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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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sábado, 17 de dezembro de 2011

A frase da semana - Ernest Poppel

Esta aqui foi retirada de uma tese acadêmica que elaborei em 1996.
Vale pelo lado metodológico: 


No one can be free of prejudices; the only way to prevent negative consequences is know about their existence. (...) Preconceived ideas serve the economy of our perception and behaviour.


Filósofo Ernst Pöppel, “The Advantage of Preconceived Ideas”
 Interdisciplinary Science Reviews (vol. 15, n° 4, December 1990, p. 327-333), cf. p. 327 e 331.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Escandalo: livros PRA oversold: exploracao de sebos brasileiros

Como já informei aqui, eu costumo comprar livros na melhor rede de sebos do mundo, a Abebooks (www.abebooks.com, que também tem em diversos outros países: abebooks.fr, com.de, com.uk etc...).
Livros podem ser encontrados por 1 dólar, ou, na média, por 4 ou 5 dólares. Mesmo colocando mais 9 ou 10 dólares de frete, para o Brasil, ainda assim sai mais barato do que comprar o equivalente brasileiro (invariavelmente mais caro e frequentemente mal traduzido).
Pois bem, eu estava outro dia procurando o último livro do Fukuyama (para ver se já tinha a 4 dólares; não, ainda não tem), e resolvi colocar o meu próprio nome para ver o que aparecia: veio um monte de livros, inclusive de sebos brasileiros.
Aí descobri que esses nossos sebos também não escapam da mania brasileira atual, que é a de ser o país mais caro do mundo. Caríssimo, a julgar pelos preços detectados, expressos em euros
Livros meus há muito editados, e que deveriam estar sendo vendidos por 5 ou 10 reais, estão supervalorizados, ou estão sendo "precificados" excessivamente, o que eu mesmo considero um roubo organizado. E os valores de frete são igualmente absurdos.
Em que planeta o Brasil pensa que está?!
Alguns exemplos:

Velhos e Novos Manifestos

Almeida Paulo Roberto de
Libraire: SEBOWEB
(Santo André, SP, Brazil)
Quantité : 1
Prix: EUR 27.00
Autre devise
Frais de port : EUR 8.83
De Brésil vers France
Destinations, frais et délais








Mercosul - Fundamentos e Perspectivas

Paulo Roberto de Almeida
Libraire: Marilia Rocha Lima
(Cachoeiras de Macacu, BR, Brazil)
Quantité : 1
Prix: EUR 15.00
Autre devise
Frais de port : EUR 21.50
De Brésil vers France
Destinations, frais et délais


A GRANDE MUDANCA

PAULO ROBERTO DE ALMEIDA
(São Paulo, SP, Brazil)
Quantité : 10
Prix: EUR 20.42
Autre devise
Frais de port : EUR 20.64
De Brésil vers France
Destinations, frais et délais


Nova guerra franco-britanica?: rumores a esse respeitos sao um pouco exagerados...

... não impede que foram os franceses, como sempre, que começaram essa guerra, por razões franco-francesas, diga-se de passagem...


Rififi trans-Manche sur l'état des économies britannique et française

LEMONDE.FR avec AFP | 16.12.11 | 10h20   •  Mis à jour le 16.12.11 | 19h59
Nick Clegg, vice-premier ministre, le 12 décembre à Londres.
Nick Clegg, vice-premier ministre, le 12 décembre à Londres.Reuters/OLIVIA HARRIS

Le premier ministre François Fillon a appelé vendredi le vice-premier ministre britannique, Nick Clegg, pour dissiper les malentendus après ses déclarations sur la situation "préoccupante" de l'économie de la Grande-Bretagne. Le premier ministre "ne voulait en aucun cas remettre en cause la notation du Royaume-Uni", déclare-t-on vendredi dans son entourage. 

