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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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quarta-feira, 19 de julho de 2017

BNDES: Ricardo Bergamini questiona valores e operações 

Ter 18/07/17 07:06, Ricardo Bergamini escreveu:

BNDES: fonte primária da corrupção no Brasil elogiada pelo novo presidente do banco.

PRESIDENTE DO BNDES DIZ NÃO TER ENCONTRADO IRREGULARIDADES DA GESTÃO PETISTA

Questionado sobre o que encontrou no BNDES, ao assumir a presidência do banco há um mês e meio, o economista Paulo Rabello de Castro diz ter encontrado "muito talento" e desmistifica o que ele chama de "ranço" de "brasileiros que se dizem liberais" contra o que eles consideram ser "fomento demais, desenvolvimento demais"; ele rebate afirmações de Marco Antonio Villa, da Jovem Pan, de que o negócio do banco com a JBS tenha dado prejuízo; "Você é um historiador, não pode ficar falando as coisas como está falando aí pelo microfone sem fazer uma investigação", disse.

BNDES, o banco da propina, precisa de uma Lava Jato

O PT usou a agência de fomento para afagar aliados políticos e empresariais, como a JBS, transformada em gigante à custa do banco. É hora de enfrentar todos esses esqueletos  

À medida que a Lava Jato foi avançando, era comum ouvir de integrantes da força-tarefa que não havia por que duvidar que esquemas similares de corrupção tivessem sido estabelecidos em outras empresas do governo. Nada justificaria a existência de desvios somente na Petrobras. A única diferença é que essa era a única meada que já apresentava um fio bem visível. O MPF está puxando há três anos e ainda parece não ter fim.

A delação da JBS reforça essa tese. Escancara outro poço em que é necessário tapar o nariz e mergulhar a fundo: o BNDES.

O escândalo da Odebrecht já dava as linhas centrais de como o banco de fomento transformou-se em banco de propina nos anos do petismo. Uma estrutura de financiamento público criada para acelerar o desenvolvimento do país foi transformada em fonte para afagar aliados, camuflar doações ilegais e irrigar contas petistas.

O caso da JBS, contudo, é mais grave. A Odebrecht pode dizer que já era gigante sem os financiamentos camaradas para investir no exterior. A JBS, não. De porte médio, passou a campeã nacional com projeção fora do país. Teve sua escalada patrocinada por dinheiro público em troca de propina, mediante financiamentos bilionários com comissões clandestinas graúdas repassadas a agentes políticos. Concorrência desleal temperada com corrupção.

A JBS lucrou tanto à custa do BNDES que seu dono não hesitou em despejar, segundo sua delação, U$ 150 milhões em contas no exterior para Lula e Dilma, para ficar em apenas um exemplo. Bolada que faz parecer troco de pinga a cesta de Natal de R$ 17 mil pedida por Guido Mantega.

Joesley Batista acostumou-se tanto à porta escancarada pelo PT no BNDES que avançou em direção ao Cade, à Receita Federal e aos ministérios. Certamente não foi o único. Para não correr o risco de perder a boquinha, despejou milhões nas campanhas de Dilma e Aécio em 2014. E quando viu seus interesses escusos sob ameaça, pressionou para que Henrique Meirelles lhe estendesse o tapete vermelho na Fazenda e para que Maria Silvia, bem menos leniente que o antecessor Luciano Coutinho, fosse substituída.

A JBS é apenas um caso de polícia dentro do BNDES. Tem a Odebrecht, a OAS, a Andrade Gutierrez e a Camargo Corrêa. Os estádios da Copa. Todos os PACs. Os financiamentos sigilosos de obras em países alinhados ideologicamente ao PT. O império X de Eike Batista.

Se o Brasil transformou-se em propinocracia sob Lula e Dilma, o BNDES foi o grande financiador desse sistema de governo espúrio. Arrancar os esqueletos de todos os armários do banco é fundamental para consertar o muito mal feito que ficou para trás. E permitir ao BNDES cumprir o papel adequado do estado: o de financiador de áreas em que a sociedade é incapaz de se desenvolver sozinha. Não o de patrocinador da perpetuação de projetos de poder e a consolidação desleal de empresas que se sujeitam a jogar o jogo sujo.

Ricardo Bergamini

www.ricardobergamini.com.br

terça-feira, 18 de julho de 2017

Venezuela: o lulopetismo como CO-responsavel pela tragedia - Augusto Nunes

 Lula e Dilma são comparsas dos carrascos da Venezuela

Coluna / Augusto Nunes


Os governos lulopetistas foram comparsas de Chávez e Maduro na aventura liberticida que devastou o país vizinho

Por Augusto Nunes - Veja, 17 jul 2017

“Sempre foi visível a profunda afinidade de Nicolás Maduro com nosso querido e saudoso amigo Chávez”, derrama-se Lula já na largada do vídeo de abril de 2013, concebido para aconselhar o eleitorado venezuelano a eleger o sucessor escolhido pelo bolívar-de-hospício, morto um mês antes da gravação. “Maduro se destacou brilhantemente na luta pela construção de uma América Latina mais democrática e solidária”, ajoelha-se em seguida aos pés do discípulo do liberticida que inventou o socialismo do século 21.

