O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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terça-feira, 10 de setembro de 2024

Blogs de Paulo Roberto de Almeida desde 2003


quinta-feira, 18 de março de 2021

Shanghai Express: um blog mantido por Paulo Roberto de Almeida, entre 2009 e 2012, sobre a NOVA CHINA!

Um blog para ser relido, inteiramente: 

Shanghai Express

 Em 2009, preparando-me para partir para a China, para trabalhar no Pavilhão do Brasil durante a Shanghai Universal Exhibition (May-October 2010), em missão transitória junto ao Consulado do Brasil em Xangai, eu comecei um blog, chamado Shanghai Express, para transcrever todas as minhas leituras, estudos, pesquisas, leituras sobre a China, que funcionou de 2009 a 2012 (depois encerrei).

Os interessados no blog podem consultá-lo neste link: 

http://shangaiexpress.blogspot.com/

Ele tinha esta apresentação: This blog is devoted to the emerging region of Asia Pacific, in special China and the surrounding countries. Shanghai Express was the title of a novel (1935) by the Chinese writer Zhang Henshui (1895-1967), settled in a train, during the "roaring twenties", symbolizing modernity, rapidity and progress.

Esta foi a primeira postagem, logo seguida, abaixo, pela última, que indico apenas pelo seu link (URL) pela extensão do arquivo. Depois interrompi, uma vez que já estava em licença prêmio do Itamaraty, a que recorri para dar aulas em Paris, no Institut de Hautes Études de l'Amérique Latina, na Sorbonne 3, em Paris, em 2012, já que eu continuava sem cargos na Secretaria de Estado das Relações Exteriores (SERE), durante o lulopetismo diplomático no Itamaraty.

http://shangaiexpress.blogspot.com/2012/12/the-dragon-dance-us-china-security.html

No total, estas foram as 560 postagens efetuadas nos quatro anos de leituras e notas, a maioria de leituras minhas, algumas de comentários pessoais sobre as matérias, em grande medida concentradas enquanto estivemos na China, eu e Carmen Lícia Palazzo, durante a Shanghai Universal Exibition:

BLOG ARCHIVE

Um dia vou escrever sobre essa experiência, absolutamente essencial em nossa experiência conjunta sobre uma experiência excepcional na China.

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 18 de março de 2021

THURSDAY, JULY 30, 2009

01) Shangai Express: um novo blog para acompanhar o trepidante Oriente, em especial a China

Dou início, nesta quinta-feira, dia 30 de julho de 2009, a um novo blog, chamado Shanghai Express, para acompanhar e debater temas gerais, geralmente de caráter econômico e internacional, relativos ao Oriente emergente, em especial assuntos da China e adjacências.
Acredito que a China, de modo específico, e a Ásia Pacífico, de maneira geral, são suficientemente importantes no plano regional e internacional, para justificar a criação de mais um blog, no meu conjunto de blogs, através do qual pretendo postar, informar, interagir e discutir os mais variados temas relativos a esse mundo emergente, extremamente dinâmico, que promete retomar sua antiga posição relevante no contexto da economia mundial e das correntes mais dinâmicas de intercâmbios de todos os tipos.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 30 de julho de 2009

No total, foram  560 postagens, extremamente interessantes, do meu ponto de vista, sobre uma experiência única de conhecimento direto sobre a realidade chinesa.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 18 de março de 2021

domingo, 9 de junho de 2019

Meu perfil no Blogspot - Paulo Roberto de Almeida

Não sei bem qual botão apertei, mas apareceu este "Meu Perfil" no Blogspot, algo que eu nunca tinha visto antes.
Como revela blogs que já tive, e dos quais já tinha completamente esquecido, vale o registro de uma copiosa produção de letras, e frases, argumentos no meio, talvez algumas ideias válidas...
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 9 de junho de 2019

Meus blogs

Sobre mim

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Paulo R. Almeida: porta-voz involuntario dos descontentes do Itamaraty

