O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

Mostrando postagens com marcador nuclear Iran. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador nuclear Iran. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 12 de abril de 2010

2075) Posicao do presidente Lula sobre armas nucleares

Supõe-se que esta seja também a posição da diplomacia brasileira, o que seria uma decorrência lógica da manifestação pública do chefe de Estado, mas não existe uma manifestação clara a este respeito:

Lula: "No podemos admitir países armados hasta los dientes y otros desarmados"
El presidente de Brasil lleva un mensaje de firmeza a la cumbre de seguridad nuclear

Juan Luis Cebrián, en Brasilia
EL PAÍS - Madrid - 11/04/2010

"Voy a preguntarle al presidente Obama cuál es el significado de su reciente acuerdo con Medvédev sobre la desactivación de ojivas nucleares [entre EE UU y Rusia]. ¿Desactivación de qué? Porque si estamos hablando de desactivar lo que ya estaba caducado no tiene sentido. Yo tengo también en mi casa un cajón de medicinas del que voy sacando las que caducan. O hablamos en serio de desarme o no podemos admitir que haya un grupo de países armados hasta los dientes y otros desarmados".

Así se explicó el presidente de Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, en una conversación con Juan Luis Cebrián, periodista y consejero delegado de EL PAÍS, que tuvo lugar el viernes pasado en el despacho oficial del mandatario brasileño. Lula, que asistirá a partir de mañana en Washington a la cumbre internacional sobre seguridad nuclear, recibió a Cebrián en el marco de la preparación de unas jornadas sobre Brasil que EL PAÍS y el diario Valor organizarán el mes que viene en Madrid.

"Pakistán", dijo el jefe del Estado brasileño, "tiene la bomba atómica, Israel también. Es comprensible que quien se siente presionado por esa situación pueda pensar en crear la suya. No tenemos derecho a poner a nadie contra la pared, a practicar la táctica del todo o nada".
"He explicado a Obama, a Sarkozy, a Merkel, que hay que hablar con Irán", agregó Lula. "Es un gran país, con una cultura propia, que creó una civilización. Es preciso que los iraníes sepan que pueden enriquecer uranio para fines pacíficos y que los demás tengamos la tranquilidad de que es sólo para dichos usos pacíficos. No se puede partir del prejuicio de que Ahmadineyad es un terrorista al que es preciso aislar. Tenemos que negociar. Quiero conversar con él de estos temas hasta el último minuto. Y el único límite a la posición de Brasil es el respeto a las resoluciones de Naciones Unidas, que mi país cumplirá
".

2074) Diplomacia soberana na berlinda: o caso das sancoes contra o Iran

Adesão da China a sanções contra Irã pode isolar Brasil
Medidas contra Teerã devem ocupar discusões em cúpula sobre segurança nuclear nesta 2ª-feira em Washington.

BBC Brasil, 12 de abril de 2010

A posição brasileira de rejeitar novas sanções contra o Irã poderá ser posta em xeque caso a China decida apoiar as medidas, dizem analistas ouvidos pela BBC Brasil.

"Se a China concordar com novas sanções, isso vai mostrar que as grandes potências mundiais estão preocupadas com a questão nuclear do Irã", diz Mauricio Cárdenas, diretor da Iniciativa para a América Latina do Instituto Brookings, de Washington.

"E ignorar esse fato não é a direção correta a ser tomada por um país que deseja ser uma potência global", afirma.

A questão nuclear iraniana deverá estar no centro dos debates a partir desta segunda-feira, quando representantes de 47 países, entre eles o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, participarão da Cúpula sobre Segurança Nuclear organizada pelo governo americano em Washington.

Até o momento, Brasil e China têm adotado discursos semelhantes sobre o assunto, com manifestações contrárias à imposição de uma quarta rodada de sanções da ONU contra o Irã e com a defesa do diálogo como melhor caminho.

Nas últimas semanas, porém, Pequim vem dando sinais de que poderia mudar sua posição.

O governo chinês já aceitou "discutir" a questão das sanções e, na última quinta-feira, enviou um representante a uma reunião entre os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha para debater o tema.

"O Brasil talvez tenha de acabar apoiando as sanções se a China assim o fizer", diz Alireza Nader, especialista em Irã da Rand Corporation.

Conselho de Segurança

A China é um membro permanente do Conselho de Segurança, ao lado de Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e Rússia, e por isso tem poder de veto sobre as resoluções do órgão.

O Brasil também integra o conselho, mas com uma vaga rotativa, sem poder de vetar as resoluções. O governo brasileiro, porém, deseja obter no futuro uma vaga permanente.

A Rússia, outro membro permanente que também era contrário a novas sanções contra o Irã, recentemente manifestou seu apoio às medidas.

Os Estados Unidos e outros aliados pressionam por uma quarta rodada de sanções por causa da recusa do governo iraniano em interromper seu programa de enriquecimento de urânio.

