, jan-fev 2007, p. 38-47; ISSN: 0101-4218; disponível na Revista Espaço Acadêmico (ano 6, n. 71, abril 2007).
Feita versão resumida em 14.04.07, para o boletim Via Política (15.04.2007).
Lista de originais: 1717.
Paulo Roberto de Almeida

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Uma colaboração bem vinda, do amigo Vinicius Portela, em meu "quilombo". 



Algumas palavras sobre o Quilombo da Razão

Um quilombo é, por excelência, um lugar de inconformados. Este não é exceção. À época da escravidão, muitos escravos fugidos reuniam-se em lugares que lhes permitiam livrarem-se do jugo de seus senhores e dos maus tratos a que estavam submetidos. Não se conformavam àquela ordem e lutaram para escapar de sua esfera. Para esses locais dirigiam-se não só negros, mas brancos, índios, mestiços que também não se enquadravam na ordem vigente. Dada a atual flexibilidade quanto à "autodeclaração de coisas sobre si próprio incontestavelmente  verdadeiras ", quanto à criação de quilombos ou de outros entes sem lastro histórico ou real, resolvi também arriscar um novo significado ao termo "quilombola". Defini-o da seguinte maneira: "sujeito refugiado no quilombo da razão a resistir aos assaltos dos irracionalismos". Meu amigo Paulo Roberto de Almeida, para quem eu escrevera tais palavras, julgou a expressão "quilombo da razão" boa como metáfora, mas  deficiente como prática ao pensar que ela implicava uma atitude defensiva e renunciadora do bom combate de ideias. Em esclarecimento,   afirmei-lhe: "Nada de renúncias e se assim pareceu complemento: nosso quilombo da razão é apenas uma posição fortificada, uma base de operações para incursões contra os irracionalismos, seja lá a cor que tiverem". E foi com esse espirito que, enfim, resolvemos empreender este quilombo. Um local a salvo do politicamente correto, esse "moralismo descolado" que nos tem sido posto goela abaixo e que busca intimidar e sufocar qualquer crítica pelas mais diversas "condenações". Daqui partiremos em muitas incursões. Como dizia Goya: "o sono da razão produz monstros". Não esqueçamos disto. 

Vinícius Portella 

Porto Alegre, 11 set 2010.

terça-feira, 25 de abril de 2017

Blog Diplomatizzando: quase dez anos de postagens continuas

No próximo dia 17 de junho, este blog, sucessor de vários outros iniciados mais de um ano antes, começou a ser publicado, simplesmente acrescentando mais um z ao antigo Diplomatizando, que foi o blog imediatamente anterior, mas vários existiram antes, ou paralelamente durante algum tempo, ademais de vários outros especializados (eleições de 2006 e de 2010, por exemplo, estada na China, textos de referência acadêmica), que também continuaram existindo, mas que foram sendo descontinuados ao longo dos anos.
Reproduzo abaixo a primeira postagem deste blog, ainda fazendo o balanço e a contagem dos blogs anteriores, quando eu ainda tinha a mania de numerar cada uma das postagens feitas nesses diversos blogs, sucessivamente ou paralelamente.
Paulo Roberto de Almeida


Retomando o fio da meada, desde o início...
(balanço do blogs até o número 488)


Como expliquei abaixo (ver em 487), meu blog Diplomatizando empacou, aliás como os três precedentes, daí a razão de eu ter repartido com este novo, cuja única diferença está no z adicional. No mais, ele permanece igual em espírito e conteúdo, retomando inclusive a numeração sequencial a partir do pos imediatamente anterior.

Faço aqui um balanço de minhas experiências blogueiras.