Após ter realizado o último evento de 2018, o lançamento da obra em dois volumes dos artigos e entrevistas mais importantes do ex-chanceler Celso Lafer, em quatro décadas, informado aqui: 
    https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/12/a-casa-de-rio-branco-recebe-celso-lafer.html 
aqui: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/12/livro-de-celso-lafer-disponivel-na.html
e aqui: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/12/celso-lafer-de-volta-ao-itamaraty-pedro.html 
elaborei um relatório sintetizando tudo o que eu havia feito no IPRI desde o dia 3/08/2016, quando oficializou-se a minha designação como seu diretor, disponível aqui: 
      https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/12/ipri-meu-relatorio-de-atividades-2016.html
e considerava que o essencial do meu trabalho estava feito, pronto, digamos assim, para partir para novas aventuras diplomáticas.
A despeito de eu estar quieto no meu canto, programando novos eventos para realizar no IPRI durante todo o ano, fui ordenado (é a palavra) desde o início do ano, a NÃO FAZER NADA, o que me pareceu surpreendente. Pela primeira vez em 40 anos de trabalho diplomático, eu estava sendo impedido de trabalhar.
Já se tratava, digamos assim, de minha substituição, ainda que não anunciada.
Mas ela acabou vindo, numa manhã chuvosa de Carnaval.
Depois disso, creio que todos tomaram conhecimento de minha exoneração, e de minha tomada de posição a respeito do que ocorre atualmente na diplomacia brasileira.
Ou seja, eu estava reduzindo ao silêncio, a não ser por esta janela para o mundo, que eu designo como sendo o meu "quilombo de resistência intelectual".
 Pouco depois de minha exoneração, um colega me escreveu para dizer que eu estava atuando como o porta-voz dos silenciados, pela atitude arbitrária do chanceler acidental.
Poucos dias atrás chegou-me a mensagem que reproduzo abaixo, pois pedi autorização de seu autor para transcrevê-la em meu blog, este aqui, pois imagino que ela expresse o que vários outros colegas pensam, sem que eles possam manifestar tal pensamento de público.

Transcrevo: 
Prezado Professor/Embaixador/Colega... estou para lhe escrever faz tempo, somente para lhe dizer que você conta com uma legião de colegas que lêem, comentam e aplaudem os seus posts, sem, no entanto, ousarem sequer clicar em um "like". Nem todos - ou muito poucos- têm a sua coragem, mas receba o meu - e de muitos amigos meus - agradecimento por ser uma voz destemida em defesa da razão.

Parece que me converti, involuntariamente, em porta-voz de muitos colegas, o que me dá certa responsabilidade. 
Mas eu faria exatamente mesma coisa sendo apenas uma única voz solitária no deserto.

Depois de postar esse comentário enviado em canal pessoal na minha página do FB, recebi algumas outras mensagens: 

Thales Valente Professor, alunos ao redor do Brasil inteiro acompanham suas postagens e apreciam seu posicionamento. Eu, por exemplo, sou do RS e sou graduando em Relações Internacionais pela Unisinos e meus colegas, veteranos e bixos acompanham o senhor também.
Forte abraço!


Wagner Pontes Ribeiro Professor, sei da sua importância junto ao Itamaraty, da sua carreira ilibada e competente, até porque fui um grande amigo do ex chanceler Dr Ramiro Saraiva Guereiro, e falávamos muito do quadro desta instituição.! Mas gostaria de vê-lo, falando um pouco mais sobre as questões políticas de fato. .! Seria engrandecedor para o seu público variado e fidedigno..!
Abs. !


Rodrigo Boa Ventura Olha, passei por situação similar em 2016. Sou professor do ensino médio no Rio e na greve de 2016 ( com ocupações de escolas etc..) apontei que a crise fiscal arrastaria o Rio para o seu pior momento em um século, que a união PT/ PMDB era a responsáveVer mais

Rosa Guerreiro Você tem admiradores. Acho o cúmulo que essa admiração não se faça publica, como se os coleguinhas temessem algum tipo de retaliação do caramujo e da sua tribo de ignorantes!!!

