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quarta-feira, 4 de junho de 2014

Plano Nacional de Educacao aprovado: educacao vai melhorar? Dificilmente

Não acredito que a educação no Brasil melhore nos próximos 15 ou 20 anos, a não ser por fatalidade, como diria Mario de Andrade.
Não existe a menor chance de alguma coisa melhorar enquanto as saúvas freireanas continuarem atuando como as novas pestes que atrapalham e atrasam a educação.
Esse novo plano vai apenas permitir que mais dinheiro seja gasto com má educação, com programas errados, com orientações nefastas.
Paulo Roberto de Almeida 

140604Plano Nacional de Educacao

Câmara aprova Plano Nacional de Educação; texto segue para sanção
O PNE estipula 20 metas para os próximos dez anos, entre elas a aplicação de 10% do PIB em educação

O Plenário da Câmara dos Deputados concluiu nesta terça-feira (3) a votação do Plano Nacional de Educação (PNE - PL 8035/10). Foi aprovado o parecer do relator, deputado AngeloVanhoni (PT-PR), para o texto do Senado. A matéria será enviada à sanção presidencial.

O PNE estipula novas metas para os próximos dez anos, com o objetivo de melhorar os índices educacionais brasileiros. A principal inovação da proposta em relação ao plano anterior, cuja execução acabou em 2010, é a aplicação de um mínimo de recursos públicos equivalentes a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) em educação.

O plano prevê o alcance dessa meta em duas etapas: um mínimo de 7% do PIB no quinto ano de vigência da futura lei; e 10% do PIB ao fim do período de dez anos.

Esses recursos também serão utilizados para financiar a educação infantil em creches conveniadas; a educação especial; e programas como o de acesso nacional ao ensino técnico e emprego (Pronatec), o de bolsas em faculdades privadas (Universidade para Todos - ProUni), o de financiamento estudantil (Fies) e o de bolsas para estudo no exterior (Ciência sem Fronteiras).

O texto-base do relator foi aprovado no dia 28 de maio. Nesta terça-feira, os deputados rejeitaram dois destaques apresentados ao texto. Na única votação nominal ocorrida nesta terça, o Plenário manteve no texto, por 269 votos a 118, a contagem dos recursos desses programas nos 10% do PIB que devem ser aplicados.

Para o relator, a aplicação de verbas públicas em programas em parceria com o setor privado não afeta a meta de aplicar um mínimo de 10% do PIB no setor público porque o cálculo foi feito com base no chamado Custo Aluno Qualidade (CAQ). "Esses valores são insignificantes se comparados ao que vamos investir em educação pública em dez anos", afirmou AngeloVanhoni.

Complementação de verbas
O Plenário rejeitou também outro destaque, do PMDB, que pretendia retirar do texto a obrigatoriedade de a União complementar recursos insuficientes de estados e municípios para cumprir o CAQ. O próprio autor do destaque, deputado Gastão Vieira (PMDB-MA), desistiu de defender sua proposta.

Segundo Vieira, o CAQ define que, se uma escola tiver determinados insumos, ela será uma boa escola, mas não há previsão de recursos para essa finalidade. "Ao contrário doFundeb, qualquer estado poderá questionar juridicamente a União para que ela pague o valor projetado por esse índice [CAQ]", afirmou. Para Gastão Vieira, esse conceito precisa ser melhor definido.

De acordo com o texto, o CAQ e o Custo Aluno Qualidade inicial (CAQi), a ser usado nos dois primeiros anos, deverão traduzir um conjunto de padrões mínimos de qualidade do ensino estabelecidos na legislação educacional. A ideia é que o financiamento seja calculado com base no atendimento desses padrões.

Recursos
Em relação às principais metas relacionadas no projeto, dados da comissão especial que analisou o PNE indicam que, nos dez anos, os investimentos deverão saltar dos atuais R$ 138,7 bilhões para R$ 228,35 bilhões nas principais áreas.

Esses recursos deverão ser direcionados para a ampliação de matrículas e melhoria da qualidade do ensino em creches; pré-escolas; ensinos fundamental, médio e superior; educação especial; ensino em tempo integral; ensino de jovens e adultos; e educação profissional.

(Agência Câmara)

Outra matéria sobre o assunto:

O Globo
Câmara conclui votação do Plano Nacional de Educação


quarta-feira, 28 de maio de 2014

Educacao: vai continuar ruim, apenas que gastando mais, sem garantia de melhorias

Congresso

Sob críticas de especialistas, Plano Nacional de Educação é aprovado na Câmara com atraso de 4 anos

Estudiosos afirmam que projeto de lei não detalha estratégias para melhoria do ensino nem exige aprimoramentos na gestão dos recursos extras que virão

