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domingo, 2 de fevereiro de 2014

Venezuela: o caos total do socialismo do seculo XXI

Uma herança em jogoOmar Lugo, de Caracas
Valor Econômico, 31/01/2014 

Venezuela, o mais recente laboratório do socialismo ortodoxo no mundo, sofre hoje fortes transformações econômicas e sociais, radicalizadas em nome da "revolução chavista", que neste domingo completa 15 anos em meio a uma severa escassez de dólares. A distorcida economia é o território sobre o qual o governo civil-militar de Nicolás Maduro, herdeiro do "líder supremo" Hugo Chávez, desdobra suas forças para consolidar um processo que exibe alguns resultados sociais e muitos danos colaterais, como a elevada criminalidade, a escassez de bens básicos e a queda da produção local.

O objetivo oficial é tornar irreversível o sistema socialista em implantação, soterrar o capitalismo, fortalecer o Estado, unir as Forças Armadas e organizações populares e projetar o país como potência regional. Tudo está no marco do "Plan de la Patria", testamento do presidente Hugo Chávez, decretado por Maduro como manual obrigatório para os próximos anos.

A radicalização ocorre em um contexto de mais inflação, empresas com baixo uso de capacidade e reduzida produção da PDVSA, a deficitária petroleira estatal que sustenta os programas sociais do governo com petrodólares nunca suficientes.

Depois de ganhar a eleição de 1998, na esteira de uma onda de descontentamento popular contra os partidos tradicionais, Chávez assumiu a Presidência em fevereiro de 1999. De imediato, instaurou um processo para modificar a Constituição e iniciou profundas mudanças políticas e sociais na estrutura do Estado venezuelano, até a declaração de um regime socialista, em 2004. "É possível definir a situação atual de muitas maneiras, mas, em última instância, é uma crise de caixa, de dólares em espécie", disse ao Valor um economista, especialista em petróleo, que preferiu não ser identificado.

Depois de vários anos de gastos públicos sem controle, no ano passado o governo se financiou deixando de pagar em moeda estrangeira empresas privadas, companhias aéreas, importadores e contratistas da PDVSA. Segundo o informe financeiro da empresa, sua dívida com fornecedores privados era de US$ 16,7 bilhões no fim de 2012. Agora, diversos credores estão cobrando suas faturas. Só por importações já ingressadas no país, autorizadas, mas não reconhecidas, o governo deixou de entregar a empresas locais cerca de US$ 9,5 bilhões, calcula Jorge Roig, presidente da associação privada Fedecámaras, a Fiesp da Venezuela. São dívidas com atrasos de até 300 dias. Há o risco de que fornecedores fechem linhas de crédito e que a falta de produtos se agrave, disse também Roig.

Somados os compromissos não honrados com companhias aéreas e os valores devidos por expropriações e repatriação de capitais, a dívida com o setor privado é de cerca de US$ 50 bilhões, segundo Roig. O governo propôs pagar com combustível e títulos da dívida pública os US$ 3,6 bilhões que deve às empresas aéreas, mas a proposta não é atrativa, explicou uma fonte.

O país que se orgulha de possuir as maiores reservas de petróleo do mundo, suficientes para 800 anos de exportações ao ritmo atual, tem entradas decrescentes de divisas. "Estamos exportando menos petróleo, inclusive para os Estados Unidos, nosso mercado mais rentável", observa o especialista em questões do petróleo.

Dados da Agência Internacional de Energia (AIE) e do Departamento de Energia dos Estados Unidos indicam que a produção real da PDVSA é de 2,4 milhões de barris por dia, bem abaixo dos 3,6 milhões de barris de 1996. O mercado local consome 800 mil barris, o que deixa apenas 1,6 milhões de barris para exportações, incluindo 800 mil aos Estados Unidos, que pagam em moeda forte. O restante das vendas vai para China, Índia e parceiros do Caribe, com descontos, ou para pagar créditos.

O ingresso real das exportações de petróleo e derivados previsto para este ano é de cerca de US$ 40 bilhões. Desse montante, é preciso descontar pagamentos de dívida financeira da PDVSA no exterior e importações de 200 mil barris por dia em naftas e gasolinas compradas a US$ 120 o barril, para serem vendidas no país pelo ridículo preço de US$ 2,1 o barril. "Isso deixa uma cifra de US$ 25 bilhões de exportações de petróleo e derivados, uma fração do que eram há 5 ou 15 anos, para pagar as importações e os juros da dívida externa", explicou o economista.

Em uma economia importadora, isso se reflete nas filas diárias de clientes nas portas dos supermercados de todo o país. As pessoas buscam principalmente farinha de milho e de trigo, óleo, frango, margarina, leite, açúcar, papel higiênico, guardanapos. Esses produtos, de preços e nível de produção controlados pelo Estado há uma década, desaparecem das prateleiras com espantosa velocidade e vão parar no mercado negro, em que o preço se multiplica em favelas, ruas comerciais e países vizinhos.

O próprio presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, afirmou recentemente que 30% dos alimentos importados "são contrabandeados para a Colômbia". De acordo com o Banco Central, em dezembro a escassez foi a mais alta em seis anos e, em média, chegou a 22% em produtos básicos (de cada 100 produtos procurados, o consumidor não encontra 22). Mas também faltam baterias e peças de reposição para carros e máquinas, papel para imprimir jornais, matérias-primas, alguns remédios, equipamentos de laboratórios médicos, eletrônicos e de computação, fraldas e detergentes.

Paradoxalmente, nas lojas há variedades de uísque escocês e champanhes. É fácil encontrar azeite de oliva, biscoitos e macarrão italiano, queijos uruguaios, carnes e cosméticos do Brasil, vinhos do Chile, Argentina e do Mediterrâneo, e - quando aparecem - leite de Portugal e Equador e papel higiênico dos Estados Unidos.

Quando se espalha a notícia da chegada dos produtos controlados às lojas, aparecem longas filas. Alguns esperam horas para comprar por um preço cinco vezes menor ao oferecido pelos vendedores ambulantes ou pequenas lojas. Os mercados são interditados pela polícia ou militares, até acabar a mercadoria regulada.

Em uma das filas, diante de um supermercado no bairro caraquenho de Chacao, um jovem pedreiro, que se identifica apenas pelo prenome Carlos, diz que a economia vale a pena. Ele costuma se dirigir, todo dia, a uma grande construção, nas proximidades, em busca de emprego como carpinteiro, e aproveita para entrar na fila pela comida. "O emprego está difícil e a construção paga muito bem. Aí tem gente que leva um ano inteiro esperando ser chamado para trabalhar", diz. Os números oficiais, no entanto, são de um desemprego de apenas 5,6% em dezembro.