Gustavo Maia Gomes Notícia importante; solidariedade mais do que merecida.


Samuel Feldberg Bravo!!!


A vida continua...
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 15 de abril de 2019


Addendum, em 16 de abril: 

Agrego mais um depoimento recebido esta manhã: 

"Sou aluno de Graduação do curso de Direito da FND-UFRJ, tenho grande interesse em Direito Internacional e o objetivo de um dia me tornar Diplomata. Permita-me dizer que tomo a sua carreira como fonte de inspiração e que subscrevo e me sinto representado por suas ideias e perspectivas! E ainda mais, acredito que em um Governo realmente Liberal em todos os aspectos, amigo do saber e do intelecto, a favor de debates acadêmicos, compromissado com uma política externa altiva, o senhor jamais seria retirado do cargo que ocupou. Pelo contrário, seu nome seria um dos cogitados para a chefia da Política Externa brasileira, e falo isso, apesar do modesto conhecimento que tenho na área, afinal ainda tenho muito a aprender e estudar, com plena convicção. Ser removido da presidência do instituto de pesquisa do Itamaraty é motivo de vergonha pro Ernesto Araújo e pra Bolsonaro, e orgulho pro senhor! 
Obrigado por defender as ideias que defende, o senhor não tem a dimensão do quanto isso é importante nesse momento.
Grande parte do movimento liberal acadêmico aqui do RJ está contigo, conte com o nosso apoio!
Grande Abraço!”
Leonardo Fernandes de Sá
Rio de Janeiro, RJ

domingo, 10 de março de 2019

Confusão no reinado do Olavismo - revista IstoÉ

Diplomata é demitido após postar textos críticos ao chanceler Ernesto Araújo e ao ideológo Olavo de Carvalho, enquanto Sergio Moro é obrigado a recuar na nomeação de conselheira

Crédito: Roque de Sá
CAÇA ÀS BRUXAS Afastado, o embaixador Paulo Roberto de Almeida estrilou: “não tenho a menor ideia do que seja essa coisa“ (Crédito: Roque de Sá)
Quando o ministro das Relações Exteriores (MRE), Ernesto Araújo, foi indicado para o cargo pelo ideólogo Olavo de Carvalho, imaginava-se que o poder do escritor brasileiro radicado nos Estados Unidos, ficaria restrito à algumas indicações ou a um ou outro pitaco na política do governo. No entanto, a demissão do embaixador Paulo Roberto de Almeida, na segunda-feira 4 do cargo de diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (Ipri), órgão vinculado ao MRE, mostra que há um sério conflito ideológico no Itamaraty, sob orientação do escritor, que teria muito mais força na condução da política externa brasileira do que se julgava. Toda a confusão ocorreu quando o embaixador Almeida postou, em seu blog pessoal, textos críticos à condução da política externa, com trechos de uma palestra do ex-ministro Rubens Ricupero e de um artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a respeito da Venezuela. A publicação dos textos foi vista pelo chanceler Ernesto Araújo como uma crítica indireta ao seu trabalho.
ACABOU  Moro é obrigado por Bolsonaro a demitir uma conselheira ligada à esquerda: fim à prometida carta branca (Crédito: Rafael Andrade/Folhapress)
Personalidade bizarra
O problema é que a gama de críticas à política externa acabou incomodando também Olavo de Carvalho. Após ser exonerado do Ipri, o embaixador fez críticas ao atual chanceler em seu blog, alegando que Araújo fora indicado para o cargo não por sua capacidade técnica, mas por sua ligação íntima com os filhos do presidente e com Olavo. “Adicionalmente, meu blog trouxe críticas a uma personalidade bizarra do momento político, totalmente inepta em matéria de relações internacionais, mas ao que parece grande eleitor nas circunstâncias atuais”, disse.
O embaixador deixou claro que sua exoneração foi pedida por Olavo de Carvalho. “O fato de eu ter ofendido o ‘Professor’ foi demais para o chanceler. Ele não suportou minha ironia corrosiva contra a suprema ignorância demonstrada pelo sofista da Virgínia em matéria de comércio internacional”, complementou o embaixador. Em uma lavação de roupa suja, Almeida afirmou que até o momento Ernesto Araújo não definiu quais seriam as principais diretrizes da política externa. “Eu até gostaria de escrever alguma coisa a respeito da ‘nova política externa’, mas não tenho a menor ideia do que seja essa coisa”, atacou. “O que temos até aqui são invectivas contra o globalismo, o climatismo, as migrações, o marxismo cultural, a ideologia do gênero e outras bobagens”, complementou Almeida.
Internamente, integrantes do Itamaraty destacam que o embaixador foi corajoso em expor uma situação que tem tirado o sono de outros diplomatas. Eles alegam que de fato o chanceler ainda não definiu qual é o foco da política externa e garantem que dentro do órgão vive-se um clima de “caça às bruxas”. Se isso não bastasse, os próprios integrantes do governo foram protagonistas, na semana passada, de mais uma trapalhada. O ministro da Justiça, Sergio Moro, foi obrigado pelo presidente a demitir do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária a advogada Ilona Szabó, que ele mesmo havia nomeado. Bolsonaro obrigou o ministro a voltar atrás depois de ter sido pressionado por seguidores nas mídias sociais que identificaram a advogada como ligada à esquerda, numa demonstração cabal de que a “carta branca” dada a Moro só valerá quando ele tomar decisões do agrado do presidente.