Bianca Bibiano
Veja.com, 28/05/2014
Discussão do - PL 8035/2010 que aprova o Plano Nacional de Educação para o decênio 2011-2020
Discussão do - PL 8035/2010 que aprova o Plano Nacional de Educação para o decênio 2011-2020 (Gustavo Lima/Câmara dos Deputados)
A Câmara dos Deputados aprovou na noite desta quarta-feira o texto-base do Plano Nacional de Educação (PNE), documento que estabelece 20 metas e mais de 200 estratégias para o setor no Brasil nos próximos dez anos (confira os principais pontos na lista abaixo). Destaques apresentados pelos partidos serão analisados na próxima semana. É o caso da proposta que obriga a União a complementar recursos de estados, Distrito Federal e municípios se estes não investirem o suficiente para cumprir padrões de qualidade. Depois, o projeto de lei seguirá para sanção presidencial. O PNE aprovado pelos deputados deveria ter entrado em vigor em 2011, como manda a Constituição. Contudo, o Executivo federal só entregou o projeto para o Congresso em dezembro de 2010. Deste então, ficou parado devido à falta de consenso sobre pontos como investimento em educação e metas de desempenho do ensino.
Em linhas gerais, o texto aprovado determina que o Brasil amplie o acesso à educação e melhore a qualidade do ensino até 2024. Isso inclui, entre outras metas, erradicar o analfabetismo, universalizar o ensino básico e oferecer escolas em tempo integral em metade das unidades do país. Também fazem parte dos objetivos a ampliação no número de vagas no ensino superior, incluindo pós-graduação, e a garantia de aprimoramento da formação e aumento do salário dos professores. As metas referentes à universalização do ensino e à erradicação do analfabetismo já constavam no PNE anterior (2001-2010) e não foram cumpridas.
Para especialistas, as estratégias relativas à melhoria do ensino deveriam ser mais detalhadas. "A baixa qualidade é o maior problema da educação brasileira e a falta de detalhamento sobre como garantir o avanço efetivo é uma falha do plano", afirma a consultora de educação Ilona Becskeházy. O economista Milton Pignatari, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, faz outra crítica, desta vez voltada à ampliação do investimento na área. "É claro que a educação precisa de mais dinheiro, mas o PNE não prevê a melhor gestão dos recursos, apenas dá mais verba para a área, sem definir como será realizado o monitoramento das despesas."
Segundo o plano, até 2024, o investimento em educação crescerá paulatinamente, atingindo o equivalente a 10% do PIB ao ano — quase o dobro do praticado atualmente (5,3%). No quinto ano de vigência do plano, o valor já deve estar em 7%. O plano prevê ainda complementação da verba com 75% dos royalties obtidos na exploração do pré-sal. O bolo será distribuído entre as 20 metas, de acordo com valores pré-definidos pelo projeto de lei. Para universalizar a pré-escola, por exemplo, o investimento em dez anos passará de 10,3 bilhões de reais para 16,8 bilhões de reais. Já para equiparar o salário dos professores com os de outros profissionais graduados, o valor chegará a 40,9 bilhões.
Para Priscila Cruz, presidente da ONG Todos Pela Educação, a aprovação do projeto de lei é uma vitória parcial. "Seria uma vitória completa se o plano tivesse sido aprovado antes. Sabendo que a tramitação poderia ser longa, o MEC deveria ter apresentando um projeto prévio, mas isso só foi feito apenas um mês antes de acabar a vigência do PNE anterior", diz Priscila. Em resumo, o Brasil perdeu tempo para resolver um problema urgente.
Ela salienta ainda problemas em ao menos uma das metas, a de número 5, que estabelece os objetivos para a alfabetização. "O texto diz que todos os alunos devem estar alfabetizados até o 3º ano do ensino fundamental, o que é muito tarde. Além disso, o correto seria determinar a idade da criança, não a série em que ela está, pois teremos crianças de 10 anos de idade ou mais sem saber ler nem escrever."
Assim que o projeto de lei for aprovado pela presidente Dilma Rousseff, Estados e municípios terão prazo de um ano para elaborar seus respectivos planos de educação, tendo como base o texto federal. "Essa etapa é vital para que o PNE não vire letra morta. O Ministério da Educação precisa mobilizar os dirigentes do ensino básico e superior para garantir que os avanços sejam feitos no prazo estabelecido", diz Mozart Neves Ramos, diretor de Articulação e Inovação do Instituto Ayrton Senna e membro do Conselho Nacional de Educação.
As metas serão monitoradas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), autarquia do MEC responsável pela produção dos indicadores educacionais. A cada dois anos, a instituição deverá publicar um relatório com um balanço dos avanços. "Caberá às entidades organizadas e à sociedade cobrar o cumprimento das metas", diz Ramos.
1.  Universalização do ensino básico

As três primeiras metas do PNE tratam da universalização do ensino básico a partir de 4 anos de idade.
Até 2016, o objetivo é atender, na educação infantil, todas as crianças de 4 e 5 anos e, no médio, todos os jovens entre 15 a 17 anos.
A universalização do fundamental (6 a 14 anos), só deverá ocorrer em 2024. Além disso, o plano prevê que 50% das crianças de 0 a 3 anos deverão estar matriculadas em creches até 2016.

Situação atual (porcentagem de matrículas em idade adequada):
. creche: 23,5%
. pré-escola: 82,2%
. ensino fundamental: 93,8%
. ensino médio: 81,2%

Valor do investimento até 2024: 115,9 bilhões de reais


2. Alfabetização na idade certa
A meta 5 do PNE diz que os entes federados devem "alfabetizar todas as crianças até o final do 3º ano do ensino fundamental". A regra é criticada por especislitas, pois abre margem para que crianças de 10 anos ou mais de idade fiquem na escola sem saber ler e escrever.
"Sabemos que existe distorção entre a idade dos alunos e a série em que deveriam estar. O ideal seria que a meta incluísse a necessidade de iniciar a alfabetização na educação infantil", afirma a consultora de educação Ilona Becskeházy.

