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terça-feira, 4 de novembro de 2014

Rompendo Fronteiras: a academia pensa a diplomacia - ebook Paulo Roberto de Almeida



Paulo Roberto de Almeida 

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Apresentação

Rompendo fronteiras me pareceu um título apropriado para este terceiro volume da série de resenhas de livros, também “recuperadas” a partir do “livro-mãe”, Prata da Casa, também um e-book e ao qual agreguei outras resenhas dispersas em meus arquivos de computador, que tinham a ver com a mesma temática: as relações internacionais, num sentido amplo, e as relações exteriores do Brasil, no sentido largo, ou seja, sua política externa e sua diplomacia profissional. Diplomatas e acadêmicos estão sempre “rompendo” fronteiras virtuais, intercambiando experiências e mantendo atividades reciprocamente proveitosas, mas também aquelas fronteiras institucionais que separam os serviços diplomáticos das salas de aula e dos auditórios acadêmicos. Este resenhista, por sinal, poderia até ser citado como um dos exemplos conspícuos nesse tipo de interação, embora existam muitos outros que também a praticam (talvez em menor número do que seria desejável, ou até recomendável).
Esse “rompimento de fronteiras” se exerce em ambas as direções. Não apenas a academia pensa a diplomacia – e as relações exteriores do país, cela va de soi – mas ela também gostaria de influenciar as orientações e as iniciativas da política externa, quando não interferir no seu curso, e não só para oferecer conselhos desinteressados. Da mesma forma, diplomatas começam por exibir uma sólida formação acadêmica, embora nos últimos tempos se tenha registrado uma “curiosa” tendência à seleção de candidatos treinados (alguns até pavlovianamente) por cursinhos preparatórios para responder exatamente dentro dos cânones selecionados nesses concursos elaborados por entidades especializadas, com alguma assistência dos diplomatas. A despeito dessas expressões mais “empreguistas” do que propriamente vocacionais, é evidente que diplomatas e acadêmicos mantêm, desde tempos imemoriais, uma benéfica osmose intelectual que começa nos bancos universitários, se prolonga nos trabalhos de pesquisa e de qualificação graduada e se estende a projetos cooperativos no terreno operacional.
Alguns diplomatas podem até ter efetuado sua preparação para o concurso de ingresso na carreira de forma essencialmente autodidata, mas os requerimentos de ingresso exigem um certificado qualquer de terceiro ciclo, o que em muitos casos vem complementado por um mestrado e mesmo por um doutorado. A quase totalidade dos vocacionados para a carreira buscaram uma formação universitária vinculada de perto ao universo disciplinar exibindo ampla interface para a diplomacia, e muitos dos bem sucedidos, também possuem o vírus da carreira acadêmica e complementam o trabalho ou a especialização intelectual em cursos de pós-graduação, no Brasil e no exterior. Enfim, são múltiplas as pontes e as interações entre as duas comunidades, e uma famosa tese do Curso de Altos Estudos – de Gelson Fonseca Júnior, chamada justamente Diplomacia e Academia (fiz uma mini-resenha no primeiro volume desta série) – já explorou os diversos aspectos e as implicações dessa colaboração tradicional.
Este terceiro volume da série de resenhas de livros sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil cobre, precisamente, os muitos exemplos dessa interface relativamente feliz, mas não destituída de alguns percalços, de várias ambiguidades, se não de incompreensões metodológicas e substantivas.  Não é minha intenção explorar neste momento as diversas facetas desses “tropeços”, não porque eu também marco presença nas duas instituições, mas porque não é o contexto adequado e a oportunidade para realizar um exame objetivo das mencionadas dificuldades.
Interessa-me bem mais agora destacar os bons exemplos dessa produção livresca interessando tanto os diplomatas, quanto os acadêmicos, seja pelo conteúdo próprio das obras, seja pelas possibilidades de aprofundamento adequado das questões abordadas. Compro ou recebo muitos livros, dos quais alguns são selecionados para leitura atenta e se tornam objeto de uma resenha corriqueira ou de um artigo-resenha mais alentado do que o habitualmente encontrado nos periódicos acadêmicos. O que distingue as minhas resenhas das que habitualmente se leem nesses veículos? Basicamente isto: ninguém me encomendou nada, eu mesmo decido o que ler, o que resenhar, e como analisar as obras que me chegam às mãos; não sou um resenhista profissional, apenas um leitor compulsivo, que sente vontade de dizer o que pensa sobre alguma obra em destaque.
À diferença dos dois volumes anteriores desta série, que incidiram seletivamente sobre obras de diplomatas brasileiros, este terceiro e último volume recupera unicamente os livros de “paisanos”, inclusive estrangeiros, ou seja, não diplomatas, quase todos acadêmicos, mas um outro profissional de mercado também, consultores ou profissionais liberais. Quando a oportunidade se apresentar, pretenderia preparar um artigo sobre os “brasilianistas” da diplomacia brasileira, ou seja, aqueles especialistas estrangeiros que se dedicaram ao estudo e à análise de nossa política externa.
Reuni, portanto, neste volume mais de cinco dezenas de resenhas de livros de não diplomatas profissionais obre temas que devem interessar diplomatas e candidatos à carreira. Na verdade, as obras resenhadas são em número superior a meia centena, algo em torno de setenta livros, tendo em vista duas resenhas múltiplas de sete livros cada uma das vezes, e uma ou outra resenha combinando edições estrangeiras originais e aquelas publicadas no Brasil. Os brasileiros nativos são mais numerosos, et pour cause: aproximadamente dois terços do total de autores examinados criticamente pertencem a universidades brasileiras, dois tendo inclusive exercido funções diplomáticas, brasileira ou multilateral, embora vários outros possam ter integrado ocasionalmente missões ou conferências diplomáticas.