quinta-feira, 7 de março de 2019

Retificando Eliane Cantanhede no GloboNews em Pauta e no Estadão


Esclarecimentos vindos do “outro lado” da história

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 7 de março de 2019

Vou transcrever em primeiro lugar o artigo de Eliane Cantanhede no Estadão desta quinta-feira 7 de março, que reproduz, em formato ampliado, seus argumentos no GloboNews em Pauta de 6/03.
Acho que ela só ouviu o Itamaraty e não teve o cuidado, ou o tempo, de me ouvir, ou interpretou mal o que escrevi no meu blog Diplomatizzando.
Na sequência, e desculpando-me pela longa postagem, coloco os meus argumentos, que ela usará se desejar.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 7 de março de 2019


1) Matéria do Estadão

Ataques a Ernesto Araújo motivaram exoneração de embaixador
Para Itamaraty, Paulo Roberto de Almeida foi afastado de cargo por ter “agredido” pelas redes sociais o chanceler e a política externa do governo Bolsonaro
Eliane Cantanhêde, O Estado de S.Paulo
06 de março de 2019 | 23h22

BRASÍLIA - O Itamaraty desmente, extraoficialmente, a versão do embaixador Paulo Roberto de Almeida para sua exoneração do cargo de presidente do Instituto de Pesquisas de Relações Internacionais (Ipri), em plena segunda-feira de Carnaval. Na versão do ministério, ele “quer aparecer” e foi afastado por ter “agredido” pelas redes sociais o ministro Ernesto Araujo e a política externa do governo.
Ao publicar no Facebook uma crítica do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso à política externa, na véspera da exoneração, Almeida escreveu sobre “os descaminhos da nossa diplomacia, entregue aos eflúvios amadores de ideólogos tresloucados, como certo sofista da Virgínia, e fundamentalistas trumpistas totalmente equivocados”. E concluiu: “Já passou da hora de superar o ridículo...”

No Itamaraty, a conclusão é que a referência a “fundamentalistas trumpistas” foi uma “agressão direta” ao chanceler Araújo, que tem textos publicados enaltecendo o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como o único capaz de salvar os valores cristãos do Ocidente e, por isso, é costumeiramente acusado por seus críticos justamente de “fundamentalista trompista”. Além disso, a cúpula do ministério considera que ele acusou a política externa do atual governo de “descaminhos” e de ser “ridícula”.
Embaixadores sediados no Itamaraty, em Brasília, consideram que as expressões “ideólogos tresloucados” e “sofista da Virgínia” foram dirigidas frontalmente contra o filósofo Olavo de Carvalho, que mora no Estado norte-americano da Virgínia e é apontado como o principal padrinho da escolha de Ernesto Araujo como chanceler. Eles, porém, disseram que isso não pesou na exoneração, o que pesou foram os “ataques ao chanceler e à hierarquia”. 