Esses países temem que o Irã esteja trabalhando secretamente para fabricar armas nucleares. O governo iraniano nega essas alegações e diz que seu programa é pacífico.

As três rodadas de sanções anteriores já aprovadas pelo Conselho de Segurança se mostraram até agora pouco eficazes em pressionar Teerã a interromper seu programa nuclear.

As novas sanções em discussão, segundo especialistas, seriam direcionadas a empresas ligadas à Guarda Revolucionária do Irã, que controlam negócios domésticos e no Exterior.

Depois que os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança chegarem a um acordo sobre uma nova rodada de sanções, a proposta de resolução é levada a votação, com a participação dos outros dez membros com vagas rotativas.

Além do Brasil, Turquia e Líbano também têm se manifestado contrários a novas sanções e favoráveis a insistir no diálogo com Teerã.

Imagem

"Em geral, a posição do Brasil não seria crucial. Mas o Brasil é o único país com uma boa reputação global, considerado um 'bom cidadão global', que parece apoiar o Irã neste momento", diz o presidente emérito do instituto de análise política Inter-American Dialogue, Peter Hakim.

O analista afirma que não se deve esperar que o Brasil mude de posição de uma hora para outra, caso a China resolva apoiar as sanções.

"Mas vai ter que mudar em algum momento. Ou não vai ser levado a sério", diz Hakim.

O Brasil recebeu o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, em novembro passado. No próximo mês, o presidente Lula deverá retribuir a visita.

Segundo Hakim, ao contrário da China, o Brasil, além de se manifestar contra as sanções e a favor do diálogo com o governo iraniano, também demonstra não acreditar que o Irã busque desenvolver armas nucleares, e está disposto a dar ao governo iraniano o benefício da dúvida.

"Agindo assim, o Brasil dá a impressão de estar desconectado dos fatos. Sugere que considera o Irã um cidadão internacional perfeitamente responsável. Dá a impressão de não estar totalmente informado sobre o papel do Irã no Oriente Médio", diz Hakim.

Mauricio Cárdenas afirma que a imagem do Brasil poderia ser arranhada caso o país insista em apoiar o Irã.

"Em uma questão que diz respeito a toda a comunidade internacional, discordar não é sinal de independência. É sinal de que o Brasil não entendeu os riscos", diz o analista do Brookings.

Cúpula

A programação oficial da Cúpula de Segurança Nuclear prevê plenárias e discussões sobre a cooperação internacional para evitar o terrorismo nuclear.

Segundo a Casa Branca, os países vão discutir medidas conjuntas e individuais e buscar um plano de ação sobre o tema.

A questão iraniana não aparece na agenda oficial, mas deverá movimentar os encontros bilaterais previstos para os dois dias do encontro.

O presidente americano, Barack Obama, vem mantendo uma série de discussões bilaterais desde domingo. Nesta segunda-feira, uma de suas reuniões será com o presidente da China, Hu Jintao.

A cúpula ocorre no momento em que a questão nuclear ocupa espaço de destaque na agenda política de Obama.

Na semana passada o presidente americano apresentou uma nova estratégia de defesa que restringe o uso de suas armas nucleares, embora o entendimento da estratégia possa abrir uma exceção para o Irã e a Coreia do Norte. Também assinou com a Rússia um acordo bilateral de redução dos arsenais nucleares dos dois países, o principal tratado do tipo em 20 anos.

O presidente Lula não tem encontros bilaterais previstos com Obama. Entre as reuniões privadas já confirmadas, estão encontros com os líderes da Itália, Turquia, Japão, Canadá e França.

O programa nuclear brasileiro também estará em pauta em maio, quando ocorre em Nova York a conferência de revisão do Tratado de Não-Proliferação Nuclear. BBC Brasil

sábado, 10 de abril de 2010

2064) O Brasil conciliador com o Iran, na visao de um americano

Interessante que no caso de Honduras, um país sem a importância do Irã, o Brasil foi tudo menos conciliador...

think.
Brazil and Its Global Agenda
Stanley Foundation, April 2010

(Editor’s Note: Stanley Foundation program officer David Shorr recently visited Brazil where he held a series of conversations with members of Brazil’s foreign policy community. This article is a summary of his perspectives on Brazil’s role in the world.)

In mid-March, Brazilian President Luiz Ignacio Lula da Silva visited the Middle East on a five-day swing through Israel, Jordan, and the Palestinian Authority. The trip aptly symbolized the growing influence of a country whose recent rise in global stature is exceeded only by China and India. Behind the symbolism, of course, was the famously charismatic leader’s effort to exert Brazil’s diplomatic influence on some of the world’s most sensitive and prominent challenges—Middle East peace and the Iranian nuclear program. That effort has, in turn, prompted a nascent debate over Brazil’s global political role.

