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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

segunda-feira, 27 de março de 2023

A longa marcha do PT para a social-democracia- Paulo Roberto de Almeida (2003)

 Um texto de 20 anos atrás, nas acho que o PT ainda não chegou lá : ainda hesita entre o coração e a razão.


A LONGA MARCHA DO PT PARA A SOCIAL-DEMOCRACIA*

 

 

Paulo Roberto de Almeida**

 

 

O PT, quem diria?, acabou na social-democracia. Pois é, depois de anos e anos criticando a própria (ou seja, os herdeiros da Segunda Internacional), recusando qualquer aproximação com seus herdeiros heterodoxos da Terceira Via, depois de denegrir, por anos a fio, a opção daqueles grupos, partidos ou personalidades que já tinha feito, consciente e voluntariamente, o caminho para o reformismo democrático e para a administração sensata do capitalismo realmente existente, o PT, por sua vez e finalmente, se junta ao cordão dos convertidos, pelo menos em intenção e de forma meio encabulada.

Com efeito, o processo de adesão do PT – ou, pelo menos, de algumas de suas lideranças mais importantes – aos preceitos e princípios do reformismo moderado e do realismo econômico tem tudo para aparecer, até agora, como sendo uma conversão inconfessada e envergonhada. Isto foi feito provavelmente para não provocar a ira das hostes de true believers e de seguidores “religiosos” de um partido que fez do radicalismo naïf sua marca registrada durante a maior parte de uma trajetória política extremamente bem sucedida, para os padrões brasileiros, em termos de desempenho eleitoral e alcance social. O PT ficou devendo à sociedade, portanto, uma explicação e uma justificação desse não tão tresloucado gesto, muito pelo contrário.

Pode-se datar essa “ruptura epistemológica” do maior partido brasileiro e, com toda certeza, do atual maior partido do Ocidente? Para fins de cronologia estritamente conjuntural, digamos que o abandono dos velhos ritos e manuais e a conseqüente conversão às novas crenças – ainda não oficializada, diga-se desde logo – tenham sido feitos entre o encontro nacional de Olinda, em dezembro de 2001 (e seu cartapácio de “resoluções” conservadoras, isto é conforme os velhos cânones) e o anúncio da “carta ao povo brasileiro”, em junho de 2002, no início da fase decisiva da campanha presidencial. A “grande mudança” – sempre da forma mais discreta possível – foi confirmada logo em seguida através do programa de governo e definitivamente consagrada na carta de aceitação do acordo do Brasil com o FMI, em agosto de 2002, ainda que, repitamos, em nenhum momento o PT avisou a freguesia – sua própria clientela eleitoral, seus militantes mais aguerridos e sobretudo os populares de modo geral – que ele estava empreendendo essa longa marcha, a passos lépidos, em direção da social democracia. Foi portanto uma rápida mudança, que levou algo como três ou quatro meses, se tanto, entre as primeiras conversas dos principais formuladores dos textos e programas e os ajustes finais com os porta-vozes e “discursadores” oficiais do PT, a começar pela pequena nomenklatura do quartel-general.

Mas, esta foi apenas a “conjuntura histórica de transformação”, para usarmos uma terminologia labroussiana, pois que o processo, na verdade, vem de longe, talvez desde uns cinco ou dez anos de “acumulação primitiva” de novas idéias e de novos princípios para a ação do PT. Tratou-se, provavelmente, de uma longa evolução, que deve ter torturado as mentes e corações desses dirigentes partidários durante noites e noites mal dormidas e incontáveis conversas de “pé de ouvido” com outros líderes igualmente convencidos, depois de muitas frustrações e choques com a realidade, de que algo precisaria ser feito para remediar o coquetel de ilusões econômicas servido durante anos aos militantes da causa e contornar a perspectiva de novas derrotas eleitorais se algo não fosse feito para mudar o curso de um partido que funcionou sempre à base de entusiasmo militante mas que ainda não tinha convencido a classe média – que é, finalmente, quem decide eleições no Brasil – de que o partido estava finalmente preparado para “empolgar” o poder. 

