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terça-feira, 12 de abril de 2011

Oposicao nao precisa disputar povao, diz FHC - artigo de Reinaldo Azevedo

Continuando na mesma linha do post anterior, transcrevo aqui post retirado do blog do jornalista Reinaldo Azevedo, que concorda com o ex-presidente quando diz que a oposição não precisa disputar "povão".
Discordo, radicalmente.
Ao formular sua mensagem às classes médias, como pretendem os dois citados acima, acredito que a oposição, quando existir, deveria igualmente se dirigir à classe média, mostrando que, bondades e esmolas à parte, o "povão", na verdade, é a principal vítima das políticas distributivistas das novas máfias no poder, na medida em que essas políticas perpetuam sua situação de marginalidade relativa, ao preservar esses mecanismos puramente de "assistência", com manutenção de alta tributação indireta, péssima educação, insegurança geral e outras perversidades indiretas, não detectadas pelo mesmo "povão".
Já considero esse termo "povão" ofensivo, por negar dignidade aos milhares de trabalhadores humildes, sem qualificação, e que também precisam ser educados politicamente a lutar por seus direitos, em lugar de ficar demandando "políticas públicas" enganosas em conteúdo e forma.
Discordo, portanto, embora creio que o debate é importante.
Paulo Roberto de Almeida

FHC diz que oposição não tem de disputar “povão” com o PT. E ele está certo!
Reinaldo Azevedo, 12 de abril de 2011

A Folha de hoje dá a seguinte manchete: “Oposição deve desistir de buscar ‘o povão’, diz FHC”. Muita gente vai ignorar o conteúdo do texto. Os petistas e parte da imprensa (a imprensa petista!) usarão a manchete para satanizar o tucano. E, no entanto, ele está certíssimo. Embora eu me considere um conservador, e FHC seja de centro-esquerda, concordo com ele nesse particular. E, vocês sabem, já escrevi um texto gigantesco defendendo essa tese, que foi publicado na última edição de 2010 da VEJA. Já chego lá. Leiam trechos da reportagem da Folha. Volto em seguida.

*
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defende em artigo que será publicado nesta semana uma revisão profunda da estratégia adotada pelo PSDB e pelos demais partidos de oposição para voltar ao poder. Numa espécie de manifesto, ele afirma que a oposição deveria desistir de conquistar as camadas mais pobres do eleitorado e se conectar com a nova classe média produzida pelo crescimento econômico dos últimos anos. “Enquanto o PSDB e seus aliados persistirem em disputar com o PT influência sobre os “movimentos sociais” ou o “povão”, falarão sozinhos”, diz o ex-presidente.
(…)
FHC critica os governos que o sucederam e o próprio partido. “Uma oposição que perde três disputas presidenciais não pode se acomodar e insistir em escusas que jogam a responsabilidade no terreno “do outro’”, afirma.
(…)
FHC diz que a oposição não defendeu seu legado. “Segmentos numerosos das oposições de hoje aceitaram a modernização representada pelo governo FHC com dor de consciência”, avalia. O ex-presidente deu a seu artigo o título “O papel da oposição”, o mesmo de um texto célebre que publicou na década de 1970, quando fazia oposição à ditadura militar. Aqui

Voltei [Reinaldo Azevedo:]
No meu longo artigo do ano passado, trato justamente do papel das oposições. A íntegra está aqui. Afirmo explicitamente que é necessário defender as conquistas do PSDB, que é inútil disputar os movimentos sociais com o PT e que é preciso buscar a classe média. E digo ainda que é necessário ter a coragem para falar com o Brasil conservador. Nesse particular, eu e FHC certamente divergimos. No resto, concordamos. Leiam trechos do meu texto.

(…)
A pergunta óbvia é com que discurso articular o dissenso, sem o qual a democracia se transforma na ditadura do consentimento?

Não existem receitas prontas. Mas me parece óbvio que o primeiro passo consiste em libertar a história do cativeiro onde o PT a prendeu. Isso significa mostrar, e não esconder, os feitos e conquistas institucionais que se devem aos atuais oposicionistas e que se tornaram realidade apesar da mobilização contrária bruta e ignorante do PT. Ajuda também falar a um outro Brasil profundo, que não aquele saído dos manuais da esquerda, sempre à espera de reparações e compensações promovidas pelo pai-patrão dadivoso ou a mãe severa e generosa, à espera da “grande virada”, que nunca virá!

