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domingo, 25 de fevereiro de 2018

12 mitos alimentares e de comportamento que a ciencia desmente


MITOS 

Ciência desmente 12 mitos populares

Crenças populares acabam se tornando verdade para uma parcela significativa da população

Opinião e Notícia, 25 fevereiro 2018


Ciência desmente 12 mitos populares


Essas falsas crenças sobre nutrição e hábitos de vida surgem de lendas ou má interpretações (Foto: Pixabay)
Em rápidas pesquisas pela internet podemos encontrar diferentes “dicas” de como se alimentar melhor. Por vezes, essas ajudas acabam se contradizendo. Essas falsas crenças sobre nutrição, hábitos de vida e saúde surgem de lendas ou má interpretações, ignorando os avanços científicos. Por isso, separamos 12 mitos que já foram desmentidos pela medicina.
1 – Usar micro-ondas dá câncer
O micro-ondas não tem a capacidade de causar câncer nas pessoas, assim como celulares e computadores também não. Além disso, o aparelho também não destrói os nutrientes dos alimentos, sendo ainda um método melhor do que outros métodos de cozimento.
“A comida em um forno de micro-ondas esquenta graças à agitação que as ondas produzem nas moléculas de água presentes em maior ou menor medida nos alimentos. Não se trata de radiação ionizante, por isso não tem um efeito capaz de provocar mutações no DNA celular”, explicou o médico Manuel Castro, especialista em medicina preventiva e saúde pública do Complexo Hospitalar Universitário de La Coruña, que fica na Espanha.
2 – A água oxigenada é boa para as feridas
A coceira gerada pela água oxigenada quando é jogada em cima de uma ferida aberta é um sinal de que o produto danifica as células da pele. Dessa forma, o Centro de Controle de Enfermidades dos Estados Unidos não aconselha a molhar a pele e membranas mucosas com água oxigenada.
“A água oxigenada, na verdade, é menos eficaz que outros antissépticos e pode ser agressiva para a pele. Embora ela seja interessante em alguns casos, atualmente o antisséptico preferido para ter em casa é a clorexidina”, afirmou a doutora em farmácia e nutricionista Marian García.
3 – A gravidez dura nove meses
Apesar da generalização na utilização da cifra de nove meses, a expressão está incorreta, pois, segundo a medicina, a gravidez costuma durar entre 37 e 40 semanas, o que poderia corresponder a “nove meses e uma semana”, conforme explicou o médico Manuel Castro, especialista em medicina preventiva e saúde pública do Complexo Hospitalar Universitário de La Coruña.
“Nem todas as semanas são realmente de gravidez, porque se começa a contar antes que ocorra a fecundação. A data de início é o primeiro dia da última menstruação da mãe. E − muito provavelmente − a concepção terá ocorrido entre duas e três semanas depois atrás dessa data, e isso sem considerar a regularidade dos ciclos de cada grávida”, apontou.
4 – Muito sal não é saudável
Estudos da Faculdade de Medicina da Universidade de Boston, nos Estados Unidos, mostram que uma dieta com pouco sódio não é tão benéfica para a saúde e nem auxilia na diminuição da pressão arterial.  “A chave está na ingestão de sódio, potássio e magnésio”, afirmou a dietista-nutricionista Elisa Escorihuela.
Segundo as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), o ideal é que seja consumido menos de cinco gramas de sal por dia. Porém, Elisa Escorihuela também explica que não é o sal do saleiro o maior malfeitor. “Se achamos que devemos reduzir o consumo de sal de nossos saleiros, estamos enganados, o excesso que consumimos está nos alimentos pré-cozidos, aperitivos industrializados e molhos que compramos. O aconselhável é reduzir a zero os alimentos prontos e embalados”.
5 – Se você está acima do peso, não tem uma vida saudável
O sobrepeso é o oposto de se ter uma vida saudável. Porém, parte da população se exercita diariamente e mantém uma alimentação regular e, mesmo assim, precisa lidar com o excesso de peso. Segundo o dietista-nutricionista Àlex Pérez, do Centro de Atenção Primária de Vallcarca-Sant Gervasi, em Barcelona, diferentes motivos podem causar esse leve sobrepeso, desde um desajuste hormonal até a genética.
“Por isso também não podemos parar de pensar no fato de que realmente existe uma relação entre nosso peso e nosso estado de saúde. É preciso manter um peso adequado, comer de forma saudável e seguir um estilo de vida saudável”, apontou Elisa Escorihuela.
6 – Temos cinco sentidos
Os cinco sentidos clássicos – visão, audição, tato, olfato e paladar – já não são mais o suficiente para explicar a capacidade do seu humano de entender e perceber sobre o ambiente no qual está inserido. De acordo com o médico Manuel Castro, muitos outros sentidos podem ser adicionados a essa lista.