No passado, a osmose entre um e outro setor era mais frequente, inclusive em nível de chefes de missão, o que se tornou extremamente raro nas últimas duas ou três décadas; trata-se, provavelmente, de um efeito residual do fato que a antiga capital do país era também o seu centro cultural. O insulamento operacional criado a partir da instalação da chancelaria no cerrado central, quase meio século atrás, não deveria, em princípio, impedir a cooperação intelectual, e até a troca de “produtos” entre as duas comunidades: relatórios, estudos, dissertações, teses, e o exercício docente, em ambas instituições, mas é um fato que a corporação diplomática tendeu a se fechar às incursões de “paisanos” no desempenho de missões permanentes no exterior. Seria isso bom para a carreira? Difícil responder, uma vez que, assim como ocorre para o cargo de ministro da defesa, existem poucas capacidades, de notória qualidade, detectáveis na vida civil e capazes de exercer com proficiência a chefia da instituição diplomática e a de defesa.
Os livros aqui selecionados tratam dos temas tradicionais da diplomacia, seja ela brasileira, regional ou multilateral, seja a de outros Estados, tanto quanto das diversas questões atinentes à política mundial e à economia internacional. Muitos outros temas correntes na agenda diplomática brasileira – como meio ambiente, por exemplo, ou a sua diplomacia cultural – bem como questões da política mundial – temas estratégicos ou de segurança, equilíbrio de poderes, com algumas raras exceções – estão ausentes, porém, o que tem a ver com as minhas afinidades eletivas ou vantagens comparativas no terreno analítico. Alguns dos mais longos artigos de resenha traduzem a empatia deste resenhista por determinadas obras consideradas relevantes num ou noutro campo de minhas preferências de leitura ou de especialidade docente. Considero esta amostra relativamente representativa da literatura obrigatória no universo diplomático brasileiro, com alguns clássicos evidente, e várias outras surpresas bibliográficas também.
Combinadas às resenhas e mini-resenhas compiladas nos dois primeiros volumes desta série, todas elas “filhotes” do enorme Prata da Casa, esta seleção de “leituras diplomáticas” – que não constituem, cabe relembrar, todas as resenhas registradas desde que comecei a praticar esse saudável hábito, que depois virou uma mania – oferece, aos aventureiros que adentrarem em suas quase mil páginas, conjuntamente, um panorama bastante amplo das obras mais relevantes produzidas por diplomatas e não diplomatas, sobre o Brasil e o sobre mundo. O volume é uma espécie de “gabinete de curiosidades” do que foi impresso e publicado nas últimas décadas nesta área de minha especialidade.
Mas alguém poderia perguntar: por que tantos livros, por que tantas resenhas? Se me permitem escapar de alguma condenação por esse vício incurável, eu diria que o culpado de tudo é Monteiro Lobato, o autor mais frequente de minhas leituras infantis e juvenis, junto com algumas dezenas de outros, geralmente autores estrangeiros também traduzidos por sua iniciativa, e muitos deles publicados justamente pela Companhia Editora Nacional, que Lobato havia fundado na convicção de que “um país se faz com homens e livros”. Escusando o viés de gênero, sempre fui, não apenas partidário ativo dessa afirmação, como eu a pratiquei intensamente ao longo de toda a minha vida alfabetizada (que por sinal começou apenas na tardia idade de sete anos, por força de um ambiente familiar não especialmente inclinado para as leituras nem preparado para vocações puramente intelectuais). Os que já leram atentamente Monteiro Lobato sabem que várias de suas obras infantis representavam adaptações de obras estrangeiras, de história ou outras disciplinas, voltadas para o público infanto-juvenil. Eu também fui uma “vítima” desse complô de Lobato em prol da cultura e da inteligência do país, e tenho procurado retribuir em adulto o que aprendi desde as minhas primeiras letras.
De fato, estas minhas resenhas, livremente produzidas, muitas delas inéditas, constituem uma espécie de retribuição que faço ao Brasil e aos mais jovens, por ter tido a chance de conviver com livros em bibliotecas públicas e de instituições de ensino, de ter buscado livros em outras bibliotecas, em livrarias, na companhia dos amigos e na leitura constante das folhas literárias dos periódicos mais importantes do Brasil e do exterior. Os livros sempre me “pesaram”, estrito e lato senso, nas muitas mudanças que empreendi em minha carreira acadêmica e na vida profissional, mas é um peso do qual jamais reclamei ou me arrependi, ainda que o volume excessivo me tenha obrigado, uma vez ou outra, a descartes setoriais ocasionais. Essa incurável compulsão pelo papel impresso, e agora pelos livros eletrônicos – dos quais este aqui é um perfeito exemplo – me serve perfeitamente, tanto quanto pode servir a um círculo bem mais amplo de eventuais interessados, justamente por meio deste tipo de produção, que apresenta em algumas poucas páginas livros mais densos do que as recomendações habitualmente oferecidas atualmente em nossas academias.
De minha parte, espero ter cumprido meu “dever” professoral, que é antes de tudo uma enorme satisfação intelectual, no sentido de partilhar com colegas e alunos minhas leituras registradas ao longo de toda uma vida na companhia dos livros. Esta série está provisoriamente encerrada, em face da ausência relativa de unidade conceitual nas resenhas remanescentes, mas espero voltar neste mesmo formato com outros materiais quase tão interessantes, e cativantes, quanto o mundo dos livros e da cultura.
Divirtam-se, e até a próxima...

