Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
1499) Visita do presidente de Israel ao Brasil: discurso do governador de SP, José Serra
Quando encontro algum texto que me parece memorável, transcrevo-o, para meu registro e para informação dos visitantes.
Discurso do governador José Serra ao receber a visita do presidente de Israel, Shimon Peres, a São Paulo
12 de novembro de 2009
Governador José Serrra: Tenho a honra de dar as boas vindas a Sua Excelência Shimon Peres, Presidente do Estado de Israel, em nome do Estado de São Paulo e em meu nome pessoal. Não é todos os dias que uma cerimônia tão simples como esta vai além das formalidades e permite homenagear um estadista que personifica toda a história política de seu próprio país e que teve uma presença ativa em alguns dos principais momentos do século 20 e deste século.
Seu envolvimento com a política e com a história do Oriente Médio começou em 1940, há quase 70 anos, com menos de vinte anos de idade, recém-chegado à Palestina, então sob mandato britânico. Naquele ano, Shimon Peres foi um dos fundadores do Kibbutz Alumot e eleito secretário de um movimento de juventude.
Estamos na presença de um estadista que dedicou toda a sua vida a construir, defender e desenvolver o seu país, empenhando-se, ao mesmo tempo, em romper as barreiras que as diferenças étnicas e religiosas, e as sucessivas guerras, não cessaram de reerguer. Shimon Peres foi o inspirador e participante de importantes iniciativas em benefício da paz.
Já em 1975, como ministro da Defesa, negociou o Acordo Provisório com o Egito que pôs fim à guerra, e estabeleceu a política de boa vizinhança com o Líbano.
No governo de União Nacional entre a Aliança de esquerda e o Likud, a partir de 1984, como primeiro-ministro, iniciou as conversações que levariam, já na condição de Ministro do Exterior, em 1987, ao Acordo de Londres com a Jordânia. Esse acordo previa uma Conferência de Paz do Oriente Médio, com a participação direta de Israel, Jordânia e Egito, mas o gabinete liderado pelo Likud, do premiê Yitzhak Shamir, recusou-se a assinar.
Seu maior feito, que lhe proporcionou o Prêmio Nobel da Paz de 1994, juntamente com o premiê Yitzhak Rabin e Yasser Arafat, foi a assinatura dos Acordos de Oslo, que levaram ao reconhecimento de uma Autoridade Palestina na faixa de Gaza e em parte da Cisjordânia. As conversações com a OLP de Arafat haviam começado secretamente desde que o Presidente Peres havia assumido o cargo de vice-primeiro ministro e ministro do Exterior do premiê Yitzhak Rabin.
Mais tarde, depois de suceder a Rabin como primeiro-ministro, após seu assassinato por um fundamentalista judeu, em 1995, criou o Centro Peres para a Paz, dedicado a avançar o processo de negociações por meio de acordos econômicos e sociais com os palestinos.
Quero expressar alguns dos meus sentimentos e convicções pessoais suscitados por sua visita, presidente Shimon Peres, à sede do governo de São Paulo.
1 - Tenho enorme admiração por Israel. A terra que abriga relíquias sagradas de três religiões mantém vivo o que eu ousaria chamar de um milagre dos homens: o regime democrático.
2 - Quem nega o Holocausto dos judeus agride de modo indelével a memória de um povo. E agride toda a humanidade.
3 - O estado de Israel foi criado para que, dos escombros do horror, florescesse, como floresceu, a esperança de paz e segurança para o povo judeu. Ao nascer, Israel mostrou logo que não era uma promessa a mais, e sim um fato. Não é uma peça negociável e permutável no concerto das nações. Cumpriu-se, com justiça, um destino. Falta agora que se cumpra a paz.
4 - Paradoxalmente, a história de Israel é, a um só tempo, muito curta e muito longa, confundindo-se com os tempos imemoriais, quando a humanidade começou a plasmar valores éticos que ainda hoje nos guiam. De sua história recente, lembro da penosa decisão de Ben Gurion, no começo do começo de Israel, de afundar o navio Altalena, carregado de armas, porque radicais do seu próprio povo haviam feito a opção errada pelo confronto, e não pelo entendimento. Ben Gurion demonstrou ali que queria, de verdade, a paz. E, empregando o termo “navio” como uma metáfora, observo, senhor presidente: “Aqueles que querem a paz têm de ter a coragem de afundar o próprio navio do terror”.
5. Entendo que o terrorismo significa a negação da política, e aqueles que o praticam ou promovem não são nossos interlocutores: têm de ser duramente combatidos.
6 - Acreditamos na coexistência pacífica dos povos; acreditamos que Israel e seus vizinhos árabes podem trilhar o caminho da paz; apoiamos, como apóia a maioria dos israelenses, a criação de um estado palestino desde que garantida a segurança de Israel. E, por isso mesmo, entendemos que só acontecerá o melhor se o terreno dos confrontos e das diferenças for a política. Para que possamos reconhecer o “outro”, é preciso que este “outro” também nos reconheça.
7. Exatamente por isso, e porque é preciso reconhecer o outro para ser, por sua vez, reconhecido, quero prestar aqui um tributo a V. Excia., presidente Peres, pela coragem de elogiar publicamente o espírito democrático e a disposição para negociar de Mahamoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, e pelo apelo que tem feito para que ele não renuncie a candidatar-se à reeleição.
8. O Brasil foi um ator relevante na criação do Estado de Israel. Sob a presidência de Oswaldo Aranha, a 49ª Sessão da 2ª Assembléia-Geral da ONU aprovou, no dia 29 de novembro de 1947, a partilha da Palestina com o povo judeu. Não há circunstância que abale o que é um traço do nosso povo: a defesa da paz e do direito que têm os povos de conduzir o próprio destino. Esteja certo, pois, de que a população brasileira reconhece o direito que Israel tem de viver em paz e em segurança. Não vive em paz quem está inseguro; não vive seguro quem não está em paz. Não pode haver segurança onde não há paz. Mas não pode haver paz onde não há segurança.
Saiba, senhor presidente, que Israel tem neste governador de Estado um amigo. Mais do que isto: Alberto Goldman, vice-governador do Estado, é judeu. Felizmente, os judeus estão em todos os cantos do Brasil, deixando sempre as marcas do humanismo, do seu trabalho, dos seus valores culturais, de sua solidariedade.
Presidente Shimon Peres: esperamos que permaneça ainda por longos anos empenhando-se na defesa no seu país e na luta pela paz entre os povos do Oriente Médio.
Benvindo a São Paulo!
1498) Ativistas ecologicos produzem fome no mundo...
Cenários: Cientistas e "naturalistas" se distanciam no combate à fome
As disputas em torno do futuro dos alimentos
Valor Econômico – pág. B11, 13/11/2009
Claudia Parsons, Russell Blinch e Svetlana Kovalyova, Reuters
(foto) Ativista destrói plantações de milho transgênico em Tolouse, na França: solução para elevar a oferta mundial de alimentos ainda suscita debates e disputas
À primeira vista, a fazenda de Giuseppe Oglio, perto de Milão, parece negligenciada. Ervas daninhas proliferam em meio aos campos de arroz e trevos crescem incontrolados em sua colheita de painço. Terceira geração na agricultura, Oglio foge das técnicas modernas de cultivo - produtos químicos, fertilizantes, maquinaria pesada - em favor de uma abordagem puramente natural. Não é apenas ecológico, diz ele, mas rentável. E ele acredita que seu sistema pode ser replicado em regiões do mundo onde há fome.
Há quase 8 mil quilômetros dali, em laboratórios em Saint Louis, Missouri, centenas de cientistas da maior empresa mundial de sementes, a Monsanto, também querem alimentar o mundo, mas as ferramentas escolhidas são raios laser e placas de Petri. A empresa, líder em biotecnologia agrícola, gasta cerca de US$ 2 milhões por dia em pesquisas com o objetivo de aperfeiçoar a Mãe Natureza e posiciona-se como um dos principais nomes na luta contra a fome.
O agricultor italiano e a multinacional americana representam os dois extremos de um debate cada vez mais ácido sobre o futuro dos alimentos. Todos querem acabar com a fome. Como fazê-lo é a questão desagregadora, que confronta ambientalistas com grandes empresas e consumidores; e países ricos contra os pobres.
A luta sobre os alimentos ocorre em um momento no qual especialistas dos dois lados concordam em uma coisa: o número de barrigas vazias no mundo aumentará, a menos que aconteça alguma grande intervenção agora. A combinação de crise alimentar e desaceleração econômica mundial catapultou o número de pessoas que passam fome no mundo para mais de 1 bilhão. A Organização das Nações Unidas (ONU) sustenta que a produção mundial de alimentos precisa crescer 70% nos próximos 40 anos para alimentar uma projeção de 2,3 bilhões de pessoas a mais no mundo em 2050.
Na próxima semana, líderes globais participarão do Encontro Mundial sobre Segurança Alimentar, da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, em inglês), em Roma, onde ouvirão argumentos concorrentes sobre as melhores formas para combater o problema. Uma das disputas mais acirradas será a importância relativa da ciência em comparação às reformas sociais e econômicas, para possibilitar que pequenos agricultores plantem mais com a tecnologia atual.
Grande parte da Europa passou de um sistema agrícola de pequenas propriedades para a agricultura comercial de grande escala, mas a Itália ainda continua como base para agricultores familiares, que produzem de tudo, desde azeitonas até queijo mussarela. O carismático Oglio, de 40 anos, é um deles. Abandonou a escola de agricultura após se decepcionar com os métodos ensinados. Hoje, deixa a natureza fazer seu trabalho, enquanto planta cereais e legumes em sua pequena fazenda em Belcreda di Gambolo, a 30 quilômetros de Milão. Ele não usa produtos químicos nem pesticidas ou fertilizantes naturais. Não arranca as ervas daninhas de seus campos.
"Tudo que se precisa fazer é observar a natureza, ouvi-la, fazer o que a natureza sugere e ela tomará conta de tudo", afirmou. Seus campos, em planícies baixas com um longo histórico de cultivo de arroz, usado para risotos, replicam os padrões encontrados na natureza.
Os trevos e o painço crescem juntos, por exemplo, alimentando um ao outro com os minerais necessários. Oglio disse que sua fazenda é sustentável ecologicamente. Ele reduziu custos operacionais ao eliminar produtos caros, como herbicidas, e ao usar maquinário apenas para o mínimo necessário. Fazendas como essa, baratas e com cultivo de baixa manutenção, poderiam ser adotadas na África e em outras regiões atingidas pela fome e miséria, disse. "A agricultura natural não salvará o mundo, mas pode alimentar famílias pobres".
É improvável, no entanto, que possa fazê-lo na escala que a maioria dos especialistas considera necessária. E é aí que está o atrito. Os consumidores mais abastados podem preferir os Oglios às Monsantos, mas sua rejeição à agricultura de alta tecnologia dificulta lidar com a crescente crise alimentar.
A última ocasião em que o mundo deparou-se com previsões tão sombrias de fome foi antes da Revolução Verde, dos anos 60 e 70, quando países como Índia e China transformaram seus sistemas agrícolas e se tornaram autossuficientes em alimentos. Conseguiram o feito ao explorar tecnologias de melhoramento genético para elevar o rendimento das lavouras de arroz, trigo e outros itens básicos.
Por meio de investimentos maciços em arroz híbrido, a China elevou o rendimento de duas toneladas por hectare, nos anos 60, para mais de dez toneladas por hectare, em 2004. Os cientistas chineses buscam mais ganhos - 13,5 toneladas por hectare até 2015, segundo o Instituto Internacional de Pesquisa de Políticas Alimentares (IFPRI, em inglês), que aponta esse projeto do arroz como uma das histórias genuínas de êxito no desenvolvimento agrícola, em estudo chamado "Millions Fed" (milhões alimentados, em inglês).