"Outro dia, eu, minha mulher e meus dois filhos passamos cerca de sete horas diante da [loja] Makro para poder comprar oito quilos de leite", comenta Carlos, enquanto espera pelo óleo e pela farinha, usada para preparar arepas, o alimento básico dos venezuelanos.

O governo atribui a escassez à "estocagem doméstica" e economistas culpam a baixa produção interna, enquanto muitas donas de casa só querem garantir os produtos básicos para seus filhos, já que não sabem quando será a próxima vez que vão encontrá-los.

Outro trabalhador faz contas: com o que gastou em quatro quilos de farinha e dois litros de óleo de milho controlados, só teria conseguido comprar um quilo de farinha com os vendedores ambulantes. "As pessoas vão se cansar, isto vai se transformar em uma bomba- relógio", resmungava, depois de conseguir cota de alimentos controlados.

Sua observação coincide com a de um analista político da Universidade Central da Venezuela, Luis Salamanca, especialista em temas sociais. "Uma bomba-relógio sociopolítica está sendo alimentada com esse pesadelo que é a Venezuela de hoje em dia. Todas as classes sociais vivem reféns de uma comoção descontrolada, gerada pela irresponsabilidade de um governo que há 15 anos atua supostamente em nome do povo" afirma.

"A megacrise atual colocou em evidência o altíssimo nível de dependência que temos da renda do petróleo. A sociedade está dominada por uma criminalidade desatada e pela incerteza de uma economia que está caindo aos pedaços", diz.

O ataque à criminalidade é a mais recente oferta de Maduro, que se viu estimulado pelo assassinato, no princípio de janeiro, da atriz Mónica Spear, miss Venezuela de 1994, assassinada, com seu marido, por assaltantes numa rodovia. Com mais de 24 mil assassinatos por ano, o país está entre os mais perigosos do mundo em tempos de paz, segundo o Fórum Penal Venezuelano e o Observatório da Violência. O governo nega esses dados.

Até os opositores reconhecem a capacidade do chavismo para capitalizar desvantagens e "dar a volta por cima", mobilizando seus seguidores. Desta vez, Maduro tirou a bola da oposição no meio do campo da luta contra a "insegurança" e anunciou que lançará um "plano nacional de pacificação" no dia 8.

Dias atrás, Maduro convocou encontros "de convivência familiar" em praças e avenidas do país, com festas e brincadeiras para crianças, em mais um dia que serviu como outra homenagem a Chávez e ao socialismo. "Basta de violência, fruto dos antivalores acumulados. Basta de uma sociedade capitalista de consumo. Façamos a paz!", proclamou.

"A imprensa burguesa faz festa com os crimes, ao anunciá-los no necrotério, nos noticiários, nas primeiras páginas e nas novelas. Há todo um modelo anticultural no aspecto da violência que vivemos hoje e que foi imposto nos últimos 40 anos", afirmou o presidente. O ministro do interior, general Miguel Rodríguez Torres, disse ao Valor que as convocações para a paz são um primeiro passo antes do plano de pacificação. "Se todo o povo se une, em quatro ou cinco anos a Venezuela pode ser um território de paz."

Os críticos observam que não haverá progresso enquanto as prisões estiverem sob o poder dos próprios criminosos e não do Estado, em um negócio milionário que abarca militares e policiais corruptos. Rodríguez Torres afirma que o governo "está trabalhando para recuperar o controle das prisões" e espera acrescentar "quatro ou cinco" neste ano. "Já há 17 sob regime rígido do Estado. Isso é um avanço, ainda que faltem outras 16. "Cada prisão é um comando de operações de crimes, de extorsões e sequestros", admite. O ministro também informa que estão fazendo ensaios para bloquear as comunicações nas prisões. "Não podemos continuar permitindo que, usando a tecnologia celular, coordenem operações de quadrilhas organizadas por eles."
AP / APEm ato antiviolência, mulher exibe foto de Mónica Spear, miss Venezuela de 1994, com o marido, assassinados no início do mês: país está entre os mais perigosos do mundo em tempos de paz, segundo ONGs

Entre caminhões de som que emitiam discursos e músicas, castelos infláveis e militares em roupa esportiva, caminhavam as aposentadas Alba Carmona e Josefa León. São voluntárias do Movimento pela Paz e pela Vida, convocado por Maduro. "Temos criminalidade em todos os lugares do mundo e aqui sempre foi assim, tem sido assim toda a vida", diz Alba, antes de admitir que o governo deve "ter mão dura e colocar as coisas nos eixos".

"Há muita gente que paga para sair da prisão. O dinheiro compra tudo. Há impunidade, não vamos tapar o sol com a peneira", disse, ao ratificar sua fidelidade chavista "até que o mar se seque". Ela reconhece que as filas e a escassez, junto com a criminalidade, estão entre os principais problemas "do processo". Nega, porém, que exista possibilidade de uma explosão social. "Quando eu era criança, usávamos papel de jornal", diz. "Isso não cai. A cada dia isso tem mais vida, mais força, mais vigor, mais gente."

Pouco adiante, Melissa Ramírez, de 17 anos, se diverte com amigos. "A violência é algo que deveria parar. A adolescência está perdendo muito, há muitas mortes", disse.

O Estado assistencialista alimenta enormes expectativas em uma população socialmente dividida e muito politizada. Alguns chavistas críticos temem que as conquistas destes 15 anos estejam em risco, como a redução da pobreza, que, segundo a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), caiu para 23,9%, e a indigência a 9,7%, em 2013, o melhor resultado na América Latina.

O salário mínimo, considerado pelo governo "entre os mais altos do mundo", equivale a US$ 520 por mês, com a cotação oficial, mas a US$ 297 com a nova cotação de 11 bolívares. Se esse valor é calculado no câmbio paralelo, compram-se apenas US$ 52.

Esse mesmo salário também é pago a 2,75 milhões de pensionistas e aposentados, dos setores público e privado, que se comparam a apenas 380 mil beneficiários que em 1998 recebiam somente 60% do mínimo. "Aumentar o número de pensionistas permitiu avançar na erradicação da pobreza", disse o deputado da situação Oswaldo Vera ao jornal oficial "Correo del Orinoco".

Para financiar milionárias campanhas eleitorais - em que o chavismo mobiliza seus fiéis seguidores usando bens do Estado e distribuindo presentes - e sustentar o investimento social, o governo imprime dinheiro sem lastro, o que elevou a moeda em circulação em 70% somente no último ano.

Enquanto isso, as reservas internacionais do Banco Central estavam em US$ 20,5 bilhões em janeiro, a menor cifra nos últimos dez anos. A avalanche de liquidez e a limitação de dólares oficiais ajudaram a elevar o dólar no mercado negro a até mais de dez vezes a taxa oficial de 6,30 bolívares.

