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sábado, 23 de julho de 2016

Pensamento estrategico de Varnhagen: contexto e atualidade - Paulo Roberto de Almeida (livro Funag)

Meu trabalho publicado mais recente: 


1237. “O pensamento estratégico de Varnhagen: contexto e atualidade”, in: Sérgio Eduardo Moreira Lima (Org.). Varnhagen (1816-1878): diplomacia e pensamento estratégico (Brasília: Funag, 2016, 260 p.; ISBN: 978-85-7631-613-8; p. 125-197; disponível no site da Funag, link: http://funag.gov.br/loja/download/1156-varnhagen-1816-1878.pdf). Relação de Originais n. 2944.

Nota divulgada pela Funag: 

FUNAG publica:
“Varnhagen (1816-1878) Diplomacia e Pensamento Estratégico”

A FUNAG publicou, na coleção História Diplomática, o livro Varnhagen (1816-1878) - Diplomacia e Pensamento Estratégico, que reúne ensaios de historiadores e diplomatas a partir de pesquisas elaboradas para o Seminário sobre o assunto, organizado pela Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG), no Instituto Rio Branco (IRBr), em Brasília, em 1. de abril de 2016, para comemorar o bicentenário do nascimento do diplomata oitocentista brasileiro Francisco Adolfo de Varnhagen, conhecido também como Visconde de Porto Seguro.

É notória a importância de Francisco Adolfo de Varnhagen para a historiografia, embora seja menos conhecida sua contribuição à diplomacia brasileira. Por essa razão, a Fundação, em parceria com o IRBr, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e a Universidade de Brasília (UnB), tomou a iniciativa de realizar debate sobre o tema da Diplomacia e Pensamento Estratégico na concepção de Varnhagen e sobre sua participação, durante o Império, no avanço e formulação da ideia de transferência da capital para o Planalto Central.

Apresentado pelo chanceler José Serra e prefaciado por Sérgio Eduardo Moreira Lima, o livro é composto de ensaios de autoria de diplomatas e historiadores, como Arno Wehling (Integridade e integração nacional: duas ideias-força de Varnhagen); Luiz Felipe de Seixas Corrêa (Varnhagen: a formação do Brasil vista de ‘fora’ e de ‘dentro’); Synésio Sampaio Góes Filho (A geração de Varnhagen e a definição do espaço brasileiro); Carlos Henrique Cardim (O descobridor de Brasília: Varnhagen, ideólogo da modernização); Paulo Roberto de Almeida (O pensamento estratégico de Varnhagen: contexto e atualidade”) e Luís Cláudio Villafañe Gomes Santos (Varnhagen e a América do Sul).

O patrono da historiografia brasileira teve o mérito, como diplomata e homem público, de pensar o Brasil de uma perspectiva geopolítica e geoestratégica. Para ele, a ação diplomática deveria orientar-se nessa direção, como instrumento na realização de propósitos que levariam ao ideal de grandeza nacional. (trecho baseado no Prefácio da obra)

A obra está disponível para download gratuito na Biblioteca Digital da FUNAG. 

A obra reúne ensaios de historiadores e diplomatas a partir de pesquisas elaboradas para o Seminário sobre o assunto, organizado pela Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG), no Instituto Rio Branco (IRBr), em Brasília, em abril de 2016, para comemorar o bicentenário do nascimento do diplomata oitocentista brasileiro Francisco Adolfo de Varnhagen, conhecido também como Visconde de Porto Seguro.
É notória a importância de Francisco Adolfo de Varnhagen para a historiografia, embora seja menos conhecida sua contribuição à diplomacia brasileira. Por essa razão, a Fundação, em parceria com o IRBr, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e a Universidade de Brasília (UnB), tomou a iniciativa de realizar debate sobre o tema da Diplomacia e Pensamento Estratégico na concepção de Varnhagen e sobre sua participação, durante o Império, no avanço e formulação da ideia de transferência da capital para o Planalto Central.
Apresentado pelo chanceler José Serra e prefaciado por Sérgio Eduardo Moreira Lima, o livro é composto de ensaios de autoria de diplomatas e historiadores, como Arno Wehling (Integridade e integração nacional: duas ideias-força de Varnhagen); Luiz Felipe de Seixas Corrêa (Varnhagen: a formação do Brasil vista de ‘fora’ e de ‘dentro’); Synésio Sampaio Góes Filho (A geração de Varnhagen e a definição do espaço brasileiro); Carlos Henrique Cardim (O descobridor de Brasília: Varnhagen, ideólogo da modernização); Paulo Roberto de Almeida (O pensamento estratégico de Varnhagen: contexto e atualidade”) e Luís Cláudio Villafañe Gomes Santos (Varnhagen e a América do Sul).
O patrono da historiografia brasileira teve o mérito, como diplomata e homem público, de pensar o Brasil de uma perspectiva geopolítica e geoestratégica. Para ele, a ação diplomática deveria orientar-se nessa direção, como instrumento na realização de propósitos que levariam ao ideal de grandeza nacional.  