“Hoje são acrescentados alguns outros. Entre os mais claramente estabelecidos estão a termocepção ou termorrecepção (que é a sensação de calor ou sua ausência), o sentido do equilíbrio (que permite mover-se, acelerar ou frear sem perder nossa orgulhosa bipedestação), a propiocepção (por exemplo, saber onde está situada neste momento sua mão esquerda sem olhar para ela), a nocicepção ou sentido da dor. O próprio conceito de sentido é difuso. Se o entendemos como um sistema para receber informação sobre nosso próprio corpo e o mundo, poderíamos acrescentar o sentido do tempo, uma espécie de cronorrecepção, para não falar de sensações tão familiares como a fome ou a sede”.
7 – Fazer exames periódicos é bom para a saúde
Controlar a saúde através de exames médicos periódicos é bom, mas não há evidência científica que prove que o seu organismo vá se comportar melhor dessa forma, conforme explicou o médico de família Salvador Casado.
“Muita gente desconhece que cada exame diagnóstico tem efeitos colaterais ou indesejados, como ocorre com os remédios. Os exames são úteis quando solicitados por um médico que suspeite da existência de uma doença, mas quando são pedidos sem essa justificativa, são muito frequentes os falsos positivos ou falsos negativos que depois podem desembocar em condutas médicas que prejudicam a pessoa”, afirmou.
8 – O mel é um açúcar natural e melhor que o açúcar processado
Segundo Àlex Pérez, o “açúcar sempre é açúcar”, com o corpo não tendo a capacidade de distinguir a procedência da molécula. Por isso, é incorreto afirmar que o açúcar natural é menos agressivo do que o açúcar processado. “O abuso do mel pode ser tão prejudicial para nossa saúde quanto o do açúcar refinado”.
“O açúcar branco que se põe no café contém 100% de sacarose, enquanto o mel é uma mistura de frutose, glicose, sacarose e 18% de água, juntamente com uma pequena quantidade de vitaminas e minerais”. Segundo a OMS, os açúcares livres, que são aqueles presentes de forma natural, são alguns dos principais fatores que estão causando o aumento da obesidade e diabetes no mundo.
9 – Só ocorre a concussão cerebral quando há golpe
Quando recebemos um golpe na cabeça, o encéfalo pode se chocar com o crânio, o que causa a concussão. No entanto, caso façamos algum movimento muito brusco, o mesmo fenômeno pode ocorrer, pois a separação entre o encéfalo e o crânio é feita apenas por meninges e pelo líquido cefalorraquidiano.
“É uma alteração do estado mental após um trauma, que pode ocorrer devido a golpes diretos ou movimentos rápidos da cabeça ou de aceleração/desaceleração. Nesses casos, a proteção do liquido cefalorraquidiano não é suficiente e o cérebro bate contra o crânio, levando à concussão e a outras complicações sem que necessariamente tenha havido um golpe direto. Isto é particularmente importante em pessoas mais velhas, nas quais a relação continente-conteúdo (crânio-encéfalo) é maior por causa da a atrofia cerebral que aparece com a idade”, explicou o neurologista Azuquahe Pérez, do Hospital Geral de La Palma.
10 – Azeite é saudável e, por isso, não faz mal exagerar
Mesmo sendo composto principalmente de 99% de gordura, mesmo com ácidos graxos monoinsaturados que são saudáveis para o coração, não se pode afirmar que o azeite, em exagero, não faça mal.
“Não se pode dizer que ajuda a baixar de peso, porque essa ideia fica gravada na cabeça do consumidor e ele tende a abusar. Na verdade, ocorre justamente o contrário. Começa-se a notar um aumento de peso ao consumir de forma excessiva essa gordura, por mais saudável que seja”, afirmou a nutricionista Luisa Solano.
11 – Usamos apenas 10% do nosso cérebro
Um mito já desmentido em diferentes oportunidades, mas que sempre consegue ressurgir, se tornando verdade para algumas pessoas. Segundo o doutor Castro, usamos todo o nosso cérebro a maior parte do tempo, com uma porcentagem tão baixa só sendo registrada quando estamos em repouso completo.
“Se nos dizem que só usamos 10% de nosso cérebro em uma palestra motivacional, estão nos enganando. E se nos dizem isso em nosso ambiente de trabalho e se trata de um superior, provavelmente querem nos explorar”, destacou.
12 – Devemos dormir oito horas por dia
Na realidade, cada pessoa dorme horas diferentes sem que isso cause qualquer tipo de problemas. Além disso, as características do sono mudam com a idade. Porém, a ciência mostra que nos dias úteis acabamos dormindo menos do que deveríamos, enquanto dormimos um pouco mais nos dias de folga.
“Diversos estudos demonstraram que o tempo total do sono, sua eficiência e o sono profundo diminuem com o envelhecimento, enquanto o número de despertares noturnos e o tempo que se passa acordado durante a noite aumentam. Essas mudanças estão associadas a mudanças nos processos circadianos e homeostáticos que regulam o sono e também a mudanças fisiológicas e psicossociais próprias da idade”, explicou Azuquahe Pérez.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