1) Meu primeiro blog, ainda inexperiente, se chamava, narcisísticamente, Blog Paulo Roberto de Almeida (http://paulomre.blogspot.com/) e foi mantido e alimentado de 6 de dezembro de 2005 até o dia 21 de janeiro de 2006, quando ele empacou de vez. Nele coloquei os posts de número 0 até o 177 (ou seja: 178 postagens). Segundo levantamento de contador efetuado em 14 de abril de 2006, ele chegou a ter 3.737 hits, mas tinha sido deixado com 1500 hits, em 21 janeiro 2006. Ou seja, em 46 dias de “uso”, ele teve uma média de 32,6 hits por dia.
Depois do seu “fechamento”, ou pelo menos do encerramento de postagens, ele ainda avançou de 1.500 para 3.737 hits, ou seja, 2.237 hits adicionais em mais 82 dias (14.04.06), ou seja, a média de 27,28 hits/dia.
No dia de hoje, 17 de junho de 2006, quando faço este balanço global dos meus blogs, ele ostenta a marca de 6.125 hits, ou seja, 2.388 hits adicionais em mais 64 dias (até hoje), ou seja, a média de 37,3 hits/dia, o que é surpreendente, considerando-se que ele estava inativo e não deve ter recebido nenhuma visita minha (salvou uma ou duas para verificação).
Confesso que não sei explicar essa febre de visitas, num período em que eu jamais fiz qualquer menção à sua existência, salvo de maneira indireta, nos links do blog em utilização, que como disse, foram mais dois.
No total, o primeiro blog ostentou, portanto, 6.125 hits em pouco mais de seis meses, mais exatamente em 193 dias, o que dá uma média de 31,7 hits por dia, tanto ativado como desativado. Este número poderá ser comparado com as visitas aos demais blogs, como indico a seguir.

2) Meu segundo blog foi o Cousas Diplomáticas (http://diplomaticas.blogspot.com/), cuja manutenção e postagens foram feitas entre 21 de janeiro de 2006 e 4 de abril de 2006, quando ele também empacou. Nele coloquei os posts de número 178 a 329 (ou seja: 251 postagens).
Não efetuei, para esse segundo blog, estatísticas de entrada e de saída, e assim só posso reproduzir o número do contador que figura nele hoje (17/06/06), que é: 9.138 hits. Considerando o estrito prazo de funcionamento desse blog, que foi de meros 74 dias, teríamos 123,4 hits por dia, o que me parece exagerado. Dividindo por todo o período decorrido desde 21 de janeiro até o dia de hoje (17/06/06), a média cai para 61,7 hits por dia (em 148 dias), o que não parece mau, pois representa o dobro da média do primeiro blog.

Caberia esclarecer que nesse período eu lancei diversos outros blogs auxiliares ou especializados, de maneira a poder repartir o material eventualmente útil que eu teria para colocar ou oferecer publicamente, que foram estes aqui:

(a) Textos PRA (http://textospra.blogspot.com/): dedicado à postagem de textos mais longos ou de material de referência em geral; iniciado em 14 de dezembro de 2005, mas com um contador iniciado bem depois, ele ostentava em 17/06/06 a marca de 1.785 hits, o que dá uma modesta média de 9,6 hits por dia, desde então. O número de posts alcançou 105 (sem contar o inicial), sendo que a dimensão média desses posts é duas a três vezes maior do que os posts nos demais blogs (o blog foi feito justamente para a colocação de material mais volumoso).

(b) Academia (http://pracademia.blogspot.com/): voltado para a simples postagem de programas de cursos, planos de aula, bibliografia e um ou outro material de referência (já que a maior parte vem sendo postada na seção Academia do meu site pessoal: www.pralmeida.org). Ele teve início em 13 de fevereiro de 2006 e eu não fiz contador para esse blog, tendo colocado tão somente 24 posts, desde então (não estou sendo muito ativo nesse blog, mas é que seu formato não é acolhedor de materiais mais densos, com tabelas, gráficos e outros elementos visuais, além de eu não poder colocar arquivos mais pesados, devendo remeter ao meu site).

(c) Book Reviews (), ou resenhas de livros: iniciado em 21 de janeiro de 2006, ele comportou, até 17 de junho 53 postagens, todas referentes a livros, ostentando uma marca de 1.310 hits, o que daria uma média diária de 8,3 hits por dia.