Em entrevista ao Estado, publicada ontem, Almeida disse que foi exonerado por, além de ter criticado Olavo de Carvalho, ter publicado em seu blog um artigo de Fernando Henrique Cardoso e uma palestra do embaixador Rubens Ricupero contra a política externa do governo Jair Bolsonaro. O Itamaraty, porém, diz que tanto o artigo quanto a palestra são públicas e, inclusive, divulgadas no resumo diário de notícias sobre o Itamaraty. Logo, não seriam motivo para o afastamento.
Uma das críticas de Paulo Roberto de Almeida, na entrevista, foi que Ernesto Araujo impôs uma “subversão da hierarquia, uma reforma de cima para baixo que deixou muita gente perplexa”. Disse, também, que já estava esperando ser afastado. De fato, ele já tivera uma conversa na sexta-feira com o chefe de gabinete de Ernesto Araujo, ministro de carreira Pedro Wollny, justamente sobre seu próximo cargo. O post no domingo interrompeu a discussão, ele foi comunicado da exoneração na segunda-feira pelo próprio Wollny, por telefone, e ontem foi ao Itamaraty para formalizar a decisão.
Uma curiosidade: Paulo Roberto está escrevendo um livro junto com o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, sobre o ex-embaixador, ministro e senador Roberto Campos, um dos ideólogos da direita brasileira. Longe de ser considerado “de esquerda”, Almeida é um estudioso da vida e obra de Campos.
Na entrevista ao Estado, o embaixador disse que ficou “na geladeira”, ou “encostado na biblioteca”, nos anos dos ex-presidentes Luis Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Segundo o Itamaraty, porém, ele atuou de 2003 a 2007 como assessor especial do Núcleo de Assuntos Estratégicos do Palácio do Planalto.


2) Meu primeiro esclarecimento sobre o artigo de Eliane Cantanhêde no Estadão (7/03/2019) e seu comentário no GloboNews em Pauta (6/03):

1) Ninguém tem nenhuma dúvida sobre quem seja o sofista da Virgínia; reafirmo: é um completo inepto em relações internacionais;
2) O "fundamentalista trumpista" a quem eu me referi é aquele sujeito também amador em política externa, que passeou ridiculamente pelos EUA com um boné da reeleição de Trump em 2020, e que disse, USURPANDO sobre a opinião do povo brasileiro (que ele não consultou), que todos aqui estávamos apoiando a construção de um muro na fronteira com o México. Isso é um adesismo da pior espécie, além, é claro, de representar interferência nos assuntos internos de DOIS países. 
Ao que me consta o chanceler ainda não usou nenhum boné do Trump.


3) Meu segundo esclarecimento sobre o artigo de Eliane Cantanhêde no Estadão (7/03/2019) sobre um livro que ainda não saiu e meus “cargos” anteriores:


Tenho novamente de corrigir a Eliane Cantanhede em mais dois outros parágrafos da matéria no Estadão, ela novamente apenas informada por certos súditos do Itamaraty.
Ela escreveu:
"Uma curiosidade: Paulo Roberto está escrevendo um livro junto com o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, sobre o ex-embaixador, ministro e senador Roberto Campos, um dos ideólogos da direita brasileira. Longe de ser considerado “de esquerda”, Almeida é um estudioso da vida e obra de Campos.
Na entrevista ao Estado, o embaixador disse que ficou “na geladeira”, ou “encostado na biblioteca”, nos anos dos ex-presidentes Luis Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Segundo o Itamaraty, porém, ele atuou de 2003 a 2007 como assessor especial do Núcleo de Assuntos Estratégicos do Palácio do Planalto."

