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domingo, 26 de janeiro de 2014

A finada Alca e a ‘nova’ geografia comercial dos companheiros - Artigo Paulo Roberto de Almeida

A finada Alca e a ‘nova’ geografia comercial dos companheiros: 
diálogo (em 2003) com um ex-professor

Paulo Roberto de Almeida


Em meados de 2003, engajei um diálogo sobre a Alca com um ex-professor meu (no curso de ciências sociais da FFLCH da USP, que tinha iniciado em 1969 e deixado um ano depois), a propósito de um artigo que ele havia recém publicado numa revista acadêmica. A eventual constituição da Alca estava, então, em curso, sendo que o Brasil e os Estados Unidos presidiam as negociações no que seria a derradeira fase do processo negociador, preparatório à assinatura de um acordo hemisférico, previsto para 2005. O processo tinha sido iniciada na primeira Cúpula das Américas, realizada em Miami, em dezembro de 1994, com a presença do presidente Itamar Franco, acompanhado de Fernando Henrique Cardoso, presidente eleito pouco antes, sendo que o chanceler que aceitou todo o processo era o mesmo diplomata que passou a exercer novamente o cargo a partir do governo Lula, em 2003.
Infelizmente, esse diálogo nunca prosperou, e meus argumentos em resposta ao seu artigo jamais foram publicados (nem era essa a intenção inicial). Como acabo de ler uma matéria, na Economist, a propósito dos 20 anos do Nafta, e como estou revisando listas antigas de trabalhos, encontrei esse trabalho, até hoje inédito: resolvi retomar esse texto para ver o que dele seria ainda válido, no contexto dos debates atuais sobre acordos de comércio, em vista inclusive dos problemas brasileiros de inserção internacional. Esse professor já faleceu, e não pretendo revelar o seu nome, ou reproduzir o seu artigo, uma vez que o que me interessa são as ideias, os argumentos, não exatamente quem os formula, ele ou eu. O debate ganha em ser objetivo, evitando-se qualquer personalização, como aliás frequentemente ocorre no Brasil atual.
Esse professor perguntava, em seu artigo, a quem interessava a Alca, e, obviamente, como a imensa maioria dos acadêmicos, dos sindicalistas, dos políticos ditos progressistas e dos movimentos ditos sociais (mas dominados por grupos de esquerda), respondia não só pela negativa, como apontava exclusivamente o que lhe pareciam ser os elementos prejudiciais de um eventual acordo hemisférico de liberalização comercial. Li o artigo com atenção e, sem pretender responder publicamente, encaminhei-lhe uma longa resposta em forma de carta, que nunca teve resposta. Fiquei aguardando, e depois, mesmo que o assunto não tenha morrido (ao contrário, ele continuou na agenda durante dois anos mais, até que a Alca fosse implodida pelos companheiros), deixei o material de lado, pois já tinha muitos outros temos no meu pipeline carregado de trabalhos. Ao encontrar esse trabalho, como registrei acima, pretendo fazer dele uma reflexão sobre os tempos atuais, não mais de Alca, mas ainda de Nafta, ou de acordos regionais de comércio em geral, sendo que o Brasil e o Mercosul participam muito pouco dessas conformações do comércio internacional atual.
Mais do que isso. Desde a ascensão ao poder dos companheiros, eles passaram a cantar em prosa e verso as vantagens de uma tal de “nova geografia do comércio mundial”, que seria simplesmente o redirecionamento do comércio exterior brasileiro para os chamados países do Sul. Nunca se perguntaram se haveria reciprocidade (o que, manifestamente, não houve), mas o presidente Lula por diversas vezes justificou sua “escolha” (ele parecia não se lembrar que quem exporta são os empresários, não o seu governo), dizendo que o Brasil não poderia ficar “dependente” do comércio com os “países ricos”, como se houvesse qualquer incompatibilidade, ou exclusão, entre um comércio exterior multidirecional e um discriminando entre parceiros. Considero tal tipo de argumento apenas revelador de uma tremenda ignorância sobre como funciona o comércio internacional, e uma prevalência da ideologia sobre a realidade, mas já escrevi muito sobre isso em outros trabalhos. Volto portanto ao meu artigo de 2003 sobre a Alca e seus possíveis ensinamentos para os tempos atuais. Limito-me a transcrever o artigo, suprimindo (...) o que era puramente circunstancial ou anódino, sem interesse para o contexto atual, e agregando [...] algumas poucas notas esclarecedoras, como requerido para uma melhor compreensão do texto.

A quem interessa a ALCA?: uma tentativa de resposta

Paulo Roberto de Almeida
Washington, 5 de julho de 2003

Caro Professor (...),
Ler o artigo neste site: Academia.edu (link: https://www.academia.edu/attachments/32847467/download_file). 
(...)
Como todo o apreço e a apreciação acadêmica,
Paulo Roberto de Almeida

Washington, 5 de julho de 2003
Revisto: Hartford, 26 de janeiro de 2014.


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