Situação atual (porcentagem de crianças alfabetizadas até o 3º ano):
. aprendizagem adequada em leitura: 44,5%
. aprendizagem adequada em matemática: 33,3%

3. Qualidade do ensino
Apenas a meta 7 do PNE aborda a necessidade de melhoria da qualidade da educação. A expectativa é que as notas do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Brasileira) aumentem gradativamente para atingir os seguintes parâmetros em 2024:

Anos iniciais do ensino fundamental:
. nota atual: 5
. meta: 6

Anos finais do ensino fundamental:
. nota atual: 4,1
. meta: 5,5

Ensino médio:
. nota atual: 3,7
. meta: 5,2

4. Valorização do professor
Cinco metas (13, 15, 16, 17 e 18) tratam da ampliação da formação dos professores e da valorização salarial da categoria. O número de metas para esses dois tópicos é, na opinião de Claúdio Moura e Castro, colunista de VEJA, excessivo. "É evidente que essa situação foi criada por pressão de órgãos sindicais." Pelos valores pré-definidos, a valorização docente custará 110 bilhões de reais, valor do investimento previsto até 2024.

Valor do salário médio de um professor:
. atual: 1.697,22 reais
. meta: 3.652 reais
5, investimento em educação
A meta 20, principal alvo das críticas no início da tramitação do PNE no Congresso, determina que até 2024 o investimento em educação seja o equivalente a 10% do PIB ao ano. Atualmente, o valor investido no setor é de 5,3%.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Educacao no Brasil nao melhora, so piora: The Learning Curve

Brasil ocupa antepenúltima posição em ranking internacional de educação

O Brasil aparece na 38ª posição entre 40 países analisados no The Learning Curve (Curva do Aprendizado, em inglês), realizado pela The Economist Intelligence Unit (EIU) e Pearson Internacional. Em relação ao estudo anterior, de 2012, o país subiu uma colocação, apesar de ter piorado seu desempenho no índice.
O levantamento da EIU e da Person considera diferentes avaliações, relacionando-as com a produtividade do país. O índice leva em conta habilidades cognitivas e de desempenho escolar a partir do cruzamento de indicadores da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE): Programa Internacional de Avaliação dos Alunos (Pisa), Tendências Internacionais nos Estudos de Matemática e Ciência (Timms) e avaliações do Progresso no Estudo Internacional de Alfabetização e Leitura (Pirls). Também são usados dados educacionais de alfabetização e taxas de aprovação.
No estudo deste ano, o Brasil passou o México no ranking, porque aquele país teve um recuo ainda maior no índice. O último lugar continua ocupado pela Indonésia. As primeiras posições trazem novidades, com nações asiáticas, como Coreia do Sul e Japão, tomando o lugar da Finlândia, que havia muitos anos figurava na liderança da maioria das avaliações.
“O sucesso desses países destaca a importância de ter objetivos claros para o sistema educacional e uma forte cultura de responsabilidade na prestação de contas”, afirma o relatório.
Qualidade. Para Michael Barber, chefe de Educação da Pearson, os governos de todo o mundo estão sob pressão para melhorar a aprendizagem. “Isso é cada vez mais importante para o sucesso das pessoas”, disse.
O relatório ressalta a ligação estatística entre o tempo médio gasto na escola por um estudante de um país e a produtividade dos trabalhadores. Aponta ainda que é imprescindível a qualidade da formação básica, mas a retenção de habilidades depende da continuidade da aprendizagem ao longo da vida adulta.
A professora Maria Helena Guimarães de Castro, presidente da Fundação Seade, afirma que o Brasil tem resultados muito positivos na inclusão dos últimos 25 anos, mas que o desafio agora é a qualidade. “O essencial está no ensino fundamental, com professores estimulados e bem formados”, diz ela, que foi consultora do relatório. “A produtividade do Brasil é muito baixa e precisamos avançar. Mas é claro que esse não é o único sentido da educação.”
Para o presidente da Pearson no Brasil, Giovanni Giovannelli, o diagnóstico também pode ajudar os gestores por mostrar as práticas que funcionam no mundo. “Tem quase 200 países nas Nações Unidas e só esses 40 têm essa medição. Só isso é em si um fato positivo para o Brasil”, diz ele.
Fonte: O Estado de S. Paulo

domingo, 13 de abril de 2014

Plano Nacional de Educacao, 2: um monstro que vai atrasar o Brasil - José Maria e Silva

O autor se engana na naturalidade de Cláudio Moura Castro: ele não é carioca, e sim mineiro.
Paulo Roberto de Almeida 

Guerrilha Pedagógica
Plano Nacional de Educação irá aprofundar doutrinação no ensino
José Maria e Silva
Jornal Opção, Edição 2023, de 13 a 19 de abril de 2014 
No país do analfabetismo funcional, novo plano de educação negligencia o mérito, põe a escola contra a família e, em vez de estimular a leitura, policia as palavras, transformando a língua num instrumento de opressão ideológica
Paulo Antunes
Cláudio de Moura Castro, economista e pesquisador: denunciando os delírios
do Plano Nacional de Educação
Durante uma audiência pública da Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal, realizada em 22 de outubro do ano passado, o economista e professor Cláudio de Moura Castro, ao término de sua palestra, resolveu apresentar uma proposta ao Plano Nacional de Educação (PNE 2011-2020). Professor visitante de renomadas universidades estrangeiras, Ph.D. em Economia pela Vanderbilt University, nos Estados Unidos, e conceituado pesquisador da educação, com vários livros publicados, Moura Castro, com um ligeiro sorriso no rosto, anunciou: “Já que todo mundo botou um negócio no plano, um artiguinho, eu também quero propor um artiguinho no plano: um bônus para as caboclinhas de Pernambuco e do Ceará conseguirem se casar com os engenheiros estrangeiros, porque aí eles ficam [no País], e aumenta o capital humano no Brasil, aumenta a nossa oferta de engenheiros”.