In interviews prior to his visit, Lula professed his strong belief in the power of dialogue to resolve conflicts such as the Israeli-Palestinian clash as well as the peacemaking contribution Brazil can make, given its generally amicable relations with most other nations. Beyond the question of whether, as President Lula claims, a new set of interlocutors can be more successful in bringing Middle East peace, there’s the matter of how much diplomatic heavy lifting Brazil can or should handle.

Recent global shifts have not only boosted the influence of emergent powers like China and Brazil, they have also brought an agenda of challenges (climate change, nonproliferation, economic development) that are harder to solve—that will require more than just a few decisions by a few key powers. This seems to argue for an all-hands-on-deck approach to international cooperation and leadership. Not just for Brazil, but any influential nation that can help with the lifting.

To say that Brazil should be an international leader—beyond its inevitable role in the Western Hemispheric region—leaves room for debate regarding whether and how it could do so. The dilemmas of the Iran case are already serving as somewhat of a test. President Lula has cultivated good relations with Iranian leader Mahmoud Ahmadinejad, just as international pressure is mounting for Iran to give added transparency and reassurance that its nuclear program is civilian. This certainly fits with the strategy of being “friend to all.” Yet it also begs the question of whether conciliation rather than pressure in response to another nation’s actions is always the best path to peace.

—David Shorr

sexta-feira, 5 de março de 2010

1749) Brazil and Iran at the UNSC - Matias Spektor

How to Read Brazil's Stance on Iran
Matias Spektor, Visiting Fellow
First Take, Council of Foreign Relations, March 4, 2010

The obstacles to U.S. efforts to tighten UN sanctions against Iran were apparent in Secretary of State Hillary Clinton's March 3 meetings in Brasilia. President Luiz Inacio Lula da Silva said, "It is not prudent to push Iran against the wall," and Foreign Minister Celso Amorim called sanctions potentially "counterproductive."
While Brazil is not a permanent member of the UN Security Council and cannot veto resolutions, as a holder of a temporary seat, it can either facilitate or complicate consensus. Equally important, Brazil will play a role in ensuring that sanctions, if passed, get implemented successfully due to its activism inside the UN, the International Atomic Energy Agency (IAEA), and in various informal groups.
There are three major factors behind Brazil's posture on Iran today. First, in the eyes of Brazilians, sanctions may well be a prelude to intervention. Amorim in the past few days has warned that the last time the Security Council voted on the basis of inconclusive evidence, the world ended up with a major illegitimate intervention in Iraq that undermined the principle of collective security.
Second, Brazil believes sanctions will only toughen the Iranian stance. Pressure and isolation, the argument has it, will create a major incentive for Tehran to seek a deterrent. Brazil is well acquainted with the rationale: in the face of U.S. opposition to its own civilian nuclear program back in the 1970s, Brazil set up secret nuclear activities that eventually succeeded in developing indigenous enrichment capacity. It took Brazil over a decade after that to sign up to the Nulcear Nonproliferation Treaty. As a high-ranking official in Brasilia recently said, "When Brazil looks at Iran it doesn't only see Iran, it sees Brazil too."
Third, Brazil sees debates over Iran's nuclear program as an opportunity to make a broader argument about the nonproliferation regime. In Brazilian eyes, the regime has become a politically driven tool in the hands of the United States to selectively "lay down the law" on weaker states. Why, Brazil argues, the fuss over Iran when Israel remains in a state of nuclear denial? And why does a member of the NPT like Iran get punished for allegedly seeking civilian enrichment technology, when India, which has chosen to remain outside the regime and challenge it overtly, gets a big reward from Washington instead? Furthermore, why expect compliance with Western preferences in the NPT if the major nuclear powers have been unable to honor their part of the deal and move decisively toward disarmament?
But while Brazil may try to blunt the sharper edges of what its officials see as U.S. hegemony, it will not undercut broader U.S. nonproliferation interests. On the contrary, it may well help advance them in consequential ways, such as helping build support in the developing world for a more efficient and legitimate regime.
And Brazil's attitude shouldn't be seen as a bout of anti-Americanism either. As a major beneficiary of collective security as we know it since 1945, Brazil is not a challenger of the American worldview. But as an emerging country with a long history of frailty and dependence, it seeks protection and hedging against great-power use of international norms to impose their will on weaker nations.
What can we expect then? Brazil's attitude is to wait for hard proof of a weapons programs underway in Iran--from a Brazilian perspective, existing evidence is not sufficient. If such fears were to be confirmed, though, there is no doubt that Brazil would move fast to condemn Iran.
Also, and significantly, officials in Brasilia on March 3 signaled their voting behavior in the Security Council is far from preordained. The door is open to negotiation, and it would be a mistake for Washington to dismiss Brazil's support at this stage.