Certamente, a Revolução Verde teve suas desvantagens - danos ambientais, para citar uma. Na Índia, o nível dos lençóis freáticos está baixando e o solo se degradou pelo uso de pesticidas e fertilizantes. O movimento contribuiu para a ascensão das grandes fazendas comerciais à custa dos pequenos proprietários, suscitando ressentimentos que os críticos chamam de "corporatização" dos alimentos. Milhões de pessoas, porém, foram salvas da fome e o arquiteto do movimento, Norman Borlaug, recebeu o Nobel da Paz, em 1970.
Com suas populações em crescimento, Índia e China - para não mencionar a maioria da África - ainda se deparam com desafios, sobretudo com a mudança climática exacerbando os problemas ambientais que já desaceleram a expansão da produção. O IFPRI, parte de uma rede mundial de centros de pesquisa sobre agricultura, informou em outubro que a queda nos rendimentos decorrente das mudanças climáticas reduzirá em 7% a "disponibilidade de calorias" para o consumidor médio dos países em desenvolvimento até 2050, frente aos números de 2000.
O aumento de temperatura reduz o rendimento das colheitas e encoraja pestes e doenças de plantas. O sul da Ásia sofrerá as maiores quedas de rendimento, em quase todas as culturas. Segundo o IFPRI, a produção de arroz na região será 14% mais baixa do que se não houvesse mudanças climáticas. "A Índia precisa urgentemente de outra Revolução Verde", disse Kushagra Nayan Bajaj, codiretor-gerente da Bajaj Hinduthan BJHN.BO, maior produtora de açúcar da Índia, que importa açúcar mascavo depois de sua colheita local de cana-de-açúcar ter sido afetada pela seca.
Uma segunda Revolução Verde, contudo, enfrentaria uma forte contrarrevolução, mesmo em um país como Índia, que tanto se beneficiou da primeira. "A questão é que os produtos químicos destroem a produtividade no longo prazo (...) Sim, uma segunda Revolução Verde é de fato muito essência, a necessidade do momento. Mas não deve ser do mesmo tipo de revolução verde que a primeira foi", disse P.C. Kesavan, pesquisador da M.S. Swaminathan Research Foundation, criada pelo pai da Revolução Verde indiana.
Economistas e cientistas na Índia exigem uma série de iniciativas políticas, incluindo a permissão para uso de engenharia genética, que seus defensores argumentam fazer o mesmo trabalho que a hibridização tradicional das plantas, mas de forma mais rápida e eficiente. Até agora, a Índia permitiu apenas sementes geneticamente modificadas para o algodão, o que elevou a produtividade, mas as sugestões de que a permissão fosse ampliada para colheitas comestíveis sempre gerou fortes protestos.
A história é similar no México, onde Borlaug iniciou suas pesquisas pioneiras nos anos 40 no Programa Cooperativo de Produção e Pesquisa de Trigo. O México aprovou em outubro, pela primeira vez, permissões para que os agricultores plantem milho transgênico. Considerado por muitos o berço do milho, o México alberga mais de 10 mil variedades, usadas para fazer a tradicional tortilla, prato básico na dieta mexicana.
O milho é plantado no México há pelo menos 9 mil anos e o grão foi adaptado pelos conquistadores espanhóis no início da década de 1500, com o que acabou se espalhando para o resto do mundo. O México enfrenta os mesmos dilemas de muitos países em desenvolvimento sobre o milho transgênico - equilibrar as preocupações dos consumidores com a necessidade de cultivar mais alimentos.
"Vemos o milho como nossa herança cultural, nosso legado. Para nós não é apenas uma questão de alimentos, mas de conservar nossas tradições", disse Celerino Tlacotempa, que trabalha para uma organização de agricultores da comunidade indígena Nahuatl, nas montanhas no sul do Estado de Guerrero. "Com as sementes modificadas geneticamente, perderíamos nossas variedades de milho colorido. Não haveria mais milho roxo, negro, branco", disse. "Acima de tudo, estaríamos condenados a comprar sementes de empresas como a Monsanto. Não é sustentável. É um risco real para o bem-estar dessas comunidades".
Ao mesmo tempo, outros agricultores mexicanos no norte do país vêm cultivando sementes transgênicas contrabandeadas pela fronteira com os Estados Unidos há algum tempo, atraídos pela resistência das colheitas à seca e pestes e pelo rendimento maior. Tomas Lumpkin, diretor do Centro Internacional de Aperfeiçoamento do Milho e Trigo (CIMMYT, em espanhol), lançado por Borlaug no México, afirmou que o país atualmente importa cerca da metade do milho que consome. Com as mudanças climáticas e outras pressões, é crucial usar todas as ferramentas disponíveis para aumentar a produção, disse Lumpkin.
"Este é um mundo mais complexo e difícil do que o enfrentado por Borlaug, mas temos mais ferramentas eficazes do que tínhamos e precisamos começar a testá-las e usá-las", afirmou. "Os Organismos Geneticamente Modificados (OGMs) são só mais um conjunto de ferramentas na caixa, mas precisamos estar aptos a usar essas ferramentas", disse Lumpkin. "Se pudermos usar essas variedades para que o agricultor no mundo em desenvolvimento tenha as mesmas sementes potentes que um agricultor no Iowa, então, por que deveriam ficar em desvantagem?"
A Monsanto lançou a primeira colheita modificada geneticamente em 1996 e agora os transgênicos são cultivados em países que vão da Austrália e Filipinas à África do Sul e Brasil. Até 85% da grande produção de milho americana é fruto de engenharia genética, assim como 91%, no caso da soja, e 88%, no do algodão, segundo os EUA.
Apesar de tão arraigadas como as colheitas transgênicas parecem estar, a reação contrária à tecnologia parece estar crescendo. A oposição às modificações genéticas das sementes é mais forte na Europa há bastante tempo. A União Europeia restringe o uso de sementes transgênicas em seu território, assim como as importações de produtos contendo alimentos derivados de modificações genéticas. Separadamente, países como a Alemanha baniram até sementes transgênicas que haviam sido autorizadas, como um tipo de milho resistente a insetos, o MON 810, desenvolvido pela Monsanto.
Agora, a resistência dos consumidores ao que os tablóides britânicos há muito apelidaram de "comida Frankenstein" também ganha força nos EUA. No sistema agrícola industrial da América do Norte, os consumidores que compram alimentos embalados nos supermercados provavelmente estão comendo produtos transgênicos sem nem mesmo saber, de acordo com o Centro pela Segurança Alimentar. O grupo, envolvido em uma batalha judicial bem-sucedida para impedir a introdução de uma alfafa criada por engenheira genética pela Monsanto, também sustenta que até 70% dos refrigerantes, das sopas, biscoitos e outros alimentos processados vendidos sob grandes marcas são derivados de transgênicos.
"Realmente não há análise sobre a saúde humana nas colheitas geneticamente modificadas", afirmou William Freese, analista de ciências do centro. "É um resultado real da política que nosso governo introduziu, que é basicamente a presunção da inocência".
Uma bandeira para os ativistas contra os transgênicos é o hormônio de crescimento geneticamente modificado para vacas leiteiras, conhecido como rBGH. Lançado nos EUA em 1994, o rBGH é uma droga para ampliar a produção de leite depois que a vaca dá à luz. Foi desenvolvido pela Monsanto, mas vendido para a Eli Lilly.
A Health Care Without Harm, uma coalizão mundial de hospitais e outros grupos médicos, acredita que a droga é perigosa porque aumenta a probabilidade de infecções nas mamas das vacas, o que leva ao uso de mais antibióticos nos animais. Isso influencia o aumento na resistência a antibióticos nos humanos, argumenta. Outros críticos dizem que pode estar ligado a câncer em humanos, apesar da aprovação da Agência de Remédios e Alimentos (FDA) dos EUA. Os ativistas conseguiram convencer uma série de grandes nomes a rejeitar a droga, como os fabricantes de iogurte Yoplait e Danone, e pressiona a rede de cafés Starbucks a também opor-se ao rBGH.
Um porta-voz da Starbucks afirmou que toda a oferta principal de laticínios da empresa vem de fornecedores que não usam hormônios. "Nossos produtos principais, café e chá, não são transgênicos", disse o porta-voz, em comunicado. "Não temos planos para comprar café ou chá derivados de fontes geneticamente modificadas, nem agora nem futuramente."
Para os que buscam acabar com a fome mundial, em vez de apenas satisfazer consumidores ricos com vontade de tomar um cappuccino, a África apresenta os maiores desafios. A FAO informou em outubro que o mundo precisa investir US$ 83 bilhões por ano em agricultura nos países em desenvolvimento para alimentar uma população estimada de 9,1 bilhões de pessoas em 2050. Para isso, são necessários investimentos públicos e privados em grande escala. A tendência, pelo lado público, no entanto é desencorajadora. A assistência oficial ao desenvolvimento agrícola despencou 58% em termos reais entre 1980 e 2005.
Ainda assim, é possível ver no Brasil resultados decorrentes de investimentos, sobretudo públicos, segundo estudo de caso sobre como a Revolução Verde transformou um país em desenvolvimento. Em poucas décadas, o Brasil deixou de ser um produtor de um punhado de culturas para tornar-se um dos maiores produtores mundiais, com o agronegócio movimentando cerca de R$ 300 bilhões vem vendas anuais.
O Brasil começou sua Revolução Verde nos anos 70, com a criação da Embrapa, a estatal de pesquisas agropecuárias, que resultou em mais diversificação e melhor produtividade das colheitas, assim como na expansão da terra cultivada. Todos os anos, a Embrapa mensura o retorno à sociedade das pesquisas em agricultura. Os dados mais recentes mostram que para cada dólar investido em pesquisa agrícola, há um retorno de US$ 13,50.
Na crise de 2008, o medo da falta de alimentos semeou-se nos mercados de grãos - levando arroz e trigo a novos recordes e estimulando a estocagem e distúrbios populares - e serviu de alerta que especialistas esperam ver traduzido em investimentos sustentáveis.
Na fazenda de Oglio, na Itália, o agricultor diz que suas atividades podem ser conduzidas com um orçamento curto. Os 87 acres ( 35,2 hectares) que seus pais costumavam cultivar com técnicas tradicionais de agricultura estavam à beira da quebra há 20 anos. Com sua opção por métodos naturais, Oglio recuperou a fazenda e voltou a ter lucro. Mas essa é uma história bem europeia. Seus clientes, admite, estão dispostos a pagar mais por seus produtos saudáveis, pois muitos deles são ambientalistas. Já os mais pobres do mundo - 1 bilhão de pessoas - podem não ter o luxo de poder escolher.
(Tradução de Sabino Ahumada)
Ipsis Literis
13/11/2009
O presidente do conselho de administração da Nestlé, gigante mundial de alimentos, fez ontem fortes ataques aos "ativistas bem alimentados" cuja hostilidade a novas tecnologias de alimentos restringe a produtividade agrícola e amplifica a crise alimentar mundial. Peter Brabeck-Letmathe afirmou que desde 1990 o ritmo de expansão da população superou o da produção de alimentos, devido, em parte, à oposição dos consumidores em países desenvolvidos às novas tecnologias.
"É desanimador ver com que facilidade um grupo de ativistas bem alimentados e bem-intencionados pode decidir sobre novas tecnologias à custa dos que passam fome", disse em conferência em Milão, convocada para tentar trazer o setor privado ao debate sobre a segurança alimentar mundial. A Nestlé vende alimentos com ingredientes transgênicos em países onde não há proibição e sustenta que os riscos desses produtos são superestimados.
Segundo o executivo, a taxa anual de crescimento de produtividade agrícola foi de 2% entre 1970 e 1990, enquanto o da expansão populacional foi de 1,7%. Desde 1990, a produtividade vem caindo em relação ao crescimento populacional, tendência que continuará entre 2009 e 2017, com a população mundial expandindo-se 1,1% ao ano e a produtividade agrícola, apenas 0,8%.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
1497) Aquecimento Global: ceticismo sadio sempre é recomendavel
Papers que reexaminam o papel do aquecimento global tal como teria sido fabricado pela atividade humana:
450 peer-review papers supporting skepticism of man-made global warming.