A frase da semana: ciencia e religiao - Frederick Sanger, duas vezes Premio Nobel

Caso raro na tribo dos nobelizados, ele foi um dos únicos três a ganhar o Prêmio Nobel duas vezes.
É dele esta frase, que seleciono como sendo da semana, mas poderia ser do mês, do ano, de sempre, sorbe as relações entre ciência e religião:

“In science, you have to be so careful about truth,” he said. “You are studying truth and have to prove everything. I found that it was difficult to believe all the things associated with religion.”

All said...
Paulo Roberto de Almeida
The New York Times, November 20, 2013

Frederick Sanger, 95, Twice a Nobel Laureate and a Genetics Pioneer, Dies


Frederick Sanger, a British biochemist whose discoveries about the chemistry of life led to the decoding of the human genome and to the development of new drugs like human growth hormone, earning him two Nobel Prizes, a distinction held by only three other scientists, died on Tuesday in Cambridge, England. He was 95.
His death was confirmed by Adrian Penrose, communications manager at the Medical Research Council in Cambridge. Dr. Sanger lived in a nearby village called Swaffham Bulbeck.
Dr. Sanger won his first Nobel Prize, in chemistry, in 1958 for showing how amino acids link together to form insulin. The discovery gave scientists the tools to analyze any protein in the body.
In 1980 he received his second Nobel, also in chemistry, for inventing a method of “reading” the molecular letters that make up the genetic code. This discovery was crucial to the development of biotechnology drugs and provided the basic tool kit for decoding the entire human genome two decades later.
Unusual for someone of his stature, Dr. Sanger spent his entire career in a laboratory. Long after receiving his first Nobel, he continued to perform many experiments himself instead of assigning them to junior researchers as is typical in modern science labs. Dr. Sanger said he was not particularly adept at coming up with experiments for others to do and had little aptitude for administration or teaching.
“I was in a position to do more or less what I liked, and that was doing research,” he said.
Frederick Sanger was born on Aug. 13, 1918, in Rendcomb, England, where his father was a physician. He expected to follow his father into medicine, but after studying biochemistry at Cambridge University, he decided to become a scientist. His father, he said in a 1988 interview, “led a scrappy sort of life” in which he was “always going from one patient to another.”
“I felt I would be much more interested in and much better at something where I could really work on a problem,” he said.
He received his bachelor’s degree in 1939. Raised as a Quaker, he was a conscientious objector on religious grounds during World War II and remained at Cambridge in those years to work on his doctorate, which he received in 1943.
Later in life, however, he became an agnostic, saying he lacked hard evidence to support his religious beliefs.
“In science, you have to be so careful about truth,” he said. “You are studying truth and have to prove everything. I found that it was difficult to believe all the things associated with religion.”
Dr. Sanger stayed on at Cambridge and became immersed in the study of proteins. When he started his work, scientists knew that proteins were chains of amino acids, fitted together like a child’s colorful snap-bead toy. But there are 22 different amino acids, and scientists had no way of determining the sequence of these amino acid “beads” along the chains.
Dr. Sanger decided to study insulin, a protein that was readily available in a purified form for the treatment of diabetes. His choice of insulin turned out to be a lucky one: with 51 amino acid beads, insulin has a relatively simple structure. Still, it took him 10 years to unlock its chemical sequence.
His approach, which he called the “jigsaw puzzle method,” involved breaking insulin into manageable chunks for analysis and then using his knowledge of chemical bonds to fit the pieces back together. Using this technique, scientists went on to determine the sequences of other proteins. Dr. Sanger received the Nobel just four years after he published his results in 1954.
In 1962, Dr. Sanger moved to the British Medical Research Council Laboratory of Molecular Biology, where he was surrounded by scientists studying deoxyribonucleic acid, or DNA, the master chemical of heredity.
Scientists knew that DNA, like proteins, had a chainlike structure. The challenge was to determine the order of adenine, thymine, guanine and cytosine — the chemical bases from which DNA is made. These bases, which are represented by the letters A, T, G and C, spell out the genetic code for all living things.
Dr. Sanger quickly discovered that his jigsaw method was too cumbersome for large pieces of DNA, which contain many thousands of letters. “For a while I didn’t see any hope of doing it, though I knew it was an important problem,” he said.
But he persisted, developing a more efficient approach that allowed stretches of 500 to 800 letters to be read at a time. His technique, known as the Sanger method, increased by a thousand times the rate at which scientists could sequence DNA.
In 1977, Dr. Sanger decoded the complete genome of a virus that had more than 5,000 letters. It was the first time the DNA of an entire organism had been sequenced. He went on to decode the 16,000 letters of mitochondria, the energy factories in cells.
Because the Sanger method lends itself to computer automation, it has allowed scientists to unravel ever more complicated genomes — including, in 2003, the three billion letters of the human genetic code, giving scientists greater ability to distinguish between normal and abnormal genes.
Dr. Sanger shared the 1980 chemistry Nobel with two other scientists: Paul Berg, who determined how to transfer genetic material from one organism to another, and Walter Gilbert, who, independently of Dr. Sanger, also developed a technique to sequence DNA. Because of its relative simplicity, the Sanger method became the dominant approach.
Other scientists who have received two Nobels are John Bardeen for physics (1956 and 1972), Marie Curie for physics (1903) and chemistry (1911), and Linus Pauling for chemistry (1954) and peace (1962).
Dr. Sanger received the Albert Lasker Basic Medical Research Award, often a forerunner to the Nobel, in 1979 for his work on DNA. He retired from the British Medical Research Council in 1983.
Survivors include two sons, Robin and Peter, and a daughter, Sally.
In a 2001 interview, Dr. Sanger spoke about the challenge of winning two Nobel Prizes.
“It’s much more difficult to get the first prize than to get the second one,” he said, “because if you’ve already got a prize, then you can get facilities for work, and you can get collaborators, and everything is much easier.”
Daniel E. Slotnik contributed reporting.