Vamos lá:
1) NÃO estou escrevendo NENHUM livro com o ministro Gilmar Mendes. Cerca de oito meses atrás, sob recomendação do jurista Ives Gandra Martins, o gabinete do Ministro Gilmar Mendes contatou-me para colaborar num livro que ele estaria coordenando sobre os 30 anos da Constituição. Eu disse que, não sendo formado em Direito e considerando-me inepto na matéria, eu poderia no máximo contribuir com uma crítica à economia política da CF-88, pois tal é a minha especialidade, e que poderia ser algo sobre as críticas de Roberto Campos à Constituinte e à Constituição de 1988, pois eu já tinha escrito e coordenado um livro sobre o grande diplomata e economista: O Homem que Pensou o Brasil: trajetória intelectual de Roberto Campos (Appris, 2017). Disseram-me que estava bem, preparei o artigo, mandei e NUNCA mais tive notícias desse livro.
2) Aproveitei o embalo, expandi esse artigo, completei com vários outros argumentos e compus o livro A Constituição Contra o Brasil: ensaios de Roberto Campos sobre a Constituinte e a Constituição de 1988 (SP: LVM, 2018), com 65 artigos de Roberto Campos, gentilmente cedidos por seu filho, e dois longos ensaios meus.
3) Sobre o fato de eu ter "atuado", entre 2003 e 2006 (não 2007), como assessor no NAE: não o fiz por vontade própria, mas apenas a convite do ministro Gushiken, a quem eu conhecia desde os anos 1990, quando ele foi relator de alguns projetos dos quais eu me ocupava no Itamaraty (acordos de investimento) e que gostava de mim, mesmo eu dizendo a ele que a "economia" do PT era esquizofrênica (assim mesmo: ele dava risada e não falava nada).
4) Esse convite veio depois que, vergonhosamente, o Itamaraty - SG Samuel Pinheiro Guimarães e ME Celso Amorim – vetaram um convite que me foi formalmente feito pelo então Diretor do Instituto Rio Branco, João Almino​, para dirigir o Mestrado do Rio Branco, do qual eu já era professor orientador desde o seu início, em 2001. Em 2002 tirei férias da embaixada em Washington e passei uma semana em Brasília orientando 5 ou 6 alunos. O convite veio no início do governo Lula, em 2003, mas três dias depois de eu ter aceito (pois já estava há quase 4 anos em Washington), o Diretor do IRBr teve o constrangimento de anunciar-me que não podia confirmar o convite, pois "o SG tinha outras ideias". Eu sei quais eram essas ideias, pois ele já me achava liberal demais para o pequeno campo de reeducação que ele pretendia fazer no IRBr e na SG.
5) Vim a Brasília em meados de 2003 – a tempo de ouvir o ministro Celso Amorim dizer que os diplomatas "precisavam vestir a camisa do governo", uma declaração vergonhosa sob qualquer aspecto – para discutir sobre o meu futuro. Disseram-me na SG que não tinham nada previsto para mim, que não estavam me removendo para a SERE pois não havia cargos à disposição, e que eu poderia ficar mais tempo em Washington ou negociar um outro posto.
6) Foi nessas circunstâncias que eu aceitei o convite do ministro Gushiken – um dos poderosos membros da troika, mas a quem NUNCA solicitei qualquer favor, sequer promoção – para integrar o Núcleo de Assuntos Estratégicos da PR, com quem trabalhei de 2003 a 2006.
7) Quando ele se afastou do NAE, por motivo de doença – ou efeitos do Mensalão, não sei – eu me despedi do NAE e me apresentei novamente no Itamaraty, acredito que em outubro de 2006. Fui imediatamente bem recebido pela chefe de Gabinete do Ministro Amorim que me ofereceu três postos na SERE para "preenchimento imediato". Aceitei um deles e fiquei esperando. Não aconteceu nada, durante dois meses, e aí compreendi que o Ministro Amorim tampouco me queria na SERE.
8) Em dezembro de 2006, num encontro casual com o Ministro Amorim no Clube das Nações disse-lhe que eu estava voltando à SERE, para trabalhar "sob a sua gestão". Ele me olhou secamente e disse-me: "É, mas a sua entrevista ao Estadão não lhe ajudou em nada." Virou as costas e circulou. Nunca mais falei com ele diretamente, a não ser anos depois, num encontro casual numa saída de restaurante em Brasília, quando me perguntou se eu "continuava escrevendo muito". Foi a vez de eu lhe dizer: "É ministro, é um vício que eu tenho.". E nada mais.
9) A entrevista a que ele se referiu foi uma a Lourival Santana, sobre o BRIC, e eu dizia que se tratava de uma construção intelectual que não fazia muito sentido – a não ser para investidores – pois os quatro países não tinham nada em comum. Eu não sabia que o ministro já articulava com Lavrov (o eterno ministro russo das relações exteriores) a formalização de um BRIC diplomático, mas isso não tem a menor importância: continuo pensando a mesma coisa sobre o BRIC, hoje BRICS.
10) Algum tempo depois, o ministro Amorim me ofereceu um posto de embaixador na Ásia, que eu recusei gentilmente, consciente de que nada mais me seria oferecido, na SERE ou fora dela.
11) E assim passei anos no DEC, Departamento de Escadas e Corredores, fazendo da Biblioteca o meu escritório de trabalho. Tirei licença, fui dar aulas em Paris, voltei, nada...
12) Portanto, é uma falsidade o Itamaraty dizer que eu não tive trabalho na SERE, mas fui trabalhar no NAE: só fiz isso por que me recusaram qualquer cargo na SERE, e isso durou até o impeachment de Madame Pasadena, quando o governo Temer me ofereceu o cargo de diretor do IPRI, do qual acabo de ser defenestrado pelo atual chanceler.
Esta é a história completa, mas se a Eliane Cantanhede desejar posso lhe contar os detalhes de inúmeros diálogos que mantive com servidores do lulopetismo (inclusive com Marco Aurélio Garcia, a quem recebi no meu "autoexílio" na Bélgica, quando do golpe de Pinochet no Chile, em 1973), todos eles empenhados em me manter fora da SERE, já que não podiam demitir-me do serviço público.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 7 de março de 2019