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Varnhagen (1816-1878): Diplomacia e Pensamento Estratégico - livro Funag

Ufa! Terminei a minha parte, de revisão e de conformidade dos textos a determinados padrões -- embora se necessite ainda de um bom trabalho de revisão editorial -- dos materiais relativos ao livro que agora está entregue aos cuidados da Fundação Alexandre de Gusmão.
A capa será uma derivação dessa provisória que aí está: as datas extremas serão as da vida de Varnhagen, e pronto.
Como não pretendo mais modificar o meu texto até a publicação, já torno o arquivo de meu capítulo livremente disponível, neste link de Academia.edu:
https://www.academia.edu/24088709/O_pensamento_estrategico_de_Varnhagen_contexto_e_atualidade
Paulo Roberto de Almeida 
Varnhagen (1816-1878)

Diplomacia e pensamento estratégico
Sérgio Eduardo Moreira Lima

(Organizador)
Brasília: Funag, 2016
 

Acabemos pois com as adulações, que elas, longe de fomentar o patriotismo, ocasionam a incúria e o desleixo. Se acaso censurais ou lamentais este ou aquele vício na administração, este ou aquele cancro consumidor do país, nunca faltará uma voz que vos diga: “Ora! O país é grande: temos muitos recursos: no futuro seremos e aconteceremos etc. ...” Desgraçados! E que havemos de ser, se não pomos de nossa parte os meios? (...) Porventura a natureza portentosa do Brasil já não era a mesma na época do descobrimento?

Memorial Orgânico que à consideração das Assembleias Gerai e provinciais do Império apresenta um brasileiro
Dado à luz por um amante do Brasil
[Francisco Adolfo de Varnhagen]
 (edição incógnita, impressa em Madri, em 1849, capítulo primeiro: “Alguns enunciados”).
 
Sumário
  
Apresentação
Ministro de Estado das Relações Exteriores
Prefácio
       Sérgio Eduardo Moreira Lima

1. Integridade e integração nacional: duas ideias-força de Varnhagen
       Arno Wehling
2. Varnhagen: A formação do Brasil vista de “fora” e de “dentro”
       Luiz Felipe de Seixas Corrêa
3. A geração de Varnhagen e a definição do espaço brasileiro
       Synesio Sampaio Goes Filho
4. O descobridor de Brasília: Varnhagen, ideólogo da modernização
       Carlos Henrique Cardim
       Paulo Roberto de Almeida
6. Varnhagen e a América do Sul
       Luis Cláudio Villafañe Gomes Santos

Minibiografia de Francisco Adolfo de Varnhagen
Bibliografia essencial de e sobre Varnhagen
Notas sobre os autores
=========
Um extra, aliás dois: 


Minibiografia de Francisco Adolfo de Varnhagen

            Varnhagen, considerado o patrono da historiografia brasileira, nasceu em 17 de fevereiro de 1816, nas cercanias de Sorocaba, onde seu pai, um engenheiro militar alemão casado com uma portuguesa, tinha vindo participar do estabelecimento da fábrica de ferro de São João de Ipanema. Levado cedo para Portugal pela família, em 1821, fez estudos no Real Colégio Militar e, no início dos anos 1830, serviu nas tropas de D. Pedro IV (Pedro I no Brasil), nas lutas que este empreendeu contra o irmão usurpador, D. Miguel, de tendências absolutistas.
Paralelamente à sua breve carreira militar, Varnhagen adquiriu o gosto por pesquisas históricas, e desde cedo começou a pesquisar, nos arquivos portugueses, o itinerário do Brasil desde os descobrimentos, começando pela publicação de uma nota crítica sobre a primeira história do Brasil, de autor até ali não determinado (Gabriel Soares de Souza: Notícia do Brasil, de 1587): foi o seu primeiro trabalho, publicado na Academia de Lisboa em 1839, ao qual se seguiu outra nota sobre a identificação do jazigo do descobridor, Pedro Alvares Cabral, publicada em1840 na revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, fundado dois anos antes. Imediatamente após decide retornar ao Brasil, e consegue, depois de certo esforço, sua naturalização por decreto do jovem imperador, em 1844. Por meio de sua vinculação aos estudos históricos com foco em seu país de nascimento, que então começavam a ser estimulados pelo IHGB (do qual se torna secretário desde 1841), Varnhagen obtém uma oportuna designação na carreira diplomática para fazer pesquisas sobre a história colonial do Brasil nos arquivos de Portugal e da Espanha.
Em 1849 publica anonimamente o “Memorial Orgânico”, um alentado conjunto de propostas para “civilizar” o Brasil, prevendo ações diplomáticas na delimitação das fronteiras, propondo a transferência da capital para o interior, medidas práticas para melhorar a infraestrutura, o desenho de uma nova organização administrativa (baseada no modelo dos departamentos franceses), a elaboração de uma doutrina da defesa para o país e a criação de territórios militares nas fronteiras, bem como a solução da heterogeneidade da população pela integração progressiva de negros escravos e de índios à sociedade nacional e a promoção acelerada da imigração europeia.
Sua grande obra, contudo, são os dois volumes da História Geral do Brasil até a independência, publicados entre 1854 e 1857 (com apenas uma segunda edição em vida, em 1877), que lhe granjeariam um lugar de destaque na historiografia nacional. Um volume adicional, sobre a independência, seria publicado apenas postumamente, pelo IHGB, em 1916, com notas do Barão do Rio Branco e de outros historiadores do Instituto. No início da segunda metade do século XIX, serve em diversos postos da América andina (em 1858 brevemente no Paraguai, e depois na Venezuela, Peru e Chile), casa-se com uma dama da sociedade chilena, em 1864, e consegue  ser nomeado ministro plenipotenciário do Brasil na capital do império Austro-Húngaro (1868). Foi agraciado pelo Imperador com o título de Barão, e depois Visconde, de Porto Seguro, uma homenagem a suas pesquisas em torno do descobrimento do Brasil.
Já com 61 anos, e ministro do Brasil em Viena, empreende uma penosa viagem exploratória ao planalto central, em 1877, para localizar exatamente o local da futura nova capital do Brasil, tal como tinha proposto no Memorial de 1849, na confluência das três grandes bacias hidrográficas, do Amazonas, do Prata e do São Francisco, e próximo à cidade de Formosa, em Goiás. Publicou, logo em seguida, ao retornar a Viena, seu opúsculo, praticamente o último de sua vida, sobre a mudança da capital (1878). Veio a falecer em Viena, um ano depois, tendo seu corpo sido enterrado no Chile e trasladado ao Brasil apenas cem anos depois de seu falecimento. “Natural de Sorocaba”, como ele se identificava, foi finalmente homenageado com novo traslado de seus restos mortais para a região que o viu nascer.
Postumamente foi publicada, pelo IHGB, em 1916, sua História da Independência, com notas de Rio Branco e de diversos historiadores do IHGB ao manuscrito deixado pelo historiador-diplomata. Sua biblioteca, espalhada em diversas capitais, foi adquirida parcialmente pelo Barão do Rio Branco e pelo bibliófilo Rubens Borba de Moraes (depois incorporada à Brasiliana de José Mindlin). Muitas de suas grandes obras podem ser encontradas em forma digitalizada nessa Brasiliana Mindlin, que encontra-se depositada na Universidade de São Paulo (http://www.brasiliana.usp.br/).