O PT, se de fato pretendia algum dia governar o País, tinha de romper os grilhões que o amarravam a um discurso inconvincente e a fórmulas salvacionistas nos quais nem mesmo os militantes mais esclarecidos aparentavam mais acreditar. Esses grilhões foram rompidos e nessa ruptura paradigmática o PT nem sequer perdeu a única coisa que tinha a perder nesse assalto ao céu do “poder burguês” e ao “templo dos mercadores e agiotas” do capitalismo velho de guerra: a aparente pureza de suas posições radicais e suas eternas promessas de “mudar tudo isto que está aí”. O PT ganhou um mundo novo e nem sequer gabou-se do “novo manifesto” no qual sustenta suas novas posições social-democráticas.

Como isto foi possível? De fato, o “Bad Godesberg” do PT, isto é, sua ida a Canossa, foi clandestino e inconfessado, aliás até agora não assumido e não declarado, daí a raiva incontida e a frustração compreensível de muitos dos true believers e dos acadêmicos idealistas que ainda fazem o grosso de suas tropas de mobilização (mas não de ocupação). Com razão, um punhado de representantes políticos e muitos apoiadores acadêmicos reclamam da contradição entre o velho discurso – ainda não rejeitado em concílio formal – e as novas práticas, todas elas desabridamente social-democráticas, despudoradamente reformistas, inconfessadamente capitalistas e quase “neoliberais”, quanto aos resultados, senão em intenções (aqui com alguma licença poética).

Não pretendo retomar, neste curto texto dissertativo, a análise dessa “grande transformação” a que se submeteu o PT, trabalho já efetuado em meu livro A Grande Mudança (publicado no início de 2003, mas quase todo ele escrito ainda antes das eleições, em meados de 2002). Apenas desejo destacar que essa ruptura do PT com seus velhos demônios de um passado irrequieto e radicalmente juvenil era já esperada e mesmo historicamente necessária. Sou tanto mais insuspeito para afirmá-lo que, sendo simpático à maior parte das causas que defende o PT, eu estava aguardando há anos que ele fizesse essa conversão para que o partido pudesse, finalmente, compatibilizar missão histórica com discurso político, responsabilidades governativas e bom senso, adequação de objetivos e clareza quanto aos meios e métodos, enfim, que ele se assumisse como o partido reformista e capitalista que ele sempre foi (ou que pelo menos deveria ser) e o agente hegeliano, a partir de agora, da verdadeira mudança social e política de que o Brasil necessita.

Também não hesito em confessar que, sendo marxista (ainda que de uma tendência algo anarquista ou libertária), eu acho absolutamente natural que o PT caminhe para um modo superior de produção de idéias e conceitos, para uma etapa mais avançada do desenvolvimento de suas forças produtivas mentais, trajetória que fará, finalmente, com que ele escape da camisa de força ideológica que o manteve aprisionado durante muito tempo a falsas ilusões transformistas e a várias receitas equivocadas de administração da “coisa” econômica para enveredar pelo caminho sensato, certamente mais modesto e limitado, das pequenas mudanças graduais e das aproximações progressivas à justiça social e à incorporação de todos os oprimidos. Esta é a sua missão histórica e para ela, e com ela – mesmo não sendo militante do partido –, pretendo colaborar na extensão de minha limitada habilidade profissional e eventual competência intelectual. 

Como, entretanto, acredito que ainda não se desfizeram todas as névoas e brumas que cercam o ideário do partido, justamente porque ele ainda não convocou o conclave no qual os novos dogmas serão oficializados, ofereço, a título de colaboração, uma simples tabela de velhas e novas idéias que convém certamente discutir, com o fito de aposentar antigos manuais e começar a elaborar os novos cadernos de viagem, numa trajetória que terá os seus solavancos e surpresas de beira de estada, mas será certamente coroada de sucesso como convém a um partido decididamente democrático e agora social-democrático.

A tabela que apresento a seguir, retirada de meu já citado livro A Grande Mudança – e que constitui, precisamente, o único texto pós-eleitoral dessa obra – tem a pretensão exclusiva de separar algumas velhas idéias “malucas” de alguns novos conceitos – alguns talvez surpreendentes para certas “almas cândidas”, como diria Raymond Aron – que podem ajudar a ver um pouco mais claro nesta nova trajetória cheia de surpresas que agora empreende o mais novo (e provavelmente o maior) partido social-democrático do Ocidente.