Do controle de câmbio surgiu um negócio da China para pessoas que viajavam para o exterior e aproveitavam a cota pessoal de até US$ 3 mil anuais permitida pelo governo para compras com cartões de crédito. A quantia era sacada em dinheiro vivo e, quando essas pessoas voltavam ao país, vendiam os dólares no mercado negro. A viagem saia de graça, além de possibilitar enormes lucros.

Na semana passada, o governo respondeu com um novo decreto, estabelecendo um sistema cambial diferenciado que levou o câmbio para viagens internacionais a uma taxa de 11 bolívares por dólar, o que frustrou milhares de viajantes. As remessas familiares, importações não básicas e pagamentos a empresas de seguros no exterior também passaram à nova taxa. A taxa de 6,30 bolívares por dólar fica para importações essenciais, que, segundo o governo, cobrirão 80% das necessidades do país, incluindo bens de produção.

Rafael Ramírez, vice-presidente da Área Econômica, ministro de Energia e presidente da PDVSA, diz que essas são decisões necessárias para equilibrar a administração de divisas e enfrentar "a guerra econômica" com foco na nova ordem que se aspira construir no país "em sua transição ao socialismo".

O deputado da situação Jesús Faria afirma que "estão garantidos maior fluxo de moeda estrangeira, maior rigor na destinação e a revalorização do bolívar", porque até agora "a taxa de câmbio de referência" na economia é a do mercado negro, que traz muitos malefícios ao país", segundo a agência de notícias AVN.
Meridith Kohut/Bloomberg / Meridith Kohut/BloombergRodríguez Torres: convocações para a paz

A distorção é tão grande, que um carro de luxo custa tanto quanto uma casa em uma pequena cidade, a carne brasileira é mais barata que a nacional e um tanque de gasolina de 40 litros custa US$ 0,50 no câmbio oficial ou US$ 0,05 no paralelo. O dólar paralelo marca os preços relativos em toda a economia. Por isso, para alguns analistas, a nova taxa, de 11 bolívares por dólar, continua sendo "uma boa compra", considerando-se a inflação do país e a de seus principais parceiros no exterior.

Com as passagens áreas já vendidas para todo o ano de 2014, no caso de muitos destinos, os preços se multiplicaram por até 12 e mudam a cada dia, informou o portal Trabber.com.ve. "A crise das companhias aéreas na Venezuela está tendo um impacto muito forte. A instabilidade cambial, os cancelamentos de voos e a não venda de passagens está gerando uma inflação descomunal nas passagens", lê-se naquele portal, enquanto nas redes sociais chovem testemunhos de passageiros à deriva no exterior, ou aqueles que não podem sair do país por falta de dinheiro ou de passagens.

Publicar essas taxas não oficiais tem sido considerado até agora uma espécie de delito desestabilizador, potencialmente punido com prisão. Mas até no aeroporto e em locais públicos do centro de Caracas, na frente de agentes do Estado, pregoeiros compram e vendem moedas estrangeiras. Tornou-se comum a negociação de dólares e euros via transferências bancárias, a taxas determinadas por portais da internet proibidos pelo governo.

Enquanto isso, o governo prepara uma reforma na "lei de ilícitos cambiais", que ressuscitará um mercado alternativo com bônus de dívida pública em moedas estrangeiras, com o estabelecimento de uma terceira taxa de câmbio. Mas economistas duvidam que o câmbio negro caia enquanto o Estado for o principal ofertante. A inflação ajuda a sobrevalorizar a moeda e nutre a demanda por divisas. Também pressiona o déficit fiscal, calculado em 16% do PIB pelo Barclays Bank.

"Um preço artificialmente baixo do dólar oficial e a enorme quantidade de bolívares no sistema faz com que a demanda seja infinita. É uma centrífuga. Deter isso é o pior pesadelo da política macroeconômica", diz o economista Orlando Ochoa.

Os críticos dizem que modelos como esse são insustentáveis e provocam mais desvalorizações e inflação, a menos que se fortaleçam as finanças públicas com medidas impopulares, como o aumento da gasolina, cujos preços estão congelados há quase 18 anos. A dívida pública "já ronda os US$ 175 bilhões (quase 60% do PIB). Nos 11 meses de Maduro no governo, essa é a terceira desvalorização que o bolívar sofre: de 4,30 a 6 bolívares por dólar, e agora a 11 bolívares por dólar. A Venezuela compra tudo no exterior. Por isso, o preço das coisas se multiplica por três", afirmou o deputado Julio Borges, da oposição, em entrevista coletiva.

O Banco Central é mais otimista e afirma que a inflação perdeu velocidade, passando de 5,1% em outubro para 4,8% em novembro e 2,2% em dezembro. Atribui a alta de 56,2% anual (o dobro de 2012) aos ataques especulativos, "que atentam contra a estabilidade nacional", e ao uso indevido das divisas oficiais.

A doença e a morte de Chávez foram aproveitadas pela oposição e por alguns empresários "para intensificar artificialmente a deterioração das variáveis econômicas. Foram conjugadas tensão política e desestabilização econômica em prejuízo do povo", afirmou o Banco Central em comunicado recente.

Mas, segundo analistas, na realidade, a "hiperliderança de Chávez" desencadeou a atual crise. Em meio à doença do "chefe supremo", as campanhas eleitorais, a acirrada eleição que levou Maduro ao poder em abril de 2013 e o gasto público desmesurado, seus ministros pararam ou atrasaram decisões cruciais para a economia e a entrega de moedas estrangeiras ficou paralisada. Isso trancou o sistema industrial e comercial e gerou mais escassez, disparou a inflação e o dólar paralelo, ao qual muitas empresas importadoras passaram a recorrer.

Outros especialistas projetam mais inflação e escassez e um clima ainda pior para os negócios privados. Com a desvalorização, foi promulgada uma nova "lei de preços e custos justos", que limita os lucros anualmente a 30% em toda a economia e aplicará duras penas aos "especuladores".

Com essa lei, "todos os bens e serviços necessários ao desenvolvimento de atividades de produção, fabricação, importação, estocagem, transporte, distribuição e comercialização de bens e prestação de serviços são declarados de utilidade pública e interesse social", observa Angel Alayón, diretor do portal Prodavinci. "Como consequência, todos os ativos na Venezuela estão em uma condição de pré-expropriação (ou pré-confisco)."
AP / APFuneral de Chávez: todos "vivem reféns de uma comoção descontrolada, gerada pela irresponsabilidade de um governo que há 15 anos atua supostamente em nome do povo", diz analista político

O clima de negócios na Venezuela já estava entre os piores do mundo antes do acirramento dos controles, em novembro e dezembro de 2013, quando Maduro enviou seus ministros, acompanhados de militares e policiais armados, para ocupar comércios e fábricas com a ordem de baixar os preços de todos os produtos. Com o início do ano, grandes lojas continuam com as vitrines vazias em shoppings e muitas fábricas ainda não começaram a trabalhar.