Paulo Roberto de Almeida
[Brasília, 3 de maio de 2016]


Bibliografia essencial de e sobre Varnhagen



Seleção de obras de Francisco Adolfo de Varnhagen:

1839: Reflexões críticas sobre o escrito do século XVI impresso com o título de Notícia do Brasil. Lisboa: Tipografia da Academia, 120 p.
1840: O Descobrimento do Brasil. Rio de Janeiro: Tip. Villeneuve, 70 p.
1840: “Descobrimento do jazigo de Pedro Alvares Cabral”. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Tomo II, 1ro. trimestre, n. 5, p. 139-141.
1840: “Memória sobre a necessidade do estudo e ensino das línguas indígenas do Brasil”. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Tomo III, Abril, n. 9, p. 53-63.
1845: Épicos brasileiros. Lisboa: Imprensa Nacional, 449 p.
1845: As primeiras negociações diplomáticas respectivas ao Brasil. Rio de Janeiro: Tipografia Laemmert.
1846: “Fragmentos que existem na Torre do Tombo das instruções dadas por El Rei D. Manoel a Pedro Alvares Cabral, quando chefe da armada, que indo à Índia descobriu casualmente o Brasil”. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Tomo VIII, Abril, n. 9, p. 53-63.
1848: “O Caramuru perante a história”. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Tomo X, 2o. trimestre, p. 129-152.
1849: Memorial Orgânico que à consideração das assembleias geral e provinciais do Império do Brasil, apresenta um brasileiro. Parte I - S.l.: S.ed., 49 p.
1850: Memorial Orgânico, Parte II – Em que se insiste sobre a adoção de medidas de maior transcendência para o Brasil. Madri: Viuva D. R. J. Dominguez, 16 p.
1850: Florilégio da poesia brasileira, ou coleção das mais notáveis composições dos poetas brasileiros falecidos... Tomos I-II – Lisboa: Imprensa Nacional; Tomo III – Madri: Imprensa de V. De D. Rodriguez, 1853.
1851: Tratado descritivo do Brasil em 1587, obra de Gabriel Soares de Souza. Rio de Janeiro: Tipografia Laemmert, 422 p.; nova edição: Rio de Janeiro: Tipografia de João Inácio da Silva, 1879, 382 p.
1854: Historia Geral do Brazil, isto é, do descobrimento deste Estado, hoje imperio independente, escripta em presença de muitos documentos authenticos recolhidos nos archivos do Brazil, de Portugal, da Hespanha e da Hollanda. Por um sócio do Instituto Histórico do Brazil, Natural de Sorocaba. Madrid: vol. I, Imprensa de V. Dominguez; disponível na Biblioteca Brasiliana Mindlin (link: http://www.brasiliana.usp.br/handle/1918/01818710); vol. II, Madri: Imprensa de J. Del Rio, 1857; disponível na Biblioteca Brasiliana Mindlin (link: http://www.brasiliana.usp.br/handle/1918/01818720).
1858: Vespuce et son premier voyage ou notice d’une découverte et exploration primitive du Golfe du Mexique et des côtes des États-Unis en 1497 et 1498, avec le texte de trois notes de la main de Colomb. Paris: Bulletin de la Société de Geographie, 31 p.
1865: Amerigo Vespucci: son caractère, ses écrits (même les moins authentiques), sa vie et des navigations... Lima: Imprimerie du Mercurio, 119 p.
1871: História das lutas com os holandeses no Brasil desde 1624 a 1654. Viena: Imp. De Carlos Finsterbeck, xxix + 365 p.; nova edição melhorada e acrescentada: Lisboa: Tip. De Castro Irmão, 1872 (edições subsequentes no Brasil).
1873: “Primeiras explorações da costa brasileira de 1501 a 1506” (páginas inéditas da 2a edição da História Geral do Brasil). Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Tomo XXXVI, 3ro. trimestre, p. 55-63.
1876: L’Origine Touranienne des Américains Tupis-Caribes et des Anciens Egyptiens... Viena: Librairie Faesy & Frick.
1877: Historia Geral do Brazil, antes da sua separação e independência de Portugal. Pelo Visconde de Porto Seguro, Natural de Sorocaba. 2a edição, 2 vols.; Muito aumentada e melhorada pelo autor. Viena: Imprensa do filho de Carlos Gerold, 1877; disponível na Biblioteca Brasiliana Mindlin (link: http://www.brasiliana.usp.br/handle/1918/01819210).
1877: A questão da capital: marítima ou no interior?. Viena: C. Gerold, 32 p.; edição fac-similar: Brasilia: Thesaurus, 1978.