Temos já um Brasil de adultos contribuintes, com uma classe média que trabalha e estuda, que dá duro, que pretende subir na vida, que paga impostos escorchantes, diretos e indiretos, a um estado insaciável e ineficiente. Milhões de brasileiros serão mais autônomos, mais senhores de si e menos suscetíveis a respostas simples e erradas para problemas difíceis quando souberem que são eles a pagar a conta da vanglória dos governos. É inútil às oposições disputar a paternidade do maná estatal que ceva mega-currais eleitorais. Os órfãos da política, hoje em dia, não são os que recebem os benefícios - e nem entro no mérito, não agora, se acertados ou não -, mas os que financiam a operação. Entre esses, encontram-se milhões de trabalhadores, todos pagadores de impostos, muitos deles também pobres!

Esse Brasil profundo também tem valores - e valores se transformam em política. O que pensa esse outro país? O debate sobre a descriminação do aborto, que marcou a reta final da disputa de 2010, alarmou a direção do PT e certa imprensa “progressista“. Descobriu-se, o que não deixou menos espantados setores da oposição, que amplas parcelas da sociedade brasileira, a provável maioria, cultivam valores que, mundo afora, são chamados “conservadores”, embora essas convicções, por aqui, não encontrem eco na política institucional - quando muito, oportunistas caricatos os vocalizam, prestando um desserviço ao conservadorismo.

Terão as oposições a coragem de defender seu próprio legado, de apelar ao cidadão que financia a farra do estado e de falar ao Brasil que desafia os manuais da “sociologia progressista”? Terão as oposições a clareza de deixar para seus adversários o discurso do “redistributivismo”, enquanto elas se ocupam das virtudes do “produtivismo”? Terão as oposições a ousadia de não disputar com os seus adversários as glórias do mudancismo, preferindo falar aos que querem conservar conquistas da civilização? Lembro, a título de provocação, que o apoio maciço à ocupação do Complexo do Alemão pelas Forças Armadas demonstrou que quem tem medo de ordem é certo tipo de intelectual; povo gosta de soldado fazendo valer a lei. Ora, não pode haver equilíbrio democrático onde não há polaridade de idéias. Apontem-me uma só democracia moderna que não conte com um partido conservador forte, e eu me desminto.

Antes de saber quem vai liderar um dos pólos, é preciso fazer certas escolhas. O Congresso aprovou há pouco, por exemplo, o sistema de partilha para o pré-sal. Não se ouviu a voz da oposição, a exceção foi a senadora Kátia Abreu (TO). O PT inventou a farsa, amplamente divulgada na campanha eleitoral, de que não passava de “privatização” o sistema de concessão, que conduziu o país à quase auto-suficiência e que fez dobrar a produção de petróleo no governo FHC. Mentiu, mas venceu o embate. Podem vir por aí as reformas. Quais setores da sociedade as oposições pretendem ter como interlocutores? Continuarão órfãos de representação milhões de eleitores que não se reconhecem na ladainha pastosa do “progressismo”? As oposições têm de perder o receio de falar abertamente ao povo que trabalha e estuda. Que estuda e trabalha. Em vez de tentar dividir os louros da caridade, tem de ser porta-voz do progresso.

domingo, 29 de agosto de 2010

E por falar na Venezuela...: um opositor sumamente estupido (ao que parece)

Vejam como são estúpidos esses opositores venezuelanos ao projeto democrático do coronel Chávez: totalmente desatentos ao fato de que eles devem estar sob constante vigilância do aparato de segurança do dito coronel -- nisso bem instruído pelos agentes da Seguridad cubana -- eles se permitem acumular explosivos no apartamento pessoal de um dos líderes da oposição, e justo numa fase pré-eleitoral, quando eles estariam presumivelmente sob controle reforçado.
Como eles podem ser tão estúpidos assim?
Não é preciso muita imaginação da parte da repressão do coronel para deduzir que essa oposição tentaria esses golpes baixos, aliás terroristas.
Eles precisam fazer um curso com o coronel golpista e com os cubanos: estes sim sabem das coisas, inclusive como montar golpes, altos e baixos...
Paulo Roberto de Almeida

Ministerio Público acusó a Alejandro Peña Esclusa por ocultar explosivos en su residencia
Agencia Venezolana de Noticias (AVN), Viernes 27/08/2010

El Ministerio Público acusó al activista político Alejandro Peña Esclusa, detenido el pasado 12 de julio, por miembros del Servicio Bolivariano de Inteligencia Nacional (Sebin), de ocultar explosivos hallados en su residencia, ubicada en Caracas.

