Ainda no capítulo da revisão de listas de trabalhos antigos, descubro este, meio escondido, num outro blog que também anda meio esquecido, aliás totalmente inoperante.
Como tem valor permanente, posto tal qual figura no registro sequencial de trabalhos.
Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 31 de janeiro de 2014
Declaração de princípios:
sou um homem de causas...
Paulo Roberto de Almeida
Postagem inaugural no novo blog
Aberto na terça-feira, 20 de junho de 2006
1) Declaração de
princípios
Sou um homem de causas. Vivi sempre pregando, lutando como
um cruzado, pelas causas que me comovem. [...] Na verdade, somei mais fracassos
que vitórias em minhas lutas, mas isso não importa. Horrível seria ter ficado
ao lado dos que venceram nessas batalhas.
Darcy Ribeiro
Como Darcy Ribeiro, a quem
conheci na sua volta ao Brasil, ainda antes da redemocratização, sou um homem
de causas.
As minhas são as da inteligência,
da racionalidade, da cultura, da educação, da tolerância, da democracia e do
comprometimento com o bem-estar e a justiça.
Encontro muitas das causas que
procuro nos livros, bem menos do que na vida real, o que seria obviamente
preferível.
Também tenho algumas causas “contra”:
sou contra a ignorância, a irracionalidade (sobretudo em matéria de políticas
públicas), o mau-uso do dinheiro público e a malversação das instituições
estatais por gente descomprometida com os princípios da democracia e do
bem-estar social. Sou contra a intolerância em matérias de opinião e de
religião, contra todos os fundamentalismos e integrismos existentes (nem todos
são necessariamente de natureza religiosa), e sou contra, de maneira geral, as
crenças irracionais.
Creio na capacidade da humanidade
em elevar-se continuamenta na escala da civilização, na defesa dos direitos do
homem, de valores morais que transcendem os relativismos culturais. Sou pela
universalização da democracia, mesmo contra a razão de Estado.
Sou, em princípio, a favor da
igualdade, mas contra o mero igualitarismo: ou seja, sou pelo reconhecimento
dos méritos individuais e do esforço próprio na conquista de objetivos de vida,
mas acredito que os desprovidos da vida devam ser ajudados, sobretudo
intelectualmente, menos do que materialmente. A educação deve ser repartida
entre todos, como forma de capacitar o maior número possível na busca do
sucesso individual, com base no desempenho próprio, não em assistência pública.
O crescimento da ignorância e dos
irracionalismos contemporâneos assusta-me, tanto quanto a desonestidade na vida
pública, tendência lamentável que se observa no Brasil e em muitos outros
países.
Sobretudo, sou um defensor da
integridade do trabalho intelectual e posiciono-me profundamente contra a
desonestidade acadêmica. Acredito que todos devemos nos esforçar para construir
um mundo melhor do que aquele que recebemos de nossos antecessores. Nossa
responsabilidade individual é a de deixar um mundo melhor para os que nos
sucederão.
Como professor eventual, o que
exerço de forma irregular, acredito ser minha obrigação transmitir o máximo de
conhecimentos aos aprendizes, mas essencialmente provê-los de métodos de
aprendizado auto-sustentado, defensor acirrado que sou do auto-didatismo.
Considero-me um pesquisador livre, sem qualquer subordinação a instituições ou
corporações.
Acredito poder repetir como
Popper:
A tarefa mais importante de um cientista é certamente
contribuir para o avanço de sua área de conhecimento. A segunda tarefa mais
importante é escapar da visão estreita de uma especialização excessiva,
interessando-se ativamente por outros campos em busca do aperfeiçoamento pelo
saber que é a missão cultural da ciência. A terceira tarefa é estender aos
demais a compreensão de seus conhecimentos, reduzindo ao mínimo o jargão
científico.
Karl Popper, em "Ciência:
problemas, objetivos e responsabilidades" (1963)
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 20 de junho de 2006.
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