sábado, 29 de junho de 2013

O relativismo, essa falacia epistemologica - Gustavo Ioschpe (via Orlando Tambosi)

Agradeço a meu amigo e colega de combates racionalistas, a transcrição em seu blog (aqui) deste artigo de Gustavo Ioschpe, na revista Veja de 26/06/2013, sobre o relativismo, que de outra forma me teria passado despercebido. Trata do relativismo, essa praga que invadiu universidades e vem se reproduzindo como... uma praga, justamente.
Reproduzo integralmente o conteúdo do post.
Paulo Roberto de Almeida

Orlando Tambosi, link

Na Veja da semana passada, Gustavo Ioschpe publicou um artigo - que vale a pena reproduzir integralmente - analisando uma questão epistemológica fundamental: a verdade. "Afinal, a verdade existe?", pergunta o título. Para o relativismo radical, negador de verdades universais, só há verdades relativas. Ioschpe se refere particularmente ao pensamento reinante nas escolas de segundo grau, mas o fato é que esse relativismo fincou raízes nas universidades, devastando as ciências humanas em geral. Fui testemunha dessa estupidez, contra a qual lutei quase que solitariamente na universidade a que pertenci, muitas vezes sendo chamado de positivista, reacionário etc. Muitos posts foram dedicados a esse tema no blog. Escrevi também um ensaio acadêmico sobre "jornalismo e teorias da verdade", que pode ser acessado aqui. A propósito, o relativismo deixou essa área mais próxima das ideologias que das ciências.

Há muitos anos, dei uma palestra a professores de uma rede estadual de ensino. Muita gente, ginásio grande. Apresentei a saraivada de dados em que me baseio para estabelecer um diagnóstico da educação brasileira. Depois da fala, abriu-se espaço para perguntas. Lembro-me da primeira delas como se fosse hoje: “O palestrante que esteve aqui ontem nos advertiu de que números são como palavras: são criações humanas. E que por trás de toda criação humana existe a intencionalidade da pessoa que a criou. Qual é a sua?”.

É uma visão de mundo preocupante. Fruto do pensamento pós-modernista de viés marxista, postula que não existe uma verdade objetiva, depreendida do estudo de fatos através das ferramentas da ciência. O resultado dessa investigação científica seria apenas uma verdade, a versão inventada pelo homem branco ocidental para ajudá-lo a subjugar os povos subdesenvolvidos e as minorias dos países ricos. Existem, para os pós-modernistas, “verdades”, no plural, ditadas pelas características históricas, culturais e econômicas de cada pessoa ou grupo. A crença de um aborígine de que um trovão é uma manifestação do descontentamento de uma deidade qualquer tem, portanto, o mesmo grau de verdade da descoberta de que o trovão é causado pela ionização e pelo aquecimento do ar que envolve um raio, gerando sua rápida expansão e a consequente onda de som.