Paulo Roberto de Almeida
(um incorrigível leitor e escrevinhador)
Hartford, 4 de novembro de 2014

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Índice Geral
 
Primeira Parte, 19
Relações internacionais
Pierre Renouvin (ed.): Histoire des Relations Internationales
Francis Fukuyama: The End of History?
François Furet: Le Passé d’une Illusion: essai sur l’idée communiste
Alexandre Soljènitsyne: Lénine à Zurich
Jean-Christophe Rufin: L’Empire et les Nouveaux Barbares
Francis Fukuyama: Construção de Estados
Ricardo Seitenfus: Manual das organizações internacionais
Henrique Altemani e A. C. Lessa (orgs.): Política Internacional Contemporânea
Eduardo Felipe P. Matias: A Humanidade e suas Fronteiras
Fernando Barros: A tendência concentradora da produção de conhecimento
Guy Martinière - Luiz Claudio Cardoso (coords.): Coopération France-Brésil
Sverre Lodgaard and Karl Birnbaum (eds.), Overcoming Threats to Europe

Segunda Parte, 121
História diplomática e política externa do Brasil
João Pandiá Calógeras: A Política Exterior do Império
Carlos Delgado de Carvalho: História Diplomática do Brasil
Hélio Vianna: História Diplomática do Brasil
José Honório Rodrigues e R. Seitenfus:  Uma História Diplomática do Brasil
Amado Luiz Cervo e Clodoaldo Bueno: História da Política Exterior do Brasil
Sandra Brancato (coord.): Arquivo Diplomático do Reconhecimento da República
Ricardo Seitenfus: Para uma Nova Política Externa Brasileira
Henrique Altemani de Oliveira: Politica Externa Brasileira
Henrique Altemani e A. C. Lessa (orgs.): Relações internacionais do Brasil
A. A. C. Trindade: Repertório da Prática Brasileira do Direito Internacional
Clóvis Brigagão: Diretório de Relações Internacionais no Brasil, 1950-2004
João P. Reis Velloso e Roberto Cavalcanti (coords.): Brasil, um país do futuro? 

Terceira Parte, 209
Hemisfério americano e integração regional
Lincoln Gordon: Brazil’s Second Chance; A Segunda Chance do Brasil
Moniz Bandeira: O Expansionismo Brasileiro e a formação dos Estados no Prata
José Luis Fiori (org.): O Poder Americano
Moniz Bandeira: Estado Nacional e Política Internacional na América Latina
Boris Fausto e Fernando J. Devoto: Brasil e Argentina: história comparada
Eduardo Viola e Héctor Ricardo Leis: Desafios de Brasil e Argentina
John Williamson (org.): Latin American Adjustment: How Much Has Happened?
P.-P. Kuczynski e John Williamson (orgs.): After the Washington Consensus
Vários autores: A marcha da integração no Mercosul
Helder Gordim da Silveira: Integração latino-americana: projetos e realidades
José A. E. Faria: Princípios, Finalidade do Tratado de Assunção
Avelino de Jesus: Mercosul: Estrutura e Funcionamento
Jorge Pérez Otermin, Solución de Controversias en el Mercosur
Pedro da Motta Veiga: A Evolução do Mercosul: cenários
José Maria Aragão: Harmonização de Políticas no Mercosul
Hervé Couteau-Bégarie: Géostratégie de l’Atlantique Sud