El procedimiento fue realizado con el apoyo de los funcionarios del Sebin, quienes encontraron 100 cápsulas de detonadores de calor y dos de tipo eléctrico, así como aproximadamente 900 gramos de C-4, entre otros elementos de interés criminalístico.

Peña Esclusa está presuntamente vinculado con los hechos de carácter terrorista que Francisco Chávez Abarca venía a coordinar en Venezuela, según informó el Ministerio Público en un boletín de prensa.

El fiscal 4° nacional y su auxiliar, Didier Rojas y Andrés Bravo, respectivamente, acusaron a Peña Esclusa por presuntamente incurrir en los delitos de tráfico de arma de guerra en la modalidad de ocultamiento y asociación para delinquir, previstos y sancionados en la Ley Orgánica Contra la Delincuencia Organizada.

En ese sentido, el tráfico de arma de guerra se encuentra estipulado en el artículo 9 de la citada Ley, que refiere: "Quien importe, exporte, fabrique, suministre u oculte de forma indebida algún arma o explosivo, será castigado con pena de cinco a ocho años de prisión. Si se trata de arma de guerra la pena será de seis a diez años de prisión".

En el escrito, presentado ante el Tribunal 6° de Control del Área Metropolitana de Caracas (AMC), los fiscales solicitaron la admisión de la acusación, de los medios y pruebas ofrecidos y pidió se ordene el enjuiciamiento de Peña Esclusa.

También se solicitó la ratificación de la medida de privación de libertad y que se mantenga su reclusión en la sede del Sebin (centro de Caracas).

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E agora, a versão da vítima, segundo matéria que me foi remetida com base no comentário postado abaixo, e cuja íntegra transcrevo aqui (para os videos, referir-se ao post original).
Como se vê, a vítima é responsável por sua própria prisão, pois o cidadão em questão não contava com a astúcia do coronel, sempre atento para a segurança do país e possíveis ameaças terroristas (sempre possíveis, algumas até emanando do próprio Estado).
Paulo Roberto de Almeida

Detalhes sobre a farsa do "terrorismo" de Peña Esclusa
Nota Latina, 13 de julho de 2010

Desde cedo da manhã tento falar com Indira, esposa de Alejandro Peña Esclusa, mas a ligação cai direito numa caixa-postal. Confesso que estranhei porque é uma gravação feita na voz de um homem que não é Alejandro, me parecendo que a essa altura o telefone está não só grampeado como controlado pelo KGB bolivariano.

Na manhã de hoje Indira deu uma entrevista a Fernando Londoño, em seu programa “La Hora de la Verdad”, que teve tantas vezes o próprio Alejandro como convidado. Nesta entrevista Indira conta como a coisa aconteceu, deixando claro para quem não é ignorante nem conivente com esta patifaria que as “provas” foram plantadas grosseiramente, pois “encontraram” material explosivo guardado numa gaveta do quarto de Cecilia, a filha mais nova do casal, com apenas 7 anos de idade. É preciso ser muito estúpido para crer que, ou Alejandro expunha a própria filha, guardando material explosivo em seu quarto, ou então a menina também faz parte da conspiração terrorista. Ouçam a entrevista aqui:
(video)

É odioso ouvir estas coisas! Observem que tudo nesta ação é ilegal, pois invadiram a residência da família sem uma ordem judicial, não permitiram a presença do advogado de Alejandro, que ficou plantado na porta, não permitiram a presença de vizinhos do casal como testemunhas, constrangeram e amedrontaram as crianças, pois queriam revistar seus quartos empunhando uma pistola e, ademais de plantar coisas que incriminariam Alejandro, eram 13 policiais revirando a casa inteira acompanhados de dois estranhos que “eles” trouxeram alegando que eram “vizinhos” que estavam ali para testemunhar a batida que os criminosos faziam. Indira não reconhece esses tipos como “vizinhos” e não sabe sequer se eram pessoas que passavam pela rua ou se já foram trazidos pelos agentes da polícia política.