Este artigo tece considerações científicas, econômicas e filosóficas sobre o aquecimento global: http://www.heartland.org/custom/semod_policybot/pdf/25354.pdf
Nunca é bom correr atrás da manada: é melhor ficar calmo e examinar os dados do problema...
terça-feira, 10 de novembro de 2009
1496) Muro de Berlim: Seminario na UnB sobre os 20 da queda
Além do Muro - 20 Anos da Queda do Muro de Berlim
Quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Auditório da Reitoria da UnB
Programa:
8.30 - Abertura
9.00 - Documentário: A Queda do Muro de Berlim
9.30 - Palestra do Prof. Dr. Edgar Wolfrum (Universidade de Heidelberg):
Dois eventos que marcaram a época: Construção (1961) e Queda do Muro de Berlim (1989) - Comentários: Estevão Martins e Wolfgang Döpcke (UnB)
14.30 - Mesa Redonda I: Muros simbólicos e reais
Hartmut Günther (UnB): (I)mobilidade e (des)apego: Reflexões sobre um muro
Gustavo Lins Ribeiro (UnB): A queda de todos os muros
16.30 - Mesa redonda II: O mundo após a queda
Paulo Roberto Almeida (MRE): Um outro mundo possível: Alternativas históricas, antes e depois do muro de Berlim
Virgílio Caixeta Arraes (UnB): Estados Unidos: da liderança eufórica à crise de confiança (1989-2009)
ftp://ftp.unb.br/pub/unb/dh/ALEM_DO_MURO-cartaz2.pdf
ftp://ftp.unb.br/pub/unb/dh/FOLDER_20_ANOS_4.pdf
1495) Politicas raciais: o caso da compensacao
Roberta Fragoso Kaufmann
Exclusivo para o Blog Contra a Racialização do Brasil
09 Nov 2009
Os defensores dos programas afirmativos racialistas procuram justificar a opção por tais medidas a partir, basicamente, da teoria da Justiça Compensatória, que se lastreia na retificação de injustiças ou de falhas cometidas contra indivíduos no passado, ora por particulares, ora pelo governo. O fundamento deste princípio é relativamente simples: quando uma parte lesiona a outra, tem o dever de reparar o dano, retornando a vítima à situação que se encontrava antes de sofrer a lesão. Propriamente dita, a teoria compensatória é a reivindicação para que se repare um dano ocorrido no passado em relação aos membros de determinado grupo minoritário.
Por meio desta teoria, assevera-se que o objetivo dos programas afirmativos para os afrodescendentes seria o de promover o resgate da dívida histórica que os brancos possuem em relação aos negros por havê-los submetidos à escravidão no passado[1].
...
O problema da adoção dessa teoria para justificar a imposição de políticas afirmativas racialistas é que se afigura deveras complicado responsabilizar, no presente, os brancos descendentes de pessoas que, em um passado remoto, praticaram a escravidão. Ademais, é praticamente impossível, em um país miscigenado como o Brasil, identificar quem seriam os beneficiários legítimos do programa compensatório, já que os negros de hoje não foram as vítimas e eventualmente podem descender de negros que tiveram escravos e que jamais foram escravizados. Culpar pessoas inocentes pela prática de atos dos quais discordam radicalmente promove a injustiça, em vez de procurar alcançar a eqüidade.
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Assim, a teoria compensatória não pode ter espaço quando os indivíduos que são tratados como um grupo - o dos descendentes dos antigos senhores escravocratas — não endossaram as atitudes em relação às quais serão responsabilizados ou, então, não exerceram qualquer tipo de controle em relação a elas. Por outro lado, por meio da idéia de justiça compensatória, a reparação seria efetivada para aqueles que não sofreram diretamente o dano. Ofende-se, deste modo, idéias mínimas e elementares da responsabilidade civil.
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Como bem aponta Fiscus[2], constitucionalista norte-americano, há duas objeções relacionadas ao argumento da justiça compensatória para as ações afirmativas. Elas são fundamentadas nos princípios complementares de que a compensação deveria ser paga à pessoa prejudicada e de que deveria ser pago por aquele que ocasionou o dano. Programas de ações afirmativas baseados na justiça compensatória fracassam de várias maneiras. Sustentar que os descendentes de milhões de negros lesionados ao longo de nossa história têm direito à compensação, pelo prejuízo ocasionado aos seus ancestrais em um passado longínquo, é violar o primeiro princípio da justiça compensatória, que os sujeitos da compensação sejam aqueles verdadeiramente prejudicados.
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Assim, políticas indenizatórias para reparar a dívida histórica da sociedade em relação a determinadas categorias não seriam legítimas porque, em termos de compensação pelo dano sofrido, somente aqueles que foram diretamente lesionados poderiam pleitear a reparação correspondente e contra quem efetivamente ocasionou o prejuízo.
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Acaso adotássemos a teoria de que a compensação poderia evoluir no tempo e no espaço e se constituir em uma verdadeira herança maldita para a sociedade em geral, o exercício da retórica nos levaria a argumentos teratológicos, como tentar abraçar essa tese em relação a qualquer forma histórica de opressão, e, assim, acreditarmos que até mesmo países inteiros, que foram colonizados e/ou oprimidos, poderiam exigir políticas compensatórias por parte dos países colonizadores e/ou opressores.
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Desse modo, almejar dividir com as pessoas de hoje a obrigação de reparar os erros e as falhas cometidas pelos ancestrais poderia ensejar um perigoso jogo de responsabilização ad infinitum, baseado em pedidos igualmente absurdos. Em sendo assim, por que não pleitearmos indenização a Portugal, devido à espoliação das riquezas brasileiras — açúcar, café, tabaco, minérios, ouro e diamantes? Por que não direcionarmos a Portugal e à Inglaterra a indenização a ser devida aos afro-descendentes, já que foram os portugueses e ingleses quem organizaram o tráfico de escravos e a escravidão no Brasil? Poderíamos ainda pleitear indenização dos holandeses, que esbulharam o Nordeste, especialmente Pernambuco. E dos franceses, que invadiram o País diversas vezes, chegando a formar a França Antártica, no Rio de Janeiro e a França Equinocial, no Maranhão.
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Com efeito, de nada adiantaria pleitear ressarcimento, nesses termos, porque a resposta, se é que chegaríamos a ter qualquer tipo de reação diversa da solene ignorância a tresloucados pedidos, seria uníssona: “não podemos ser responsabilizados hoje por um fato cometido há quinhentos anos”.
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Argumentos de justiça compensatória, no contexto das ações afirmativas, vão de encontro à forte e arraigada oposição jurídica às responsabilidades de grupo e aos direitos de grupo — castigando ou recompensando um indivíduo simplesmente porque pertence a um determinado grupo e não por sua responsabilidade ou mérito individual.
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NOTAS DE RODAPÉ
[1] Como um exemplo da tentativa de utilização da teoria de justiça compensatória no Brasil, temos a proposta de autoria do então Deputado Paulo Paim, no qual se previa uma compensação a ser paga a cada um dos descendentes de escravos no Brasil no valor de R$102.000,00 (cento e dois mil reais) - o Projeto de Lei nº 3.198/2000. O interessante é destacar que não há no projeto qualquer menção de como essa receita seria obtida. E, sobretudo, não há disciplina no projeto sobre como se faria a prova de quem poderia ser considerado descendente de escravos no País. Em um País altamente miscigenado, como o Brasil, a aposta em medidas como estas representaria gastar o equivalente a sete vezes o valor do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Segundo os dados do Censo de 2000, os afrodescendentes se constituem em 44% da população, o que em termos absolutos significa, aproximadamente, 75 milhões de pessoas. A indenização proposta por Paulo Paim simplesmente atingiria um montante de 7.650.000.000.000, ou seja, 7 trilhões e 650 milhões de reais. Ora, considerando que o PIB do Brasil está na ordem de 1 trilhão, seria preciso unir a riqueza de sete países do porte do Brasil para poder saldar a dívida, acaso a proposta vire lei. Assim prevê o projeto: “CAPÍTULO III. Do Direito à Indenização aos Descendentes Afro-Brasileiros. Artigo 14: O resgate da cidadania dos descendentes de africanos escravizados no Brasil se fará com providências educacionais, culturais e materiais referidas na presente lei. § 1°- A União pagará, a título de reparação, a cada um dos descendentes de africanos escravizados no Brasil o valor equivalente a R$102.000,00 (cento e dois mil reais). § 2°- Terão direito a este valor material todos os descendentes de africanos escravizados no Brasil nascidos até a data de publicação da presente lei. § 3º - O Governo, na esfera federal, estadual e municipal, assegurará a presença do descendente de africano nas escolas públicas, em todos os níveis. § 4º - O Governo providenciará políticas compensatórias para os descendentes de africanos escravizados, executando a declaração de das terras remanescentes de quilombos, reforma nos currículos, assegurando políticas de emprego, direito à imagem e acesso à mídia, assim realizando políticas habitacionais em centros urbanos. § 5º - Compete à União, o ônus da prova contestatória às reivindicações de reparações propostas individual ou coletivamente pelos descendentes de africanos escravizados no Brasil”.
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[2] FISCUS, Ronald J. The Constitutional Logic of Affirmative Action. Edited by Stephen L. Wasby; Foreword by Stanley Fish. Durham and London: Duke University Press, 1992, p. 9 e 10. Tradução livre.
1494) Guerra comercial com os EUA: lista de bens para sofrer retaliacoes comerciais
Arnaldo Galvão, de Brasília
Valor Econômico, 10/11/2009
Está aberta, até 30 de novembro, a consulta pública sobre a lista com 222 itens tarifários importados dos Estados Unidos que podem ter tarifas elevadas em até 100 pontos percentuais no âmbito da retaliação contra produtos daquele país. A secretária-executiva da Câmara de Comércio Exterior (Camex), Lytha Spíndola, informou que, depois de encerrada a consulta, um grupo de análise técnica vai levar suas sugestões aos ministros até 10 de dezembro. O objetivo é iniciar a retaliação em janeiro.
Em 31 de agosto, o Brasil foi autorizado pela Organização Mundial do Comércio (OMC) a retaliar produtos americanos porque foram julgados irregulares os subsídios do governo daquele país aos produtores de algodão. Considerando o valor dos bens, a lista divulgada ontem envolve 10,6% das importações de produtos americanos em 2008 e alcança US$ 2,7 bilhões.
De acordo com os limites da retaliação definidos pela OMC, o valor total é de aproximadamente US$ 900 milhões, sendo metade em bens e o restante em retaliação cruzada em serviços e propriedade intelectual. A Camex também determinou que o teto das tarifas extras é de até 100 pontos percentuais. Lytha revelou que a Camex ainda não decidiu se vai usar essa retaliação cruzada, o que exigiria a publicação de medida provisória.
Em dezembro, os sete ministros que integram a Camex receberão, portanto, uma proposta de lista reduzida para decidirem o início da retaliação de aproximadamente US$ 450 milhões em bens. A câmara é integrada pelos ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fazenda, Planejamento, Casa Civil, Agricultura, Relações Exteriores e Desenvolvimento Agrário.
A secretária-executiva da Camex explicou que, ao elaborar a lista preliminar de 222 itens, o objetivo do governo foi dar seguimento à decisão da OMC no caso dos subsídios americanos que prejudicaram os exportadores brasileiros de algodão. Ao mesmo tempo, procurou evitar perdas à produção e aos consumidores. Isso ocorreria se tornasse mais cara a entrada de máquinas e equipamentos e insumos para a produção industrial. Dessa maneira, dos 222 itens que integram essa versão preliminar da lista, 64% são produtos finais e os restantes são bens intermediários. Além de insumos e bens de capital, o governo procurou excluir da retaliação contra mercadorias americanas itens que não podem ser comprados no mercado interno ou em outros fornecedores.