Para que seja possível pensar assim, é preciso ignorar que existem fatos e que números, estatísticas, são apenas descrições quantitativas desses fatos. Se eu digo que a população brasileira em julho de 2012 era de 193 milhões de pessoas, segundo o IBGE, não se pode dizer que eu (ou os coconspiradores do IBGE) estou “criando” esse dado como se criasse um soneto. Não, as pessoas existem e estão lá! O número é apenas a maneira mais simples de comunicar esse fato, sem precisar mostrar fotos de todos os cidadãos nem repetir a contagem a cada instante. Se entendemos que fatos existem, e se notamos que os fatos corriqueiros do mundo que nos cerca já apresentam uma variedade e uma complexidade inenarráveis - da estrutura atômica e subatômica das partículas ao movimento das marés ou de planetas -, então necessitamos de um método impessoal e objetivo para perceber e compreender esses fatos. Esse método precisa ser peculiar: deve ser feito por seres humanos imperfeitos - com paixões e vilezas, sem visão de raio X nem audição perfeita - para superar as próprias limitações e chegar o mais próximo possível de observar o fato real, sem distorções ou falhas de interpretação. A criatura precisa superar o criador. Como fazê-lo? Perseguindo os fatos de maneira objetiva e técnica, gerando hipóteses sobre o mundo que só podem ser confirmadas através da medição. Porque, confiando em um método objetivo e em dados oriundos de medições, os resultados podem ser reproduzidos por diferentes pessoas em diferentes épocas, e as conclusões espúrias ou os métodos defeituosos podem ser expostos, corrigidos ou descartados. Sim, esse método a que me refiro é a ciência.

Os pós-modernistas empenham-se em destruir o edifício da ciência. Não mostrando os erros metodológicos ou quantitativos dos estudos científicos, porque a maioria dos adeptos da causa não tem competência técnica para isso (“Errar é humanas”), mas simplesmente atacando a credibilidade dos “especialistas”. E isso se faz necessário não apenas porque, sem os guardiães do conhecimento embasado em fatos, qualquer Quixote pode descrever moinhos inexistentes que devem ser derrubados, mas também porque as investigações mais recentes de várias ciências, especialmente a biologia, desconstroem muitas ideias que são caras aos pós-modernistas e marxistas em geral. Entre elas, especialmente aquela de que o ser humano é um bicho fraterno e igualitário por natureza, e não o ser competitivo e movido pela busca de status e hierarquia em seu grupo social que a psicologia evolutiva não se cansa de demonstrar em estudos e experimentos (sugestões de leitura em twitter.com/gioschpe). Claro, se o fato não existe, o cientista ou especialista só pode ser um impostor, que inventa dados para justificar algum viés inconfessável. Para os ideólogos, toda neutralidade é uma farsa. Quem aponta um erro de um pós-modernista não pode estar certo: necessariamente, deve ser um tarado neoliberal. O marxismo e seus derivativos formam um sistema fechado. Para os crentes, quem aponta seus erros o faz por algum interesse de classe, etnia ou nação e, portanto, pode ser imediatamente descartado. Só poderá apontar os erros quem for confrade. Mas, obviamente, quem é confrade não percebe os erros.

As pessoas dessa inclinação acreditam que a ciência é uma religião, uma fé cega. Que os racionalistas apenas trocaram um deus crucificado por outro abstrato: o método científico. Mas esse é um engano fundamental e dantesco. Porque a marca da religião (e da ideologia) é justamente o dogma, a ideia inquestionável e infalsificável, porque revelada por uma entidade superior. A ciência se move por dúvidas, não por certezas: tudo é questionável e precisa ser demonstrado e reproduzido. Não há crença em entidades superiores. Pelo contrário: a ciência moderna se faz pela sobreposição de vários e pequenos esforços. Até que uma teoria ganhe respeitabilidade e passe a ser aceita como uma boa descrição dos fatos, precisa ser replicada por muitos pesquisadores, que podem estar espalhados por todo o planeta. É sempre assim que funciona? Claro que não. Quem conhece a história das ideias sabe que cientistas e pesquisadores sofrem dos mesmos vícios da humanidade em geral. São seduzidos pelo poder político e econômico, sucumbem a ideologias, aferram-se a teorias patentemente equivocadas por questões pessoais ou até mesmo estéticas. Mas, por mais que ideias tortas tenham vida longa, algum dia elas não resistem ao acúmulo de evidências contrárias e morrem, vão para o lixo da história, substituídas por formulações mais corretas.