Quarta Parte, 315
Economia mundial e comércio internacional
Vários autores: A economia mundial em perspectiva histórica
Jagdish Bhagwati: Em Defesa da Globalização
Paul Krugman: Rethinking International Trade
Daniel Yergin: The Prize: The Quest for Oil, Money and Power
Celso Lafer: Comércio, Desarmamento, Direitos Humanos
Mônica Cherem e R. Sena Jr. (eds.): Comércio Internacional e Desenvolvimento
Rabih Ali Nasser: A OMC e os países em desenvolvimento
Joseph Stiglitz e Bruce Greenwald: Novo Paradigma em Economia Monetária
Santiago Fernandes: A Ilegitimidade da Dívida Externa
Ha-Joon Chang: Kicking Away the Ladder; Bad Samarithans
Gary Clyde Hufbauer e Jeffrey J. Schott: North American Free Trade
Tullo Vigevani e Marcelo Passini Mariano: Alca: o gigante e os anões
Tullo Vigevani; Marcelo Dias Varella: Propriedade intelectual e política externa
Maria Helena Tacchinardi, A Guerra das Patentes: o conflito Brasil x EUA

Apêndices
A arte da resenha (para principiantes), 403
Livros publicados pelo autor, 409
Nota sobre o autor, 413

Disponibilizado na plataforma Academia.edu
link: https://www.academia.edu/9108147/25_Rompendo_Fronteiras_a_academia_pensa_a_diplomacia_2014_

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Codex Diplomaticus Brasiliensis (3): Apresentacao - Paulo Roberto de Almeida

Hartford, Edição de Autor, 2 novembro 2014, 326 p. 

Livro digital, em edição de autor, composto de resenhas de livros de diplomatas, já publicadas no Prata da Casa
Disponível na plataforma Academia.edu:
Link:
https://www.academia.edu/9084111/24_Codex_Diplomaticus_Brasiliensis_livros_de_diplomatas_brasileiros_2014_