quarta-feira, 6 de março de 2019

Agradecimentos sensibilizados por todo o apoio recebido

Escrevo já em meio à madrugada da Quarta-Feira de cinzas, depois de dois dias intensos de correspondência, postagens, entrevistas, redação de artigos e muitos, muitos contatos telefônicos, em dois aparelhos e no computador.
Nas últimas 48 hs minha vida, e atividades foram dominadas por um único assunto: minha exoneração do cargo de Diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI), vinculado ao Itamaraty, determinada pelo ministro de Estado das Relações Exteriores, segundo sua soberana vontade, aparentemente em resposta a postagens neste meu blog Diplomatizzando que não foram do seu agrado.
Toda a história já está contada e recontada nas várias entrevistas que concedi e textos que escrevi nestes últimos dois dias.
Aproveito para um momento de distensão.
As autoridades poderiam ao menos ter deixado a exoneração para ocorrer na tarde da Quarta-Feira de cinzas, poupando o Carnaval de tanta gente, especialmente os jornalistas.
Gente sem humor...

Mas, escrevo esta última postagem da noite por uma razão muito simples: não tive condições de responder, atender, agradecer a todos de maneira adequada, pois fiquei literalmente submergido por dezenas de mensagens, dezenas de telefonemas, postagens em três ou quatro apps de redes sociais e o que mais existe nessa matéria. Não só do Brasil, mas de outros países também.
Confesso que sinto até uma ponta de vergonha, ou remorso, por ter provocado tanto barulho e tanta preocupação em tanta gente, mas a culpa não foi minha, obviamente.
Foi involuntário ou provocado, digamos assim, por gestos atrabiliários de quem tem o poder de decidir do emprego ou desemprego de simples burocratas do serviço público, o que sou, nas últimas quatro décadas (além de professor quase esse tempo todo também). 
Meu "desemprego" é parcial: perco um cargo em comissão e a remuneração correspondente, e ganho a liberdade, com renda reduzida, mas um imenso alívio por não ter mais sobre mim os olhos (e outras coisas também) de espíritos tacanhos que não sabem admitir o dissenso.
Como já disse algumas vezes, assim como James Bond tinha uma permissão especial para matar, eu adquiri, à custa de várias punições numa carreira sempre movimentada, a permissão especial, auto-atribuída, para dissentir, ou divergir. Disso não abro mão.