O vídeo abaixo mostra o momento da invasão gravado pela TV estatal “VTV”, a única presente para documentar os fatos, corroborar a mentira plantada e ser a única versão que o cidadão comum teve acerca dos fatos. Na entrevista, David Colmenares informa que foram encontradas umas “cápsulas de explosivos”, que Alejandro “admitiu” ter conhecimento das mesmas em sua casa e que por isso “não resistiu” à detenção. Indira, por sua vez, nega veementemente que isto tenha ocorrido, sobretudo porque ela SABE que aquele tipo de material NUNCA existiu em sua casa até aquele momento e que, sozinha, ela não podia controlar 13 pessoas espalhadas por seu apartamento revirando e vasculhando tudo em busca de provas incriminatórias. Como não as encontraram, providenciaram uma deixando a marca da mentira bem evidente, plantando-a no quarto de uma menina de 7 anos. Vejam no vídeo abaixo:

Detención de Peña Esclusa
E conforme eu havia dito ontem, por conhecer perfeitamente bem os métodos desta canalha criminosa, hoje recebo um vídeo recomendado por meu amigo Alex, o “Cavaleiro do Templo”, em que María Elvira tem uma conversa com dois ilustres personagens, assíduos de seu programa “María Elvira Live”, que são o ex Capitão de Navio da Armada Venezuelana, Bernardo Jurado, e o advogado cubano Camilo Loret de Mola, acostumado a conversar com presos logo após passarem por interrogatórios em Cuba. Assistam ao vídeo com muita atenção:

DETIENEN PRESUNTO TERRORISTA EN CARACAS. "MARIA ELVIRA LIVE" 07.07.2010
Observem logo nos primeiro minutos do vídeo, numa reportagem de TeleSur, a camaradagem no cumprimento entre Chávez Abarca e seu interrogador. Ora, não é necessário ser um perito em coisa nenhuma para saber que numa situação de interrogatório as partes na situação são oponentes, ou no mínimo desconhecidas, onde um exige explicações por desconfiar de que o interrogado tem algo “anormal” ou irregular a esconder, e o outro encontra-se numa situação de constrangimento tendo que explicar, justificar ou negar as acusações que se lhe fazem naquele momento.

Então Camilo, como cubano, observa que o interrogador tem sotaque CUBANO! E eu deduzo que os dois são velhos camaradas e que a farsa está perfeitamente corroborada através das imagens gravadas. Há perguntas irrespondíveis acerca deste elemento Chávez Abarca, conforme eu levantei a suspeita na edição anterior, que esses dois senhores também observaram, como por exemplo: se a polícia venezuelana o acusa de ter vindo ao país a soldo de Posadas Carriles para cometer atos de terrorismo e desestabilizar o governo, por que ele foi deportado no mesmo dia que chegou a Caracas? Se ele foi deportado imediatamente, como pôde ter entregado todo o esquema, nomes dos envolvidos, inclusive denunciado Peña Esclusa como seu cúmplice, numa rapidez jamais vista sem sofrer qualquer bofetada para confessar? Que espécie de “espião” é esse que entrega tudo de bandeja já na primeira pergunta cordial? Tem mais: se ele pretendia cometer atos de terrorismo na Venezuela, por que não ficou detido lá para averiguação das informações, depois julgado e preso?

São tantos os “buracos” nesta história macabra que fica claro, para qualquer pessoa que tenha um mínimo de inteligência e acompanhe os fatos, que este circo foi montado com o único objetivo de levantar uma cortina de fumaça sobre o fracasso do tal bolivarianismo, do colapso energético, da semi-falência da PDVSA, das toneladas de comida apodrecidas em containers enquanto o povo passa fome, e uma maneira eficaz de “justificar” o encarceramento de todos os seus opositores de uma cajadada só. A lista dos próximos a serem acusados por crimes que não cometeram é grande e Alejandro foi apenas o primeiro. Eles sempre fazem assim: se não há qualquer prova para tirar do caminho os opositores, eles inventam, plantam informações falsas e até provas materiais concretas, como fizeram com Alejandro.

E, posso estar enganada, mas acredito que este episódio não só foi planejado por Cuba, como a beneficia também, justo no momento em que as críticas em relação aos presos-políticos “obrigaram” o regime a libertar 7 deles, como “prova de generosidade” e para maquiar uma falsa abertura de Raúl, o ébrio.

Havia muito mais coisas que eu desejava publicar nesta edição de hoje, mas meu amigo Heitor De Paola já o fez, com artigos e matérias de outros sites e que, por isso, recomendo que não deixem de visitá-lo pois são todas muito importantes para se conhecer o caso mais a fundo. Fiquem com Deus até a próxima!

Comentários: G. Salgueiro