De acordo com a balança comercial, as exportações para os EUA foram de US$ 12,92 bilhões de janeiro a outubro, o que representa queda de 45,9% sobre o valor do mesmo período em 2008. Nas importações, foram US$ 16,75 bilhões, o que representa redução de 22,7% sobre os mesmos dez meses de 2008.
A lista preliminar tem 222 itens porque a importação de produtos americanos relacionados ao algodão foi de aproximadamente US$ 60 milhões em 2008, valor insuficiente para a retaliação de US$ 900 milhões a que o Brasil tem direito.
Lytha ressaltou que a lista de 222 itens poderá ser aperfeiçoada, mas a versão preliminar divulgada ontem traz uma série de alimentos, medicamentos, cosméticos, plásticos, pneus, algodão, tecidos, vestuário, motores, congeladores, pilhas elétricas, fogões, microfones, alto-falantes, televisores, automóveis, motocicletas, barcos, lentes de contato, óculos de sol, materiais e aparelhos médicos, próteses, geradores de raio x, relógios de pulso, móveis de plástico etc.
Para a secretária-executiva da Camex, as empresas interessadas em sugerir alterações na lista de bens americanos que podem ter elevação da tarifa de importação, deverão dar preferência à manifestação por meio de suas entidades de representação.
Se a Camex aprovar a retaliação, medida esperada para dezembro, será a primeira vez que o Brasil usará esse tipo de reação autorizada pela OMC. Em duas outras oportunidades o país preferiu não retaliar. A primeira delas envolveu a disputa com o Canadá por subsídios à exportação de aeronaves. A segunda poderia ser uma reação à Emenda Byrd, norma que autorizava o governo americano a distribuir entre as empresas interessadas recursos decorrentes de direitos compensatórios e de antidumping.
1493) Acabou a dependencia do gas da Bolivia
Sem a dependência de Evo
Editorial O Estado de S.Paulo, 7.11.2009
Com a entrada em operação, no próximo ano, do Gasduc III - o gigantesco gasoduto da Petrobrás que ligará a Bacia de Santos aos principais centros consumidores, o País estará livre da incômoda dependência do gás boliviano. Recorde-se que em 2006, quando o governo Evo Morales nacionalizou o setor de petróleo e gás, o fornecimento às indústrias brasileiras foi ameaçado. Com capacidade de transportar 40 milhões de m³/dia, o Gasduc III, construído ao custo de R$ 2 bilhões, ligará a Estação de Cabiúnas, em Macaé, a Duque de Caxias. Sua capacidade é maior que a do Gasoduto Bolívia-Brasil, que transporta até 30 milhões de m³/dia e não opera a plena carga.
A exploração do gás da plataforma continental altera a relação de forças com o governo boliviano. O embaixador em La Paz, Frederico Cezar de Araujo, por exemplo, precisou tranquilizar as autoridades bolivianas, declarando que as compras de gás não sofrerão corte depois do vencimento do contrato assinado entre os dois países em 1999, com prazo de 20 anos, para assegurar a oferta mínima de 24 milhões de m³/dia e máxima de 30 milhões de m³/dia. "Os volumes de exportação de gás da Bolívia para o Brasil não diminuirão", disse ele.
Só que, agora, comprar ou não será uma decisão exclusiva do Brasil. Mas o mercado de gás natural está superofertado - e esta situação tende a se agravar. A produção brasileira é de 57 milhões de m³/dia de gás natural, dos quais 12 milhões de m³ são reinjetados nos poços; 10 milhões de m³, queimados ou perdidos; e a Petrobrás consome ou absorve 14 milhões de m³, restando 21 milhões de m³ para oferecer ao mercado. Acrescentando os 23 milhões de m³/dia importados da Bolívia - bem abaixo dos quase 31 milhões de m³/dia adquiridos no ano passado -, o consumo local total é da ordem de 44 milhões de m³/dia, contra os quase 59 milhões de m³/dia consumidos em 2008. Com os investimentos previstos de US$ 39,9 bilhões, no período 2009/2013, os polos de Mexilhão, Uruguá, Merluza e Sul deverão assegurar o aumento da oferta de gás extraído da Bacia de Santos de 600 mil m³/dia, hoje, para 22,2 milhões de m³/dia.
Estão em fase avançada de construção 170 km de dutos submarinos que vão ligar Uruguá à plataforma MXL-1, e, desta, mais 145 km até Caraguatatuba, de onde serão distribuídos para o Sudeste, o Sul e o Nordeste - por intermédio do gasoduto Gasene. Outros 216 km de dutos vão unir a MXL-1 à área de Tupi. Já estão prontos 212 km do gasoduto marítimo de Merluza, entre a plataforma MLZ-1 e a unidade de tratamento RPBC, que receberá o gás dos Campos de Merluza e de Lagosta, também no litoral paulista. Os investimentos em gás natural foram acelerados com o Plano de Antecipação da Produção de Gás, anunciado em 2007. Além de levar o Brasil à autossuficiência, a execução do plano resultará num excesso de oferta de gás da ordem de 20 milhões de m³/dia - ou mais.
"Há uma conjugação de fatores contribuindo para a baixa da demanda", afirmou o diretor da consultoria Gas Energy, Marco Tavares. Além dos preços elevados do gás, que levam as indústrias a dar preferência ao óleo combustível, as usinas termoelétricas deixaram de ser acionadas, porque sobra energia hidráulica. Agora, em vez de economizar, será preciso estimular a produção e o consumo de veículos a gás. "Hoje temos nova oferta de gás e novo contrato de suprimento com a Petrobrás que permitem garantir o crescimento do mercado", declarou o gerente da Gás Natural, Marcelo Napolitano.
A empresa controla distribuidoras em São Paulo e no Rio. Como o consumo de gás natural veicular é pequeno, o maior desafio é estimular o consumo de gás em indústrias, comércio e na cogeração de energia. Um projeto da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) prevê o consumo de 1,5 milhão de m³/dia, capazes de gerar 150 a 200 MW de energia elétrica, além de vapor. Os contratos de curto prazo de venda de gás já mostram um recuo de preços entre 30% e 40%.
Com a autossuficiência em gás, ficarão afastados os riscos inerentes ao relacionamento político e comercial com o regime bolivariano de Evo Morales.
1492) Um ambientalista cetico, ou um negacionista racionalista
"Meu irmão se formou em Geografia e defendeu no trabalho de conclusão de curso que o aquecimento global antrópico é uma fraude científica. Por incrível que pareça, isso foi defendido na USP e ele foi aprovado com nota máxima. Agora está fazendo mestrado em climatologia com o mesmo tema. Tive curiosidade de ler alguns trabalhos científicos (e outros nem tanto) do material de pesquisa e os achei muito interessantes.
Existem fortes evidências científicas contra a tese do aquecimento causado pelo homem. Quando essas evidências se tornam boas e fortes demais para serem ignoradas como coisa de lunáticos (para usar uma expressão do Al Gore), os aquecimentistas apelam para o chamado princípio da precaução: seria melhor presumir que o aquecimento esteja acontecendo e sendo causado pelo CO2, para o caso de isso estar correto. Não posso aceitar o "princípio da precaução" como científico, mas apenas como político.
Além do mais, as medidas mitigatórias custam muito para a humanidade. Verbas de pesquisa que poderiam estar sendo direcionadas para causas importantes estão sendo desperdiçadas. Os povos mais pobres são compelidos a usar "energia limpa", mesmo que isso seja muito caro e insuficiente para seu desenvolvimento. Um exemplo interessante é o de um posto de saúde no interior da África, que é abastecido por energia solar suficiente apenas para uma geladeira de vacinas, mas que não permite a instalação de qualquer outro equipamento. As verbas internacionais para o posto estão condicionadas à "energia limpa", então um simples gerador à gasolina está fora de cogitação.
A maior parte do material é de difícil compreensão para o público leigo, mas eu consegui encontrar alguma coisa mais simples, que eu pudesse entender. O Björn Lomborg, autor de "O Ambientalista Cético", publicou um livro interessante chamado "Cool It!", no qual ele demonstra que, mesmo que o aquecimento exista e seja causado pelo homem (ele acredita nisso), não vale a pena gastar dinheiro taxando as emissões de dióxido de carbono ou tomando qualquer outra medida mitigatória, pois mais vidas podem ser melhoradas (e salvas) se os recursos forem investidos em outras áreas. Ele é jornalista, mas não dá palpite em questão científica, usando sempre o que já foi produzido por quem entendia do assunto. O argumento econômico é impressionante e ele consegue escapar muito bem do que chama de "contabilidade macabra".
Outro que mostra evidências científicas muito interessantes é o Lawrence Solomon em "The Deniers". Ele fez uma compilação de quem são os cientistas que duvidam das conclusões do IPCC e demonstra que eles não são malucos nem pessoas de pouca expressão, mas gente qualificada e respeitada em seus campos de estudo. Aliás, ao contrário, muitas das evidências a favor do aquecimento global são obra de excelentes cientistas também, mas geralmente atuando fora de seu campo de especialização. Isso explica como gente da mais alta qualidade pode produzir facilmente respostas incorretas. No final ele fica em dúvida sobre quem está correto, mas fornece um material muito bom para início de pesquisa.
Por tudo isso, apesar de a decisão judicial ser lamentável (em vários aspectos), acho que o aquecimento se parece mesmo uma religião: mais uma questão de crença e de valores do que uma tese científica."
Fábio Polli
1491) Edital do Concurso do Itamaraty - 2010
COMUNICADO
O Instituto Rio Branco (IRBr) e o Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (CESPE/UnB) comunicam que o candidato poderá solicitar a inscrição exclusivamente via Internet, no endereço eletrônico http://www.cespe.unb.br/concursos/diplomacia2010, solicitada no período entre 15 horas do dia 10 de novembro de 2009 e 23 horas e 59 minutos do dia 13 de dezembro de 2009, horário oficial de Brasília/DF.
Brasília/DF, 9 de novembro de 2009.
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
1490) A maioria dos brasileiros quer mais Estado
No Brasil, 64% querem maior controle do governo na economia
BBC Brasil, 09/11/2009 - 06h48
A pesquisa feita a pedido da BBC em 27 países e divulgada nesta segunda-feira revelou que 64% dos brasileiros entrevistados defendem mais controle do governo sobre as principais indústrias do país.
Não apenas isso: 87% dos entrevistados defenderam que o governo tenha um maior papel regulando os negócios no país, enquanto 89% defenderam que o Estado seja mais ativo promovendo a distribuição de riquezas.
A insatisfação dos brasileiros com o capitalismo de livre mercado chamou a atenção dos pesquisadores, que qualificaram de "impressionante" os resultados do país.
"Não é que as pessoas digam, sem pensar, 'sim, queremos que o governo regulamente mais a atividade das empresas'. No Brasil existe um clamor particular em relação a isso", disse Steven Kull, o diretor do Programa sobre Atitudes em Políticas Internacionais (Pipa, na sigla em inglês), com sede em Washington.
O percentual de brasileiros que disseram que o capitalismo "tem muitos problemas e precisamos de um novo sistema econômico" (35%) foi maior que a média mundial (23%).
Enquanto isso, apenas 8% dos brasileiros opinaram que o sistema "funciona bem e mais regulação o tornaria menos eficiente", contra 11% na média mundial.
Para outros 43% dos entrevistados brasileiros, o livre mercado "tem alguns problemas, que podem ser resolvidos através de mais regulação ou controle". A média mundial foi de 51%.
"É uma expressão de grande insatisfação com o sistema e uma falta de confiança de que possa ser corrigido", disse Kull.
"Ao mesmo tempo, não devemos entender que 35% dos brasileiros querem algum tipo de socialismo, esta pergunta não foi incluída. Mas os brasileiros estão tão insatisfeitos com o capitalismo que estão interessados em procurar alternativas."
A pesquisa ouviu 835 entrevistados entre os dias 2 e 4 de julho, nas ruas de Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
Globalização
O levantamento é divulgado em um momento em que o país discute a questão da presença estatal na economia.