1916: História da Independência do Brasil, até ao reconhecimento pela antiga metrópole..., Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Tomo LXXIX, P. I.
1938: História da Independência do Brasil, até ao reconhecimento pela antiga metrópole..., Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, vol. 175.

1961: Correspondência Ativa (org. de Clado Ribeiro Lessa), Rio de Janeiro: INL.
1975: História Geral do Brasil. São Paulo: Melhoramentos.
2005: Missão nas Repúblicas do Pacífico: 1863 a 1867, Rio de Janeiro: Funag; introdução de Arno Wehling.
2013: “Memorial Orgânico”, edição atualizada por Arno Wehling; in: Raquel Glezer e Lucia Guimarães (coords.), Francisco Adolfo de Varnhagen, Rio de Janeiro: Fundação Miguel de Cervantes, p. 160-201.


Seleção de obras sobre Varnhagen:

Abreu, J. Capistrano de (1908). Capítulos de História Colonial (1500-1800). Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, domínio público (disponível: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000062.pdf; acesso em 2/05/2016).
Cezar, Temístocles (2007). “Varnhagen em Movimento: breve antologia de uma existência”. In TOPOI: Revista do Programa de Pós-Graduação em História Social da UFRJ.  Rio de Janeiro: IFCS-UFRJ, v. 8, nº 15, jul-dez., p. 159-207.
Fleury, Renato Sêneca (1978). Francisco Adolfo de Varnhagen, Visconde de Porto Seguro: biobibliografia do Pai da nossa História. Rio de Janeiro: Edição do Autor.
Fontes, Armando Ortega (1945). Bibliografia de Varnhagen. Rio de Janeiro: Ministério das Relações Exteriores, Comissão de Estudo dos Textos da História do Brasil.
Governo do Distrito Federal (1987). Relatório da Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil – Relatório Cruls. Brasília. GDF.
Horch, Hans (1982). Francisco Adolfo de Varnhagen: subsídios para uma bibliografia. São Paulo: Editoras Unidas (505 trabalhos arrolados).
Iglésias, Francisco (2000). Historiadores do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
Janke, Leandro Macedo (2009). Lembrar para Mudar: O Memorial Orgânico de Varnhagen e a Constituição do Império do Brasil como uma Nação Compacta, Rio de Janeiro: Dissertação de Mestrado defendida na PUC-Rio, orientador: Ilmar Rohloff de Mattos (disponível: http://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/Busca_etds.php?strSecao=resultado&nrSeq=15063@1; acesso em 20/12/2015).
Lacombe, Américo Jacobina (1967). “As ideias políticas de Varnhagen”, Revista do IHGB, n. 175.
Lessa, Clado Ribeiro de (org.) (1961); Varnhagen, Francisco Adolfo de. Correspondência Ativa. Rio de Janeiro: INL.
_______ (1954). “Vida e Obra de Varnhagen – 3º Capítulo”. In Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Rio de Janeiro, nº 255, p. 120-293.
Magalhães, Basílio de (1928). Francisco Adolfo de Varnhagen. Rio de Janeiro, Imprensa Nacional.
Odália, Nilo (1997). As Formas do Mesmo: ensaios sobre o pensamento historiográfico de Varnhagen e Oliveira Vianna. São Paulo: Fundação Editora da Unesp.
_______ (1979). Varnhagen. São Paulo: Ática.
Oliveira Lima, Manuel de (1903). Elogio de Francisco Adolfo de Varnhagen, Visconde de Porto Seguro, discurso de posse na Academia Brasileira de Letras (disponível em: http://www.academia.org.br/academicos/oliveira-lima/discurso-de-posse, acesso em 05/04/2016).
Pimentel, José Vicente de Sá (2013). Pensamento Diplomático Brasileiro. Brasília: Funag, 1o. vol.: capítulo sobre Varnhagen, a cargo de Arno Wehling.
Reis, José Carlos (1999). As identidades do Brasil. De Varnhagen a FHC. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas.
Porto Seguro, Xavier de Varnhagen, Vicomte de (1896). Mémoires de Xavier de Porto-Seguro / recueillis et mis en ordre, par Hippolyte Buffenoir. Paris: Aux Bureaux de la Revue de la France Moderne (disponível: http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k5557409v; acesso: 2/05/2016).
Reis, José Carlos (2006). As identidades do Brasil: de Varnhagen a FHC. 8a. ed.; Rio de Janeiro: Editora da FGV.
Vieira, Celso (1923). Varnhagen, o homem e a obra. Rio de Janeiro: Álvaro Pinto Editor (conferência promovida pelo Instituto Varnhagen e realizada no Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro, em 17 de fevereiro de 1923)
Wehling, Arno (1999). Estado, História, Memória. Varnhagen e a construção da identidade nacional. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
__________ (2002). “Varnhagen, história e diplomacia”. In: Costa e Silva, Alberto (org.) O Itamaraty na cultura brasileira. Rio de Janeiro” Francisco Alves.
_________ (2005). Introdução. Atuação diplomática de Varnhagen no Peru, Chile e Equador, in Francisco Adolfo de Varnhagen. Missão nas Repúblicas do Pacífico: 1863 a 1867, Rio de Janeiro: Funag, p. 7-28.
_________ (2013). “O conservadorismo reformador de um liberal: Varnhagen, publicista e pensador político”, in: Guimarães, Lucia Maria Paschoal; Glezer, Raquel (coords.). Varnhagen no Caleidoscópio. Rio de Janeiro: Fundação Miguel de Cervantes, p. 160-201.
_________ (2013). “Uma proposta para o Brasil em meados do século XIX”, Carta Mensal. Rio de Janeiro: Confederação Nacional do Comércio, julho, p. 3-17.
_________ (2013). “Francisco Adolfo de Varnhagen (Visconde de Porto Seguro): pensamento diplomático”, In: José Vicente Pimentel (org.), Pensamento Diplomático Brasileiro: Formuladores e Agentes da Política Externa (1750-1964). Brasília: Funag, 2013, 3 vols.; vol. 1, p. 195-226 (disponível: http://funag.gov.br/loja/index.php?route=product/product&product_id=507&search=Pensamento+Diplom%C3%A1tico+Brasileiro).