3) Empacando também o Cousas Diplomáticas, parti, em 5 de abril de 2006, para o meu terceiro blog, Diplomatizando (http://diplomatizando.blogspot.com/). Iniciado com a postagem de número 330 ele alcançou, nesta fatídica madrugada do dia 17 de junho a marca 486, ou seja um total de 156 postagens. O número inicial a partir do qual o contador passou a funcionar, em 5 de abril, era 2.623, o que permite calcular a média de hits ocorrida nesse período de exatos 73 dias. O contador estava, quando o “larguei” (isto é, não mais consegui postar) em 9.124 hits, o que perfaz, portanto, um total de 6.501 hits e uma média de 89 hits por dia, o que me parece bastance razoável.

4) Estou portanto começando este novo blog, Diplomatizzando (http://diplomatizzando.blogspot.com/), no dia 17 de junho, com a marca de 9.133 hits, o que configura a base de partida para futuros cálculos de visitas ou hits por dia.
Preciso descobrir, um dia, por que é que os meus blogs empacam no meio do caminho. Não sei se eu abuso demais deles, se eu manipulo o programa do blogger erradamente, ou simplesmente porque eu sobrecarrego demais os provedores gratuitos da Google. Em todo caso, nunca descobri a resposta.

Quem souber, me avise, por favor, pois eu estou começando a ficar intrigado, quase começando a acreditar nas famosas teorias conspiratórias da história.
Sans blague, desejo a todos bom proveito e satisfação com as visitas aos meus vários blogs, cujo único objetivo, não me canso de repetir, é o de poder servir ao conhecimento, à cultura, à informação e ao diálogo bem fundamentado e racional sobre temas relevantes de nossa vida cultural, acadêmica e diplomática, nessa ordem. Espero poder estar ajudando os mais jovens, que não precisam mais, como eu, passar longas horas em bibliotecas para se informar e se instruir, embora devessem fazê-lo de vez em quando. Blogs, sempre leves e superficiais, não são substitutos à pesquisa bem conduzida, assim como material de internet não pode se equiparar a livros, que constituem ainda o tijolo fundamental do estoque de conhecimento humano disponível para deleite de todos.
Boas leituras!

Paulo Roberto de Almeida
Em 17 de junho de 2006.

domingo, 26 de julho de 2015

Celso Furtado, mais algumas criticas - Ivan Lima


Mais uma crítica ao pensamento de Celso Furtado, por parte de Ivan Lima, que se refere na verdade à reação ingênua de um true believer nas supostas virtudes do desenvolvimentismo furtadiano ao assistir ao já referido documentário sobre o economista cepaliano. Eu nem acredito, como Ivan Lima, que o problema de Celso Furtado seja o marxismo, e nunca faria uma crítica nessa linha. O marxismo penetra naturalmente a teoria social desde o final do século 19, e é impossível ser sociólogo, ou historiador, sem ser um pouco marxista também. Na economia a conversa é outra, pois acredito que Marx jamais poderia ter sido chamado de economista, no máximo de filósofo social. Mas, o problema de Celso Furtado, como anteriormente de seu mestre intelectual, Raul Prebisch, foi ter realizado uma leitura, uma ingestão acrítica, uma leitura deformada do que já era então o keynesianismo vulgar. Prebisch traduziu a Teoria Geral para o espanhol precocemente, mas ao começar a escrever sobre a economia latino-americana na Cepal, no final dos anos 1940, o keynesianismo já tinha sido convertido em regrinhas de política econômica. Prebisch foi um pouco mais além: transformou-o em teoria do desenvolvimento, e Celso Furtado adaptou tudo isso ao Brasil. Parece que os UniCampistas pioraram um pouco mais a coisa (mas estou falando de Conceição, não dos bárbaros e aloprados “economistas” que enterraram a economia brasileira). Os aloprados que destruiram a economia brasileira sequer chegaram a aprender keynesianismo, se contentaram com intuição. Deu no que deu...
Paulo Roberto de Almeida 

Sobre Celso Furtado
Ivan Lima
Libertatum, 23/07/2015

Um dos intelectuais esquerdistas depoentes sobre o economista Celso Furtado, no vídeo que recentemente publiquei em Libertatum, fala em encantamento - que segundo ele, o acompanhou por toda a vida -  ao assistir uma palestra de seu ídolo marxista nacional. 