Definir para que caixa vai a receita levantada com a exploração de recursos naturais importantes, como o petróleo da camada pré-sal, divide opiniões entre os que defendem mais e menos presença do governo no setor econômico.
Steven Kull avaliou que esta discussão não é apenas brasileira, mas latino-americana. Para ele, o continente está "mais à esquerda" em relação a outras regiões do mundo.
A pesquisa reflete o "giro para a esquerda" que o continente experimentou no fim da década de 1990, quando o modelo de abertura de mercado que se seguiu à queda do muro de Berlim e à dissolução da antiga União Soviética dava sinais de esgotamento.
Começando com a eleição de líderes como Hugo Chávez, na Venezuela, em 1998, o continente viu outros presidentes de esquerda chegarem ao poder, como o próprio Luiz Inácio Lula da Silva, Evo Morales (Bolívia) e Rafael Correa (Equador).
Mas Kull disse não crer que o ceticismo dos brasileiros na pesquisa "seja necessariamente uma rejeição do processo de abertura dos anos 1990".
"Vimos em pesquisas anteriores que os brasileiros não são os mais entusiasmados com a globalização", disse.
"Eles ainda são bastante negativos em relação à globalização, e o que vemos aqui (nesta pesquisa) é mais o desejo de que o governo faça mais para mitigar os efeitos negativos dela, melhorar a distribuição de renda e colocar mais restrições à atividade das empresas."
Mas ele ressalvou: "Lembre-se de que a resposta dominante aqui é que o capitalismo tem problemas, mas pode ser melhorado com reformas. A rejeição ao atual sistema econômico e à abertura econômica não é dominante, é que há um desejo maior de contrabalancear os efeitos disto".
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Meu comentário preliminar (PRA):
Eu não tinha nenhuma dúvida quanto a isso: os brasileiros amam o Estado, acham o estado o máximo, querem mais Estado, querem estar no Estado, viver no Estado, morrer no Estado (de preferência tornar-se imortais no Estado).
Eles não se dão conta de que estão pagando tudo isso. Não todos claro.
Hoje mesmo uma pesquisa informa que o setor público ganha o dobro do setor privado, para tarefas iguais. Os brasileiros talvez não saibam disso, pois do contrário a maioria que é do setor privado se revoltaria. Ou não?
Pode ser que isso os incite a fazer concurso e a viver no Estado, com o dobro de salário do que ganham atualmente. Pode ser...
Enfim, vou escrever sobre isso, certamente.
1489) 43 mil visitantes de 110 paises??? - deve ser engano...
Como é que pessoas desses paises visitam um blog desconhecido, redigido majoritariamente em Portugues, com temas absolutamente anódinos?
Deve ser brincadeira... ou uma estratégia comercial para me fazer upgradear (ugh!) para a versão Premium, paga, claro...
Don't believe...
1488) Cronica de um sequestro...
Yoani Sánchez
Licenciada en Filología. Reside en La Habana y combina su pasión por la informática con su trabajo en el Portal Desde Cuba.
yoani.sanchez@gmail.com
Cerca de la calle 23 y justo en la rotonda de la Avenida de los Presidente, fue que vimos llegar en un auto negro –de fabricación china– a tres fornidos desconocidos: “Yoani, móntate en el auto” me dijo uno mientras me aguantaba fuertemente por la muñeca. Los otros dos rodeaban a Claudia Cadelo, Orlando Luís Pardo Lazo y una amiga que nos acompañaba a una marcha contra la violencia. Ironías de la vida, fue una tarde cargada de golpes, gritos y malas palabras la que debió transcurrir como una jornada de paz y concordia. Los mismos “agresores” llamaron a una patrulla que se llevó a mis otras dos acompañantes, Orlando y yo estábamos condenados al auto de matrícula amarilla, al pavoroso terreno de la ilegalidad y la impunidad del Armagedón.
Me negué a subir al brillante Geely y exigimos nos mostraran una identificación o una orden judicial para llevarnos. Claro que no enseñaron ningún papel que probara la legitimidad de nuestro arresto. Los curiosos se agolpaban alrededor y yo gritaba “Auxilio, estos hombres nos quieren secuestrar”, pero ellos pararon a los que querían intervenir con un grito que revelaba todo el trasfondo ideológico de la operación: “No se metan, estos son unos contrarrevolucionarios”. Ante nuestra resistencia verbal, tomaron el teléfono y dijeron a alguien que debió ser su jefe: “¿Qué hacemos? No quieren subir al auto”. Imagino que del otro lado la respuesta fue tajante, porque después vino una andanada de golpes, empujones, me cargaron con la cabeza hacia abajo e intentaron colarme en el carro. Me aguanté de la puerta… golpes en los nudillos… alcancé a quitarle un papel que uno de ellos llevaba en el bolsillo y me lo metí en la boca. Otra andanada de golpes para que les devolviera el documento.
Adentro ya estaba Orlando, inmovilizado en una llave de kárate que lo mantenía con la cabeza pegada al piso. Uno puso su rodilla sobre mi pecho y el otro, desde el asiento delantero me daba en la zona de los riñones y me golpeaba la cabeza para que yo abriera la boca y soltara el papel. En un momento, sentí que no saldría nunca de aquel auto. “Hasta aquí llegaste Yoani”, “Ya se te acabaron las payasadas” dijo el que iba sentado al lado del chófer y que me halaba el cabello. En el asiento de atrás un raro espectáculo transcurría: mis piernas hacia arriba, mi rostro enrojecido por la presión y el cuerpo adolorido, al otro lado estaba Orlando reducido por un profesional de la golpiza. Sólo acerté a agarrarle a éste –a través del pantalón– los testículos, en un acto de desespero. Hundí mis uñas, suponiendo que él iba a seguir aplastando mi pecho hasta el último suspiro. “Mátame ya” le grité, con la última inhalación que me quedaba y el que iba en la parte delantera le advirtió al más joven “Déjala respirar”.
Escuchaba a Orlando jadear y los golpes seguían cayendo sobre nosotros, calculé abrir la puerta y tirarme, pero no había una manilla para activar desde adentro. Estábamos a merced de ellos y escuchar la voz de Orlando me daba ánimo. Después él me dijo que lo mismo le ocurría con mis entrecortadas palabras… ellas le decían “Yoani sigue viva”. Nos dejaron tirados y adoloridos en una calle de la Timba, una mujer se acercó “¿Qué les ha pasado?”… “Un secuestro”, atiné a decir. Lloramos abrazados en medio de la acera, pensaba en Teo, por Dios cómo voy a explicarle todos estos morados. Cómo voy a decirle que vive en un país donde ocurre esto, cómo voy a mirarlo y contarle que a su madre, por escribir un blog y poner sus opiniones en kilobytes, la han violentado en plena calle. Cómo describirle la cara despótica de quienes nos montaron a la fuerza en aquel auto, el disfrute que se les notaba al pegarnos, al levantar mi saya y arrastrarme semidesnuda hasta el auto.
Logré ver, no obstante, el grado de sobresalto de nuestros atacantes, el miedo a lo nuevo, a lo que no pueden destruir porque no comprenden, el terror bravucón del que sabe que tiene sus días contados.
1487) Recomendações aos comentaristas: alguns criterios...
Paulo Roberto de Almeida
(9.11.2009)
Tenho recebido um número crescente de comentários neste e em meus outros blogs – sim, tenho vários, mas eles são voltados para objetivos diversos: resenhas de livros, eleições, textos de referência, etc. – e muito frequentemente nesses comentários surge um problema de postagem apropriada ou de pertinência quanto ao assunto.
Por essas razões, e tendo em vista preservar um ambiente de cordialidade e de saudável debate acadêmico neste espaço, permito-me fazer as seguintes recomendações quanto aos critérios que vou observar em relação aos eventuais comentaristas aqui aparecendo:
1) Evite linguagem vulgar ou depreciativa, pelo menos própria; por vezes a linguagem ofensiva faz parte do próprio texto que se pretende citar, de um terceiro, mas preferiria não ter um vocabulário muito “ofensivo”;
2) Concentre-se no foco do post, pois isto evita desvios muito grandes do assunto que está sendo tratado. Se desejar me escrever por qualquer outro motivo, mande uma mensagem pelo formulário de contato de meu site: www.pralmeida.org;
3) Você pode discordar de mim, mesmo em termos veementes, mas procure concentrar-se em argumentos objetivos, atacando as minhas idéias ou opiniões, não a minha pessoa, que não tem nada a ver com os argumentos (sou apenas o transportador material de certas idéias que existem na sociedade e raramente reivindico direito de autor sobre elas); evite adjetivos exclamativos, prefira substantivos contundentes, se for preciso; o importante, como sabemos, é a busca de um argumento embasado em fatos e também sustentado na possibilidade de verificação empírica (como se faz em trabalhos científicos), sem muitos impressionismos ou subjetivismos;
4) Não creio que necessite me ameaçar de algo; sou absolutamente transparente quanto a minhas opiniões e idéias; elas estão expostas em todos os meus trabalhos, quase sempre disponíveis em meu site. Portanto, se você não gostou de algumas delas, procure escrever o seu próprio artigo, embasado, segundo as regras clássicas do scholarly work; terei prazer em publicá-lo, mesmo contra as minhas idéias, desde que seja bem escrito e contenha argumentos de qualidade;
6) Nunca faço propaganda de ninguém, nem pretendo trabalhar para qualquer partido ou movimento de opinião; não assino manifestos e não participo de qualquer tipo de corrente. Portanto, não pretenda ver em mim o porta-voz de qualquer grupo, tendência ou partido. Escrevo o que eu mesmo penso, e jamais subscrevo às idéias de outrem, a menos que concorde com elas e assim o direi expressamente;
7) Sou absolutamente antiracista e não religioso (ou irreligioso), as duas únicas coisas absolutas que acredito ser. Portanto, não veja em minhas idéias qualquer defesa de grupos sociais ou étnicos ou qualquer defesa ou ataque a religiões. Não sou contra religiões, apenas indiferente a elas, a todas elas. Considero-as no mesmo plano antropológico, ou seja, crenças desenvolvidas pelas sociedades humanas ao longo da história, apenas isto. Não tenho nenhum sentimento religioso e não pretendo ter e este não é o espaço para debater crenças religiosas, a não ser no plano puramente histórico ou intelectual;
8) Outras “surpresas” sob forma de comentários serão resolvidas por mim em bases ad hoc. Tenho princípios e valores, mas não regras fixas para todas as situações da vida e acredito que devamos aplicar a racionalidade para tratar de casos imprevistos.
Uma última palavra aos “Anônimos” (eles são inúmeros a freqüentar estas paragens): eu não tenho objeção ao anonimato, pois entendo que muitas pessoas, por posição pessoal ou profissional, preferem não se expor a possíveis retaliações; escrevendo anonimamente, elas se sentem inclusive mais livres para expressar posições ou inquirir este blogueiro, do que o fariam de modo aberto; portanto, o anonimato pode servir à “economia política” da boa argumentação. No entanto, não abuse do seu direito de ser anônimo para ser grosseiro ou tentar fazer propaganda indevida, ou veicular idéias pouco recomendáveis (racistas, por exemplo) neste espaço. Eu tampouco me presto a propaganda política, mas aceito debater de boa fé questões políticas relevantes para o Brasil, não para grupos ou movimentos.
Eu lhe desejo satisfação intelectual ao freqüentar este espaço, pois esta é a única motivação que me leva a escrever, a transcrever, a copiar, a refletir sobre coisas importantes da vida social e a tentar fazer deste mundo um espaço melhor do que o que existe atualmente. Meus objetivos, aqui e alhures, são essencialmente didáticos e pedagógicos: acredito na melhoria das pessoas pelo poder do estudo, da reflexão, da convivência intelectual...
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 9 de novembro de 2009
domingo, 8 de novembro de 2009
1486) Argentina: nao temos de chorar por ela; eles é que deveriam chorar ao contemplar o que fizeram do país...