sábado, 18 de julho de 2015

O Direito do Mar, um livro de Wagner Menezes (Funag)

Meu amigo Wagner Menezes, professor na USP, discípulo de Marotta Rangel, assina este livro de síntese sobre a regulação multilateral do Direito Marítimo. Ainda não li e não recebi, mas já sei que é bom. Recomendo, sobretudo porque pode ser descarregado gratuitamente no site da Funag.
Paulo Roberto de Almeida

FUNAG publica, na Coleção Em Poucas Palavras, o estudo
O Direito do Mar
Wagner Menezes
Brasília: Funag, 2015, 238 p.


A FUNAG publicou, na coleção Em Poucas Palavras, a obra “O Direito do Mar”. Trata-se de um estudo sistematizado e objetivo sobre Direito do Mar, na expressão do autor marco jurídico normativo global, estabelecido a partir da Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar. O livro é assinado pelo professor Wagner Menezes, da Universidade de São Paulo (USP).

Segundo ele, os espaços marítimos possuem uma relação simbiótica com a história civilizacional humana. Esses espaços apresentam crescente importância estratégica política e funcionam como ambiente das inter-relações globais de comunicação e fonte de recursos econômicos e energéticos essenciais para a manutenção da vida no planeta. A obra contribui para o conhecimento da regulamentação dessas inter-relações.

O estudo está disponível para download gratuito no site da FUNAG e também pode ser adquirido na loja virtual ou no estande promocional da Fundação, situado no Anexo II do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília.

terça-feira, 16 de junho de 2015

Dom Pedro II, Imperador do Brasil - Benjamin Mosse (na verdade Rio Branco) - livro Funag

FUNAG lança Dom Pedro II, Imperador do Brasil

Embora existam várias biografias de Dom Pedro II, apenas uma foi revista e reescrita pelo barão do Rio Branco. Esse fato distingue o trabalho e o torna único em vários aspectos, inclusive ao permitir ao verdadeiro autor expressar seu pensamento a respeito do Segundo Reinado sem precisar identificar-se, o que poderá ter sido providencial para o futuro chanceler, cujas vitórias diplomáticas acabariam concorrendo para legitimar a República.
No exame dos registros e manifestações de tantos memorialistas e historiadores, e no imaginário coletivo, observa-se hoje a consolidação de um juízo favorável a D. Pedro II, como um homem ético, erudito, pesquisador, imbuído de sentido de missão, cujo comportamento austero marcou seus quase cinquenta anos à frente do Império. Durante esse período, concorreu para a consolidação do Estado, a preservação de sua integridade territorial, a formação do povo e a construção de uma identidade nacional. Contribuiu, enfim, para o apogeu da monarquia e vivenciou, de forma surpreendente, o seu colapso.
 

A FUNAG lançou o livro “Dom Pedro II, Imperador do Brasil”, de Benjamin Mossé (revisto e reescrito pelo Barão do Rio Branco). Trata-se de um ensaio biográfico sobre o monarca brasileiro, centrado na análise política dos quase cinquenta anos de seu Reinado. Benjamin Mossé, grande rabino de Avignon, era intelectual e escritor francês conhecido na Europa no século XIX.

O livro foi originalmente lançado em francês, em agosto de 1889. A reedição, ora publicada pela Fundação Alexandre de Gusmão, tomou por base a primeira versão em português, datada de 1890.

A importância da obra está sobretudo no fato de ter sido reescrita pelo barão do Rio Branco, considerado por seus biógrafos, o verdadeiro autor. Esse fato distingue o trabalho e o torna único em vários aspectos, inclusive ao permitir ao verdadeiro autor expressar seu pensamento a respeito do Segundo Reinado sem precisar identificar-se. A iniciativa é um tributo ao patrono da diplomacia brasileira e também ao biografado, Dom Pedro II.

Em julho, a FUNAG realizará a cerimônia de lançamento do livro no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no Rio de Janeiro.

O livro já está disponível no portal da FUNAG para download gratuito e pode ser adquirido na loja virtual ou no estande promocional da Fundação, situado no Anexo II do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Luis Cláudio Villafañe: A America do Sul no discurso diplomatico brasileiro (livro)

Uma tese, que eu já conhecia quando de sua apresentação no âmbito do Curso de Altos Estudos do Itamaraty, agora transformada em livro e publicada pela Funag, e que recomendo:

Luis Cláudio Villafañe Gomes Santos:
A América do Sul no Discurso Diplomático Brasileiro
(Brasíla: FUNAG, 2014; 248 p. – Coleção CAE; ISBN: 978-85-7631-525-4)




Disponível no site da Funag: http://funag.gov.br/loja/index.php?route=product/product&product_id=589


Em A América do Sul no Discurso Diplomático Brasileiro o diplomata e historiador Luís Cláudio Villafañe G. Santos discute, com grande rigor analítico e solidez conceitual, a vertente sul-americana da identidade internacional do Brasil, um tema central da política externa brasileira do século XXI. A partir de uma densa discussão teórica, o autor resgata a história da ideia de América do Sul e discute sua ausência ou presença, e em que termos, no discurso diplomático brasileiro, desde o século XIX. Uma ênfase especial fica por conta da apropriação desse conceito nos governos dos Presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.
Nas palavras do Embaixador Gelson Fonseca Jr., “a conclusão inevitável é a de que, hoje, conhecer a o obra de Luís Cláudio é fundamental para o estudioso da diplomacia brasileira”.