Dotada de um certo tom iconoclástico e provocador, essa minha “tabela periódica das novas partículas elementares” pretende apresentar, em três colunas correlacionadas, um conjunto de idéias vencedoras, outras idéias derrotadas (ou em vias de sê-lo) e outros tantos conceitos vagos e esperanças ainda indefinidas na presente conjuntura de transformação. Dispensável dizer que a distribuição que eu mesmo efetuei dessas idéias que considero bem sucedidas – a própria social-democracia, a globalização, o bom senso econômico, enfim –, assim como de outras de menor desempenho relativo em nossos tempos de neoliberalismo disfarçado, não corresponde àquela repartição de “boas e más” idéias que parecia derivar dos antigos manuais de economia política adotados pelo maior partido brasileiro. 

Se ouso fazer uma síntese das novas idéias e dos novos compromissos que se espera venham agora corresponder à ação prática e governativa da nova maioria política, eu diria simplesmente o seguinte: do PT a sociedade espera que ele se guie, a partir de agora, menos por Antonio Gramsci e mais por Peter Drucker, ou seja, que ele afaste os véus ideológicos de um passado não muito distante e adote, doravante, uma nítida feição de administração para resultados. Vejamos, em todo caso, como poderia se apresentar este comércio de idéias entre o novo centro político e a sociedade que o cerca: 

 

Tabela periódica das novas partículas elementares

(Atenção: os materiais podem ser misturados entre si, mas em doses muito bem medidas)

Idéias vencedoras

Idéias derrotadas

Ainda indefinidas

Conceitos abstratos e tipos ideais de boa governança

Milton Friedman

Karl Marx

Antonio Gramsci

Karl Kautsky

Vladimir Ilich

Edward Bernstein

Paul Samuelson

Oskar Lange

Celso Furtado 

Pragmatismo

Ideologia

Princípios fundadores

Empirismo

Materialismo dialético

Socialismo utópico

Capitalismo

Forte papel do Estado

Economia solidária

Liberalismo social

Socialismo liberal

Neoliberalismo

Analista de Bagé ã

Bispo da CNBB

Jornalista progressista

Programa de governo

Plataforma maximalista

Projeto nacional

Reformas econômicas

Modelo alternativo

Determinação do governo

Tecnocracia estatal

Intelligentsia genérica

Intelectual “público”

American dream

Cartorialismo português

Jeitinho brasileiro

A prática concreta das relações econômicas internacionais

Globalização

Autonomia nacional

Um novo mundo possível

Consenso de Washington

Gastança keynesiana

Investimentos sociais

Interdependência

Não à “subordinação”

Administração da abertura

FMI

ATTAC

Foro Social

Abertura a capitais externos

Não aos fluxos “voláteis”

Controles seletivos

Complementaridade

Desnacionalização

Cadeias produtivas

Comércio de duas mãos

Mercantilismo

Incentivos às exportações

Agricultura de mercado

Subvenções às exportações 

Alguns subsídios internos

Multinacionais brasileiras

Monopólios internacionais

Alianças estratégicas

Acordos de liberalização

Anexação comercial

Barganha negociadora

Câmbio flutuante

Intervenções dirigidas

Flutuação + ou - “suja”

Conversibilidade gradual

Centralização do câmbio

Papel do Banco Central

Entendimento com credores

Reestruturação unilateral

Risco aceitável

Respeito aos contratos

Moratória soberana

Auditoria da dívida

Tarifas regulatórias

Impostos proibitivos

Papel da política comercial

Menor custo de captação 

Tobin Tax

Quarentena ou imposto?