Algumas pessoas acham que não se pode confiar na ciência porque “uma hora eles dizem uma coisa, outra hora dizem outra”. Mas isso é causado mais por um viés da publicação dos resultados do que pelos resultados em si. É mais culpa da imprensa (leiga e acadêmica) do que de pesquisadores: é a velha história de que quando um homem morde um cachorro é notícia, mas não vice-versa. Os resultados mais divulgados são frequentemente os mais destoantes do senso comum e da pesquisa anterior. É bom que sejam publicados, porque arejam o debate, mas na maioria dos casos acabam sendo a exceção que comprova a regra. Não é verdade que o processo científico é um eterno pingue-pongue de versões antagônicas. O conhecimento avança, chegamos a consensos. Dificilmente se verá algum estudo sério sugerindo que fumar faz bem à saúde. É verdade que os consensos não são perenes e que talvez vamos propor ações equivocadas por baseá-las em pesquisas que depois se descobrirão equivocadas. Mas no mundo real sabemos que a perfeição é inatingível. A questão, portanto, não é acabar com o erro, pois isso é impossível, mas minimizá-lo. E certamente uma ação baseada em evidências sólidas vai errar menos do que aquela inspirada em intuições e inclinações pessoais.

Que pessoas ignorantes repitam essa linha do “cada um com a sua verdade” é até compreensível, saturados que estamos, aqui nos tristes trópicos, de gente que compartilha essa cosmovisão. Na terra da cordialidade, pega mal defender a existência de uma verdade e o consequente erro daqueles que defendem seu oposto. Parece até arrogância. Que professores pensem assim já é mais triste e preocupante, pois uma tarefa fundamental do sistema escolar é transmitir ao alunado o conhecimento acumulado ao longo de séculos de trabalho árduo de pesquisadores e pensadores, que muitas vezes perderam a vida defendendo suas ideias “hereges”. Também são os professores que deveriam propagar o método científico, para que seus alunos possam empreender o mesmo caminho da busca da verdade trilhado pelos gigantes intelectuais que nos precederam.

Mas que líderes públicos pensem assim, e ajam ao arrepio daquilo que a pesquisa já estabeleceu, aí não é apenas triste ou lamentável: é criminoso. Na área da educação posso dizer com tranquilidade: a maioria dos nossos gestores públicos despreza totalmente os milhares de estudos objetivos sobre o que funciona em educação. Insistem em gastar fortunas com ideias que a experiência, documentada em estudos rigorosos, já se encarregou de demonstrar serem inócuas. O Ministério da Educação agora cria um “Programa Nacional de Alfabetização na Idade Certa” que quer alfabetizar na idade errada (8 anos, em vez de 6) e defende um aumento radical do financiamento em educação que não terá nenhum impacto na melhora da qualidade do ensino (em breve escreverei artigo a respeito). Prefeituras insistem em alfabetizar com o método construtivista, quando o fônico tem se mostrado mais eficaz. Em diminuir o número de alunos em sala de aula ou colocar dois mestres por turma, o que não dá resultado. Em carregar nas ferramentas tecnológicas que não têm comprovação alguma, sem nem ao menos fazer uma escolha criteriosa do livro didático ou prescrever o bom e velho dever de casa, ambos com custo perto de zero e eficácia comprovada.

Muitos o fazem por desconhecimento e preguiça, outros por conveniências políticas, outros ainda por motivos inconfessáveis (não há fornecedor de dever de casa para dar uma mãozinha no financiamento da próxima campanha...). Mas, no frigir dos ovos, eles só podem se safar de sua irresponsabilidade porque sabem que grande parte dos eleitores está convencida de que fatos são criados de acordo com a intencionalidade de cada um e que, portanto, vontades são mais importantes do que resultados e que as boas intenções dos inventores de factoides compensam o divórcio entre seus objetivos e suas realizações. Mas os dados existem. A verdade existe. E até os pós-modernistas mostram saber disso. Cada vez que tomam um remédio ou visitam um médico para tratar de uma doença, em vez de consumir uma beberagem prescrita por um pajé, estão dando às próprias ideias a credibilidade que merecem. Ignoramos esses dados, e os muitos recados que nos mandam, por nossa conta e risco. Países não morrem nem vão à falência por teimar em ignorar a realidade. Mas podem estagnar ou retroceder, como mostra a história recente de alguns de nossos vizinhos. Se não acordarmos para a realidade, em breve haveremos de fazer-lhes companhia.


P.S.: Thomas Jefferson, um dos founding fathers dos EUA, escreveu que “onde a imprensa é livre, e todo homem capaz de ler, tudo está seguro”. Roberto Civita lutou para que cumpríssemos essas duas missões por toda a sua vida adulta. O Brasil perdeu um grande homem, mas o legado fica. Em boas mãos: a existência desta coluna, que irrita a tantos há anos, só é possível em uma organização que preza a verdade antes de agradar a leitores ou poderosos

domingo, 2 de junho de 2013

Agronegocio e ciencia: tudo o que o MST nao gosta; mas funciona...