Mario Vargas Llosa
8.11.2009
“Argentina, un país que era democrático cuando tres partes de Europa no lo eran, un país que era uno de los más prósperos de la Tierra cuando América Latina era un continente de hambrientos, de atrasados".
El primer país del mundo que acabó con el analfabetismo no fue Estados Unidos, no fue Francia, fue la Argentina con un sistema educativo que era un ejemplo para todo el mundo. Ese país, que era un país de vanguardia.
¿Cómo puede ser que sea el país empobrecido, caótico, subdesarrollado que es hoy?
¿Qué pasó?¿Alguien los invadió? ¿Estuvieron enfrascados en alguna guerra terrible?.
No, los argentinos se hicieron eso. Los argentinos eligieron a lo largo de medio siglo las peores opciones.
Eso es. El peronismo es elegir el error, perseverar en el error a pesar de las catástrofes que se le han ido sucediendo en la historia moderna del país. ¿Cómo se entiende eso?. Un país con gentes cultas, absolutamente privilegiado, una minoría de habitantes en un enorme territorio que es un continente que concentra todos los recursos naturales.
¿Por qué no son el primer país de la Tierra? ¿Por qué no tienen el mismo nivel de vida que Suecia, que Suiza?
Porque los argentinos no han querido. Han querido en cambio ser pobres. Han querido vivir bajo dictaduras, han querido vivir dentro del mercantilismo más espantoso. Hay en esto una responsabilidad del pueblo argentino.
Para mí es espantoso lo que ha ocurrido en Argentina.
La primera vez que fui allí quedé maravillado. Un país de clases medias, donde no había pobres en el sentido latinoamericano de la pobreza.
¿Cómo puede estar una pareja como los Kirchner gobernando ese país?
¡Qué degradación política, qué degradación intelectual!
¿Cómo es eso posible?
Mario Vargas Llosa (2009)
1485) Milovan Djilas: um profeta esquecido
Incrivel como, quarenta ou cinquenta anos depois das denuncias sobre a disfuncionalidade economica intrinseca, sobre a tirania e a perversidade humana do regime comunista, ainda tenhamos entre nós -- como no PCdoB, no PSOL, ou em outros movimentos, como na universidade, de maneira geral -- pessoas ingenuas a ponto de se deixarem embalar pelas supostas benfeitorias de regimes socialistas, essencialmente motivadas pela suposta "desigualdade" do capitalismo.
O veredito da Historia ha muito tempo foi proclamado. Mas existem pessoas que preferem nao ver...
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Paulo Roberto de Almeida
A Queda do Muro
L Valentin
08/11/2009
Hoje estamos comemorando os 20 anos da queda do muro de Berlim, evento que colocou a pá de cal na revolução bolchevista de 1917 na Rússia.
A lição que fica é que o comunismo e o socialismo NÃO RESOLVEM o problema social de ninguém, antes pelo contrário, resolvem apenas os problemas da elite dirigente enquanto transforma as massas populacionais em massa mesmo. Um ajuntamento amorfo de braços escravos – sem consciência, pensamento ou liberdade - trabalhando até a morte para dar prazer, riqueza e poder à cúpula dirigente.
Nessa ocasião nada melhor que lembrar trechos do livro lançado em 1957, A Nova Classe, de Milovan Djilas, ex-dirigente do PC da Iugoslávia, que pagou caro por tê-lo escrito.
Djilas, com 17 anos, se tornou inflamado líder de estudantes radicais em Montenegro. Entrou para o minúsculo Partido Comunista da Iugoslávia e, com Tito e outros, trabalhou na ilegalidade, tendo sido jogado na prisão como conspirador. Foi solto com o advento da segunda Guerra Mundial.
Nos anos em que se desenvolveu a campanha dos guerrilheiros, tornou-se lendário por sua destemida coragem. O fim da guerra o encontrou no quadrunvirato (juntamente com Tito, Kardelj e Rankovic) que dominou o partido e o novo governo, sendo geralmente reconhecido como o herdeiro aparente de Tito. Como chefe da propaganda e da imprensa era efetivamente o ditador do pensamento da Iugoslávia.
Mas, teve a coragem de manifestar dúvidas quanto à ditadura do tipo russo e ao terror à maneira de Stalin. Os seus acirrados ataques ao Kremlin contribuíram decisivamente para a condenação de Tito por Moscou em 1948, quando a Iugoslávia rompeu com a Rússia Soviética.
Em janeiro de 1954, Djilas escreveu uma sátira particularmente franca sobre a arrogância dos círculos governamentais, que forçou Tito a agir. Ordenou que Djilas fosse privado de todos os seus cargos e proibiu-o de escrever. Alguns meses depois, Djilas foi expulso do partido. Reduzido ao silêncio em sua terra, achou meios de publicar artigos completamente francos, na imprensa ocidental. Em princípios de 1955, foi preso e condenado a 18 meses com sursis. Mal havia expirado o prazo, foi de novo preso em conseqüência da revolta húngara, sendo condenado a três anos de prisão. Julgado novamente por ter escrito A Nova Classe, foi condenado a mais sete anos.
Os sucessores de Stalin foram obrigados a revelar um lodaçal de crimes repulsivos que caracterizaram a era de Stalin—25 dos 40 anos soviéticos. Até os mais encarniçados adeptos do comunismo não podiam deixar de ver que o idealismo fora substituído pela força bruta. Os levantes na Alemanha Oriental, nos campos soviéticos de trabalho escravo, na Polônia e especialmente na Hungria, mostraram a extensão e o vigor dos descontentamentos populares. Considerados em conjunto, esses fatos geraram uma “crise de consciência” em milhões de comunistas e simpatizantes dos dois lados da Cortina de Ferro. Perguntavam eles em voz alta e ainda mais no íntimo dos seus pensamentos por que foi que o sonho comunista se transformou no pesadelo soviético.
Milovan Djilas fornece algumas explicações significativas. A sua devastadora conclusão é que males como o terror dos expurgos, o trabalho escravo, o controle das consciências, decorrem inevitavelmente da ideologia comunista. Diz ele que quando o comunismo alcança a vitória tem de produzir “uma nova classe de proprietários e exploradores, formada por aqueles que têm privilégios especiais e prioridade econômica em virtude do monopólio administrativo que exercem”.
O mal básico do regime, em sua opinião, é que o mesmo grupo tem nas mãos “um monopólio da propriedade, da ideologia e do governo. O monopólio que a nova classe exerce em nome da classe trabalhadora sobre toda a sociedade é essencialmente um monopólio sobre a própria classe trabalhadora... É uma classe cujo poder sobre os homens é o mais completo que a história conhece... Havendo conseguido a industrialização, a nova classe nada mais pode fazer senão consolidar a sua força bruta e saquear o povo. Ela cessa de criar... O seu método de controle é dos mais vergonhosos da história. Os homens se assombrarão com as aventuras empreendidas e se envergonharão com os meios empregados para empreendê-las. Quando a nova classe se afastar da cena histórica—e isso deve acontecer—haverá menos tristeza com o seu desaparecimento do que houve em relação a qualquer outra classe precedente.”
Djilas mostra que quase não resta margem para a decência individual. As pessoas “que aceitavam as idéias e as divisas da revolução ao pé da letra, acreditando ingenuamente na sua concretização, são habitualmente eliminadas”.
“No regime comunista a insegurança é a regra de vida para o indivíduo. O Estado lhe dá oportunidade de ganhar a vida, mas sob a condição de submeter-se... O PODER OU A POLÍTICA É O IDEAL DAQUELES QUE TÊM O DESEJO OU A PERSPECTIVA DE VIVER COMO PARASITAS À CUSTA DOS OUTROS... Em conseqüência disso, a ambição sem escrúpulos, a bajulação e a inveja inevitàvelmente aumentarão. A ambição de fazer carreira e uma burocracia cada vez mais vasta são as moléstias incuráveis do comunismo.
O mundo tem visto poucos heróis tão dispostos ao sacrifício e ao sofrimento como foram os comunistas antes da revolução e durante a mesma. E provavelmente nunca viu indivíduos tão sem caráter como eles se tornaram depois que subiram ao poder.”
“A doença de que está atacada a economia Soviética não pode ser curada sem o único remédio que a oligarquia não tem coragem de ministrar—a liberdade. Nos termos mais simples da saúde econômica o problema insolúvel do comunismo é a “ausência de liberdade”.
“A tirania sobre o espírito” sob o comunismo: “É o tipo mais brutal de tirania; todas as outras tiranias começam e terminam por ela. A história perdoará os comunistas de muita coisa. Mas o estrangulamento de todos os pensamentos discrepantes com o objetivo de defender os seus interesses pessoais os pregará numa cruz infamante.”
O povo: “Os regimes comunistas são uma forma de guerra civil latente entre o governo e o povo. O espontâneo e não organizado descontentamento das massas populares nunca cessa nem diminui. A menos que desistam do poder, os governantes não terão outro recurso senão proceder como conquistadores estrangeiros na sua própria terra. Na superfície tudo parece tranqüilo, mas abaixo da superfície novas tempestades se preparam”... “Nenhum outro regime provocou ainda tão profundo e extenso descontentamento... um descontentamento total em que todas as diferenças de opinião pouco a pouco se perdem, salvo o desespero e o ódio. A insatisfação espontânea de milhões com os detalhes da vida quotidiana é uma forma de resistência que os comunistas não têm conseguido dominar.”
A atualidade (1957): “A idade heróica do comunismo passou, a época dos seus grandes líderes terminou. O comunismo está no auge do seu poder e da sua riqueza, mas sem novas idéias. Nada tem de novo para dizer ao povo. O processo de desintegração moral está bem adiantado. A unidade do movimento comunista mundial está incuravelmente ferida. Não há absolutamente possibilidades de que se restaure.”
Djilas acredita que o comunismo se opõe à tendência do resto do mundo e que portanto, o seu colapso é inevitável: “... o mundo seguirá o rumo em que vem vindo e deve continuar—no sentido de maior unidade, progresso e liberdade. O poder da realidade e o poder da vida sempre foram mais vigorosos do que qualquer espécie de força bruta e mais reais do que qualquer teoria.”
O “eixo do mal” formado agora - 20 anos depois da queda do muro e mais de 50 anos depois de Djilas - é comunista. A “Nova Classe” liderada por Lula contrariando Djilas, descobriu como contornar o descontentamento do povo e se firmar de uma forma espetacular. Sem mais nenhum comentário.
L Valentin
08/11/09
1484) Helmuth Kohl: o triunfo da liberdade (muro de Berlim)
Sobre este tema, permito-me recomendar meu artigo recém publicado:
“Outro mundo possível: alternativas históricas da Alemanha, antes e depois do muro de Berlim”
Revista Espaço Acadêmico
(ano 9, n. 102, Novembro 2009, ISSN: 1519-6196, p. 25-29).
El triunfo de la libertad
Helmuth Kohl
El País, 08/11/2009
El ex canciller, figura clave en la unificación de Alemania, cuenta en este texto los pasos dados para lograr la unidad de su país, un camino que siempre vio en paralelo al de la unidad europea
El 9 de noviembre de 1989 cayó el muro de Berlín. Habían pasado más de cuatro decenios desde del comienzo de la guerra fría y 28 años desde el momento de su construcción.
De entre nuestros aliados europeos, sólo uno estuvo desde el principio a favor de la unidad: Felipe González
Me gusta citar a Bismarck: "Cuando el manto de Dios pasa por la historia, hay que saltar y agarrarse a él"
En los años setenta, una mayoría de la clase política alemana ya había renunciado a la idea de unificar su país
Gorbachov pagó un alto precio por su línea pacífica. Los alemanes jamás podremos estarle bastante agradecidos
Yo seguí la lógica de Konrad Adenauer. Quería una Alemania libre y unida en una Europa libre y unida
Durante décadas, el muro de Berlín no sólo desgarró familias, una ciudad y un país en dos partes, lo que ya es bastante malo. También era un símbolo de la guerra fría. Representaba la división de Berlín, de nuestro país, de Europa y del mundo en una parte libre y en una no libre.