Alguns novos princípios para a economia doméstica

Responsabilidade fiscal

Orçamento elástico

+ Receita vs. - Despesa

Forças de mercado

Projeto estratégico nacional

Soft planning

Metas de inflação

Crescimento máximo

Limites do trade-off

Fluxos, antes dos estoques

Redistribuição patrimonial

Desconcentração da renda

Participação estrangeira

Reversão das privatizações

Continuidade dos leilões

Demanda ampliada

Mercado interno

Consumo de massas

Patenteamento ampliado

Autonomia tecnológica

Geração endógena

Juros de mercado

Limitação constitucional

Autonomia do Copom

Agribusiness

Multifuncionalidade

Créditos subsidiados

Agricultura familiar

Reforma agrária milagre

Cooperativas populares

Ajuste fiscal

Despoupança estatal

Poupança doméstica

Indução horizontal

Política industrial ativa

Pesquisa e desenvolvimento

Flexibilização laboral

Novos direitos sociais

Reforma da CLT

Bolsa-escola

Renda-cidadã

Fontes de financiamento

Normas prudenciais

Não ao oligopólio bancário

Reforma financeira

Salário mínimo mínimo

Salário mínimo máximo

Pressão sobre a Previdência

Alunos do primário público

Elite universitária “pública”

Qualidade do ensino básico

Velhinha de Taubaté ã

Burguesia nacional

Industrial da FIESP

Fonte: Paulo Roberto de Almeida, A Grande Mudança: conseqüências econômicas da transição política no Brasil. São Paulo: Editora Códex, 2003; (com a contribuição involuntária de Luís Fernando Veríssimo: ãAnalista de Bagé e Velhinha de Taubaté).

 

Se me permitem, agora, uma última digressão final sobre o próprio título desta mesa, “Por onde tem ido e por onde irá o governo Lula?”, eu diria o seguinte. O grupo que hoje controla o partido e o governo – o que não quer dizer, obviamente, o conjunto do partido e sequer a massa de seus seguidores políticos ou eventuais apoiadores eleitorais – veio, em grande medida, da coluna do meio, com alguns matizes inevitáveis em função da origem político-partidária ou social desses dirigentes principais. A nomenklatura ainda não absorveu totalmente, nem pretende fazê-lo abertamente, as novas idéias e conceitos para uma boa governança à la Drucker, alinhados – como convém – à esquerda da tabela, mas ela tem absoluta certeza de que o caminho gramsciano oferece muito poucas alternativas de sucesso administrativo, social ou econômico. Ela recusa, em todo caso, a maior parte das velhas promessas de outros tempos, o que é um bom sinal de gestão responsável e uma promessa de ação comprometida com resultados seguros de crescimento com preservação da estabilidade macroeconômica (um ideal tipicamente social-democrático).

Resta, portanto, o grande objetivo da justiça social, que alguns ainda identificam com o distributivismo semi-populista. Tenho certeza de que se caminhará em direção dessa meta histórica, com total preservação da democracia e de uma sociedade aberta aos talentos e aos méritos individuais. Como fazê-lo, sem desregular a máquina econômica, parece ser o desafio principal desta conjuntura de pouco mais de três anos à frente. Creio que alguns dos conceitos que poderiam ser mobilizados para essa tarefa se situam, sem qualquer conotação ideológica, na coluna da direita – mas ele ali estão de forma algo ambígua e com um desempenho pouco claro quanto à efetividade das idéias ali alinhadas para a consecução dos objetivos do novo centro político do Brasil. Uma coisa, porém, me parece certa, a partir de agora, no sempre mutável sistema político-partidário brasileiro: o PT chegou finalmente à social-democracia e nela vai ancorar o seu grande veleiro de torneios políticos e de cruzeiros sociais. Que bons ventos o levem ao continente de seus sonhos, assim como, suponho, dos sonhos da maioria dos brasileiros. Em todo caso, bem vindo à realidade!

 

* Trabalho concluído em Washington em  10 de outubro de 2003 e  apresentado na sessão “Por onde tem ido e por onde irá o governo Lula?”, realizada em 22.10.03, no Congresso da ANPOCS, em Caxambu / MG.

 

** Paulo Roberto de Almeida. Diplomata. Professor e Doutor em Ciências Sociais.  pralmeida@mac.comwww.pralmeida.org

Fechar

domingo, 26 de março de 2023

Testimony of historian Timothy Snyder to the UNSC about atrocities being committed in Ukraine AND IN RUSSIA

 Original do depoimento de Timothy Snyder no CSNU:

Playing the Victim

Testimony to the United Nations Security Council on Russian hate speech

Substack Timothy Snyder, March 14, 2024

(This is the text of my briefing of The United Nations Security Council this morning, 14 March 2023, for a session called by the Russian Federation to discuss "russophobia."  If you wish to quote me exactly as I spoke, you might wish to check against the video of the session, which for now is available here.)