O índice anual Doing Business, da Corporação Financeira Internacional, classifica a Venezuela em 181.o lugar entre 189 países com as piores condições de investimentos no mundo, seguida por um grupo de oito conflituosos países africanos, como Sudão do Sul, Líbia e Chade. O país de Chávez ocupa o 182º lugar em proteção aos investidores e o 187º em carga de impostos.

Segundo o Banco Mundial, a economia crescerá menos que no resto da América Latina, com 0,5% do PIB, em 2014, enquanto o Fundo Monetário Internacional projeta um preço do petróleo estagnado em US$ 103 para 2014, e em US$ 98 para 2015, contra US$ 104 em 2013. Vêm do petróleo US$ 96 de cada US$ 100 que entram no país.

Este é um ano de trégua eleitoral na Venezuela, antes que o Congresso seja renovado, em 2015, em uma eleição política e estrategicamente mais importante que as próprias presidenciais do ano passado. Em um país sem divisão real de poderes, Maduro governa via decreto e o Tribunal Supremo de Justiça acaba de abrir o ano judicial com o grito de guerra oficial: "Chávez vive, a luta continua". Organismos como o Tribunal de Contas, o Conselho Nacional Eleitoral e a Promotoria estão submetidos ao presidencialismo do Executivo.

Nesse cenário, o risco de perder a hegemonia no Poder Legislativo - que deve ratificar indicações dos demais poderes - poderia significar para o chavismo comprometer "a irreversibilidade" da chamada revolução bolivariana.

Por isso, neste ano, a economia e a segurança pública são as principais arenas de batalha entre o governo e opositores. A margem de manobra eleitoral permitiria ao governo, por exemplo, atrever-se a aumentar o preço da gasolina, cujo subsídio, já antes das duas últimas desvalorizações, fazia o Estado perder US$ 9,8 bilhões por ano, ou mais de 3% do PIB, segundo os economistas Douglas Barrios e José Ramón Morales, da Universidade de Harvard.

"Estimativas atualizadas mais rigorosas posicionam o subsídio aos combustíveis para transporte em torno de US$ 15 bilhões anuais. E vai a US$ 30 bilhões, caso os combustíveis sejam para geração termoelétrica", diz Morales. Em 2012, "o subsídio equivalia a nove vezes o que se destina à segurança pública em um país com a duvidosa honra de ter uma das mais violentas cidades no mundo", apontam suas pesquisas.

Defensores dos direitos humanos, como o advogado Rafael Narvaez, calculam que apenas 2% dos 150 mil homicídios cometidos na Venezuela entre 1999 e 2012 foram resolvidos. A impunidade, à qual se atribui na Venezuela o auge da delinquência e da corrupção com o dinheiro público, vem à mente quando o governo responde com chamados de paz a uma guerra de baixa intensidade.

"A impunidade tem pernas curtas, acaba", diz, sentado em uma cadeira de rodas, Tomas Sifontes, de 41 anos, durante a cerimônia pela paz no fim de semana. Sua história é a de muitos outros do grupo de pessoas com necessidades especiais que o acompanham: são vítimas da violência, baleados em algum obscuro episódio. Sifontes trabalhava como segurança particular de vendedores ambulantes e lojistas em Petare, conjunto de favelas em Caracas, que, com 500 mil habitantes, deixa pálida a carioca Rocinha.

Em uma madrugada de 2007, um grupo disparou contra ele pelas costas, o que o lesionou na medula espinal. Eram inimigos de Sifontes, que os havia impedido de realizar um roubo em uma das lojas. No mesmo dia, um de seus funcionários foi assassinado. Do grupo de agressores, nenhum está vivo. "Foram sendo mortos", conta em uma ilustração da espiral de violência no país de quase 30 milhões de habitantes.

"Uma das piores decisões que fiz na vida foi comprar uma arma de fogo", disse, depois de relatar sua vida de cadeirante, suas terapias em Cuba e o trabalho social que desenvolve em um grupo de deficientes, apoiados pelo governo chavista.

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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Kafka no Caribe (Venezuela): criterios cientificos para fixar a margem de lucro

Seria risível se não fosse patético: seria interessante conhecer esses "criterios científicos” da Superintendencia Nacional para la Defensa de los Derechos Socioeconómicos (SUNDDE).
O Gosplan, da extinta União Soviética, também tinha critérios científicos para fixar o volume da produção em todos e cada um dos setores manufatureiros da economia soviética. Foi por isso mesmo que o socialismo deu dois suspiros e depois morreu...
A economia não é muito científica, pois tem a ver com gostos e preferências dos consumidores. 
Mas o socialismo do século XXI tem a pretensão de saber mais e melhor...
Paulo Roberto de Almeida 