 
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Apresentação 

Codex Diplomaticus era o título em latim que muitas chancelarias de antiga tradição usavam para designar a sua coleção, ou códice, de atos internacionais: tratados solenes, acordos de cooperação, convenções setoriais ou simples memorandos de entendimentos, assinados com potências estrangeiras e, de modo geral, mais entre soberanos que trocavam embaixadas ad hoc, do que entre dois Estados nacionais. Esses grossos volumes, que na Idade Média tardia eram feitos em pergaminho, e muitos deles encadernados com madeira e couro, passaram também a conter, na era do papel, atos multilaterais assinados ao cabo de alguma conferência diplomática reunindo diversas dessas potências, geralmente na sequência de grandes conflitos militares, como foi o caso dos tratados de Westfália (1648). Foi a partir desse doloroso despertar da era moderna que se deu início ao costume de repertoriar os documentos que faziam parte dos tratados de aliança e de convivência entre Estados nacionais, quando o latim ainda era a língua por excelência das relações internacionais e consolidava, como tal, o registro dos atos mais importantes da política externa dos seus soberanos.
O Brasil, obviamente, não é parte original dessa tradição: não esteve na conferência que restabeleceu a paz europeia, depois da guerra de Trinta Anos, nem jamais usou o latim como sua língua diplomática. Na primeira grande conferência em que esteve representado – mas indiretamente, como Reino Unido, em Viena –, a língua usada já era o francês, que continuou muito em voga na diplomacia brasileira até depois do final da Segunda Guerra Mundial. Mas, à diferença do suporte dialetal e diplomático que presidiu ao final do último grande conflito militar da era napoleônica, a Primeira Guerra Mundial, e ao tratado de Versalhes, o inglês suplantou rapidamente o francês como a língua de trabalho e de referência das conferências multilaterais e dos grandes atos internacionais, provavelmente desde a primeira “declaração das nações unidas,” de 1942, ainda com os Estados Unidos e a Grã-Bretanha unicamente. Nem se mencione o latim, que o próprio Vaticano pensa abandonar como língua oficial de seus documentos mais importantes; parece que nem nos seminários se estuda latim convenientemente.
  Pode parecer estranho, assim, alguém pretender apresentar um simulacro de Codex Diplomaticus Brasiliensis, que sequer é assemelhado a um repertório dos atos internacionais do país, que devem estar devidamente registrados na sua chancelaria diplomática. Não seja por isso: eu estava tentando achar um nome para esta minha segunda coleção especializada de resenhas de livros ligados às relações internacionais e à política externa do Brasil e como o nome me era simpático, e estava disponível, resolvi me apropriar dele, sem pedir licença a ninguém. Sem falsas analogias, portanto, segue aqui um dos derivativos do meu primeiro “códice” de leituras diplomáticas, que veio a lume com o título mais ou menos nobiliárquico de Prata da Casa. A despeito de ser enorme, esse livro ainda está disponível aos curiosos na plataforma Academia.edu, mas ele vem sendo esquartejado aos poucos em volumes mais modestos.
Separei, em primeiro lugar, a verdadeira “prata da casa”, que eram as centenas de mini-resenhas de livros de diplomatas que publiquei nos últimos dez anos no boletim da Associação dos Diplomatas Brasileiros, a ADB; ele já se encontra disponível na mesma plataforma (e vem sendo regularmente acessado, como posso constatar). Faço agora o mesmo com as resenhas mais longas dos livros escritos e publicados por colegas de carreira. Mas também pretendo fazer o mesmo com os de não diplomatas.
Comparecem, portanto, aqui mais de 40 autores identificados nominalmente, com a particularidade de que existem livros com mais de dois autores, mas também obras coletivas, com muitos autores, alguns deles diplomatas, São quase seis dezenas de livros, embora alguns títulos se repitam devido ao fato de terem sido objeto de novas edições, como é o caso de alguns do próprio autor desta coleção. Se ela é o equivalente de um Codex, ou códice, eu não sei, mas ela certamente comporta os mais importantes, ainda que não todos, os títulos produzidos dentro da carreira nas duas últimas décadas. Como se pode constatar, os diplomatas também escrevem e publicam, o que é um sinal de que a Casa não está fechada sobre si mesma, como muitos querem fazer acreditar.
Que os diplomatas escrevam, isso é um truísmo pleonástico, se me permitem a redundância. Entre telegramas e outros atos de ofício, os diplomatas passam a vida na palavra escrita, o que é complementado pela oralidade das conferências multilaterais e das muitas reuniões bilaterais ou regionais, sem mencionar os encontros informais, que constituem, provavelmente, o essencial da carreira: prepara-se tudo de antemão, se possível com entendimentos preliminares em torno de algum acordo geral ou setorial, e depois se passa à finalização, sob a forma de algum acordo ou tratado internacional. Tudo isso fazia – deve ainda fazer – objeto de notas detalhadas que vão parar nos arquivos da nossa diplomacia, embora eu mantenha fundadas suspeitas de que alguns episódios recentes não tenham recebido o mesmo tratamento meticuloso.