Sumário

Prefácio
Introdução.

1. Geografia e Identidade: América, América Latina, Terceiro Mundo, Ocidente ou América do Sul?
1.1 Identidades internacionais, identidades americanas  
1.2 Os conceitos e sua história
1.3 América Latina como contraconceito assimétrico

2. Identidades Cambiantes: uma revisão histórica
2.1 O Império brasileiro e o “outro” hispano­americano
2.2 A República e a opção pelo americanismo
2.3 O Barão, o ABC e a América do Sul
2.4 A Primeira Guerra Mundial e o alinhamento aos Estados Unidos
2.5 O Brasil e a Liga das Nações
2.6 A Era Vargas
2.7 Americanismo e Guerra Fria
2.8 A Operação Pan­Americana
2.9 A Política Externa Independente e a identidade internacional do Brasil
2.10 Governos Militares: dos círculos concêntricos ao pragmatismo responsável
2.11 A Nova República e a integração latino­americana.109

3. As Reuniões de Presidentes da América do Sul
3.1 Um novo cenário internacional
3.2 O Presidente Itamar Franco e a proposta de Alcsa
3.3 O Presidente Fernando Henrique Cardoso e o conceito de América do Sul
3.4 As Reuniões de Presidentes da América do Sul

4. Governo Luiz Inácio Lula da Silva e a Prioridade SulAmericana
4.1 Uma nova política externa
4.2 Identidade americana, latino­americana e sul­americana
4.3 Um balanço provisório ao fim dos dois primeiros anos do governo Lula
Conclusões
Referências 