Ladies and gentlemen, I come before you as a historian of the region, as a historian of eastern Europe, and specifically as a historian of mass killing and political atrocity.  I am glad to be asked to brief you on the use of the term "russophobia" by Russian state actors. I believe that such a discussion can clarify something about the character of Russia's war of aggression in Ukraine and Russia's illegal occupation of Ukrainian territory.  I will speak briefly and confine myself to two points.

My first point is that harm to Russians, and harm to Russian culture, is primarily a result of the policies of the Russian Federation.  If we are concerned about harm to Russians and Russian culture, then we should be concerned with the policies of the Russian state.  

My second point will be that the term "russophobia," which we are discussing today, has been exploited during this war as a form of imperial propaganda in which the aggressor claims to be the victim.  It has served this last year as a justification for Russian war crimes in Ukraine.

Let me begin from the first point.  The premise, when we discuss "russophobia," is that we are concerned about harm to Russians.  That is a premise that I certainly share.  I share the concern for Russians.  I share the concern for Russian culture.  Let us recall, then, the actions this last year which have caused the greatest harm to Russians and to Russian culture.  I'll briefly name ten.

1. Forcing the most creative and productive Russians to emigrate.  The Russian invasion of Ukraine has caused about 750,000 Russians to leave Russia, including some of the most creative and productive people.  This is irreparable harm to Russian culture, and it is the result of Russian policy.

2.  The destruction of independent Russian journalism so that Russians cannot know the world around them.  This, too, is Russian policy, and causes irreparable harm to Russian culture.

3.  General censorship and repression of freedom of speech in Russia.  In Ukraine, you can say what you like in either Russian or Ukrainian. In Russia, you cannot.  

If you stand in Russia with a sign saying "no to war," you will be arrested and very likely imprisoned. If you stand in Ukraine with a sign that says "no to war," regardless of what language it is in, nothing will happen to you.  Russia is a country of one major language where you can say little. Ukraine is a country of two languages where you may say what you like.

When I visit Ukraine, people report to me about Russian war crimes using both languages, using Ukrainian or using Russian as they prefer.

4.  The attack on Russian culture by way of censoring schoolbooks, weakening Russian cultural institutions at home, and the destruction of museums and non-governmental organizations devoted to Russian history. All of those things are Russian policy.

5.  The perversion of the memory of the Great Fatherland war by fighting a war of aggression in 2014 and 2022, thereby depriving all future generations of Russians of that heritage.  That is Russian policy. It has done great harm to Russian culture.

6.  The downgrading of Russian culture around the world, and the end of what used to be called "russkiy mir," the Russian world abroad.  It used to be the case that there were many people who felt friendly to Russia and the Russian culture in Ukraine.  That has been brought to an end by two Russian invasions.  Those invasions were Russian state policy.

7.  The mass killing of Russian speakers in Ukraine.  The Russian war of aggression in Ukraine has killed more speakers of Russian than any other action by far.

8.  Russia's invasion of Ukraine has led to the mass death of Russian citizens fighting as soldiers in its war of aggression.  Some 200,000 Russians have are dead or maimed.  This is, of course, simply Russian policy.  It is Russian policy to send young Russians to die in Ukraine.

9. War crimes, trauma, and guilt.  This war means that a generation of young Russians, those who survive, will be involved in war crimes, and will be wrapped up in trauma and guilt for the rest of their lives. That is great harm to Russian culture.

All of this harm to Russians and to Russian culture has been achieved by the Russian government itself, mostly in the course of the last year.  So if we were sincerely concerned about harm to Russians, these are the some of the things that we would think about.  But perhaps the worst Russian policy with respect to Russians is the last one.