Mas eu não quero me referir aqui aos expedientes oficiais, geralmente redigidos num diplomatês insosso que nunca me agradou particularmente. Aliás, os poucos diplomatas que se distinguiram na vida pública do país, o fizeram como artistas ou intelectuais, não especificamente como diplomatas, e os que o fizeram possuíam uma escrita elegante e refinada, não necessariamente conforme aos cânones da diplomacia. Desafio qualquer um de meus colegas a me apontar um burocrata que tenha entrado para a história – do país ou mesmo de sua diplomacia – apenas porfiando o diplomatês que somos obrigados a usar na chancelaria: talvez o Visconde de Cabo Frio, mas ele não seria um candidato à Academia Brasileira de Letras, não é mesmo? Quem o fez, por exemplo, foram Oliveira Lima e o Barão do Rio Branco, nessa sequência, e não precisamente por seus escritos “diplomáticos”, e sim pela pesquisa histórica ou os artigos de atualidade internacional que produziram no contexto da atuação política do Brasil no cenário internacional. Todos os demais contemplados ao longo de mais de um século se distinguiram nas letras e no labor das diversas áreas das humanidades.
Mas, ainda que muitos não acreditem, diplomatas também escrevem coisas diferentes dos telegramas e ofícios de chancelaria, e isso merece registro e comentários. Pois foi exatamente essa virtude que me motivou a sempre buscar resenhar as obras de colegas contemporâneos – e alguns de tempos outros também – não apenas como mero registro burocrático, o que seria o dever e a obrigação de algum encarregado de códices de sua chancelaria, mas por simples empatia com essas obras, que me foram dadas conhecer através de uma leitura atenta, mas não por isso menos crítica. Não sou adepto do elogio hipócrita, nem dos adjetivos grandiloquentes: o que tenho a dizer, eu escrevo, tout simplement. Talvez seja por isso que algumas das minhas mini-resenhas ficaram naquele espaço que a própria Igreja extinguiu, e que antigamente se chamava limbo.
Estão aqui organizados, portanto, segundo uma estruturação temática mais conforme o caráter geral de cada obra, todos os livros que integravam a segunda parte do Prata da Casa, ou seja, as resenhas mais longas de livros de diplomatas. Ficaram ainda de fora todas as demais obras que também pertencem ao mesmo universo, ou seja, às relações internacionais, em geral, e à política externa do Brasil, em particular, mas que foram escritas por “paisanos”, ou autores não diplomatas, alguns até estrangeiros. A esses dedicarei um terceiro volume, provavelmente agregando à coleção alguns livros de caráter geral, mas que interessam à cultura diplomática em seu sentido amplo.
Como parece inevitável numa Casa que tem o seu “santo protetor”, o Barão comparece aqui diversas vezes e, como não poderia deixar de ser, na primeira parte da coletânea, voltada para o cenário histórico da diplomacia brasileira. Talvez seja uma deformação acadêmica desde resenhista, que sequer é historiador de formação, mas o fato é que quase a metade das obras resenhadas foram inseridas nessa categoria, embora muitas delas também o pudessem ser na de multilateralismo ou na de regionalismo. A decisão por dividir as resenhas nessas cinco grandes seções, me deixa na incômoda posição de exibir apenas duas humildes resenhas para obras puramente literárias, embora muitas outras tenham sido objeto de mini-resenhas no volume Polindo a Prata da Casa. Numa outra encarnação, quem sabe?, eu possa voltar como um grande leitor de novelas, romances e poesia, mas, nesta aqui, a deformação já parece incontornável: sou um incurável viciado em literatura especializada nas humanidades e nas ciências sociais aplicadas (e com incompetência manifesta em várias delas).
Como já disse em outra ocasião, artigos de resenhas, ou review-articles, ao estilo da New York Review of Books – e a maior parte dos textos aqui inseridos se enquadra nessa categoria –, têm mais a virtude de destacar mais as preferências e as inclinações intelectuais do próprio resenhista do que, talvez, o espírito da obra e as motivações de seus autores, mas não vejo nisso um problema maior na confecção e publicação destes textos de “bibliomania”. Afinal de contas, todos têm o direito de exibir, a qualquer título, suas afinidades eletivas e seus gostos pessoais em matéria de artes, culinária e intelecto. As minhas estão claramente expressas nas revisões críticas que elaborei a respeito das obras que busquei ler de forma atenta e anotada.