Finalmente, el muro cayó de forma completamente pacífica, sin un tiro, sin derramamiento de sangre. Fue como un milagro. La protesta pacífica de las personas de la República Democrática Alemana (RDA) había ido cobrando impulso de forma lenta, pero continuada, a lo largo de los meses; y finalmente, era ya incontenible. El obstinado régimen del Partido Socialista Unificado (SED) de la RDA, que hasta el último momento había rechazado reformas fundamentales, fracasó por la voluntad de libertad de las personas, tal como Konrad Adenauer, el primer canciller de la República Federal de Alemania (RFA), había pronosticado hacía 40 años.
Después de la caída del muro, en noviembre de 1989, no iba a transcurrir ni siquiera un año hasta que alcanzáramos la reunificación en paz y libertad, con la aprobación de nuestros socios y aliados en el mundo. El 3 de octubre de 1990 pudimos celebrar el día de la unidad alemana. Fue un triunfo de la libertad.
Por tanto, el 20º aniversario de la caída del muro es para nosotros, los alemanes, sobre todo un día de gran alegría y gratitud. Al mismo tiempo, también representa para nosotros una fecha importante para tomar conciencia del contexto histórico en el que cayó el muro y en el que posteriormente se produjo la unidad alemana. Porque ni la caída del muro ni la reunificación son acontecimientos inevitables de la historia, que se dieron de ese modo, sin más.
Antes bien, la caída del muro y la reunificación son el resultado de un permanente y difícil acto de equilibrio político que se remontaba a 1945-1949 y que siempre fue extremadamente discutido. Era el constante equilibrio entre el distanciamiento y el acercamiento. Por un lado, se trataba de mantener abierta la cuestión alemana. Por otro, se trataba de construir, en la medida de lo posible y sin renunciar a las propias posiciones fundamentales, unas "relaciones normales" entre la República Federal de Alemania y la RDA, de facilitar la vida a las personas de la parte oriental de nuestro país y de contrarrestar el extrañamiento entre los alemanes del Este y del Oeste.
Yo jamás dudé de que el muro caería en algún momento y de que Alemania volvería a unirse. Pero siempre fue una pregunta abierta cómo y cuándo ocurriría esto. Durante largo tiempo ni siquiera supe si esto sucedería mientras viviera. Siempre estuvo claro que para que eso ocurriera debían concurrir muchas cosas; tal como sucedió durante los años 1989 y 1990. No sólo la voluntad de libertad de las personas de la RDA; no sólo la glásnost y la perestroika; no sólo la política de distensión entre Oriente y Occidente; no sólo el presidente de EE UU, George Bush; no sólo el secretario general soviético, Mijaíl Gorbachov; no sólo el canciller alemán: nadie se habría bastado por sí solo para llevar a cabo la caída del muro y la reunificación. Se requería más bien una feliz -me gustaría decir histórica- constelación de personas y acontecimientos.
También forma parte de la conciencia histórica saber que con la caída del muro aún no se había conquistado la unidad. Al contrario, nada estaba aún decidido el 9 de noviembre de 1989. Es cierto que se había abierto una rendija en una puerta, pero nada estaba decidido todavía en el día en que cayó el muro. La reunificación de nuestro país era más bien una lucha de poder político en torno al statu quo europeo y a los intereses de seguridad en el Este y el Oeste. Hasta el último momento, fue un acto de equilibrio en el campo de tensión de la guerra fría.
Para describir la situación en la que yo me encontraba entonces me gusta citar a Otto von Bismarck, porque no hay una imagen mejor: "Cuando el manto de Dios pasa por la historia, hay que saltar y agarrarse a él".
Para eso tienen que darse tres requisitos: en primer lugar, hay que tener la visión de que se trata del manto de Dios. En segundo lugar, debe sentirse el momento histórico; y en tercer lugar, hay que saltar y (querer) agarrarse a él. Para esto no sólo se requiere valor. Se trata más bien de valor e inteligencia. Porque en la política no se puede actuar como el general Zieten, que decidió batallas a favor de Federico el Grande de Prusia irrumpiendo desde el bosque y arrollando al enemigo en un ataque por sorpresa; eso no es ningún modelo para la política.
La política requiere sentido de lo factible, y también sentido para saber lo que es tolerable para los demás. Esto se aplicaba en especial a la cuestión alemana, y de forma muy singular a la época posterior a la caída del muro. El proceso de unificación política era sensible en extremo, porque nosotros, los alemanes, no estábamos solos en el mundo. En el momento en que la unificación parecía al alcance de la mano, hablar en defensa de la unidad alemana o embarcarse en discursos nacionalistas hubiera sido perjudicial en alto grado para la causa de los alemanes. Interiormente yo estaba, especialmente tras la caída del muro, mucho más adentrado en el camino de la unidad de lo que podía manifestar externamente.
Un ejemplo especialmente pertinente de lo que digo es mi programa de diez puntos, que presenté en solitario -es decir, sin someterlo a consulta alguna en el ámbito de la política nacional o internacional- en el Bundestag dos semanas y media después de la caída del muro, el 28 de noviembre de 1989. Como objetivo, en el punto décimo mencionaba expresamente la recuperación de la unidad estatal de Alemania, pero renunciaba conscientemente a fijar sus plazos. Con la hoja de ruta expuesta en diez puntos tomé la iniciativa en el camino hacia la unidad alemana y marqué inequívocamente la dirección. Esto era entonces lo máximo a lo que podía atreverme. Las reacciones lo volvieron a dejar claro.
(...) Yo siempre había trabajado en el sentido de una reunificación de mi país. Mi más profunda convicción era que teníamos que dejar abierta la cuestión alemana hasta que llegara el momento. A este respecto siempre me he visto en la continuidad de Konrad Adenauer. El primer canciller de la República Federal de Alemania marcó los cambios de aguja decisivos en la cuestión alemana. Desde el principio, Adenauer tenía un rumbo claro. Tras la Segunda Guerra Mundial, quería devolver a Alemania a la comunidad de los pueblos libres, quería una Europa libre y unida con una Alemania libre y unida. Estaba claramente al lado del Occidente libre, no deambulaba entre Occidente y Oriente. Para él, la integración de la República Federal en el Occidente libre y la vinculación a EE UU eran inequívocamente prioritarias a la reunificación alemana, que jamás perdió de vista tampoco.
Así, el 5 de mayo de 1955, día en el que las potencias occidentales declararon la soberanía de la República Federal, en el que la República Federal entró en la Unión Europea Occidental y en el que fue aceptada en la OTAN, Konrad Adenauer proclamó: "Vosotros nos pertenecéis, nosotros os pertenecemos. Siempre podéis confiar en nosotros, porque junto con el mundo libre no tendremos descanso ni pausa hasta que también vosotros hayáis reconquistado los derechos humanos y estéis pacíficamente unidos con nosotros en el mismo Estado".
También defendió obstinadamente que se reservara en exclusiva a la República Federal el derecho de representación de Alemania. Hoy hay a quien esto le parece una obviedad; pero en los inestables años posteriores a la Segunda Guerra Mundial era extremadamente incierto.
(...) La brutal represión del levantamiento popular de la RDA el 17 de junio de 1953 por las tropas soviéticas reafirmó a Konrad Adenauer en la idea de que no había una alternativa responsable a la integración en Occidente. Fue correcto que, en respuesta a la Nota de Stalin de marzo de 1952, los aliados occidentales, de acuerdo con el canciller federal, exigieran elecciones libres en toda Alemania como requisito para dar pasos ulteriores, pues la condición de Stalin era una Alemania neutral. Adenauer partía, con razón, de que una Alemania neutral crearía un vacío de poder en Europa que llenaría la Unión Soviética. El hecho de que durante su periodo de gobierno lograra, a pesar de todo, que en 1955 los últimos prisioneros de guerra alemanes retornaran de la Unión Soviética, subraya que para él la vinculación a Occidente no era un dogma que obstaculizara la salvaguardia de los intereses nacionales en el Este.
Desde mi punto de vista, las convicciones de Adenauer nunca habían perdido actualidad: una reunificación sin una firme integración en las alianzas occidentales hubiera llevado a nuestro país a la neutralidad. La consecuencia hubiera sido en última instancia una Alemania no libre en el ámbito de poder de la Unión Soviética. Por consiguiente, la caída del muro del 9 de noviembre de 1989 y la reunificación alemana del 3 de octubre de 1990 son, no en último término, la impresionante confirmación tardía del consecuente rumbo de Adenauer de vinculación a Occidente con la reserva de la reunificación, rumbo al que nos hemos mantenido firmes a lo largo de los años.
Es también cierto que mantener la firmeza en la cuestión alemana se fue haciendo más y más difícil, porque el espíritu de la época se oponía a ello cada vez con mayor fuerza. Cuanto más duraba la división, mayor era en la República Federal el grupo de quienes, cuando menos, se acomodaban a los dos Estados y querían aceptar la división de Alemania como realidad. Ya en los años setenta, la unidad era asunto primordial sólo para unos pocos en nuestra nación. No la mayoría de la gente, pero sin duda una mayoría de la clase política de nuestro país había renunciado hacía tiempo a la idea de la unidad. Esta postura era común a todos los partidos; la diferencia entre ellos estribaba en dónde estaba la mayoría del partido y dónde sus líderes.
Quien defendiera entonces la unidad era considerado o trasnochado o agitador de la guerra. Aún me acuerdo muy bien de aquella época en la que llegué a Bonn como líder de la oposición, en 1976. Como yo era uno de los pocos que aún creían en la unidad alemana, me gané la fama de ser un halcón. Cuando tomé posesión como canciller en 1982, mis adversarios políticos dentro de Alemania atizaron de inmediato los temores a que conmigo como jefe de Gobierno se iniciaría una supuesta "nueva edad del hielo" entre el Este y el Oeste. Mis adversarios se equivocaron, porque ocurrió lo contrario: bajo mi liderazgo político se fijaron los cambios de agujas esenciales en el camino hacia la unidad. Impulsé el proceso de integración europeo en tándem con el presidente francés, François Mitterrand. Me esforcé en lograr mejoras muy concretas de las condiciones de vida de los habitantes de la RDA, intenté no dar ningún motivo para las tensiones entre el Este y el Oeste, también mostré disposición al diálogo con la Unión Soviética, abrí posibilidades de cooperación y me mantuve firme, sin embargo, en mis posiciones básicas respecto a la política sobre la unificación alemana.
Con mi política seguí la lógica de Adenauer: la unificación europea y la unidad alemana son las dos caras de la misma moneda. Al principio de mi etapa como canciller, el proceso de unificación europea pasaba por una de sus horas más bajas. Muchos habían dejado de creer en la idea de Europa como casa común. (...) Cuando en 1989 la reunificación pasó a la agenda política, quedaban muchas cosas por hacer, pero con mi participación se habían logrado progresos esenciales: en los años ochenta habíamos firmado el Acta Única Europea con la que, entre otras cosas, se completaba el mercado único europeo. Ya desde mediados de los años ochenta, junto con el presidente francés, Mitterrand, habíamos marcado el camino para la introducción de una moneda común europea.
En cuanto a la política sobre la unificación alemana, al acceder a la cancillería dispuse que se ampliara el informe anual sobre el estado de la nación y que al título se le añadiera "en la Alemania dividida". Consideraba que se enviaba así una señal importante, tanto hacia el interior como hacia el exterior. Con el crédito de miles de millones a la RDA, gestionado principalmente por Franz Josef Strauss -con mi cobertu-ra-, retomamos las conversaciones con la RDA y logramos como contraprestación considerables mejoras humanitarias, como el desmantelamiento de las minas antipersona en la frontera entre las dos Alemanias, así como facilidades para la reunificación familiar y los intercambios comerciales mínimos.