10.  The sustained training or education of Russians to believe that genocide is normal.  We see this in the president of Russia's repeated claims that Ukraine does not exist.  We see this in genocidal fantasies on Russian state media.  We see this in a year of state television reaching millions or tens of millions Russian citizens every day.  We see this when Russian state television presents Ukrainians as pigs.  We see this when Russian state television presents Ukrainians as parasites.  We see this when Russian state television presents Ukrainians as worms.  We see this when Russian state television presents Ukrainians as Satanists or as ghouls.  We see this when Russian state television proclaims that Ukrainian children should be drowned.  We see this when Russian state television proclaims that Ukrainian houses should be burned with the people inside.  We see this when people appear on Russian state television and  say: "They should not exist at all. We should execute them by firing squad."  We see this when someone appears on Russian state television and says "we will kill 1 million, we will kill 5 million, we can exterminate all of you," meaning all of the Ukrainians.

Now, if we were sincerely concerned about harms to Russians, we would be concerned about what Russian policy is doing to Russians.  The claim that Ukrainians are "russophobes" is one more element of Russian hate speech in Russian state television.  In Russian media, those other claims about Ukrainians are intermixed with the claim that Ukrainians are russophobes.  So, for example, in the statement on Russian state television where the speaker proposed that all Ukrainians be exterminated, his reasoning was that they should all be exterminated because they exhibit "russophobia."

The claim that Ukrainians have to be killed because they have a mental illness known as "russophobia" is bad for Russians, because it educates them in genocide.  But of course, such a claim is much worse for Ukrainians.


This is a photo I took in the basement of the school at Yahidne in the Chernihiv region of Ukraine. In Yahidne, the Russian occupiers held the entire population of the village in the school basement. Some people were executed, others died of exhaustion. The text is “59 children”; that is how many were among those so imprisoned in a very small space. On the ground floor of the school was Russian graffiti repeating television propaganda slogans, for example that Ukrainians are “devils.”

This brings me to my second point.  The term "russophobia" is a rhetorical strategy that we know from the history of imperialism.

When an empire attacks, the empire claims that it is the victim.  The rhetoric that Ukrainians are somehow "russophobes" is being used by the Russian state to justify a war of aggression.  The language is very important.  But it is the setting in which it is used that matters most.  This is the setting: the Russian invasion of Ukraine itself, the destruction of whole Ukrainian cities, the execution of Ukrainian local leaders, the forced deportation of Ukrainian children, the displacement of almost half the Ukrainian population, the destruction of hundreds of hospitals and thousands of schools, the deliberate targeting of water and heat supplies during the winter.  That is the setting.  That is what is actually happening.

The term "russophobia" is being used in this setting to advance the claim that the imperial power is the victim, even as the imperial power, Russia, is carrying out a war of atrocity.  This is historically typical behavior.  The imperial power dehumanizes the actual victim, and claims to be the victim.  When the victim (in this case Ukraine) opposes being attacked, being murdered, being colonized, the empire says that wanting to be left in peace is unreasonable, an illness.  This is a "phobia."  

This claim that the victims are irrational, that they are "phobic," that they have a "phobia," is meant to distract from the actual experience of the victims in the real world, which is an experience, of course, of aggression and war and atrocity. The term "russophobia" is imperial strategy designed to change the subject from an actual war of aggression to the feelings of the aggressors, thereby suppressing the existence and the experience of the people who are most harmed.  The imperialist says: "We are the only people here. We are the real victims. And our hurt feelings count more than other people's lives."  

Now, Russia's war crimes in Ukraine can be and will be evaluated by Ukrainian law, because they take place on Ukrainian territory, and by international law.  To the naked eye, we can see that there is a war of aggression, crimes against humanity, and genocide.

The application of the word "russophobia" in this setting, the claim that Ukrainians are mentally ill rather than that they are experiencing an atrocity, is colonial rhetoric.  It serves as part of a larger practice of hate speech.  That is why this session is important: it helps us to see Russia's genocidal hate speech.  The idea that Ukrainians have a disease called "russophobia" is used as an argument to destroy them, along with the arguments that they are vermin, parasites, Satanists and so on.

Claiming to be the victim when you are in fact the aggressor is not a defense.  It is actually part of the crime.  Hate speech directed against Ukrainians is not part of the defense of the Russian Federation or its citizens.  It is an element of the crimes that Russian citizens are committing on Ukrainian territory.  In this sense, in calling this session, the Russian state has found a new way to confess to war crimes.  Thank you for your attention.