APRESENTAÇÃO
GELSON FONSECA JÚNIOR

         Apesar de ter sido escrito em 2005 e com o objetivo específico de preencher um requisito para a promoção na carreira diplomática, o livro A América do Sul no Discurso Diplomático Brasileiro, ganhou interesse e atualidade. O passar do tempo mostrou o acerto de Luís Cláudio Villafañe Gomes Santos na escolha do tema que se tornou, como ele já vislumbrava, primeira prioridade na estratégia diplomática brasileira. O livro, ao mostrar as raízes de uma opção diplomática, permite compreendê-la melhor e ter instrumentos para avaliá-la. Os muitos méritos do livro e, portanto, as razões para lê-lo não surpreendem. Aliás, só confirmam, mais uma vez, o lugar de Luís Cláudio entre os mais rigorosos e criativos estudiosos da história da diplomacia brasileira.
         Para quem examina a obra de Luís Cláudio Villafañe, um dos traços que primeiro chama atenção é sua inteligência na escolha de seus “objetos de pesquisa”. Devemos a ele, em um dos seus primeiros trabalhos, a tese de mestrado, publicada em 2002, O Império e as Repúblicas do Pacífico: as relações do Brasil com o Chile, Bolívia, Peru e Equador e Colômbia (1822-1889), uma renovação dos estudos sobre a diplomacia brasileira no século XIX, quando “redescobre” uma área esquecida. De fato, a tradição historiográfica se centrava, naturalmente, no Prata, mas, ao mostrar o outro lado da presença latino-americana do Brasil, Luís Cláudio trouxe uma contribuição única e inédita para a reflexão sobre o Brasil no continente. O estudo da diplomacia brasileira no século XIX se completa com outro texto notável, O Brasil entre a América e a Europa, que lida, entre outros, com o tema da rejeição brasileira às tentativas, promovidas pelos vizinhos, de reuniões multilaterais, no plano regional. Para entender a posterior aceitação brasileira do multilateralismo, já sob a égide do pan-americanismo, o texto de Luís Cláudio é indispensável. Esses livros e textos articulam as sólidas bases para a reflexão de Villafañe sobre a diplomacia brasileira nas Américas.
         Em dois livros mais recentes, o mesmo sentido inovador se exprime com a madura reflexão que faz Luís Cláudio Villafañe para interpretar o papel da inserção internacional na configuração de uma identidade brasileira: O Dia em que adiaram o Carnaval: política externa e a construção do Brasil e O Evangelho do Barão. Não por acaso, Matias Spektor, sobre o último, disse, com razão, que o Evangelho “é um sopro de lucidez” e que corresponde, diante das biografias “tradicionais”, a um “corretivo necessário, põe em perspectiva o que houve de incoerente, inseguro e pretensioso na trajetória do Barão, sem reduzir a genialidade do homem e de seu projeto político”. Assim, ao lembrar esses textos, a conclusão inevitável é a de que, hoje, conhecer a obra de Luís Cláudio é fundamental para o estudioso da diplomacia brasileira.
         Neste livro, que agora apresento, os estudiosos em relações internacionais e, além deles, os que se interessam sobre a construção da identidade brasileira, têm muito a ganhar. A escolha do tema amplia e renova as formas tradicionais de pensar o Brasil nas Américas. Luís Cláudio Villafañe mostra, com clareza e competência, como se constrói um espaço de atuação diplomática. A geografia é um dado, fixo; assim, a questão é narrativa que dela se extrai. Neste sentido, mostra, como passo preliminar do seu estudo, como se desenvolve, no plano conceitual, a começar ainda no século XIX; a criação de uma determinada ideia de América Latina e como o conceito ganha autonomia. É notável a precisão e a concisão com que revê as origens e a formação do conceito: lembra Torres Caicedo, Sarmiento, Marti, Rodó, sublinha as diferenças entre as perspectivas autonomistas, que buscavam um espaço próprio para as nações latino-americanas, e as ocidentalistas, que incluíam a América Latina no espaço americano, com o referencial necessário dos Estados Unidos, lembrando que “dentro do espaço criado por elas, ocorreram os grandes debates sobre a construção de uma identidade latino-americana a partir da própria América Latina” (p. 40). Mostra que só se pode falar na consolidação do conceito de América Latina após a Segunda Guerra Mundial, em especial com a fundação da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e indica que a consolidação define a América Latina como um “contraconceito assimétrico à leitura que os Estados Unidos fazem de sua própria sociedade”. Chegando ao presente, e voltando-se para o quadro das relações internacionais, mostra que a incorporação da América do Sul como eixo do discurso (e ação) da diplomacia brasileira nasce em parte como contraponto às propostas americanas de uma área de livre-comércio para o continente, a Alca. Aliás, as reuniões pan-americanas foram paradoxalmente uma plataforma para que a América Latina identificasse interesses próprios, como a própria defesa da norma da não intervenção, que, ao longo de “nossa história diplomática, a referência à nossa condição de nação americana e suas variações (latino-americana, sul-americana) sempre foi um dos elementos centrais da identidade internacional” do país, são circunstâncias históricas que explicam o resgate do conceito e a busca de meios para operacionalizá-lo.
         Como diz, em sua esclarecedora introdução teórica, “As identidades, em qualquer nível, são contingentes e históricas – produzidas por um sistema de relações sociais e não de condições naturais (biológicas, geográficas ou de qualquer outra natureza). As identidades (sejam elas pessoais, de grupos ou de nações) são construídas dentro desse espaço de relações e diferenças, sendo sua definição o resultado de um jogo entre as distintas identidades que configuram um determinado sistema social. Seus conteúdos e suas funções sociais têm um caráter essencialmente histórico, o que nos remete à tarefa de estudá-las desde uma perspectiva mais abrangente” (p. 48). Os fundamentos teóricos do trabalho de Luís Cláudio vão naturalmente além disto. Aliás, merecem uma leitura atenta as observações que faz sobre os modos de construção conceitual dos discriminados, dos que não têm poder, dos que estão, no caso da diplomacia, à margem das relações de poder. Na realidade, o livro é impecável metodologicamente. O objeto está bem delimitado, o discurso diplomático, as fontes, primárias e secundárias, são utilizadas com habilidade e sempre de forma a revelar e enriquecer o objeto.
         Assim, a vizinhança sul-americana é a circunstância necessária da atuação do Brasil. Mas, é o interesse político que cria a “identidade sul-americana” e consequentemente define o espaço para a atuação diplomática “positiva”. A diferença de perspectivas entre a atitude do Império de distância dos vizinhos, marcada por contrapontos, e a da República é notável e movida, afinal, por fatores políticos, especialmente nos momentos iniciais da República, e, depois, paulatinamente, por objetivos mais complexos, especialmente de ordem econômica. Na primeira reunião de Presidentes sul-americanos, em 2000, convocada pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso, a dimensão de integração física era nítida e ampliava o percurso iniciado com o Mercosul.
         Vale notar, ainda, se viermos para os tempos recentes, a partir da aceitação da América do Sul como espaço privilegiado de atuação, as formas de atuar podem ser substancialmente diferentes, como Luís Cláudio Villafañe mostra quando compara a diplomacia dos Presidentes Fernando Henrique e Lula.