Desde já esclareço que estas resenhas não são, nem de longe, as de todas as obras de diplomatas que me chegaram às mãos e que integram a minha biblioteca. Como poderão constatar, poucas das obras que aqui comparecem foram publicadas pelo próprio Itamaraty, e as que o foram não fazem parte daquilo que se poderia chamar de “corveia diplomática”, ou seja, os trabalhos de final de curso, na etapa inicial do Rio Branco, ou naquela intermediária do Curso de Altos Estudos. Talvez apenas três ou quatro, dentre as quase 60 obras lidas e resenhadas, pertencem a essa categoria dos trabalhos “oficialmente encomendados”, mas as dessa vertente que eu escolhi resenhar se situavam, de certa forma, num outro terreno que não o do “longo memorando” interno à carreira, que geralmente são aqueles trabalhos que ficam marcados pela adesão à, e pelo conformismo com a doutrina do momento. Não que eu tenha qualquer hostilidade contra obras “de carreira” – tanto porque quase todas elas foram objeto de leitura e de uma mini-resenha de minha parte – mas é que elas não expressam, por assim dizer, aquela característica que é inerente ao artista ou ao  verdadeiro intelectual, que é a liberdade de pensamento.
Creio já ter dito que o Itamaraty é uma espécie de Vaticano da diplomacia, que tem a sua própria, por sinal uma das melhores do mundo; é que ele também cultiva esses valores essenciais ao seu funcionamento, que são a hierarquia, a disciplina e a adesão ao dogma do momento. Tudo isso combina mal com essa qualidade que eu tanto prezo, que é a capacidade de dizer o que se pensa, no mais puro exercício dessa faculdade humana que é o livre arbítrio, sem mestre, sem patrão, sem verdades reveladas. Nunca fui adepto do conformismo ambiente, e por isso mesmo preciso terminar e publicar o meu Dicionário dos Disparates Diplomáticos que pretende, à la Bouvard e Pécuchet, compilar as mais belas pérolas destes tempos não convencionais.
Enquanto ele não vem, permito-me oferecer aos curiosos, aos necessitados, aos que praticam o hábito saudável da leitura – sem contra indicações, a não ser a de despertar o ceticismo sadio em quem aprecia um mundo de certezas – esta coletânea de leituras já feitas, em torno de um pequeno universo que é tão diverso quanto o próprio, com a vantagem de não necessitar buscar em bibliotecas ou em sebos aquele livro de que se tinha ouvido falar mas não estava ao alcance da mão, ou da tela de e-reader ou de computador. Se eu reunisse todas as resenhas feitas ao longo de uma vida dedicada aos livros, construída por eles e na companhia desses singelos objetos de prazer intelectual, elas provavelmente ocupariam vários volumes, centenas de páginas e teriam aquele aspecto de gabinete de curiosidades que também caracteriza a busca incessante dos dois personagens de Flaubert.
Livros, pelo menos os impressos, apresentam esse incômodo de natureza material de ocuparem muito espaço e de demandarem certa organização, sob o risco de não encontrar algum específico, depois de certo tempo (o que já me levou, algumas vezes, a comprar duas vezes a mesma obra, ou ir buscar em bibliotecas o que eu já não mais encontrava no patrimônio privado), e de acabar descobrindo para sua surpresa que a biblioteca particular já se converteu num labirinto à la Borges, relido por Eco, ou num cemitério dos livros esquecidos, à la Carlos Ruiz Zafón. Depois das resenhas dos que estão aqui presentes, ainda penso reproduzir num volume adicional aqueles que integravam a Terceira Parte do Prata da Casa, com uma nova organização e, provavelmente, mais algumas adições.
Os leitores deste volume não precisam ser necessariamente os pesquisadores de temas da diplomacia brasileira ou jovens candidatos à carreira. Qualquer um que encontre prazer na leitura terá, nas páginas que se seguem, a curiosidade de consultar, ou até de comprar os próprios, pelo menos assim espero. Quanto aos diplomatas autores que ficaram “esquecidos” na minha seleção de leituras, apresento minhas humildes desculpas pela discriminação involuntária, que foi unicamente motivada por falta de oportunidade, ou, mais frequentemente, de tempo. Como também já disse em outras ocasiões, vou necessitar de mais ou menos 150 anos adicionais para conseguir ler os livros que me esperam em minha biblioteca, nas que frequento habitualmente, em todas as livrarias que percorro, e agora nas ofertas digitais que pululam todos os dias na minha tela ou se oferecem nos book-reviews que leio regularmente.
Na verdade, meu projeto secreto é o de ler e resenhar tudo o que de mais importante, na minha área, se publicou 150 anos para trás, aproximadamente, o que oferece, como se pode ver, um bom pedaço de história da cultura contemporânea, mas que seja intelectualmente relevante. Entre essas leituras, certamente aparecerão vários livros de colegas diplomatas, do Brasil atual e do passado, o que justificaria, talvez, o início de um outro projeto, um de “Leituras Diplomáticas”, se a nossa Casa fosse racional em suas loucuras. Mas isso é conversa para uma outra oportunidade. Por enquanto, fiquem com a meia centena de livros que se oferecem a todos os que aqui adentrarem.