Venezuela economía

En vigor Ley de Precios en Venezuela que prohíbe ganancias superiores al 30 %

Infolatam/Efe
Caracas, 26 de enero de 2014

Las claves
  • La ley prevé la aplicación de medidas preventivas y sanciones como el decomiso, la ocupación temporal de establecimientos o bienes, el cierre temporal de un establecimiento o la suspensión de licencias así como el "ajuste inmediato" de precios.
  • La norma también establece la derogación de la anterior Ley de Costos y Precios Justos aprobada en julio de 2011 por el entonces presidente Hugo Chávez, quien sancionó aquella ley como una forma de acelerar la "transición" al socialismo y llamando a "que se acabe la especulación, que se acabe el acaparamiento".
La Ley de Precios Justos, un instrumento con el que el Gobierno de Venezuela pretende controlar los precios y acabar con la escasez, entró en vigor con medidas que contemplan la prohibición de márgenes de ganancias superiores al 30 % y penas de hasta 10 años de cárcel para los acaparadores.
El presidente Nicolás Maduro aprobó la ley en noviembre pasado a través de una ley Habilitante, usando entonces por primera vez un mecanismo por el cual puede legislar sin control parlamentario, pero estaba pendiente de ser ratificada por el Tribunal Supremo para adquirir carácter orgánico, lo que se produjo ayer, según indicó el propio gobernante.
La ley, publicada en Gaceta Oficial, establece que el margen de ganancia será establecido anualmente “atendiendo
“En ningún caso, el margen de ganancia de cada actor de la cadena de comercialización excederá de treinta puntos porcentuales de la estructura de costos del bien o servicio”, señala la norma.
La ley prevé la aplicación de medidas preventivas y sanciones como el decomiso, la ocupación temporal de establecimientos o bienes, el cierre temporal de un establecimiento o la suspensión de licencias así como el “ajuste inmediato” de precios.
En el apartado de lucha contra el acaparamiento establece que quienes “restrinjan la oferta, circulación o distribución de bienes regulados (…) para provocar escasez o distorsiones en sus precios, serán sancionados por vía judicial con prisión de 8 a 10 años”.
Además, prevé multas que van desde 107.000 bolívares (17.000 dólares) a los 5,3 millones de bolívares (850.000 dólares).
El nuevo mecanismo se articula bajo la SUNDDE, que ejercerá la “rectoría, supervisión y fiscalización en materia de estudio, análisis, control y regulación de costos y determinación de márgenes de ganancias y precios”.
Este organismo tendrá capacidad para “fijar los precios máximos de la cadena de producción o importación, distribución y consumo de acuerdo a su importancia y su carácter estratégico, en beneficio de la población, así como los criterios técnicos para la valoración de los niveles de intercambio equitativo y justo de bienes y servicios”.
Esas prerrogativas alcanzan al establecimiento de criterios para fijar los cánones de arrendamiento de los locales comerciales.
Como ya había adelantado en noviembre Maduro, la norma establece la creación de un Registro Único de Personas que Desarrollan Actividades Económicas (UPDAE) en el que deben estar inscritos quienes realicen actividad económica y comercial.
Además, prevé asuntos referidos al uso de las divisas como que aquellas empresas que importen o utilicen dólares del Estado deberán firmar un contrato que les obligue a gastarlos para el objeto solicitado o que los bienes importados con esos recursos muestren una etiqueta identificativa.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Lider politico que promete estabilidade cambial so pode ser maluco...Adivinhem onde?

Pois é, só podia ser lá...
Paulo Roberto de Almeida 

Maduro congela dólar em 2014 e 'por muito mais tempo'

Presidente declarou que moeda americana segue cotada nos irreais 6,30 bolívares, sem previsão de desvalorização, apesar da inflação e do déficit fiscal

Nicolás Maduro na Assembleia Nacional venezuelana, durante discurso sobre seu primeiro ano de gestão
Nicolás Maduro na Assembleia Nacional venezuelana, durante discurso sobre seu primeiro ano de gestão ( Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou nesta quarta-feira que o dólar permanecerá cotado a 6,30 bolívares "durante todo o ano" de 2014, apesar do péssimo cenário econômico na Venezuela, marcado pela alta inflação, falta de produtos de primeira necessidade e pesado déficit fiscal. Analistas internacionais esperavam uma desvalorização do bolívar por Maduro nos próximos meses, já que a medida ajudaria o Estado a ganhar mais em moeda local quando converter os dólares da venda de petróleo. 
Leia também:
Venezuela: falta papel higiênico, mas salário mínimo sobe 10%


"Vamos manter o dólar a 6,30 durante todo este ano e por muito mais tempo", disse Maduro na Assembleia Nacional, durante o discurso de balanço anual de sua gestão. "A Venezuela tem os recursos em divisas suficientes para manter (o bolívar) a 6,30, mas vamos aplicar sistemas complementares, que foram criados com o objetivo de derrotar o chamado dólar paralelo, que faz parte dos mecanismos perversos para perturbar nossa economia".

Desde 2003, a Venezuela aplica um duro controle cambial, com o dólar cotado a 6,30 bolívares – no câmbio paralelo, a moeda é negociada a um valor até oito vezes superior. O órgão de controle cambial, a Comissão de Administração de Divisas (Cadivi), foi nesta quarta-feira extinto por Maduro, que transferiu suas funções para o recém criado Centro Nacional de Comércio Exterior. 
Segundo Maduro, o Centro Nacional de Comércio Exterior "reestruturará todos os mecanismos de acesso a divisas" e fortalecerá o Sistema Complementar de Administração de Divisas (Sicad), criado ano passado, com o qual o governo realiza leilões semanais de 100 milhões de dólares a uma taxa de 11,30 bolívares. Apenas importadores e turistas, porém, podem participar destes leilões. 
O livre acesso à compra e venda de divisas está proibido desde 2003 na Venezuela, quando entrou em vigor o atual sistema de controle do câmbio. Pessoas físicas e jurídicas precisam realizar seus pedidos por meio de mecanismos burocáticos e somente no câmbio oficial, de 6,30 bolívares por dólar. 
Mudança – O duplo sistema criado ano passado deve sofrer uma leve mudança em breve. O presidente anunciou também que na próxima semana vai modificar "de forma substancial" a Lei de Ilícitos Cambiais, que regulamenta os crimes associados ao manejo ilegal de divisas no país, para que o setor privado possa oferecer dólares através do Estado.
"Vou fazer uma modificação substancial da lei contra os ilícitos cambiais para permitir que os setores privados possam ofertar divisas nos mecanismos dos sistemas complementares de oferta de divisas, coisa que já estamos implementando no (dólar) turismo", disse. Não está claro, no entanto, se empresas e pessoas físicas poderão participar dos leilões cambiais.  
Lucro limitado – Maduro afirmou ainda que sancionará a lei que estabelece o máximo de 30% de lucro para o comércio e punições mais severas contra comerciantes que pratiquem preços excessivos. Desde o final do ano passado, seu governo iniciou uma "guerra econômica" contra setores acusados de "especulação financeira". Grandes redes de varejo sofream  inspeções e algumas chegaram a ser forçadas a realizar saldões.

País com as maiores reservas petroleiras do planeta, a Venezuela atravessa uma severa crise econômica, com uma inflação que em 2013 atingiu 56,2%, um déficit fiscal de entre 15% e 18% do PIB e escassez de produtos básicos, entre outros problemas. Maduro acusa setores ligados à oposição venezuelana e conservadores dos Estados Unidos e Colômbia de promover uma "guerra econômica" contra seu governo.

Venezuela: a herança maldita de Chávez 

Hugo Chávez chegou ao poder na Venezuela em fevereiro de 1999 e, ao longo de catorze anos, criou gigantescos desequilíbrios econômicos, acabou com a independência das instituições e deixou um legado problemático para seu sucessor, Nicolás Maduro. Confira:

Kafka no Caribe: a Superintendencia dos Precos Justos, e o lucro maximo a 30pc na Venezuela...