De son côté, M. Clegg dit avoir fait savoir à M. Fillon que "les récentes remarques de membres du gouvernement français sur l'économie britannique étaient simplement inacceptables et que des mesures devaient être prises pour calmer la rhétorique". Il précise que "le premier ministre François Fillon a appelé de Rio de Janeiro pour clarifier ses récents commentaires sur la note financière du Royaume-Uni." "François Fillon a clairement déclaré qu'il n'était pas dans ses intentions demettre en question la note britannique, mais de souligner que les agences de notation semblaient plus soucieuses de gouvernance économique que du niveau des déficits", poursuit le texte du communiqué.
Ces derniers jours, les responsables français ont multiplié les attaques visant le Royaume-Uni, seul des pays de l'Union européenne à avoir refusé au sommet de Bruxelles, la semaine dernière, le principe d'un nouveau traité pour renforcer la discipline budgétaire.
"NOS AMIS BRITANNIQUES ENCORE PLUS ENDETTÉS"
"C'est vrai que la situation économique de la Grande-Bretagne est aujourd'hui très préoccupante et qu'on préfère être français que britannique en ce moment sur le plan économique", a ainsi déclaré dans la matinée le ministre des finances français, François Baroin, alors que la France risque de perdre sa note AAA, la meilleure possible pour les agences de notation. La veille, le premier ministre François Fillon avait déjà relevé que "nos amis britanniques étaient encore plus endettés que nous et avaient un déficit plus élevé", sans que les agences de notation "ne semblent le remarquer".
Jeudi, Londres avait rejeté les critiques formulées par le gouverneur de la Banque de France, Christian Noyer, qui avait appelé les agences à dégrader Londres avant de s'attaquer à la zone euro, soulignant que les marchés avaient salué la politique de rigueur suivie par le gouvernement britannique. "Nous avons mis en place un programme crédible destiné à réduire notre déficit", a déclaré le porte-parole du premier ministre britannique David Cameron, évoquant le plan du gouvernement visant à éliminer la quasi-totalité du déficit public d'ici à cinq ou six ans. "Le taux des obligations d'Etat traduit la crédibilité de ce programme", a-t-il estimé, ce taux à dix ans étant actuellement au même niveau que celui en Allemagne et nettement inférieur à celui de la France.
INDIGNATION DE LA PRESSE BRITANNIQUE
Ces déclarations interviennent une semaine après les fortes dissensions apparues entre Paris et Londres au dernier sommet européen. Tous les pays de l'Union européenne, à l'exception du Royaume-Uni, se sont entendus sur le principe d'un nouveau traité pour renforcer la discipline budgétaire. Vendredi, la presse britannique jugeait scandaleux les commentaires français sur la situation économique du Royaume-Uni. "Ce n'est pas le rôle du gouverneur d'une banque centrale d'encourager l'abaissement de la note d'un autre pays, affirme le TimesIl n'y a qu'une seule bonne réponse quand on vous interroge sur la note d'un autre pays : 'Sans commentaire.'" Prenant acte de la démarche de François Fillon, le quotidien britannique ajoute par ailleurs que la France à cédé en premier.
Le qualifiant de "traître", le tabloïd The Sun s'adresse directement au gouverneur de la Banque de France : "Monsieur Noyer, vous êtes un imbécile noté AAA". LeFinancial Times se joint à la levée de boucliers, accusant Christian Noyer de"recourir au nationalisme" et la France de faire rejaillir sa frustration sur la Grande-Bretagne. Pour le Daily Telegraph"la France a déclaré la guerre des mots à la Grande-Bretagne".
Jeudi, la presse britannique avait largement fait état de propos prêtés par le journal satirique français Le Canard Enchaîné au président Nicolas Sarkozy, qui aurait accusé M. Cameron de s'être comporté en "gamin buté" pendant les négociations à Bruxelles. Le porte-parole de M. Cameron a aussi tenté de mettre un terme aux conjectures selon lesquelles Londres chercherait à faire alliance avec certains pays de l'UE pour saboter l'accord européen. M. Cameron a eu des entretiens ces derniers jours avec les dirigeants irlandais, tchèque et suédois, alors que Prague et Stockholm ont dit avoir besoin de temps avant de trancher sur l'accord trouvé à Bruxelles. "Il y a un accord intergouvernemental et une discussion sur la façon d'appliquer cet accord, et nous cherchons à nous engager de façon constructive dans la discussion", a affirmé son porte-parole.