         História conceitual corre ao lado da história diplomática, não a explica totalmente, mas é indispensável para entender as opções, alternativas e variantes dos atores, a começar pelos presidentes e chanceleres. Como o autor diz com razão, “A identidade internacional do Brasil, ainda que tenha fortes elementos de permanência, está continuamente sendo reconstruída e reinventada” (p. 179). Assim, ao leitor, se revela, com clareza, a maneira como surge, se desenvolve a ideia de América do Sul e as possibilidades de seu emprego político. Circunstâncias modelam a criação da ideia que, uma vez introduzida no discurso diplomático, passa a ser uma circunstância que passa a delimitar a própria atividade diplomática. Se somos sul-americanos, a que nos obriga essa condição? O que nos beneficia? Luís Cláudio Villafañe não responde a essas perguntas, que exigiriam ir além do que se propôs, mas, com a clara base em que formula a identidade sul-americana, as respostas ganham um apoio consistente.
         O trabalho de Luís Cláudio Villafañe traz interpretação, sempre criativa e segura, das fontes, virtude essencial para a consistência do estudo historiográfico. Chama atenção a maneira como recupera e revê fontes conhecidas. Os relatórios anuais da Secretaria de Negócios Estrangeiros e, depois, do Ministério das Relações Exteriores, sempre constituíram uma base necessária para quem estuda a diplomacia brasileira. Mas, Luís Cláudio Villafañe retoma os relatórios do século XIX e, depois de uma leitura minuciosa, encontra formulações claras e reveladoras sobre a atitude distante em relação aos vizinhos, o que constituía uma barreira difícil de transpor para incorporar a América Latina ou a América no espaço de formulação diplomática brasileira. Na mesma linha, retoma os discursos do Brasil nas Nações Unidas, na importante coleção organizada e comentada por Luiz Felipe de Seixas Corrêa. As fontes são conhecidas, quase familiares, mas a forma como interpreta o seu alcance e, sobretudo, as relaciona, tornam em novidade o conhecido. São valiosas também as entrevistas que faz o autor com diplomatas, como o Embaixador Luiz Filipe de Macedo Soares e com o Embaixador Eduardo Santos.
         Outra qualidade do livro é constituir-se em texto íntegro. As partes, da teoria à interpretação dos desdobramentos do conceito de América do Sul, encaixam-se com perfeita coerência interna. Cada capítulo enriquece o anterior. Ainda assim, creio que, em alguns momentos, a abordagem mostra-se especialmente útil e valiosa para interpretar momentos da história diplomática. Assim se revela a análise das posições brasileiras diante da revolução cubana. Como lidar com a atitude norte-americana, e de alguns outros vizinhos, que defendiam que a “identidade continental americana” teria, como pilar o anticomunismo? (p. 100). Se aceitamos que a opção marxista-comunista de Fidel era incompatível, nas palavras de San Tiago Dantas, então Chanceler, com os “princípios democráticos, em que se baseia o sistema interamericano” (p. 102), uma segunda dimensão da condição americana repudiava formas de intervenção e de sanção para corrigir a incompatibilidade e, por isto, votamos contra a suspensão do regime na Reunião de Consulta, convocada para Punta del Este em 1962. De uma certa forma, a atitude brasileira, proclamando o princípio da não intervenção ecoava a longa história de defesa daquele princípio no âmbito do sistema interamericano, só aceito pelos americanos em 1933, depois de várias tentativas que começam praticamente com a inauguração das reuniões dos Estados Americanos. Lembre-se que o Brasil que, a princípio esteve perto dos EUA, transforma depois a não intervenção em um dos pilares de sua atitude diplomática. Porém, como sabemos, com o movimento de 1964, a política externa reforça o eixo ocidentalista, de que o anticomunismo é peça fundamental, e as relações com Cuba são cortadas.
         Há ainda dois aspectos do livro que chamam a atenção. O primeiro é a análise que faz do movimento que leva à adoção da América do Sul no repertório da diplomacia brasileira nos governos Fernando Henrique e Lula. Depois de lembrar a noção de Lafer de que a América do Sul corresponde a uma “força profunda de longa duração que vem norteando a ação diplomática brasileira” (p. 142), revê, com pertinência, o lançamento das reuniões de Presidentes sul-americanos, acompanha o seu desenvolvimento, e procura mostrar o reforço da ênfase sul-americana nos dois primeiros anos do mandato de Lula. O segundo aspecto que merece leitura cuidadosa são as conclusões. Luís Cláudio Villafañe não faz propostas de policies, mas, dentro do marco conceitual que discute, levanta questões absolutamente necessárias e que, ainda hoje, estão abertas. Uma das primeiras é mostrar que o conceito de América do Sul ainda está em construção e, pela abrangência do que propõe, enfrenta desafios maiores do que o de América Latina que tinha a vantagem de uma longa história e, a rigor, se fundar em “uma noção de similaridade antes de tudo cultural” (p. 189). Menciona a necessidade de superar os “muitos dos mitos de origem da nacionalidade de cada um dos países sul-americanos (que) incluem a ideia de usurpações e agravos históricos, reais ou imaginários, por parte de seus vizinhos”. E, sobriamente, acrescenta, “A superação desses mitos e ressentimentos é perfeitamente possível – como demonstra a integração europeia –, mas, representa um salto em direção ao futuro, que exigirá liderança, internamente em cada um dos doze países, e uma ação diplomática e firme” (p. 190).
         Para isto, lembra Luís Cláudio Villafañe a importância das trocas culturais, do aprofundamento dos estudos da história regional, que sustentariam, no longo prazo, as formas de aproximação política e econômica. Luís Cláudio lembra também que, “ao afirmar a vertente sul-americana da identidade brasileira não se está excluindo completamente as dimensões latino-americanas e continental” (p. 190). Os avanços institucionais da “comunidade sul-americana” são evidentes, com a criação da Unasul.
         Porém, mais América do Sul significa maior capacidade de vinculação com a América Latina e com os Estados Unidos e Canadá? Ou menos? E, voltamos aqui, a ligar a história do conceito aos desafios das melhores opções diplomáticas. Que regionalismo queremos? A América do Sul está incorporada ao discurso e é parcela fundamental da ação diplomática. Mas, qual o limite do discurso? Incorpora um projeto? É agregador dos vizinhos? É plataforma para uma abertura para o mundo? Luís Cláudio Villafañe não pretende oferecer respostas, mas, se não refletirmos, como sociedade, sobre as indagações que faz, as respostas diplomáticas correm o risco de serem incompletas.
Gelson Fonseca Jr.

Livro disponível no site da Funag:  
http://funag.gov.br/loja/index.php?route=product/product&product_id=589

http://funag.gov.br/loja/download/1099-a-america-do-sul-no-discurso-dimplomatico-brasileiro.pdf

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Complemento:
Um artigo de atualidade:

DOMINGUES, R.. Uma Potência Regional em Construção? O Brasil na América do Sul durante os anos Lula (2003 - 2010). Revista Política Hoje, América do Norte, 22, nov. 2014. Disponível em: http://www.revista.ufpe.br/politicahoje/index.php/politica/article/view/274/154. Acesso em: 24 Nov. 2014.