O BRICS pode virar uma casa de Mãe Joana, nessa próxima cúpula na África do Sul:
Brics recebeu 19 pedidos de adesão antes de cúpula na África do Sul
Representante sul-africano no Brics informou que o grupo debate a possibilidade de expandir membros antes da cúpula no país, em agosto
Ana Flávia Castro
Metrópoles, 25/04/2023
Os integrantes do grupo dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) receberam pelo menos 19 pedidos de adesão ao bloco econômico, segundo informou o representante da África do Sul para o Brics, Anil Sooklal. O tema será debatido em reunião com ministros das Relações Exteriores dos países membros, marcada para os dias 2 e 3 de junho na Cidade do Cabo.
A possibilidade de expansão é discutida de forma contundente desde a última cúpula na China, em 2022. O assunto, no entanto, é visto com ressalvas. Apesar de Pequim defender a entrada de outros países, os demais integrantes veem esse movimento com preocupação, pelos riscos envolvidos.
Segundo Sooklal, 13 países fizeram pedidos formais para entrar no grupo, enquanto outros seis realizaram consultas informais sobre o assunto. O Brics criou um grupo de trabalho especificamente para o tema, focado em estabelecer regras e diretrizes para uma eventual expansão.
“O que vai ser discutido é a expansão dos Brics e a forma como isso vai acontecer”, afirmou o diplomata sul-africano, em entrevista à imprensa local nessa segunda-feira (24/4). “Treze países pediram formalmente para aderir, e outros cinco ou seis fizeram consultas informais. Estamos recebendo pedidos todos os dias”, completou.
“Aumentar o número de membros é algo que, a princípio, os nossos líderes concordaram, mas estamos discutindo sobre como e quando isso ocorrerá”, prosseguiu.
A expansão do Brics começou em 201o, com a adesão da África do Sul ao grupo de países emergentes. Entre as nações que formalizaram os pedidos para entrar no bloco estão Irã, Emirados Árabes Unidos e Bahrein, na Ásia, Egito e Argélia, na África, e Argentina, na América Latina.
Impasse com a Rússia
A realização da próxima reunião dos Brics, entre os dias 22 e 24 de agosto na África do Sul, se tornou uma incógnita desde que o Tribunal de Haia emitiu um mandado de prisão contra o presidente da Rússia, Vladimir Putin, em março deste ano.
Por reconhecer a jurisdição da Corte, a África do Sul teria como obrigação prender e extraditar Putin para a Holanda, onde o líder russo seria julgado pelo Tribunal de Haia.
Com a situação delicada envolvendo o presidente da Rússia, o porta-voz da presidência afirmou que o governo de Cyril Ramaphosa busca “mais compromissos em termos de como isso será gerenciado”, e que assim que as negociações forem concluídas os anúncios necessários serão realizados.