Quadrilheiros agradecem a (in)Justica, (in)Justica ajuda quadrilheiros

Os companheiros quadrilheiros estão contentes: já não se poderá condená-los mais, pelo menos não formalmente, por "formação de quadrilha". Isso no plano puramente processual.
No plano da moral, eles continuarão a ser o que sempre foram: quadrilheiros desprezíveis.
Paulo Roberto de Almeida 

Melhor para os mensaleiros

Editorial O Estado de S.Paulo, 16 de dezembro de 2011 | 3h 06
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski não conta propriamente uma novidade ao dizer que, "sem dúvida nenhuma", alguns dos crimes de que são acusados os réus do mensalão estarão prescritos quando o processo for julgado. O tempo joga a favor principalmente dos réus primários, que poderão deixar de cumprir as penas a que forem condenados, conforme a sua severidade. Incumbido de revisar o parecer do relator do caso, Joaquim Barbosa, Lewandowski afirmou à Folha de S.Paulo que dificilmente o julgamento ocorrerá em 2012. Não há previsão para o término do trabalho de Barbosa. O relator licencia-se frequentemente para tratar de um crônico problema ortopédico. Há pouco, por exemplo, viajou aos Estados Unidos para exames. E o ministro revisor, por sua vez, diz que terá de começar "do zero" quando receber o processo de 130 volumes, com mais de 600 páginas de depoimentos.
O mensalão - o suborno sistemático de deputados federais para agir de acordo com os interesses do governo, no primeiro mandato do presidente Lula - foi denunciado em junho de 2005 pelo cacique petebista e então deputado Roberto Jefferson, numa clara represália à revelação de maracutaias na cúpula dos Correios, controlada por ele. Em abril de 2006, o então procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, pediu ao STF abertura de processo contra 40 envolvidos no escândalo, entre eles o próprio Jefferson e, notadamente, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, apontado como "chefe da organização criminosa" que operou e se beneficiou do esquema. Jefferson e Dirceu tiveram cassados os seus mandatos parlamentares. Em agosto de 2007, enfim, o Supremo fez história ao acolher a imensa maioria das denúncias do procurador sobre formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, evasão de divisas, peculato e gestão fraudulenta.
Os ministros, como se ressaltou à época, não aprovaram a abertura de processo apenas porque os gritantes indícios coletados pelo procurador impediam a impronúncia sumária dos acusados. No seu voto, Joaquim Barbosa, por exemplo, definiu o mandachuva petista José Dirceu como "comandante supremo da trama". No entanto, as esperanças de que a ação - sem prejuízo do devido processo legal - teria um curso comensurável com o peso sem precedentes do escândalo e com a força das evidências levadas à Corte foram se transformando em frustração com a demora em começar o julgamento dos 38 réus remanescentes. É inegável também que o mensalão foi saindo, como se diz, do radar da opinião pública, pela tediosa reprodução de ilícitos cometidos por figuras carimbadas da política. Nos ensaios de protestos públicos contra a leva de denúncias de corrupção no governo Dilma, o maior de todos os casos parece ter sido esquecido.
Contra esse pano de fundo, a admissão do ministro Lewandowski de que uma parcela indeterminada de mensaleiros deixará de cumprir algumas das penas a que for condenada, em virtude da prescrição dos seus crimes, teve o efeito paradoxal de devolver à cena a inaceitável lentidão do Supremo Tribunal em levar a matéria a um desfecho - lentidão que equivale a uma forma de impunidade. No limite, isso é mais danoso para a imagem da Justiça e para a infusão de um mínimo de decência nos costumes políticos nacionais do que seria uma inimaginável absolvição dos principais protagonistas da operação que expôs as entranhas do governo Lula. Não por outro motivo, decerto, o presidente do STF, Cezar Peluso, pediu ao relator Barbosa que repasse os autos em versão digital aos colegas para não "retardar ainda mais" a decisão do caso e evitar os "riscos inerentes à delonga do processo". A rigor, o pedido é supérfluo: os ministros podem solicitar a qualquer momento acesso aos autos dos processos em tramitação na Corte.
Não se entende, aliás, por que o revisor Lewandowski depende de receber o parecer do relator para "começar do zero", ou seja, examinar os volumosos autos do caso. Tampouco se entende por que Barbosa, prejudicado no seu papel por uma dolorosa condição clínica que já limita a sua atividade no colegiado, não abre mão da relatoria - para que se faça Justiça a tempo.