La decisión de todas las decisiones en el camino hacia la unidad alemana fue el doble acuerdo de la OTAN [oferta a los países del Pacto de Varsovia de un acuerdo para limitar los misiles de alcance medio, combinada con la amenaza de desplegar armas nucleares de alcance medio en territorio europeo en caso de no llegar a un compromiso] que mi predecesor, Helmut Schmidt, impulsó contra la voluntad de su partido y que yo impuse en nuestro país frente a todas las resistencias. Hoy sigo tan convencido del acierto de esa decisión, como de lo difícil que fue tomarla en su momento. Fue una decisión muy solitaria. Todavía hoy tengo ante los ojos la imagen de los cientos de miles de manifestantes que salieron a la calle contra el doble acuerdo de la OTAN. Todavía me acuerdo del gesto gélido de los socialdemócratas cuando el socialista Mitterrand, en un discurso ante el Bundestag, se puso incondicionalmente de nuestra parte, incluso en contra de sus correligionarios alemanes... que con su rechazo estaban completamente aislados en Europa occidental.
Estoy convencido en lo más hondo de que sin el doble acuerdo de la OTAN el muro no habría caído en 1989 y de que en 1990 no habríamos alcanzado la reunificación. El mundo habría tomado un curso completamente distinto. El riesgo era evidente. Sin el doble acuerdo de la OTAN [el estacionamiento de nuevos misiles nucleares en territorio de la RFA, que fue considerado una señal fuerte de alianza con Occidente], la amenaza era un masivo desplazamiento del poder en Europa a favor de la Unión Soviética. La OTAN, con los estadounidenses, se habría retirado paso a paso de Europa central. La consecuencia habría sido que al menos la República Federal de Alemania, Austria y la RDA, y tal vez los países del Benelux e Italia, se hubieran convertido en las denominadas "zonas libres de armas nucleares y desmilitarizadas", mientras que la Unión Soviética habría extendido su ámbito de influencia y, sobre todo, se habría beneficiado de la potencia económica de la República Federal. (...)
Mi Gobierno también defendió las posiciones fundamentales de nuestra política sobre la unidad de Alemania. Entre ellas se contaba, sobre todo, la cuestión sobre la nacionalidad alemana. Me acuerdo muy bien del encendido debate que se desarrollaba precisamente en la época en la que accedí a la cancillería. El reconocimiento de la nacionalidad de la RDA sería, a lo largo de los años, una de las exigencias más tozudas de Honecker al Gobierno de la RFA. Yo tenía buenas razones para mi rotundo rechazo. Al renunciar a una sola nacionalidad alemana, habríamos renunciado de forma simultánea a la idea de una sola nación alemana, y habríamos disuelto con ello el lazo decisivo de comunidad entre las personas de ambas partes de Alemania y habríamos privado a las personas de la RDA una protección esencialísima y una buena medida de esperanza. Entre las consecuencias prácticas, habría estado que en 1989 Hungría no habría tenido base alguna en el derecho internacional para posibilitar de forma "legal" a nuestros conciudadanos el camino hacia la libertad. Y las personas de la RDA tendrían que haber solicitado asilo entre nosotros, como extranjeros.
Mantuve la invitación de mi predecesor Helmut Schmidt a Erich Honecker cuando accedí a la cancillería. Era necesario mantener el diálogo con la otra parte de Alemania. Cuando el secretario general del SED visitó finalmente Bonn en 1987, ligué la visita a la condición de que nuestros discursos en la zona oficial fueran emitidos en directo en la parte occidental y, sobre todo, en la parte oriental de nuestro país. Millones de personas de la RDA miraron aquella noche a través del telón de acero y pudieron ver en el televisor cómo le dije a Honecker: "La conciencia de la unidad de la nación está tan viva como siempre, y es inquebrantable la voluntad de mantenerla. En lo que respecta al Gobierno federal repito: el preámbulo de nuestra Ley Fundamental no es negociable porque responde a nuestra convicción. Ésta quiere una Europa unida, y llama a todo el pueblo alemán a completar la unidad y libertad de Alemania en libre autodeterminación".
(...) Como la CDU, también los socialdemócratas se sintieron siempre obligados a la cuestión alemana. Sin embargo, la diferencia entre ellos y nosotros consistía en que el SPD tenía una orientación cada vez más acusadamente nacional, y nunca aceptó la prioridad de la integración en Occidente con todas sus consecuencias. Mientras que la CDU, en su acto de equilibrio entre el acercamiento y la distancia, mantuvo siempre un claro distanciamiento, el SPD más bien mantuvo un curso de acercamiento al SED. (...) Naturalmente, también había entre las filas de la CDU, conforme al espíritu de los tiempos, defensores de un mayor acercamiento a la RDA y al régimen del SED, pero fueron marginales, nunca mayoritarios.
(...) Los aliados decisivos en nuestro camino fueron los estadounidenses. Una vez más, mostraron ser más una potencia protectora que una potencia ocupante, y se acreditaron como amigos de los alemanes. Desde el punto de vista del contenido, el discurso más importante de un presidente estadounidense respecto a la relación germano-estadounidense fue el que sostuvo George Bush a finales de mayo de 1989 en Maguncia, pocos meses después de ser elegido presidente de Estados Unidos. Fue una proclamación muy consciente, dirigida también a nuestros socios europeos y a la Unión Soviética, cuando Bush, en el contexto de las transformaciones geopolíticas, llamó a Estados Unidos y Alemania "partners in leadership" [socios en el liderazgo]. Durante la totalidad del proceso de unificación, siempre pude confiar personalmente en mi amigo George Bush, con quien durante todo el tiempo me concerté de forma estrecha. (...)
Muy similares eran las cosas con Mijaíl Gorbachov en lo referente a la confianza personal, aunque muy distintas en lo que tocaba a la cuestión alemana. El jefe de Estado de la Unión Soviética en un principio no quería la unidad alemana. (...) Con las palabras glásnost y perestroika abrió el camino a las transformaciones de todo el bloque oriental. Igualmente, y eso he podido constatarlo una y otra vez en mis conversaciones, no quería pensar hasta el final las consecuencias de su rumbo reformista. Quería la apertura del bloque del Este, pero no quería ver o darse cuenta del final que se derivaría necesariamente de él, también para la Unión Soviética. Su gran mérito sigue siendo que amoldó una y otra vez su política a las necesidades. Sobre todo, muestra de esto es que en los agitados días de la caída del muro de Berlín mantuvo los tanques soviéticos en los cuarteles y no hizo reprimir sangrientamente la rebelión. Durante todo el proceso de unificación mantuvo la línea pacífica. Nosotros, los alemanes, jamás podremos estarle lo bastante agradecidos por su valor. Con esto también él se expuso a un gran riesgo personal. En 1989 y 1990, Mijaíl Gorbachov tuvo que vivir bajo el temor constante de ser apartado mediante un golpe de Estado por los enemigos de las reformas en la Unión Soviética. Para nosotros esto habría significado que de la noche al día se volvieran a levantar sobre la frontera el muro y las alambradas, y que la cuestión de la unidad alemana quedara aplazada durante años.
Mijaíl Gorbachov pagó un alto precio por su línea pacífica. Me acuerdo bien de cómo Gorbachov, en su visita de junio de 1989 a Bonn, bajo la impresión de la gorbimanía en la RFA, me dijo que en su visita a la Markplatz de Bonn se había sentido como en la plaza Roja de Moscú. Cuando años más tarde, a finales de los años noventa, después del desmembramiento de la Unión Soviética, crucé con Mijaíl Gorbachov la plaza Roja de Moscú, la gente se apartaba de él.
Nuestros vecinos y socios europeos vivieron la caída del muro y la perspectiva de la reunificación alemana como una conmoción. Muchos contaban con que la unidad alemana llegaría, pero no mientras vivieran, ni desde luego en aquel momento. Por tanto, la caída del muro fue levemente inoportuna para la mayoría de ellos. (...) De entre nuestros aliados europeos, sólo uno estuvo desde el principio firmemente a nuestro lado: el presidente del Gobierno español, Felipe González, que ni un solo minuto permitió que surgiera la duda de dónde estaba su lugar. Margaret Thatcher fue la más franca entre los adversarios de la unidad y afirmó: "Prefiero dos Alemanias a una". También dijo: "¡Hemos derrotado dos veces a los alemanes, y aquí están otra vez!". La jefa del Gobierno británico, que finalmente, comprendiendo la inevitabilidad del proceso, dejó de cerrarse a la reunificación de nuestro país, había apostado equivocadamente por que Gorbachov jamás aceptaría la pertenencia a la OTAN de una Alemania unida. En esto, al menos en un principio, estuvo de acuerdo con François Mitterrand.
También del presidente de la Grande Nation vino alguna palabra poco amistosa antes de que finalmente se decantara por una posición clara y favorable a los alemanes. El cambio de Mitterrand, desde una postura inicialmente crítica hacia la reunificación hasta la aprobación, sin duda se basó de forma fundamental en que una vez más pude convencerle de esto: la unidad alemana y la unidad europea eran para mí las dos caras de la misma moneda.
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Este texto es un amplio extracto del prólogo de Helmut Kohl a su libro De la caída del Muro a la reunificación. Mis Memorias, que acaba de publicar Knaur Taschenbuch Verlag. La versión en castellano es responsabilidad de EL PAÍS. Traducción de Jesús Albores.
sábado, 7 de novembro de 2009
1483) Grandes ditaduras sempre tem medo de pequenos resistentes
Ditaduras de direita procuram reprimir o pensamento, oferecendo ao menos certas compensações materiais, típicas do capitalismo.
Ditaduras de esquerda, ademais da repressão intelectual, da ausência completa de liberdade, não conseguem sequer suprir os cidadãos com o mínimo indispensável para se viver normalmente.
Ao fim e ao cabo, caem por estupidez e incapacidade, mais até do que pela repressão em si.
Minha solidariedade a quem vocês sabem quem é (que acaba de ser proibida de vir ao Brasil lançar seu livro sobre sua vida numa pequena ditadura comunista).
Gostaria de ler uma dessas notas de governo, sempre atentas para lamentar episódios condenáveis em certos países, pronunciando-se, desta vez, sobre uma simples figura objeto de agressões por agentes de uma ditadura ordinária.
1482) Lancamento de livro em SP: Politica dos EUA para a América Latina
De Clinton a Obama: políticas dos Estados Unidos para a América Latina,
publicado pela Editora Unesp.
Dia 17 de novembro, às 19h00, no Anexo dos Congressistas - Memorial da América Latina, Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, Metrô Barra Funda.
Conteúdo do livro:
Apresentação. Luis Fernando Ayerbe.
1. Correntes de pensamento na formulação da política externa estadunidense após o fim da Guerra Fria. A equipe de governo de Barack H. Obama em perspectiva comparada. Ariel Finguerut
2. Concepções estratégicas sobre a segurança internacional dos governos de Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama. Alessandro Shimabukuro
3. Interesses nacionais dos Estados Unidos na América Latina. Os Planos Estratégicos do Departamento de Estado 1999, 2004, 2007. Flavio Contrera e Lílian Ribeiro Lima
4. A evolução da presença militar estadunidense na América Latina: 1993-2009. Bernardo Wahl G. de Araújo Jorge
5. Segurança e livre-comércio: a política comercial dos Estados Unidos para a América Latina. Thiago Lima
6. Segurança Energética dos Estados Unidos: as percepções de desafios na América Latina. Neusa Maria Pereira Bojikian
7. Crime internacional e segurança nacional: aspectos recentes do relacionamento entre Estados Unidos e América Latina. Paulo José dos R. Pereira
8. A influência dos Estados Unidos nos conflitos colombianos: drogas, guerrilhas e terrorismo (1994-2009). Fábio Borges
9. A Guerra Global contra o Terrorismo na América Latina: A Tríplice Fronteira Argentina, Brasil e Paraguai como uma ameaça à segurança dos Estados Unidos? Marcos Alan Fagner dos Santos Ferreira
10. O dimensionamento estratégico da segurança nas agendas latino-americanas de Estados Unidos, União Européia e China. Luis Fernando Ayerbe