(I then spoke a second time, in response to a query by the Russian representative.  Again, if you wish to quote me directly, you may wish to consult the video, which is here.  Since the query was about sources, I have added a few links, for convenience.  They were not an element of my presentation.)

Thank you, Mr. Chair.  It's been a pleasure to be with you and among diplomats.  The Russian representative saw fit to ask me for sources, and I am very happy to oblige.

If we are concerned about sources from statements of high officials of the Russian Federation, I refer the Russian representative to the website of the President of the Russian Federation.  There he will find speeches by the President of the Russian Federation denying that Ukraine exists on the grounds that Ukraine was invented by Nazis, denying that Ukraine exists on the grounds that it was invented by communists, and denying that Ukraine exists on the grounds that a viking was baptized a thousand years ago.  I do not comment here on the historical validity or the logic of these arguments.  I simply point out that this is a matter of public record, that these are the statements of the President of the Russian Federation.  Likewise, Dmitri Medvedev, a member of the Russian Security Council, on his telegram channel, repeatedly offers the kind genocidal language that has been discussed today.  

With respect to sources on Russian state television.  This is very simple.  I was quoting Russian state television.  Russian state television is an organ of the Russian state.  As the President of the Russian Federation has himself said, Russian state television represents Russian national interests.  The statements made on Russian state televisionand other state media, therefore, are significant, not only as expressions of Russian policy, but also as a mark of genocidal motivation for the Russian population.  This is true to such an extent that the presenters on Russian television themselves have worried aloud about the possibility that they might be prosecuted for war crimes.  So I refer the representative of the Russian Federation to the video archives of Russia's state television channels.  For those of you who don't know Russian, I refer you to the excellent work of Julia Davis.  Julia Davis has assembled an archive of relevant Russian video material.

If the sources in question are about the actual Russian atrocities in Ukraine, these are well known and have been abundantlydocumented.  The simplest thing for the Russian state to do would be to allow Russian journalists to report freely from Ukraine.  For everyone else, the simplest thing to do would be to visit Ukraine, a land which has a democratically elected bilingual president who represents a national minority, and ask the people of Ukraine about the war in either Ukrainian or Russian.  Ukrainians speak both and can answer you in both.

The representative of the Russian Federation saw fit to attack my qualifications.  I take this rebuke from the Russian state as a badge of pride, since it is a very minor element in a larger attack on Russian history and culture.  My work has been devoted, among other things, to chronicling the mass murder of Russians, including at the Siege of Leningrad.  I have been proud over the course of my career to learn from historians of Ukraine, Poland, Europe in general, and also from historians of Russia.  It is unfortunate that leading historians of Russia and the leading scholars of Russia are not allowed to freely practice their own disciplines in their own country.  It is unfortunate that organizations such as Memorial, which have done heroic work in Russian history, are now criminalized in Russia.

It is also unfortunate that memory laws in Russia prevent the open discussion of Russian history.  It is unfortunate that the word Ukraine has been banned from Russian schoolbooks.  As a historian of Russia, I look forward to the day when there can be free discussion of Russia's fascinating history.  

Speaking of history, the Russian representative denied that there was such a thing as the history of Ukraine.  I would refer the Russian representative to excellent surveys by historians who know both Ukrainian and Russian, such as the recent work by my colleague Serhii Plokhii at Harvard.  I would refer people in general to my open class on Ukrainian history at Yale, which I hope shares the significance of Ukrainian history more eloquently than I can here.

More fundamentally, I would like to thank the Russian representative for helping me to make the point that I was trying to make in my briefing.  What I have been trying to say is that it is not for the representative of a larger country to say that the smaller country has no history.  What the Russian representative has just told us is that whenever Ukrainians, in the past or at present, claim that they exist as a society, that is "ideology" or "russophobia."  The Russian representative has helped us by exemplifying the behavior I was trying to describe.  As I have been trying to say, dismissing someone else's history, or calling it a disease, is a colonial attitude with genocidal implications.  The empire does not have the right to say that a neighboring country has no history.  The claim that a country has no past is genocidal hate speech.  In helping us to make the connection between Russian words and deeds, this session has been useful.  Thank you.

TS 14 March 2023