A declaração provocou um manifesto de repúdio de cerca de 50 entidades de todo o País, desde a União Nacional dos Estudantes até o Instituto Paulo Freire, passando pela Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped) e a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, um movimento que congrega cerca de 200 entidades, entre elas o indefectível Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), que, por mais estranho que pareça, é um de seus coordenadores. Para essas entidades, a declaração de Moura Castro é “inadmissivelmente machista e discriminatória” e “manifesta um preconceito regional e racial inaceitável”, inclusive sugerindo a subjugação das mulheres por estrangeiros. Elas exigiram uma retratação do professor e prometeram recorrer até a Dilma Rousseff, como se já vivêssemos numa ditadura totalitária e a presidente tivesse poder para autorizar ou não o livre pensamento.

O humor pode não ser o forte do professor Cláudio de Moura Castro e sua declaração revela certo mau gosto. Como carioca, ele poderia propor o bônus para as calipígias passistas das escolas de samba que se expõem muito mais ao olhar estrangeiro do que as caboclinhas do sertão nordestino, poupando Pernam­buco e Ceará de uma referência gratuita. Mas é um exagero considerar uma mera frase infeliz como discriminatória, preconceituosa e machista, até ameaçando o professor com processo judicial, sobretudo quando se conhece o contexto em que foi formulada. Essas entidades participaram da audiência pública no Senado e sabem que Cláudio de Moura Castro, com seu chiste, queria apenas mostrar o quanto o Plano Nacional de Educação não passa de uma absurda colcha de retalhos, que carreou para dentro de si os particularismos dos mais diversos guetos ideológicos, que nada têm a ver com a sociedade brasileira, muito menos com a sala de aula.
Marxismo avança até nas engenharias
O Brasil herdou o ensino retórico de Portugal, calcado nas humanidades, e não consegue formar profissionais técnicos em número suficiente para atender sua indústria. Uma forma de enfrentar esse problema seria priorizar as ciências naturais e exatas no ensino básico, formando nos jovens um espírito prático, voltado para os fatos e não para a retórica, mas esse não é o caminho adotado pelo ensino atual; muito pelo contrário, a educação brasileira é cada vez mais conceitual, afetada, metalinguística, encarquilhada sobre si mesma, num quase completo desprezo pela realidade em torno, salvo quando essa realidade se presta a devaneios ideológicos, como a “resistência” dos sem-terra, a “tradição” dos quilombolas, a “cultura” das favelas, o “empoderamento” dos drogados, entre outras minorias de estimação nas quais se proteja a utopia de boa parte da elite intelectual.

Hoje, mesmo os cursos técnico-profissionalizantes são profundamente contaminados pela retórica ideológica da esquerda. Em grande parte das faculdades de Engenharia, por exemplo, as disciplinas de ciências humanas são calcadas numa bibliografia marxista ou neomarxista, privando o aluno de uma visão plural, que incorpore, também, pensadores liberais ou conservadores. Isso ocorre, sobretudo, nas faculdades de Enge­nharia Ambiental, em que a bibliografia da parte de humanidades do curso parece destinada a inculcar no aluno que o capitalismo é o inimigo por excelência do meio ambiente, esquecendo-se que os regimes totalitários, como o stalinismo ou a Revolução Cultural de Mao Tsé-Tung, não têm motivo algum para respeitar a natureza bruta, uma vez que não são capazes de respeitar nem a natureza humana.

É no contexto de uma educação que tenta transformar em instrumento ideológico até as engenharias que Cláudio de Moura Castro saiu-se com seu gracejo sobre os engenheiros e as caboclinhas. Foi uma forma que encontrou de atacar também o holismo obsessivo do ensino brasileiro, que professa uma suposta visão integral de cada fenômeno social e humano, buscando dominar o homem e a natureza por todos os poros e átomos no afã de construir o outro mundo possível, em que tudo deve ser planejado nos mínimos detalhes, como queria a União Soviética no esplendor de sua utopia totalitária. A pedagogia de Paulo Freire é herdeira dessa utopia holística, que transforma o professor em aprendiz e o aluno em mestre, sob o falso pretexto de que o ensino jamais pode ser transmissão de conteúdo e deve dar à embrionária vivência de um adolescente o mesmo peso que o conhecimento acumulado pela humanidade adquiriu em séculos.

Não poderia haver ironia melhor – até em face da teoria de gêneros que se tenta impor na educação, negando os sexos biológicos – do que associar o aumento do número de engenheiros no País à cadeia hormonal das caboclinhas, estimulada pela intervenção holística do Estado através da concessão de bônus. O Plano Nacional de Educação está cheio desse tipo de associação indevida entre aprendizado e fatores sociais diversos, como se aprender a ler e contar fossem atividades indissociáveis da vida cotidiana e não pudessem ser ensinadas sem que antes se revolucionasse todo o contexto social da criança. É esse tipo de mentalidade holística que faz com que o Plano Nacional de Educação se ocupe de ninharias tão absurdas que, já em sua Meta 2, uma das estratégias preconizadas é a renovação e padronização da frota rural de veículos escolares, como se prescrever o modelo e a cor desses veículos, desde a Amazônia aos Pampas, passando pelo Cerrado, fosse tão importante quando dispor de uma boa metodologia de ensino da tabuada, por exemplo.
Plano é “advocacia em causa própria”
É esse tipo de problema que levou o professor Claudio de Moura Castro, em sua palestra no Senado, a chamar o novo Plano Nacional da Educação 2011-2020 de “equivocado e inócuo”. Acertadamente, ele observa que o PNE é um somatório das idiossincrasias de diversos grupos advogando em causa própria, o que resultou num conjunto de mais de 2 mil propostas para a educação, muitas vezes incompatíveis entre si e quase sempre impossíveis de serem postas em prática. Entre as medidas que considera impossíveis, Moura Castro citou uma das estratégias da Meta 12, que pretende elevar para 90% o porcentual de conclusão dos cursos de graduação do ensino superior, quando se sabe que, mesmo nos Estados Unidos, o índice de evasão nas universidades chega a 50%. Outra meta que considerou irreal é a proposta de erradicação do analfabetismo absoluto até 2020, sobretudo – acrescento eu – porque a própria escola construtivista, regida pela aprovação automática, é uma usina de produção de analfabetos que, com alguma sorte, se tornam analfabetos funcionais quando chegam à universidade.