Que futuro pode ter um país que possui uma Superintendência dos Preços Justos?
Que futuro pode ter a economia de um país no qual os capitalistas, se forem bem sucedidos e conhecer uma demanda extraordinária pelos seus produtos, precisam absolutamente limitar o seu lucro a 30% do faturamento total?
E quem tiver taxa de lucro abaixo de 15%, como faz? Pede subsídio ao governo?
Por essas e outras, eu acredito que a economia venezuelana já deveria ter ido para o espaço, ou afundado de vez.
Ela é uma vaca que voa, e o combustível se chama petróleo.
Todo o resto é, aliás, o contrário de uma vaca: dali nada se aproveita, nem o berro, que este é do governo e só pode nos fazer rir com suas tiradas a la Dali e Kafka combinados: ou melhor, um verdadeiro quadro de Polock...
Paulo Roberto de Almeida

Nicolás Maduro fixa em 30% lucro máximo na Venezuela

Medida está entre as prometidas após aprovação da Lei Habilitante; presidente venezuelano anunciou outras mudanças contra crise econômica

16 de janeiro de 2014 | 0h 43
O Estado de S. Paulo
CARACAS - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou no fim da noite de quarta-feira, 16, a Lei de Custos e Preços Justos, que limita em 30% o ganho máximo de todas as atividades econômicas no país.
Maduro anunciou mais alterações na economia venezuelana - Miguel Gutierrez/EFE
Miguel Gutierrez/EFE
Maduro anunciou mais alterações na economia venezuelana
O controle do lucro foi uma das primeiras medidas prometidas por Maduro, que estimava entre 15% e 30% o valor que deveria ser permitido pelo governo. A mudança foi prometida pouco depois de a Assembleia Nacional aprovar, em novembro, uma Lei Habilitante que aumentou os poderes do presidente para legislar sobre temas econômicos por 1 ano.
Durante a leitura do seu informe de gestão referente ao ano de 2013 no Parlamento, Maduro afirmou também que juntará dois órgãos estatais de controle de preços para criar a Superintendência de Preços Justos, encarregada desde ontem de controlar o lucro no país.
Entra as novas medidas para enfrentar a grave crise econômica que atinge o país - que fechou 2013 com a inflação anual estimada em 56% -, o presidente revelou que extinguirá a Comissão de Administração de Divisas (Cadivi), que controla a entrada e saída de moeda estrangeira, mas manterá a cotação do bolívar em 6,3 por dólar durante 2014.
"O objetivo (das mudanças) é reestruturar todos os mecanismos de acesso a divisas com a aceleração de processos complexos", explicou. "Vamos manter o dólar a 6,3 durante todo este ano e por muito anos."
O líder bolivariano também fará mudanças no Ministério de Finanças. Além da fusão com o Ministério de Bancos Públicos, a pasta terá como titular Marco Torres, que comandava o ministério extinto. O atual ministro, Nelson Merentes deve voltar ao Banco Central da Venezuela, entidade que presidia antes de assumir as Finanças, em abril.
Os ajustes ministeriais anunciados ontem completam as mudanças iniciadas na semana passada, quando Maduro trocou os titulares de sete ministérios com o objetivo de "ajustar e melhorar" o ritmo de seu gabinete.
Câmbio. Outra mudança que entrará em vigor na Venezuela deve alterar a Lei de Crimes Fiscais para permitir que o setor privado possa oferecer dólares por meio do Estado. "Vou fazer uma mudança (...) para que se use os sistemas complementares de divisas como já estamos implementando no turismo", prometeu Maduro. / EFE

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Um pais comandado por um quadro cubano, e nao se trata de Cuba; onde seria?

Não, ainda não é o caso, mas poderia ser, se não houvesse uma pedra no meio do caminho, num certo ano, e que ainda não terminou de rolar, e que talvez até pare de rolar e se acomode, proximamente.
Não se pode excluir nenhum desenvolvimento, mas por enquanto se fala de um pobre país que já foi rico e que está sendo literalmente afundado no caos econômico.
Uma sucessão de matérias em InfoLatam:



El presidente de Venezuela, Nicolás Maduro, ha comenzado el año con cambios en su Gabinete para refrescar un equipo de trabajo que tiene ante sí complicados temas pendientes como la situación económica y la inseguridad, mientras refuerza el tono conciliador. El presidente venezolano ha dicho que tiene "la segunda fase del plan de ofensiva económico casi listo" y que lo lanzará en los próximos días.






Maria Teresa Romero


(Especial Infolatam).- La "renovación" del gobierno se le ha visto como una nueva medida efectista, de distracción pergeñada desde La Habana, ante el escándalo producido por el caso del doble asesinato de Mónica Spear y su esposo. Según el profesor universitario Ángel Lombardi, “con los cambios ministeriales el mensaje es claro Cuba sigue al mando y Maduro es lo que se ha dicho, un cuadro cubano”.








Carlos Malamud

"A menos de un año de la muerte de Hugo Chávez se abaten sobre Venezuela preocupantes señales de creciente autoritarismo. Estos actos y declaraciones de fines de 2013 y comienzos de 2014 son una vuelta de tuerca más de un proceso que intenta reforzar el papel de los militares y garantizar la perduración del proceso chavista, con el PSUV como gran protagonista.."

sábado, 11 de janeiro de 2014

Venezuela: a caminho do desastre final - Editorial O Globo

Pó sobre pó

Desastre da administração de Maduro na Venezuela em relação à economia só é proporcional aos tropeços linguísticos do folclórico presidente