Barry Eichengreen sobre o privilegio exorbitante do dolar e os problemas americanos


Globalist Bookshelf > Global Economy
U.S. Dollar Decline as a National Strategy?

By Barry Eichengreen | Friday, December 16, 2011


Some prominent economic analysts have called for a weaker dollar as a cure for the United States’ economic ills. They argue it would rebalance the U.S. economy toward exports and help reduce income inequality. But as Barry Eichengreen, author of “Exorbitant Privilege,” explains, such a strategy would not work as advertised.
Considering the United States’ continuing economic turmoil, some very smart people argue that dollar depreciation and rebalancing the U.S. economy toward exports are ideas to be welcomed, not resisted. Their argument is that the strong dollar that resulted from America’s exorbitant privilege of serving as the world’s reserve currency for well over half a century now has contributed to the hollowing out of the American manufacturing industry.


Changes in exchange rates cannot solve all problems. If Americans are concerned, as they should be, with income inequality, they will need to address it through other means.

Given that there are fewer people engaged in manufacturing in the United States, and hence fewer people with jobs from whom to learn, learning on the job — a crucial part of any advanced and successful manufacturing economy — has been slowed. This, in turn, has set back improvements in efficiency, long a U.S. hallmark. All the while, other manufacturing-heavy economies, from Germany to China, have been sprinting ahead.
If only we pursued a weaker dollar strategy, then, the argument goes, the United States would be in a position to produce more manufactured goods for foreign consumption, instead of using the nation’s productive potential to prepare fast-food meals for American households (a curious strategy anyway, since they are eating out less).
With households tightening their belts (in both senses), there will be more good jobs and fewer “McJobs.” Another way of thinking about this change is as a shift in the composition of what America exports: from the derivative securities purchased by foreign central banks and private investors, toward John Deere earthmoving equipment, Boeing Dreamliners and — who knows — maybe even motor vehicles and parts.
This shift, as it is envisioned, would also help to redress the problem of income inequality, according to the advocates of a weaker dollar, since manufacturing uses more blue-collar labor than does the financial sector. The growth of income inequality in the United States in the last decade was largely accounted for by the exceptional increase in the compensation of the top 0.01% of earners.
Suffice it to say that these folks were not assembly-line workers. A substantial share of that top-earning group was made up of the managing directors and executives of investment banks, hedge fund managers and private equity and venture capital professionals. With the United States now producing and exporting fewer financial services, and with more blue-collar workers in good manufacturing jobs, it is believed, this trend will be reversed.


Some argue the U.S. should restrain the growth of labor costs à la Germany, and also actively lower its exchange rate in the manner of China.
Moreover, other countries have boosted their manufacturing sectors by keeping their exchange rates low and exporting more of what they produce. The proposition is that the United States should meet fire with fire, not simply restraining the growth of labor costs à la Germany, but also actively lowering its exchange rate in the manner of China.
If only it were true. It would be nice if a lower dollar could miraculously rejuvenate American industry and create large numbers of manufacturing jobs, while narrowing income inequality. But the circumstances of the United States are not the same as Germany’s. Having long been the producer of capital goods for much of Europe, Germany is a dominant supplier of production equipment, now also to emerging markets.
While it has other economic and financial problems, with a well-developed system of apprenticeship training providing legions of skilled mechanics, it never allowed its manufacturing sector to wither. Attempts to grow U.S. manufacturing employment would have a less favorable starting point.
The circumstances of emerging markets like China differ even more radically from those currently prevailing in the United States. China has been able to grow its manufacturing employment and raise the incomes of its unskilled masses by shifting rural peasants into assembly operations, where they can learn the requisite skills in a matter of days.
This is not unlike the situation in Highland Park, Michigan, a century ago when Henry Ford built the first assembly line. The simplicity of the technology used to produce the Model T, by our contemporary standards, made it possible to train workers, many of whom were immigrants or straight off the farm, in less than a week.