Parafraseando o delírio de Brás Cubas, do célebre romance de Machado de Assis, pode-se dizer que o Plano Nacional de Educa­ção é “uma figura nebulosa e esquiva, feita de retalhos, um retalho de impalpável, outro de improvável, outro de invisível, cosidos todos a ponto precário, com a agulha da ideologia”. O PNE 2011-2020 já é sintoma de uma das mais graves doenças da era lulo-petista: o conferencismo – versão oficial do assembleísmo que o PT levou para as entranhas do Estado ao chegar ao poder em 2002. Se­gundo um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), desde que Getú­lio Vargas convocou a primeira conferência nacional no Brasil, sobre saúde, no início da década de 40, já foram realizadas 115 conferências nacionais, das quais 74 (64,3%) ocorreram no governo Lula, envolvendo cerca de 10 milhões de pessoas. E com um diferencial: antes, as conferências quase sempre se restringiam a setores como a saúde; com Lula, passaram a contemplar os mais variados setores, sobretudo as minorias.

O PNE é fruto da I Con­fe­rência Nacional de Educação, realizada em 2010 e precedida por conferências municipais e estaduais, contabilizando, no seu sistema de relatoria, 5.300 registros de inserção com propostas dos segmentos participantes. Já o documento-base da II Conferência Nacional de Educação, a ser realizada em novembro deste ano, contabiliza 11.488 registros de inserção, o que significa aproximadamente 30 mil emendas. Como se vê, não é por falta de palpiteiros que a educação brasileira vai mal. Essa segunda conferência estava programada para fevereiro deste ano e já foi precedida de conferências municipais e estaduais, mobilizando a militância de esquerda travestida de movimento social espontâneo. Mas o MEC acabou adiando sua realização para novembro próximo, fato que gerou indignação entre as entidades envolvidas. Segundo elas, o objetivo do adiamento foi esvaziar o poder de pressão da conferência, que iria coincidir com a votação do Plano Na­cional de Educação no Congresso. As entidades defendem o projeto aprovado na Câmara e acusam o governo de apoiar a revisão feita pelo Senado, que excluiu, por exemplo, a polêmica questão de gênero.

O projeto de lei do Plano Na­cional de Educação foi enviado pelo então presidente Lula ao Congresso em dezembro de 2010, com a proposta de “ampliar progressivamente o investimento pú­blico em educação até atingir, no mínimo, o patamar de 7% do PIB” – mas sem data para se concretizar. Em 2012, o projeto foi aprovado na Câmara dos De­pu­tados, que, dominada pelo petismo mais radical, se encarregou de piorar o que já era ruim, estabelecendo um investimento de 7% do PIB em educação até o quinto ano de vigência do plano e, no mínimo, 10% do PIB ao final de dez anos. Com a ressalva: esse investimento seria feito exclusivamente na educação pública, deixando de fora entidades filantrópicas e assistenciais. O Senado manteve esses índices, mas suprimiu a restrição aprovada na Câmara, permitindo o investimento público em entidades assistenciais, entre as quais, é bom lembrar, encontram-se as Apaes, que prestam um relevante serviço para as crianças com deficiência mental.
Ideólogos criam guerras de raça e gênero
Outro ponto polêmico do plano é a questão de gênero, que já constava do projeto original do Executivo, mas de forma menos radical, falando apenas em “implementar políticas de prevenção à evasão motivada por preconceito e discriminação à orientação sexual ou à identidade de gênero, criando rede de proteção contra formas associadas de exclusão”. Na Câ­mara, acrescentou-se a esse texto a discriminação racial. Como se não bastasse a incitação à guerra de raças, os deputados tornaram o texto mais prolixo, acrescentando novas diretrizes ao plano, entre elas a “superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da igualdade racial, regional, de gênero e de orientação sexual”. Percebem a brutal diferença? Não se trata mais de combater a possível discriminação de um aluno homossexual, mas de promover a “igualdade de gênero”, o que significa igualar ao sexo biológico as mais variadas fantasias de desajustados se­xuais, perseguindo o que os ideólogos chamam pejorativamente de “heteronormatividade”, isto é, o sexo papai-e-mamãe, que deve ser discriminado na escola em nome das relações homem-com-homem, mulher-com-mulher, trans-com-todos etc.