Mas, como também já me manifestei a respeito, personalidades autoritárias não apreciam espíritos libertários como o meu…
Minha constatação elementar é a seguinte. A atual chefia do Itamaraty pretende denegar ao meu blog a mesma liberdade de que desfrutou, na campanha presidencial de 2018, um blog manifestamente improvisado com objetivos eleitoreiros, dedicado a fazer campanha para um dos candidatos, ao mesmo tempo em que se empenhava em atacar candidaturas adversas, usando para isso todo tipo de ofensas político-ideológicas. Como diria Marx, em relação esse tipo de espírito sectário, “houve História, mas já não há”.

Tudo isso passará, e a partir de agora meu "endereço oficial" passa a ser a Biblioteca do Itamaraty, onde vou retomar meus esportes favoritos: ler, anotar, refletir, escrever e publicar (eventualmente). 
Durante os meus quase 14 anos do "exílio" anterior a 2016, aproveitei para ler muito e refletir muito, e também para escrever bastante.
Aliás, tenho de agradecer a meus "algozes", que me possibilitaram o lazer forçado e o tempo disponível para escrever.
Desse ostracismo involuntário, retirei vários livros, entre os quais destaco os seguintes: 

O Moderno Príncipe: Maquiavel revisitado (2010)
Nunca Antes na Diplomacia...: a política externa brasileira em tempos não convencionais (2014)

No exercício de uma intensa atividade no IPRI – cujo relatório pode ser consultado aqui: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/03/relatorio-de-atividades-do-diretor-do.html – ainda encontrei tempo de compor dois livros: 

O Homem que Pensou o Brasil: trajetória intelectual de Roberto Campos (2017)
A Constituição Contra o Brasil: ensaios de Roberto Campos sobre a Constituinte e a Constituição de 1988 (2018) 

Nos dois meses de "férias" das atividades do IPRI, desde dezembro de 2018 e até aqui (quando estou ainda impedido de empreender qualquer atividade por determinação superior), aproveitei para coletar alguns de meus textos do período decorrido desde o último livro sobre a diplomacia brasileira (Nunca Antes...), e compus um novo livro, que deve estar sendo publicado proximamente: 

Contra a Corrente: ensaios contrarianistas sobre as relações internacionais do Brasil, 2014-2018 (2019)

Acredito que com a exoneração, vou ter ainda mais tempo para continuar escrevendo e publicando coisas que imagino possam ser úteis aos mais jovens, especialmente em temas de diplomacia brasileira e política externa. Acho até que vou acelerar a produção, se a tanto me for dada oportunidade nesta nova fase aparentemente sans Dieu, ni Maître...

Meu muito obrigado a todos os que me contataram, escreveram, telefonaram, twitaram, mandaram mensagens, ou me encontraram diretamente.
 Não pude agradecer ou cumprimentar a todos pessoalmente, diretamente, adequadamente, mas faço desta postagem minha expressão de reconhecimento sensibilizado.

O grande abraço a todos
Paulo Roberto de Almeida
Brasília 6 de março de 2019

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Postagens em todos os meus blogs: Paulo Roberto de Almeida

Estatísticas de Postagens nos blogs de Paulo Roberto de Almeida

Número de postagens nos blogs mantidos por Paulo Roberto de Almeida: 

Blog Diplomatizzando (iniciado em junho de 2006): 19.302
·  ►  2018 (1130)
·  ►  2017 (939)
·  ►  2016 (1204)
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