When shifting a worker from a fast-food restaurant to a semiconductor plant, the fundamental constraint is imparting the skills, not simply lowering the cost of their labor.
The situation in the United States today is different. Manufacturing has migrated to developing countries — thankfully so, for this is what we mean by economic development. The spread of industrialization is lifting two-thirds of the world’s population out of poverty. Developing countries increasingly dominate industries that rely on unskilled and semiskilled labor that can be trained in a week, since this is what they possess in abundance.
This also means that the U.S. equivalent of China shifting a rural peasant into assembly operations is shifting a worker from the counter of a fast-food restaurant to the foundry of a semiconductor fabrication plant. But this is not how the world works. Manufacturing activities in which the United States is internationally competitive require skilled workers, not hamburger flippers. Given time, more Americans can acquire the skills and training to work in a semiconductor fab. But the fundamental constraint is imparting the skills, not simply lowering the cost of their labor.
None of this should come as a surprise. If you ask which U.S. plants have shut down as a result of Chinese competition, the answer is low-productivity plants with lots of production workers. An exchange rate for the U.S. dollar that is, say, 30% lower is not going to be of much help to an unskilled or semiskilled worker in the United States competing head-to-head with Chinese labor, especially when labor productivity in China is growing by 6% per annum.
Ramping up U.S. exports is desirable on any number of grounds. But it will benefit mainly capital and skilled labor, since they are the factors used intensively in the production of those exports, not the unskilled workers whose jobs have migrated to developing countries.
Changes in exchange rates cannot solve all problems. If Americans are concerned, as they should be, with income inequality, they will need to address it through other means, be they changes in the tax code, caps on bankers’ bonuses or more investment in education and training.
Editor's Note: This feature is reprinted from "EXORBITANT PRIVILEGE: The Rise and Fall of the Dollar and the Future of the International Monetary System" by Barry Eichengreen with permission from Oxford University Press, Inc. Copyright © 2011 by Barry Eichengreen.

Minhas previsoes imprevisiveis para 2012: sempre otimista...

2012 vai ser um grande ano, como todos sabem e esperam. A começar que é bissexto, assim que teremos um dia a mais para não fazer nada, espichar na praia, ficar na rede, ou pensar em adotar um novo feriado nacional, desses feriados idiotas que o Congresso aprova todo ano, homenageando categorias profissionais, evangélicos ou qualquer heroi da pátria.
Aliás, começamos o ano comemorando -- se é o caso de dizer -- os cem anos da morte de um verdadeiro heroi da pátria, o Barão do Rio Branco, que teve a má sorte de morrer pouco antes do Carnaval de 1912. Como lembra meu amigo e historiador (mas uma coisa não está relacionada à outra) Luis Cláudio Villafañe Gomes Santos, autor de um excelente "O dia em que adiaram o Carnaval" (Unesp, 2011), o presidente Hermes da Fonseca resolveu adiar o Carnaval, em homenagem ao Barão, de fevereiro para abril. Não deu outra: o povo pulou carnaval duas vezes naquele ano: em fevereiro (que ninguém é de ferro) e em abril também, uma justa homenagem ao Barão (podia ser com "b" minúsculo, pois só tem um).
Bem, uma vez passado o Carnaval, e lembrando que continuaremos atrasados nos preparatrivos para a Copa, para as Olimpiadas, para os 200 anos de independência, em 2022, e que continuaremos atrasados para quase tudo, bem, como eu dizia, independentemente disso tudo, cabe, como é a tradição, e como é meu hábito, ainda assim registrar a passagem de mais um ano perdido para o futuro do Brasil por meio de previsões otimistas para o ano que se aproxima (ou que se abaterá sobre nós, conforme é sua disposição).
Como sabem muitos, todo final de ano eu faço minha previsões para o ano que se aproxima, com esta pequena peculiaridade que minha previsões NÃO SÃO para acontecer, são exatamente de coisas que não têm a mínima chance de se materializarem, de se transformarem em realizações práticas, uma vez que essa coisa de cumprir boas promessas não entra simplesmente nos hábitos nacionais.
Não, não vou prometer coisas simples como emagrecer ou arrumar meus livros, jogar papéis velhos fora, ou escrever aquele livro longamente planejado.
Minhas promessas, ou previsões, são grandiosas, elas atingem nada mais nada menos do que o orgulho nacional, daí a razão de expô-las em público, como faço agora:


1) O governo vai finalmente reduzir as despesas públicas abaixo do crescimento do PIB e da inflação.
2) Os deputados e senadores passarão a trabalhar mais de um dia e meio por semana.
3) Os mesmos deixarão de aumentar seus próprios salários até o limite constitucionalmente estabelecido (mas que representa apenas uma pequena parte do dinheiro que passa pelos gabinetes...).
4) O Brasil vai deixar de ser protecionista.
5) Um ex-presidente vai deixar de subir em palanques reais e virtuais e parar de ofender a inculta e bela.
6) O MST não vai mais invadir terras públicas e fazendas privadas.
7) Os estudantes da Fefelech vão parar de fumar maconha no campus.
8) Juizes vão reconhecer que ganham desproporcionalmente (inversamente) a sua produtividade.
9) Professores vão começar a dar aulas.
10) Um partido de espertos vai parar de fazer conferências nacionais sobre qualquer coisa e parar de pedir a "democratização da mídia."


Por fim, uma promessa pessoal, imprevisível, como tantas outras: prometo que vou parar de escrever besteirol neste blog.
Bom 2012 a todos...
Paulo Roberto de Almeida


PS.: Duas últimas previsões, estas não mais imprevisíveis, mas totalmente previsíveis: 


11) Anônimos Adesistas, governistas enragés, frustrados, medíocres, companheiros masoquistas, ignorantes ingênuos, mentirosos contumazes, antiglobalizadores esquizofrênicos, alternativos sem alternativas factíveis, chatos em geral, continuarão a vigiar cuidadosamente este blog, para corrigir cada falta de letra, cada erro digital, cada expressão dúbia ou equivocada, em função da pressa, da rapidez ou da distração deste blogueiro voluntário (mas também, por vezes, por culpa do corretor ortográfico, em inglês, deste blog, que come letras sem me avisar), e, incapazes de redigir três linhas de sua própria cabeça (enfim, existem outras partes do corpo também, mas eles usam para outras coisas), ou de manter um blog próprio, continuarão a comentar anonimamente, para xingar o autor destas linhas, expressando toda a sua raiva em relação às ideias aqui defendidas, ou à postura do autor. Eles vão continuar felizes assim, e eu agradeço a eles, sinceramente, por corrigirem os erros que invariavelmente aqui cometo.


12) Este que vos escreve continuará, também previsivelmente, a chatear e a provocar os acima mencionados, defendendo ideias que eles abominam, gozando de seus equívocos, condenando suas patifarias, denunciando suas mentiras, expondo seus crimes (de todos os tipos, sobretudo aqueles contra a inteligência dos demais leitores deste blog) e suas propostas risíveis e nefastas, para maior indignação desses mesmos indignados, que visitam o blog com propósitos masoquistas.

O protecionismo mental brasileiro: Receita barra importacoes

O que este advogado está dizendo, já sabe há muito tempo, talvez há décadas, praticamente desde o século 19: o Brasil é inveteradamente, proverbialmente, notoriamente um país mercantilista, posicionado contra as importações, por medo, incapacidade de competir, fechamento mental típico de reinos temerosos do estrangeiro como Portugal, preocupados com o balanço de pagamentos como o Brasil desde sempre.
A Receita é o órgão abusivo, praticamente fascista, que se encarrega de "equilibrar" -- contra a lei e contra o bom-senso econômico -- as transações correntes, obviamente não pelo aumento da produtividade ou ganhos de competitividade dos produtos brasileiros no exterior -- ou seja, pela expansão das exportações -- mas pel contenção das importações.
Não estamos perto de ver a eliminação ou diminuição dessa mentalidade. O governo se encarrega de nos lembrar, de expandir e reforçar essa postura protecionista, todos os dias...
Paulo Roberto de Almeida
André Oliveira Brito
15 Dec 2011 04:34 AM PST

É recorrente o tema relacionado à importação e exportação, haja vista que intimamente ligado a balança comercial brasileira.