Para se ter uma ideia da importância que a maioria petista da Câmara dá à questão, essa diretriz é a terceira, logo depois da “erradicação do analfabetismo” (primeira) e da “universalização do atendimento escolar” (segunda) e à frente de “melhoria da qualidade da educação” (quarta) e “formação para o trabalho e a cidadania” (quinta). O Senado bem que tentou corrigir essa insanidade e, onde a Câmara falava em preconceito de gênero e raça, os senadores falam em “políticas de prevenção à evasão motivada por preconceito”. Já no trecho em que a Câmara falava em “promoção da igualdade racial, regional, de gênero e de orientação sexual”, o Senado, agindo com bom senso, sintetizou: “com ênfase na promoção da cidadania”. Agora que o Plano Nacional de Educação voltou à Câmara, o relator do substitutivo oriundo do Senado, deputado Angelo Va­nho­ni (PT-PR), já recomendou, em seu relatório, que o texto aprovado na Câmara seja restabelecido, com a ênfase na questão de gênero – pa­ra gáudio das minorias de estimação do PT e desespero da bancada evangélica, talvez o único setor da sociedade a perceber, até agora, o grande perigo da ditadura gay.
Instituindo a novilíngua orweliana
O preciosismo ideológico da maioria petista na Câmara é tanto que o projeto do Executivo foi reescrito na novilíngua orwelliana: sempre que apareciam expressões como “os estudantes”, “os alunos”, “os profissionais da educação”, foram acrescentadas as partículas “os/as”, tornando o texto ilegível: “os(as) estudantes”, “os(as) alunos(as)”; “os(as) profissionais de educação”. O Senado, primando pela boa técnica legislativa e pelo bom senso antropológico, suprimiu todos esses penduricalhos feministas do texto, para indignação do deputado Ângelo Vanhoni, que, em seu relatório, já recomendou a recomposição da vulgata feminista da Câmara. Caso o Plano Nacional de Educação seja aprovado, em definitivo, com essa redação sexista (isso mesmo: sexista), a nação brasileira corre o risco de ter sua língua sequestrada pelos ideólogos de esquerda. Não tardam e hão de querer revisar o texto da própria Constituição para adicionar-lhe esses penduricalhos de mau gosto.

Um ideólogo nunca é apenas antiético – é também ilógico. Como dizia Durkheim, um mínimo de lógica exige um mínimo de moral e vice-versa. Não adianta lutar contra a natureza da língua, que, mesmo se realizando nos seus falantes, é muito maior do que eles. De que adianta escrever “alu­no(a)”, achando que assim se evita o suposto machismo da língua portuguesa, sem perceber que o gênero masculino do substantivo (“aluno”) aparece como a palavra principal, da qual o gênero feminino é apenas um apêndice, feito uma Eva linguística retirada da costela masculina do idioma? Qual seria a solução para evitar isso? Escrever “aluna(o)”, “amiga(o), “irmãs(os)? Nem as feministas têm coragem suficiente para fazer essa inversão, tanto que os grupos mais radicais preferem subverter completamente a língua, es­crevendo impronunciáveis “a­lunxs”, “amigxs”, “namoradxs”, muito mais para agradar o sexo cambiante dos gays do que para valorizar, de fato, as mulheres.

Uma opção seria variar o gênero da palavra principal. Mas como decidir os critérios para essa escolha? Contabilizando quantos homens e mulheres há na categoria mencionada e optando pelo gênero que fosse a maioria? Ainda assim, o suposto machismo não iria desaparecer – apenas mudaria de lugar, transferindo-se da língua para a sociologia. As funções e profissões socialmente valorizadas, nas quais os homens são a grande maioria, continuariam sendo escritas primeiramente no masculino: neurocirurgião(ã), engenheiro(a), ministro(a), juiz(a); enquanto para as mulheres sobrariam: “doméstica(o)”, “enfermei­ra(o)”, “educadora(or)”. Isso mostra que a língua é complexa demais para caber na lógica mecanicista da luta de classes ou no ressentimento maniqueísta das minorias de estimação.

Ao querer neutralizar as palavras de suas eventuais cargas negativas, a esquerda revela seu espírito totalitário, pois uma língua que não soubesse exprimir desigualdade, preconceito e ódio não seria uma linguagem humana e mataria seus falantes de angústia. A propósito, os ideólogos que não acreditam nas determinações sociais do sexo biológico e acham que tudo é construção de gênero saberiam me dizer se o masculino de “babá” é “babão”? Como se vê, um Plano Nacional de Educação que, no país do analfabetismo funcional, negligencia o mérito, incita a escola contra a família e, em vez de estimular a leitura, policia as palavras, transformando a língua num instrumento de opressão ideológica, nada tem a ver com ensino – é apenas uma doutrinação totalitária que tenta fazer da escola uma incubadora de subversões.
 

Plano Nacional de Educacao, 1: um monstro que vai atrasar o Brasil - Rodrigo Constantino

O PNE é um monstro ideológico, fruto da esquizofrênia antipedagógica das saúvas freireanas e das loucuras dos militantes das causas deformadas, tanto as políticas esquizóides, quanto as das minorias ativistas.
Com o PNE em curso, podemos prever pelo menos 50 anos de atrasos educacionais e de deformações morais na educação brasileira, além de uma total mediocridade no conteúdo do ensino, que já não se pode mais chamar de ensino (talvez "encino"?).

Abaixo um texto de Rodrigo Constantino, que remete a outro texto que poderei postar em seguida.