Editorial O Globo, 11/01/2014

É da Venezuela o novo recorde mundial de inflação: os preços ao consumidor subiram 56,2% no ano passado, informa o Banco Central local. Ou seja, avançaram em ritmo nove vezes superior aos brasileiros no mesmo período.
Significa forte corrosão da economia, com o consequente empobrecimento da maioria dos 30 milhões de venezuelanos, que habitam um emirado petrolífero e vivem numa época de petróleo vendido a US$ 90 o barril (valia US$ 30 em 2002).
A inflação venezuelana disparou, e em velocidade maior do que se observa em países cujos ditadores optaram pela guerra civil, na tentativa de preservar seu poder, como acontece na Síria de Bashar al-Assad (49,5%) e no Sudão de Omar al-Bashir (37,1%).
O cenário piora. Esse aumento (56,2%) nos preços ao consumidor de 2013 representa quase o triplo da taxa registrada na Venezuela no ano anterior (20,1%). É a média geral. Em alimentos e bebidas a alta de preços foi muito maior: 79,3%, na média do setor, conforme dados do Banco Central.
É obra da administração Nicolás Maduro. Desde dezembro de 2012, quando o caudilho Hugo Chávez se submeteu a uma cirurgia da qual não se recuperou, Maduro conduz o condomínio ditatorial chavista, em sociedade com Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Nacional.
O desastre só é proporcional aos tropeços linguísticos do folclórico presidente. Segundo ele, os empresários “roubam como nós” e o governo tem de enfrentar a escassez de alimentos agindo como Cristo “que multiplicó los penes”.
A história ensina que a intolerância social com altas taxas de inflação costuma ser mortal aos governos politicamente falidos. Ensina, também, que a única alternativa é a negociação. No caso da Venezuela, tal possibilidade parece cada dia mais remota porque seus governantes, como disse Cabello dias atrás, julgam que a palavra negociação funciona na política como sinônimo de capitulação: “Nós não vamos cair na chantagem do diálogo”.
Na ausência de Chávez, o mestre da ilusão do “socialismo do século XXI”, Maduro e Cabello tentam moldar a dura realidade com exercícios de contorcionismo linguístico sobre a arte da incompetência. Nele, a escassez de alimentos em todo o país é resultado da “sabotagem intencional e internacional”; os apagões diários nas cidades, prometem, serão derrotados com um plano militar “de ordenamento e uso”, e a nova e iminente desvalorização da moeda (o bolívar) nada mais será do que um “mecanismo cambial alternativo”.
O delírio chavista se transformou em pura nitroglicerina política. É daquelas situações em cujo epílogo, como costuma dizer Maduro, pode não restar “pó sobre pó”.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Venezuela: going to the brink - Foreign Policy