Contudo a postura governamental, refletida pelas ações de seus agentes fiscais, denota uma possível artificialidade em relação à balança comercial.

Com efeito, em que pese o Brasil ser signatário de diversos Acordos e Tratados Internacionais, vê-se que a política de fato, aquela aplicada no "chão das aduanas", desconsidera a existência desses instrumentos, limitando-se a seguir normas internas da Receita Federal, muitas das quais completamente dissociadas da realidade legislativa, verdadeiros "franksteins" para minar o poder de reação das empresas importadoras e, dessa forma, apresentar balanço positivo do comércio exterior.

É bem verdade que a área de importação está permeada de empresas constituídas apenas para burlar o fisco e obter redução da elevada carga tributária do nosso País.

Não devemos aquiescer com práticas ilegais que deságüem em redução de tributos (veja o caso dos lençóis contaminados), nem tampouco devemos concordar ou chancelar iguais práticas ilegais dos agentes fiscais em nome da "defesa do mercado interno" (será que nenhuma importação de tecido contaminado foi parametrizada para o canal vermelho de conferência, aquele que implica em vistoria física da carga?).

Talvez daí nasça o desinteresse em aprofundarmos a discussão sobre temas aduaneiros relacionados à importação: a importação não é boa para o País.

Contudo, sem muito adentrar à questão filosófica ou partidária da assertiva, entendo que importação e exportação devem possuir gráficos tendentes ao equilíbrio, sem artificialismos.

A importação é positiva à medida que destrava as relações políticas com o País exportador, ampliando o poder de barganha em diversas outras áreas, como tecnologia, educação, etc.

Cabe ao País que importa, de outra banda, propiciar meios para que seu empresariado alcance igualmente os mercados externos de forma competitiva, jamais atuando "nos bastidores" para minar as importações.

O desinteresse sobre o tema é tão grande que inexiste, salvo OAB/SP, comissões de Direito Aduaneiro que fomentem a discussão, que busquem interferir de forma positiva para alcançar o equilíbrio normativo em relação à matéria. Apenas a Receita Federal edita, sem medidas ou freios, normas leoninas (muitas abusivas e ilegais) para "regular" a atividade de importação.

Some a isso o fato de que a pena máxima aplicada em desfavor do importador, o perdimento de bens, ser julgado em instância única, além de está em vigor, pendente de apreciação da ADI 4296 de relatoria do Ministro Marco Aurélio, norma que desautoriza a liberação de bens importados em sede liminar ou antecipação de tutela.

Ao importador resta ceder às pressões do fiscal, muitas delas indizíveis, sob pena de sofrer o dissabor do perdimento, da cassação de CNPJ e até mesmo de representações para fins penais.

A verdade é que a ausência de discussão sobre o tema gera um verdadeiro terror nas aduanas, pois as normas, sob a ótica de muitos fiscais, são mutáveis e moldáveis ao fato, não o contrário, o correto.

Desta feita, as normas que possuem em seu nascimento um objetivo nobre, acabam desvirtuadas e servindo para interesses, por assim dizer, "menos nobres".

É o caso da IN/SRF nº 228/2002 nascida com o objetivo de impedir a lavagem de dinheiro ou o fluxo de capital de células terroristas no País (editada em razão do 11 de Setembro).

Essa norma virou o "bicho papão", pois o importador, desconhecendo, em muitos casos, a motivação da sua seleção ao procedimento, vê-se compelido a depositar 100% do valor da importação, antes mesmo de auferir, em favor do fisco.

A norma trata de interposição fraudulenta, também sem adentrar a matéria, mas está se tornando um dogma da fiscalização.

A situação é tão crítica que muitas empresas idôneas acabam sendo dragadas pela atuação desmedida, recebendo tratamento de criminoso, de fraudador.

Com efeito, a única atividade humana que o erro é inadmissível (deveria ser a medicina), pelo menos para a aduana brasileira, é a importação. O erro é visto como fraude, fatos absolutamente corriqueiros e usuais acabam ganhando contorno de crime.

Tomemos como exemplo, sem nenhum objetivo de aprofundamento sobre a matéria, a questão do subfaturamento.