3/04/2014
 às 16:09 \ CulturaEducação

Plano Nacional de Educação: uma ameaça à liberdade

O Plano Nacional de Educação (PNE) se transformou num monstrengo após passar por tantas modificações, especialmente na Câmara. O projeto inicial acabou totalmente alterado, dando ares mais autoritários, coletivistas e estatizantes, que colocam em xeque nossas liberdades e atacam o núcleo familiar, transferindo poder desmedido ao estado.
O jornalista José Maria e Silva escreveu um texto bastante completo sobre os principais absurdos e riscos presentes no projeto. Segue um trecho:
Hoje, mesmo os cursos técnico-profissionalizantes são profundamente contaminados pela retórica ideológica da esquerda. Em grande parte das faculdades de Engenharia, por exemplo, as disciplinas de ciências humanas são calcadas numa bibliografia marxista ou neomarxista, privando o aluno de uma visão plural, que incorpore, também, pensadores liberais ou conservadores. Isso ocorre, sobretudo, nas faculdades de Enge­nharia Ambiental, em que a bibliografia da parte de humanidades do curso parece destinada a inculcar no aluno que o capitalismo é o inimigo por excelência do meio ambiente, esquecendo-se que os regimes totalitários, como o stalinismo ou a Revolução Cultural de Mao Tsé-Tung, não têm motivo algum para respeitar a natureza bruta, uma vez que não são capazes de respeitar nem a natureza humana.
[...] A pedagogia de Paulo Freire é herdeira dessa utopia holística, que transforma o professor em aprendiz e o aluno em mestre, sob o falso pretexto de que o ensino jamais pode ser transmissão de conteúdo e deve dar à embrionária vivência de um adolescente o mesmo peso que o conhecimento acumulado pela humanidade adquiriu em séculos.
E alertou de forma um tanto direta:
Caso o Plano Nacional de Educação seja aprovado, em definitivo, com essa redação sexista (isso mesmo: sexista), a nação brasileira corre o risco de ter sua língua sequestrada pelos ideólogos de esquerda. Não tardam e hão de querer revisar o texto da própria Constituição para adicionar-lhe esses penduricalhos de mau gosto.
[...]
Como se vê, um Plano Nacional de Educação que, no país do analfabetismo funcional, negligencia o mérito, incita a escola contra a família e, em vez de estimular a leitura, policia as palavras, transformando a língua num instrumento de opressão ideológica, nada tem a ver com ensino – é apenas uma doutrinação totalitária que tenta fazer da escola uma incubadora de subversões.
Para dar um simples exemplo, “os estudantes”, durante todo o projeto de lei, deu lugar a “os(as) estudantes”, modificação desnecessária para dizer o mínimo, e carregada de ranço ideológico para ser mais objetivo. Um conhecido meu, Luiz Jardim, que trabalha na Câmara, fez um interessante estudo comparativo entre as versões da Câmara e do Senado, mostrando que aquela desvirtuou completamente o sentido do projeto com sua visão mais ideológica. Um dos exemplos citados por ele diz respeito ao já crescente uso da própria matemática para passar “valores” ideológicos:
Enquanto antes se aprendia a somar maçã com maçã, hoje as escolas aproveitam a aula de matemática para ensinar transversalmente os diferentes tipos ideológicos de família, como pares de homem com mulher; homem com homem e mulher com mulher. Podendo também somar outros na família como homem com mais de uma mulher; ou mulher com mais de dois homens; ou como a criatividade permitir. Este tipo de educação já ocorre nas escolas públicas, com livros didáticos figurando os exemplos citados.
Ele acrescentou em mensagem para mim:
Essa ideologia é um perigo para os mais pobres, porque, para a elite consciente, se o professor tentar ideologizar os filhos, poderá sofrer uma repressão dos pais quando forem às reuniões de pais e mestres. O pobre não terá capacidade de perceber as sutilezas, porque não tem a cultura necessária. Implantando isso nas escolas públicas teremos um estrago difícil de ser recuperado, porque o PNE tem validade de 10 anos.
O pior é que o projeto da Câmara tira a possibilidade de as famílias dar opinião sobre como gostaria que fosse feita a instrução dos filhos. O do Senado restaura e inclusive diz que deve ser focado na cultura e nos valores da sociedade.
Em meu breve ensaio sobre qual educação o país necessita, aponto para esse crescente uso do ensino para doutrinar os alunos com uma visão ideológica esquerdista. Essa tem sido a triste realidade dos últimos anos. O PNE, do jeito que está, com as mudanças feitas pela Câmara, representa apenas mais um grande passo nessa direção. A direção errada.
Rodrigo Constantino

sábado, 12 de abril de 2014

A educacao no Brasil e' ruim? Nao! Apenas pior do que se possa imaginar...

Ou muito mais pior, como diria um ignorante famoso, mas esperto o bastante para explorar ignorância alheia em torno de suas causas totalmente anti-educativas.
Nunca antes na história nacional, o Brasil tinha recuado tanto, moralmente, eticamente, educacionalmente, mentalmente. Uma tragédia, da qual será difícil se recuperar, inclusive porque aí estão, e continuam fortes, as máfias sindicais em prol da isonomia e da mediocracia, as saúvas freireanas, muito ativas naquele dinossauro retardatário que se chama MEC, e todos os militantes ainda mais ignaros que o grande chefe, e menos espertos, que contribuem para o aumento da estupidez nacional.
Com isso, só se pode prever um itinerário para a deseducação nacional: o brejo.
O que não vai acontecer, porque mais um pouco eles conseguem mais alguns nacos do orçamento nacional, e vão continuar disseminando ignorância com salários mais altos.
Paulo Roberto de Almeida