Paulo Roberto de Almeida
(o mesmo bibliomaníaco incurável, sempre...)
Hartford, 2 de novembro de 2014

https://www.academia.edu/9084111/24_Codex_Diplomaticus_Brasiliensis_livros_de_diplomatas_brasileiros_2014_ 

Codex Diplomaticus Brasiliensis (2): Indice completo - Paulo Roberto de Almeida

Codex Diplomaticus Brasiliensis: livros de diplomatas brasileiros 
Hartford, Edição de Autor, 2 novembro 2014, 326 p. 

Livro digital, em edição de autor, composto de resenhas de livros de diplomatas, já publicadas no Prata da Casa
Disponível na plataforma Academia.edu:
Link:  https://www.academia.edu/9084111/24_Codex_Diplomaticus_Brasiliensis_livros_de_diplomatas_brasileiros_2014_
 
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Índice Geral 

Primeira Parte, 21
A diplomacia brasileira na História
José Vicente Pimentel (org.): Pensamento Diplomático Brasileiro, 1750-1964
Paulo Roberto de Almeida: O estudo das relações internacionais do Brasil
Paulo Roberto de Almeida: O estudo das relações internacionais do Brasil (2a. edição)
José Manoel Cardoso de Oliveira: Atos Diplomáticos do Brasil, 1492-1912
Paulo Roberto de Almeida, Katia de Queiroz Mattoso: Une Histoire du Brésil
Luís Valente de Oliveira e Rubens Ricupero (orgs.): A Abertura dos Portos
Evaldo Cabral de Mello: A outra Independência
Paulo Roberto de Almeida: Formação da diplomacia econômica no Brasil
Paulo Roberto de Almeida: Formação da diplomacia econômica no Brasil (2a. edição)
Luís Cláudio Villafañe Gomes Santos, O Império e as repúblicas do Pacífico
Manoel de Oliveira Lima: Nos Estados Unidos, Impressões políticas e sociais
Álvaro da Costa Franco (org.): Visconde do Rio Branco: A política exterior no Parlamento
Secretaria dos Estrangeiros: O Conselho de Estado e a política externa do Império, 1858-62
J. A. Pimenta Bueno: Consultores do Ministério dos Negócios Estrangeiros, 1859-1864
Suely Braga da Silva: Paulo Nogueira Batista: o diplomata através de seu arquivo
Carlos Henrique Cardim: A Raiz das Coisas: Rui Barbosa, o Brasil no Mundo
Marcelo Raffaelli: As relações entre Brasil e Estados Unidos durante o Império
R. Ricupero; João H. Pereira de Araújo (org.): Rio Branco: Biografia Fotográfica,1845-1995
Manoel Gomes Pereira (ed.): Obras do Barão do Rio Branco
Manoel Gomes Pereira (org.). Barão do Rio Branco: 100 Anos de Memória
Luís Cláudio Villafañe Gomes Santos (curador): Rio Branco: 100 anos de memória
Ângela Porto (organizadora): Barão do Rio Branco e a caricatura
Fernando de Mello Barreto Filho: Sucessores do Barão: relações exteriores, 1912-1964
Fernando de Mello Barreto: Sucessores do Barão, 2: relações exteriores, 1964-1985
Eugênio Vargas Garcia: Entre América e Europa: a política externa na década de 1920
Valdemar Carneiro Leão: A Crise da Imigração Japonesa no Brasil (1930 - 1934)
Carlos Alberto Leite Barbosa: Desafio Inacabado: a política externa de Jânio Quadros
Paulo Almeida, Rubens Barbosa e Francisco Rogido (orgs.): Guia dos Arquivos Americanos 

Segunda Parte, 141
O Brasil e o multilateralismo
Luiz Felipe de Seixas Corrêa: A Palavra do Brasil nas Nações Unidas: 1946-1995
Paulo Roberto de Almeida: O Brasil e o multilateralismo econômico
Demétrio Magnoli e Carlos Serapião: Comércio exterior e negociações internacionais
Paulo R. de Almeida: Os primeiros anos do século XXI: o Brasil e as relações internacionais
Paulo Roberto de Almeida: Relações Internacionais e Política Externa do Brasil
Paulo R. de Almeida: Relações internacionais e política externa do Brasil (2a. edição)
Paulo R. de Almeida: Relações internacionais e política externa do Brasil (3a. edição)
  
Terceira Parte, 179
Política externa regional e integração
Rubens Antonio Barbosa: América Latina em Perspectiva: a integração regional
Paulo Roberto de Almeida: O Mercosul no contexto regional e internacional
Sérgio Abreu e Lima Florêncio e Ernesto Henrique Fraga Araújo: Mercosul Hoje
Paulo Roberto de Almeida: Mercosul: Fundamentos e Perspectivas
Paulo R. de Almeida e Yves Chaloult (orgs.): Mercosul, Nafta, Alca: a dimensão social
Paulo Roberto de Almeida: Le Mercosud: un marché commun pour l’Amérique du Sud
Renato L. R. Marques: Mercosul 1989-1999: depoimentos de um negociador
Leonardo Carneiro Enge: A Convergência Macroeconômica Brasil-Argentina
Otávio Augusto Drummond Cançado Trindade: O Mercosul no Direito Brasileiro
Rubens Antônio Barbosa (org.). Mercosul quinze anos
Paulo R. de Almeida; Rubens Antonio Barbosa (eds.): Relações Brasil-Estados Unidos
Paulo Roberto de Almeida: Integração Regional: uma introdução 

Quarta Parte, 243
Pensamento Político e Econômico
Sérgio Bath: Maquiavelismo: A prática política segundo Nicolau - Maquiavel
Paulo Roberto de Almeida: Velhos e novos manifestos: o socialismo na era da globalização
Rubens A. Barbosa, Marshall C. Eakin, Paulo R. Almeida (orgs.): O Brasil dos brasilianistas
Paulo R. de Almeida: A Grande Mudança: consequências econômicas da transição política
Marshall C. Eakin, Paulo R. Almeida (eds.): Guide to Brazilian Studies in the United States
Brazílio Itiberê da Cunha, Expansão Econômica Mundial
Paulo Roberto de Almeida: O Moderno Príncipe (Maquiavel revisitado)
Paulo Roberto de Almeida: Globalizando, ensaios sobre a globalização e a antiglobalização
Rubens Antonio Barbosa: revista Interesse Nacional




Quinta Parte, 293

Literatura 
Geraldo Holanda Cavalcanti: Encontro em Ouro Preto: contos fantásticos
Edgard Telles Ribeiro: O Punho e a Renda  

Apêndices, 303
Complemento de informação sobre outros trabalhos do autor
(A) Ensaios sobre relações internacionais e sobre política externa do Brasil, 303
(B) Livros publicados pelo autor, 321
(C) Nota sobre o autor, 325

https://www.academia.edu/9084111/24_Codex_Diplomaticus_Brasiliensis_livros_de_diplomatas_brasileiros_2014_