Essa pequena nota é para dizer o quanto eu próprio testemunhei esse encantamento por Celso Furtado em algumas pessoas com as quais me relacionei profissionalmente. Algumas delas era gente culta, com formação superior e empresários. Gente da melhor qualidade moral, e elegantes no trato. Algumas já morreram. Outras não sei se ainda vivem. Mas todas certamente chegaram ou estão chegando ao fim da jornada já há décadas intelectualmente mortos com o tal encantamento a Celso Furtado e sua teoria de transformação do mundo via marxismo. 

E chegaram a essa condição antes mesmo da morte física, simplesmente porque o marxismo é contraditório, destrutivo, e autofágico. Conflituoso, desagregador, com suas falácias sobre as já refutadas teoria da exploração e luta de classe. E seu espírito precisa permanentemente de propaganda para manter-se em evidência pois sua teoria é vazia, inócua, embora seus meios iníquos, impiedosos, quando totalitariamente no poder. Igual a aquelas pessoas que conheci encantadas pelas "ideias" de Celso Furtado, gerações de brasileiros que efetivamente tiveram excelentes oportunidades de através do seu talento intelectual e profissional contribuir para a mudança de mentalidade dessa sociedade estatista, ajudaram a enterra-la mais fundo no buraco socialista em que ela hoje se encontra. 

Em alguma parte da aludida matéria o autor fala como chega a ser ridícula a fala teórica de Celso Furtado no vídeo. Digna de piedade. Destaco o trecho em que Celso Furtado fala sobre a condição de miserabilidade do povo, que "será", segundo ele dizia, eterna, nunca mudará sob o capitalismo. Mudou e muda, - embora penosamente devido ao governo - porque a ação humana é como água, penetra em qualquer fresta e se espraia por toda a parte com sua pujança, ainda que regulada. Isso ocorre da iniciativa do vendedor de bom bom da esquina ao mega empreendedor. A situação de uma sociedade pobre não muda devido as políticas assistencialistas de cunho socialista tipo Bolsa Família e outros mas graças ao mercado, ao capitalismo. E não muda mais rapidamente devido ao intervencionismo do governo na economia e também exatamente devido ás políticas públicas defendidas por tolos como Celso Furtado e seguidores. Devido as medidas "protetivas ao trabalhador" como a CLT que restringindo e proibindo o trabalho joga milhões de brasileiros na desesperança, baixo estima, degradação e estimula criminalidade em muitos deles, ao exigir obrigatoriedade de salário mínimo, carteira assinada, pagamento de decimo terceiro salário, - o ano só tem doze meses - ferias remuneradas pagas por terceiros, pagamento de encargos e tributos para o governo, "direitos", "direitos", "direitos"... Capital gravado, regulado, restringido, desemprego crônico, sociedade pobre. 

O marxismo é a mais contraditória de todas as teorias, produtivamente a mais estéril exatamente porque é contra a produção humana e a liberdade de empreender através dos meios privados de produção. Ou seja, é contra a ação humana. O socialismo é impraticável, nunca deu certo e nunca dará, pois é destituído de precificação como agente que informa durante o processo de mercado, sobre produção e escolha dos consumidores, todos nós. Ludwig von Mises, ainda em 1922, provou a impraticabilidade do socialismo  ao mundo em sua irrefutável obra,  "O Cálculo Econômico Sob o Socialismo". 

É preciso lutar para se alcançar a mudança de mentalidade na sociedade. Mas isso só será possível quando as ideias de encantamento com o socialismo defendido por gente como Celso Furtado parecer ás pessoas inteligentes o que efetivamente é: veneno da mais elevada toxidade pronto para infectar e destruir uma sociedade. 