Drama revisitado

Brasil fica nas últimas posições no Programa de Avaliação Internacional de Estudantes. Resultados recém-divulgados sobre a capacidade dos alunos de solucionar problemas práticos do dia a dia apontam fracasso do desempenho brasileiro, apesar da melhora nos últimos anos.
Por: Henrique Kugler
Ciência Hoje, em 10/04/2014
Drama revisitado
A educação brasileira ainda é uma das piores do mundo, segundo resultados do Programa de Avaliação Internacional de Estudantes. (foto: Nathan Wood/ Flickr – CC BY-NC 2.0)
Seria provavelmente um escândalo nacional – na Finlândia, na Coreia do Sul ou no Canadá. Mas não no Brasil. Por aqui, o desempenho sofrível da educação não costuma gerar muito ‘Ibope’. Passou quase batido na imprensa tupiniquim o fato de que, na semana passada, foi divulgada mais uma leva de resultados do Programa de Avaliação Internacional de Estudantes, o famoso Pisa, administrado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD).
Mais uma vez – como que seguindo uma nefasta tradição – o Brasil fracassou. Dos 44 países avaliados, ficamos na 38ª posição. Na lanterna, fica a Colômbia. E no topo figuram os asiáticos: Singapura, Coreia do Sul e Japão.
Louzano: “O foco do Pisa, especialmente nessa etapa de resolução de problemas do cotidiano, é avaliar quão preparados estão os jovens tanto para continuar aprendendo quanto para ingressar no mercado de trabalho”
Os resultados são de um exame aplicado em 2012. Na ocasião, o Pisa intencionava avaliar competências em leitura, matemática e ciências de alunos de 15 anos em 65 países. Mas um subgrupo desses estudantes participou, paralelamente, de um teste adicional – que, por meio de tarefas interativas realizadas em um computador, buscava mensurar o que a OECD chama de “solução criativa de problemas”. É a esse recorte que se referem os números recém-divulgados.
Eram questões de natureza essencialmente prática – focadas na solução de problemas do dia a dia que independem do mero acúmulo de conhecimento. Como lidar com uma bilheteria eletrônica em uma estação de metrô? Como decidir, a partir de um mapa, quais são as rotas adequadas para se realizar determinado percurso? São alguns exemplos das questões respondidas por 85 mil alunos de 44 nacionalidades.
“O foco do Pisa, especialmente nessa etapa de resolução de problemas do cotidiano, não é avaliar o sistema educacional de um país; é avaliar quão preparados estão os jovens tanto para continuar aprendendo quanto para ingressar no mercado de trabalho”, esclarece a pedagoga Paula Louzano, da Universidade de São Paulo (USP).

Análise

Dos novos números emergiram inquietantes comparações. No Brasil, 47% dos alunos não souberam resolver as questões mais fáceis da prova, enquanto apenas 1,8% puderam solucionar as perguntas mais desafiadoras. Para esses dois parâmetros, a média dos países da OECD foi, respectivamente, 21% e 11%.
Importante observar: no caso do Brasil, o retrato do Pisa esconde uma cruel assimetria estatística: “Cerca de 20% de nossos jovens de 15 anos sequer são elegíveis para realizar o exame”, escancara Louzano. “Ou estão fora da escola, ou estão defasados.”
Sala de aula vazia
Segundo a pedagoga Paula Louzano, da Universidade de São Paulo, cerca de 20% dos brasileiros com 15 anos sequer são elegíveis para realizar o exame do Pisa, por estarem fora da escola ou defasados. (foto: Emory Maiden/ Flickr – CC BY-NC 2.0)
“É verdade que, em comparação com países mais industrializados, a educação brasileira apresenta um desempenho ruim”, diz à CH On-line o diretor-interino para o setor de educação da OCDE, Andreas Schleicher. “Por outro lado, observa-se que desde o ano 2000 nenhum país evoluiu mais que o Brasil nessas avaliações.”
Outro ponto para nós, segundo Schleicher: “Muitos estudantes brasileiros parecem aprender rapidamente. São inquisitivos e capazes de resolver problemas em contextos não familiares pela observação e interação com situações complexas.” Ele ressalta que essas habilidades são bastante importantes em um mundo que não mais credencia um estudante pelo que ele sabe – já que o Google sabe tudo –, mas sim pelo que ele é capaz de fazer com o que sabe.
Schleicher lembra, ainda, que o Brasil “tem se destacado na promoção da igualdade e distribuição das oportunidades de aprendizado”. Metas de universalização do ensino têm, de fato, atingido graus satisfatórios de êxito ao longo da última década.

Chorando as pitangas

O cenário pode ser fértil para análises otimistas. Mas também é promissor para um pessimismo bem embasado. “O fato de estarmos melhorando não significa que estamos bem; não estamos nada bem”, garante Louzano. “Os indicadores evoluíram muito simplesmente porque nas avaliações anteriores estávamos em um patamar muito, muito baixo”, lembra a pesquisadora da USP. “Antes, nossos alunos tinham dificuldades até para ler a prova.”
Louzano: “Os indicadores evoluíram muito simplesmente porque nas avaliações anteriores estávamos em um patamar muito, muito baixo”
Contexto: “Por exemplo, no último Pisa a avaliar matemática, em 2003, quase 50% dos alunos brasileiros estavam abaixo do nível 1, o mais baixo na escala de 1 a 6 estabelecida pela metodologia da avaliação”, diz a matemática Maria Tereza Soares, pesquisadora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e membro da equipe de consultoria do Pisa até 2010. Nos resultados de 2012 – divulgados no ano passado –, ‘apenas’ cerca de 30% dos alunos estão nesse nível.
Para Soares, os números revelam as dificuldades ainda enfrentadas pelo Brasil no âmbito da educação básica – no que se refere principalmente a leitura, compreensão e desenvolvimento cognitivo dos alunos.
Diante desse panorama crítico, Louzano ressalta a necessidade de darmos mais atenção à educação no país. “Há poucos meses, a opinião pública se viu imersa em uma discussão sobre a qualificação que os médicos no Brasil devem ter”, lembra a pesquisadora, referenciando polêmicas mal resolvidas do Programa Mais Médicos. “Quando tivemos, no país, uma discussão análoga sobre a qualificação que um professor deve ter?”
Louzano acrescenta: “Temos ambição de país desenvolvido quando se trata da inserção do Brasil no cenário econômico internacional, mas não temos ambições equivalentes quando o assunto é educação.”

Henrique Kugler
Ciência Hoje On-line
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