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Agrárias põem Brasil entre universidades tops

USP é considerada 6ª melhor instituição do mundo na área no Urap; Unicamp aparece em 19ª posição no QS World

Ocimara Balmant e Paulo Saldana
O Estado de S. Paulo, 01 de junho de 2013
A vocação das terras brasileiras que encantaram colonizadores continua, após 500 anos, um grande diferencial do País - não apenas na balança comercial, mas também na academia. Pesquisas agrárias brasileiras conquistam destaque mundial e alçam as universidades do País a suas melhores posições em rankings internacionais.
Millor Fernandes do Rosário, pesquisador da Esalq-USP: pesquisa genética de frangos e ovos - Divulgação
Divulgação
Millor Fernandes do Rosário, pesquisador da Esalq-USP: pesquisa genética de frangos e ovos
As edições mais recentes do University Ranking by Academic Performance (Urap) e QS World University confirmam a força do setor. No primeiro ranking, a Universidade de São Paulo (USP) conquistou neste ano a 28.ª posição na classificação geral. Considerando apenas Agricultura e Ciências Ambientais, chegou ao 6.º lugar, atrás de quatro universidades americanas e uma holandesa.
A USP está na 139.ª posição no QS geral. Por área, a brasileira mais bem colocada é a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 19.º lugar em Agricultura e Silvicultura. Em 24.º, vem a USP.
Os rankings mapeiam, entre outros quesitos, a repercussão da produção científica e a reputação internacional. Nos dois levantamentos, as melhores brasileiras têm desempenho superior em agrárias do que na média geral.
O diálogo entre academia e agropecuária ajuda a explicar o desempenho. "Grande parte do PIB (Produto Interno Bruto) provém do agronegócio. Os rankings mostram que temos profissionalismo e rigor científico", diz Carlos Eduardo Pelegrino Serri, presidente da Comissão de Pesquisa da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), em Piracicaba.
Os pesquisadores se dedicam a encontrar soluções acadêmicas e práticas. Millor Fernandes do Rosário, de 35 anos, estudou por mais de dez na Esalq. Desde o doutorado, defendido em 2008, pesquisa genética de frangos para corte e postura de ovos. "Além do campo, quis trabalhar com a análise laboratorial de DNA, na procura de genes associados a determinadas características dos animais", diz ele, hoje docente da Universidade Federal de São Calos (UFScar).
Referência em pesquisa aplicada, o agrônomo Elibio Rech, de 51 anos, atua em Biologia Molecular. Fez doutorado na Inglaterra nos anos 1980 e voltou para a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Criou a primeira soja transgênica do Brasil, com a Basf. "O produto foi desenvolvido a partir de uma patente nossa e outra da empresa", diz ele, que também dá aulas na Universidade de Brasília (UnB).
A relação com o setor produtivo e o pioneirismo nas Engenharias de Alimentos e Agrícola elevam a Unicamp nos rankings, diz a pró-reitora de Pesquisa, Gláucia Pastore. "Temos muita relevância em inovação e criação de patentes no setor de alimentos, o mais competitivo da indústria brasileira."
Motivo de orgulho para a reitora da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Nilda Soares, a boa posição nos rankings - entre as cem melhores - foi divulgada em cartazes. "Queremos que nossos alunos se orgulhem de que estão na universidade que mais contribui para a produção no cerrado."
Referência. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, aponta a fundação da Embrapa, em 1973, como fundamental para que o País chegasse até aqui e pudesse comemorar. "O Brasil tem hoje liderança na agricultura tropical. Nossa força decorre do tamanho continental e das estratégias para a criação da Embrapa, de formar recursos humanos em outros países."
Serri, da Esalq-USP, também considera esse intercâmbio essencial. "A internacionalização faz com que a qualidade do produto final cresça e, consequentemente, aumente o número de citações de nossos pesquisadores em revistas científicas." O protagonismo na agricultura tropical, porém, tem invertido o fluxo do intercâmbio científico. "Antes, a gente tinha de insistir para conseguir parceiros. Hoje, podemos selecionar. Há meses em que recebemos mais de uma delegação por dia de reitores interessados em nosso trabalho", orgulha-se o pesquisador. 