O tipo subfaturar, que implicaria em pagamento de pesada multa e recolhimento de tributos, vem sendo desprezado pela fiscalização. Subfaturar passou a ser tratado como fraude de valor, com isso traz-se a tona o terror, evita-se decisões judiciais em favor do importador (haja vista que o fraudador é uma espécie nociva) e, por fim, contornam diversas outras legislações para, ao invés de multar e cobrar o tributo, decretar a pena máxima de perdimento de bens, conduzindo o processo ao julgamento em instância única.

A ausência de discussões sobre o tema favorece a voz da fiscalização e acaba refletindo na jurisprudência do Poder Judicial, pois ao analisar os fatos sempre sob a ótica da fraude (bandeira sustentada pelas aduanas), muitas situações legais, ou simples erros, acabam em julgamento desfavorável.

Assim, e que não me deixem mentir os muitos importadores, o ramo de importação tornou-se de elevadíssimo risco, terra onde a insegurança jurídica impera.

Certamente o aprofundamento do tema, a franca discussão, o debate acadêmico e a participação da OAB, por intermédio de suas seccionais, permitam um maior grau de certeza por parte dos importadores, reduzindo o risco da atividade.

Elaborado por:
André Oliveira Brito - Advogado

Leia em: http://www.comexdata.com.br/index.php?PID=1000000687#ixzz1gbe2SogN

China: a grande queda ja chegou...

"RESSACA ÉPICA DA CHINA COMEÇA"!
 A. Evans - Editor de Negócios Internacionais 

The Telegraph, 15/12/2011

1. A Bolha de crédito da China finalmente estourou. O mercado imobiliário está balançando descontroladamente. É difícil obter bons dados na China, mas algo está errado quando o site de imóveis Homelink relata que o preço das casas novas em Pequim despencou em novembro em relação ao mês anterior. Se isto é remotamente verdade, o calibrado pouso suave que as autoridades chinesas pretendiam está indo muito errado e os riscos girando fora de controle.
 
2. Os investidores estão subestimando maciçamente o risco de uma aterragem forçada na China, e certamente de outros BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China).  Os BRICs estão caindo como tijolos (bric em inglês) e as crises são o home-blown, causado por seus próprios ciclos de altos e baixos de crédito.   Acho que é altamente provável que a China vá desvalorizar o yen no próximo ano, arriscando uma guerra comercial.

3. A economia está totalmente fora dos eixos. O consumo caiu de 48pc para 36pc do PIB desde a década de 1990. O investimento subiu para 50pc do PIB. Isso está fora das cartas, mesmo para os padrões do Japão, Coréia ou Taiwan. Nada assim tem sido visto antes em tempos modernos.  A Fitch Ratings afirmou que a China é viciada em crédito, mas com cada vez menos vontade para cada dose. Um dólar extra em empréstimos aumentou o PIB em 0,77 dólares em 2007. Agora em 2011 são $ 0,44. "A realidade é que hoje a economia da China exige um financiamento significativamente maior para atingir o mesmo nível de crescimento, como no passado", disse o analista chinês Charlene Chu.
 
4. Professor Patrick Chovanec da Tsinghua de Pequim School of Economics, disse que a desaceleração do mercado imobiliário China começou em agosto, quando as empresas de construção informaram que os estoques não vendidos atingiram US $ 50 bilhões. Isso já se transformou em "uma espiral descendente de expectativas".  Uma queima de estoques está em curso. Enquanto isso, a desaceleração está se infiltrando no núcleo das indústrias. A produção de aço tem fraquejado.

5. Pequim foi capaz de contrariar a crise global em 2008-2009 com o desencadeamento de crédito, agindo como um amortecedor para o mundo inteiro. É duvidoso que Pequim pode repetir este truque pela segunda vez.

6. Mark Williams da Capital Economics disse que a grande esperança era que a China usasse sua farra de crédito após 2008, para ganhar tempo, mudando os crônicos sobre-investimento para o crescimento do consumo. "Isso não saiu conforme o planejado. Na verdade, a China enfrenta uma ressaca de desalavancagem épica, como o resto de nós".