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

E por falar em blogs... uma declaracao de principios - Paulo Roberto de Almeida

Ainda no capítulo da revisão de listas de trabalhos antigos, descubro este, meio escondido, num outro blog que também anda meio esquecido, aliás totalmente inoperante.
Como tem valor permanente, posto tal qual figura no registro sequencial de trabalhos.
Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 31 de janeiro de 2014

Declaração de princípios: sou um homem de causas...

Paulo Roberto de Almeida
Postagem inaugural no novo blog
Aberto na terça-feira, 20 de junho de 2006

1) Declaração de princípios

Sou um homem de causas. Vivi sempre pregando, lutando como um cruzado, pelas causas que me comovem. [...] Na verdade, somei mais fracassos que vitórias em minhas lutas, mas isso não importa. Horrível seria ter ficado ao lado dos que venceram nessas batalhas.
Darcy Ribeiro

Como Darcy Ribeiro, a quem conheci na sua volta ao Brasil, ainda antes da redemocratização, sou um homem de causas.

As minhas são as da inteligência, da racionalidade, da cultura, da educação, da tolerância, da democracia e do comprometimento com o bem-estar e a justiça.
Encontro muitas das causas que procuro nos livros, bem menos do que na vida real, o que seria obviamente preferível.

Também tenho algumas causas “contra”: sou contra a ignorância, a irracionalidade (sobretudo em matéria de políticas públicas), o mau-uso do dinheiro público e a malversação das instituições estatais por gente descomprometida com os princípios da democracia e do bem-estar social. Sou contra a intolerância em matérias de opinião e de religião, contra todos os fundamentalismos e integrismos existentes (nem todos são necessariamente de natureza religiosa), e sou contra, de maneira geral, as crenças irracionais.

Creio na capacidade da humanidade em elevar-se continuamenta na escala da civilização, na defesa dos direitos do homem, de valores morais que transcendem os relativismos culturais. Sou pela universalização da democracia, mesmo contra a razão de Estado.

Sou, em princípio, a favor da igualdade, mas contra o mero igualitarismo: ou seja, sou pelo reconhecimento dos méritos individuais e do esforço próprio na conquista de objetivos de vida, mas acredito que os desprovidos da vida devam ser ajudados, sobretudo intelectualmente, menos do que materialmente. A educação deve ser repartida entre todos, como forma de capacitar o maior número possível na busca do sucesso individual, com base no desempenho próprio, não em assistência pública.

O crescimento da ignorância e dos irracionalismos contemporâneos assusta-me, tanto quanto a desonestidade na vida pública, tendência lamentável que se observa no Brasil e em muitos outros países.

Sobretudo, sou um defensor da integridade do trabalho intelectual e posiciono-me profundamente contra a desonestidade acadêmica. Acredito que todos devemos nos esforçar para construir um mundo melhor do que aquele que recebemos de nossos antecessores. Nossa responsabilidade individual é a de deixar um mundo melhor para os que nos sucederão.

Como professor eventual, o que exerço de forma irregular, acredito ser minha obrigação transmitir o máximo de conhecimentos aos aprendizes, mas essencialmente provê-los de métodos de aprendizado auto-sustentado, defensor acirrado que sou do auto-didatismo. Considero-me um pesquisador livre, sem qualquer subordinação a instituições ou corporações.

Acredito poder repetir como Popper:
A tarefa mais importante de um cientista é certamente contribuir para o avanço de sua área de conhecimento. A segunda tarefa mais importante é escapar da visão estreita de uma especialização excessiva, interessando-se ativamente por outros campos em busca do aperfeiçoamento pelo saber que é a missão cultural da ciência. A terceira tarefa é estender aos demais a compreensão de seus conhecimentos, reduzindo ao mínimo o jargão científico.
Karl Popper, em "Ciência: problemas, objetivos e responsabilidades" (1963)

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 20 de junho de 2006.