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Salami science: quanto mais artigos melhor? - Fernando Reinach

Darwin e a prática da 'Salami Science'
Fernando Reinach
O Estado de São Paulo, 29/04/2013

Em 1985, ouvi pela primeira vez no Laboratório de Biologia Molecular a expressão "Salami Science". Um de nós estava com uma pilha de trabalhos científicos quando Max Perutz se aproximou. Um jovem disse que estava lendo trabalhos de um famoso cientista dos EUA. Perutz olhou a pilha e murmurou: "Salami Science, espero que não chegue aqui". Mas a praga se espalhou pelo mundo e agora assola a comunidade científica brasileira.
"Salami Science" é a prática de fatiar uma única descoberta, como um salame, para publicá-la no maior número possível de artigos científicos. O cientista aumenta seu currículo e cria a impressão de que é muito produtivo. O leitor é forçado a juntar as fatias para entender o todo. As revistas ficam abarrotadas. E avaliar um cientista fica mais difícil. Apesar disso, a "Salami Science" se espalhou, induzido pela busca obsessiva de um método quantitativo capaz de avaliar a produção acadêmica.
No Laboratório de Biologia Molecular, nossos ídolos eram os cinco prêmios Nobel do prédio. Publicar muitos artigos indicava falta de rigor intelectual. Eles valorizavam a capacidade de criar uma maneira engenhosa para destrinchar um problema importante. Aprendíamos que o objetivo era desvendar os mistérios da natureza. Publicar um artigo era consequência de um trabalho financiado com dinheiro público, servia para comunicar a nova descoberta. O trabalho deveria ser simples, claro e didático. O exemplo a ser seguido eram as duas páginas em que Watson e Crick descreveram a estrutura do DNA. Você se tornaria um cientista de respeito se o esforço de uma vida pudesse ser resumido em uma frase: Ele descobriu... Os três pontinhos teriam de ser uma ou duas palavras: a estrutura do DNA (Watson e Crick), a estrutura das proteínas (Max Perutz), a teoria da Relatividade (Einstein). Sabíamos que poucos chegariam lá, mas o importante era ter certeza de que havíamos gasto a vida atrás de algo importante.
Hoje, nas melhores universidade do Brasil, a conversa entre pós-graduandos e cientistas é outra. A maioria está preocupada com quantos trabalhos publicou no último ano - e onde. Querem saber como serão classificados. "Fulano agora é pesquisador 1B no CNPq. Com 8 trabalhos em revistas de alto impacto no ano passado, não poderia ser diferente." "O departamento de beltrano foi rebaixado para 4 pela Capes. Também, com poucas teses no ano passado e só duas publicações em revistas de baixo impacto..." Não que os olhos dessas pessoas não brilhem quando discutem suas pesquisas, mas o relato de como alguém emplacou um trabalho na Nature causa mais alvoroço que o de uma nova maneira de abordar um problema dito insolúvel.
Essa mudança de cultura ocorreu porque agora os cientistas e suas instituições são avaliados a partir de fórmulas matemáticas que levam em conta três ingredientes, combinados ao gosto do freguês: número de trabalhos publicados, quantas vezes esses trabalhos foram citados na literatura e qualidade das revistas (medida pela quantidade de citações a trabalhos publicados na revista). Você estranhou a ausência de palavras como qualidade, criatividade e originalidade? Se conversar com um burocrata da ciência, ele tentará te explicar como esses índices englobam de maneira objetiva conceitos tão subjetivos. E não adianta argumentar que Einstein, Crick e Perutz teriam sido excluídos por esses critérios. No fundo, essas pessoas acreditam que cientistas desse calibre não podem surgir no Brasil. O resultado é que em algumas pós-graduações da USP o credenciamento de orientadores depende unicamente do total de trabalhos publicados, em outras o pré-requisito para uma tese ser defendida é que um ou mais trabalhos tenham sido aceitos para publicação.
Não há dúvida de que métodos quantitativos são úteis para avaliar um cientista, mas usá-los de modo exclusivo, abdicando da capacidade subjetiva de identificar pessoas talentosas, criativas ou simplesmente geniais, é caminho seguro para excluir da carreira científica as poucas pessoas que realmente podem fazer descobertas importantes. Essa atitude isenta os responsáveis de tomar e defender decisões. É a covardia intelectual escondida por trás de algoritmos matemáticos.
Mas o que Darwin tem a ver com isso? Foi ele que mostrou que uma das características que facilitam a sobrevivência é a capacidade de se adaptar aos ambientes. E os cientistas são animais como qualquer outro ser humano. Se a regra exige aumentar o número de trabalhos publicados, vou praticar "Salami Science". É necessário ser muito citado? Sem problema, minhas fatias de salame vão citar umas às outras e vou pedir a amigos que me citem. Em troca, garanto que vou citá-los. As revistas precisam de muitas citações? Basta pedir aos autores que citem artigos da própria revista. E, aos poucos, o objetivo da ciência deixa de ser entender a natureza e passa a ser publicar e ser citado. Se o trabalho é medíocre ou genial, pouco importa. Mas a ciência brasileira vai bem, o número de mestres aumenta, o de trabalhos cresce, assim como as citações. E a cada dia ficamos mais longe de ter cientistas que possam ser descritos em uma única frase: Ele descobriu...