In early December, Venezuelans went to the polls to elect mayors and local council members. After a disputed presidential election and months of economic hardship, many observers were predicting that the opposition would win the popular vote. Instead, the government's forces won, solidifying President Nicolás Maduro's hold on power.
Yet if Maduro's grip is solid, why is Moody's downgrading Venezuela's bonds? Why is Venezuela's bond spread the highest among emerging markets? The answer is simple: The Maduro regime, like glass, might appear strong, but it's also brittle, increasingly vulnerable to the sharp shocks that are likely to come from a complicated political situation and a rapidly weakening economy.
On election day on December 8, as I rode a motorcycle taxi through the winding and bullet-scarred streets of Petare, one of Caracas' poorest slums, I asked my driver, a local resident, what he thought of President Maduro. "Nobody likes him," he said. "They loved Chávez, but they think this guy is a fake."
Everywhere I asked during my tour, I got more or less the same answer. The comments from residents were an obviously biased sample of conventional wisdom from local opposition activists, but they also reflected reality: the opposition's incumbent mayor won re-election by eight points.
It would be a mistake to conclude -- as many analysts did in the days prior to the election -- that discontent is the overall sentiment in Venezuela. In a neighboring municipality, one with demographics markedly similar to Petare, the chavista candidate romped to a twenty-point victory.
The truth about Venezuela is that it remains a country deeply divided along many lines. It is a nation of stark contrasts, where urban, middle-class voters have apparently decided to abandon the Revolution for good, but where many poorer and rural voters hold steadfast loyalty to chavismo -- for now. The nation is divided roughly in half, but the chavista half appears to be slightly larger, ensuring a solid yet potentially vulnerable hold on all levers of power.
When Hugo Chávez died last March after fourteen years in power, the crowds that turned up at his funeral were like nothing Venezuela had ever seen. Hundreds of thousands of people paraded in front of his casket or joined the funeral parade. After such a massive, unscripted show of emotion, people naturally expected Maduro, Chávez's appointed heir, to coast to an overwhelming victory.
But in a few short weeks, something surprising happened. Maduro proved to be a hapless performer on the campaign trail -- awkward in tone, frequently off-message, and vacillating between grief for the fallen president and enthusiasm for his own candidacy. In spite of this, he managed to eke out a victory over his main opponent, opposition leader Henrique Capriles, but only by a measly 1.2 percentage points.
According to the official version of events, at least. Capriles, who had lost a national election to the ailing Chávez a year earlier, quickly demanded a recount. He has alleged numerous irregularities, accusing the Chávez camp of "stealing" the election, and has so far refused to recognize Maduro as president.
Things did not go better for Maduro in the months that followed. As the economy began slowing down and scarcity began to spread, opinion polls pointed to large numbers of Venezuelans saying the country was headed in the wrong direction.
In the meantime, businessmen with close ties to the government began buying up TV and radio stations. This meant the opposition had trouble getting their message out, something that opinion polls were also capturing: Maduro's popularity was hurting, but the opposition wasn't gaining from it. "In the last weeks of the campaign," an opposition political operator who spoke on condition of anonymity told me, "dozens of our ads were rejected by TV stations for no apparent reason."
Then, in the last few weeks before the election, came Daka. Daka is the Venezuelan version of Best Buy, a large chain of stores specializing in appliances and consumer electronics. With a month to go before the mayoral elections, Maduro, in a burst of populism that would have made the late Chávez proud, ordered significant cuts in the prices of all appliances, then invited Venezuelans to throng stores such as Daka and leave "nothing on the shelves."
The move seems to have been the game changer the government needed. The government won the popular vote, and while it lost most of the large cities, it retained control in many medium and smaller cities. As one local pollster put it, "populism ... is popular."
Maduro has outfoxed the opposition. No elections are scheduled for the next two years. Does this mean that his grip on power is firm? It depends very much  on what happens to the economy.
The vulnerability of Venezuela's economy is not an accident. Instead, it is an essential characteristic of Hugo Chávez's petro-state economic model. Distilled to its essence, this model took a dramatic surge in commodity prices and created a system of subsidies, price controls, and other distortions that is simply too expensive to maintain. In the process, oil production has suffered, and the government has run out of money. It is even consideringmortgaging its last remaining gold reserves.
The Venezuelan government gives away gasoline for practically nothing. It has set an artificially cheap price for foreign currency which, combined with a ruthless attack on private property, has meant the death knell forscores of private companies. The government has also decided it wants to control the prices of everything that is produced by, sold in, or imported into the country -- everything from labor to industrial parts, from toilet paper to women's underwear. The end result is ever-spreading scarcity, combined with a plethora of black markets.
This web of subsidies and price distortions can be sustained as long as you have the money for it; the USSR, after all, kept it going for several decades. With deep enough pockets, you can subsidize pretty much everything you want, and you can take over many industries by simply importing your way out of trouble. The problem for the Venezuelan government is that, despite high oil prices, it has run out of money.
Venezuela ran a budget deficit of 11 percent of GDP in 2012, according to Moody's. (Official government statistics are unreliable). It's quite possible that the 2013 budget deficit could hit17 percent of GDP. China, long a bankroller of the Venezuelan Revolution, is beginning to cut back on its funding, insisting any future loans be managed by their own bureaucrats.
The government's cash crunch explains why there are lines to buy basic staples: there are fewer cheap dollars to give out, and the government is also being forced to start selling them at a higher price. The crunch has forcedthe government to print bolívares, the local currency, at an unprecedented pace. GDP growth has stalled, and the UN's Economic Commission for Latin America and the Caribbean is forecasting a paltry 1 percent growth for next year. Inflation has risen sharply and is set to end this year at more than 50 percent. The government has even delayed publishing inflation numbers after Maduro complained about how they are calculated.
The paradox of chavismo is that it preaches communism and consumption at the same time. The problem with such an approach, of course, is that it requires a lot of funding. If oil prices were to surge, Venezuela could continue on this path. But if oil prices stay put or fall, tough decisions will be unavoidable -- leaving the system's constituents extremely unhappy.
Will people revolt if subsidies are cut? The likely answer is that no, they won't ... yet. The government controls almost all of the media, and voters are not yet linking their economic situation with the government's own policies. When TV and radio are constantly sending the message that the economic crisis is caused by others ("the Empire," "oligarchs," "the right wing," "the bourgeoisie," "the opposition"), you can buy some time before folks come at you with pitchforks. Then again, Venezuelans have taken to the streets before when faced with cuts in their subsidies. In 1989, in an event known as the "Caracazo," Venezuelans responded to fuel subsidy cuts with rioting and violence, essentially issuing a death sentence to the system that preceded Chávez. While it's impossible to predict when such a surge in discontent might repeat itself, there's certainly no reason to rule it out.
Then there's the role of the armed forces. Simón Bolívar once allegedly quipped that "Quito is a convent, Bogotá is a university, and Caracas ... is a military barrack." The quote highlights the importance of the military in Venezuelan society. The institution has played a pivotal role in Venezuelan history, and its influence on the outcome of any major political upheaval will be crucial.
Venezuela experienced military coup attempts in the 1960s, in the 1980s, twice in the 1990s, and in 2002. The common thread linking these is that they occurred in periods of relative crisis, be it political (the guerrilla wars of the 1960s or the instability of 2002) or economic (the dismantling of the welfare state of the late 1980s). Ever since 2002, things have been quiet in the armed forces, thanks in large part to Chávez's masterful military intuition. But if Venezuela goes into a full-mode economic crisis, how will the military act?
In order to assess this question, one has to ask who the military are, and what they are currently doing. In spite of Chávez's insistencethat the military was "socialist and chavista," military sources in Caracas who spoke on condition of anonymity insist there are three groups within the military.
First are the "nationalists," those who are doing business in various government schemes and lining their pockets in the meantime. These are the officers that handle the ports, the import of food, much of the black market, and are even the main smugglers of gasoline across the border. The nationalists are corrupt, but they resent the Cuban influence inside the military -- reports say that Cuban intelligence have infiltrated the armed forces, with permission from the presidency. The main leader in this group is, allegedly, the president of the National Assembly and second in command in the Revolution, Lt. Col. Diosdado Cabello.
The second is the group of officers with links tothe drug trade, some of whom have beentargeted by the US government. How involved in drug smuggling are the Venezuelan armed forces? It is almost impossible to say, but the United Nations has stated that Venezuela has emerged as a major trafficking point in the last few years. Recently, The New York Timespublished a story on increased flight activitythrough Venezuelan territory, presumably linked to the drug trade.
Just last month an Air France flight from Caracas to Paris was discovered to be carrying1.3 metric tons of cocaine in its luggage compartment, the largest single drug seizure in French history. It is hard to view these events as happening independently, particularly since the military handles all aspects of security in and around the airport where the Air France flight originated.
The third group within the military is the so-called "institutional" wing, professional officers who view the other two groups with contempt and who would like to see the armed forces restricted to a non-partisan, institutional role. It is impossible to judge how large this group is, since it (obviously) operates in the shadows. But the military analysts I consulted with insist it exists, and its size is not negligible.
It is difficult to overstate the involvement of the armed forces in all aspects of Venezuela's life. The Maduro administration continues to stack the top echelons of government with military figures. The president has also made it a point to regularly visit military garrisons, offering members of the armed forces all sorts of goodies, from a special Armed Forces Bank to a military TV channel. As his public acts in garrisons increase in frequency, it is not far-fetched to conclude that Maduro is nervously watching his military flank.
A severe economic downturn would hurt the military's pockets. A budget crunch could force the government to cut back on the lucrativearms deals enabled by the oil boom. An end to subsidies may put an end to the burgeoning black market. And there is now talk in Caracas about ending the nation's unaffordable gasoline subsidy, which the military thrives on.
How the military will respond to all this remains a mystery. Maduro may be able to navigate an economic downturn as long as the generals remain well-disposed, leaving him with some room to maneuver. Perhaps the loyalty of the armed forces to the chavista project is deeper than most suspect.
Or perhaps the economic crisis is the trigger that a segment of the armed forces could use as justification to act. When the armed forces have been so politicized and allowed to become corrupt, there is little institutional restraint to prevent a coup attempt. Judging by historical precedent, however, it seems as though an economic crisis would not, on its own, trigger them to act. An additional ingredient -- perhaps a deeper political crisis, or even an act of political violence -- would be necessary.
Regardless, it would be a tragedy were the Venezuelan story to take such a turn.
What, then, should we expect from Venezuela in 2014? With a relatively secure government, and with absolute control of the media and the institutions, it would seem as though Maduro's position is solid. As I have argued, this hides deep risks.
The key variable to watch is the price of oil. With oil selling at $100 a barrel, the Venezuelan government is barely making ends meet, yet it can continue to muddle along at this rate. Yes, inflation and the subsequent loss of purchasing power will continue unabated, but it could be years before Venezuelans begin blaming the government for it. If the price of oil surges, the government will find its economic model is affordable once again.
However, if the price of oil were to dip below, say, $80 a barrel for a prolonged period, Venezuelans will find their purchasing power severely diminished, forcing the government to change its model. Whether it can do so and avoid corresponding political turmoil remains to be seen. While other authoritarian governments (such as Zimbabwe and Cuba) have navigated deep economic crises, the Venezuelan opposition seems better positioned to reap the benefits of public discontent than its counterparts in those two countries.
As mentioned before, the bond markets now consider Venezuela to be the riskiest of all emerging markets, with premiums that surpass Greece or Argentina. A revolution where the key players hold all the cards but is still in desperate need of foreign financing, where the economy and the viability of the political system depend on the volatile price of a single commodity, is not a safe bet. The markets know this, and that is why, in spite of Maduro's grip on power, they don't solid. They know that, if oil prices take a prolonged dip, all bets are off on Venezuela's stability. In short, Venezuela's glass revolution is more vulnerable than it appears.