Na continuação do palavrório, o atropelador da verdade e da gramática pisa no acelerador: “A grande obra de Chávez foi a de transformar a Venezuela em um país mais justo, realizando um massivo processo de transferência da renda petrolheira (sic) em proveito das camadas mais sofrida (sic) da sociedade. Chávez, assim como Maduro, sempre tiveram claro que a Venezuela necessitava escapar dos que muito chamos (sic) maldição do petróleo, daí a importância que deram, e que Maduro dá, à necessidade de industrializar o país e desenvolver sua agricultura”.

  1. Haja safadeza. Até a cabeça baldia de Lula sabia que Chávez nada fizera (e Maduro jamais faria) para que a nação que controlavam se tornasse menos dependente do petróleo. Em vez de investir na modernização do país os bilhões de dólares arrecadados enquanto o preço do barril flutuava na estratosfera, a dupla de vigaristas resolveu torrá-lo em programas sociais irresponsáveis, mesadas que garantiram a vassalagem dos cucarachas bolivarianos ou donativos que mantiveram Cuba respirando por aparelhos. Quando a única fonte de renda secou, restaram um parque industrial indigente e um agronegócio agonizante.

A sequência de escolhas desastrosas — todas aplaudidas pelos companheiros do PT que arquitetaram a política externa da canalhice — só poderia dar no que deu: a Venezuela deformada por Chávez e Maduro foi reduzida a um grotão sul-americano em avançado estágio de decomposição. A inflação de 2017 não será menor que 1.660%. Um em cada cinco habitantes está desempregado. Mais de metade da população sobrevive em condições miseráveis. A crescente escassez de produtos básicos é medida por filas de dimensões inverossímeis nas cercanias dos supermercados e pela escalada dos assaltos a caminhões que transportam mercadorias.

Em 2016, ocorreram na Venezuela cerca de 28.000 homicídios. Foram 91.8 a cada 100.000 habitantes, taxa 10 vezes superior à média mundial. A violência urbana se soma à selvagem repressão de tropas do Exército e milícias chavistas a quaisquer manifestações dos opositores do regime, pacíficas ou não. Os presos políticos são pelo menos 114, encarcerados por motivos que seriam risíveis se não fossem tão perturbadores. Daniel Ceballos perdeu em março de 2014 a liberdade e o mandato de prefeito de San Cristóbal porque Maduro o acusou de “terrorismo”. O deputado Renzo Prieto está na cadeia desde maio de 2014 por “obstrução das vias públicas”.

É compreensível que, no primeiro trimestre deste ano, 52.000 venezuelanos tenham deixado o país natal em busca de paragens menos hostis. Perto de 30.000 se asilaram no Brasil, a maioria em Boa Vista, capital de Roraima. Neste domingo, praticamente todos votaram no plebiscito convocado pela frente de partidos oposicionistas para reiterar que quase 70% dos venezuelanos querem o fim do governo Maduro, o aborto da ditadura em gestação e a ressurreição da democracia assassinada com a cumplicidade dos governos lulopetistas.

Em 5 de março de 2014, por exemplo, numa carta a Maduro em que chorou “a morte do inesquecível e querido companheiro Hugo Chávez Frías, que hoje completa um ano”, Lula declarou-se admirador incondicional do bufão amigo. “Sob a liderança de Chávez, há 15 anos vocês percorrem o caminho do desenvolvimento com inclusão social, aprofundamento da democracia e distribuição da renda”, fantasiou. “Mesmo quando tiveram que enfrentar forças dispostas a violar o regime constitucional, mantiveram seu compromisso com a paz e a legalidade”.

A carta informa que Lula queria ser Chávez quando crescesse, enxergava na fraude bolivariana uma democracia de matar de inveja um eleitor sueco, descobrira que é a oposição quem sonha com a proclamação da ditadura e, como não lê sequer rótulos de garrafa, não fazia a menor ideia de quem é e o que pensa Oscar Arías, ex-presidente da Costa Rica e Prêmio Nobel da Paz em 1987. Em fevereiro de 2014, num artigo publicado no jornal espanhol El País, Arías resumiu o que pensava o mundo civilizado da reação brutal de Maduro, com o aval servil de boa parte do subcontinente, aos protestos de rua promovidos naquele começo de ano pela oposição venezuelana. 

Um comunicado oficial endossado pelo governo brasileiro, por exemplo, formalizou o apoio irrestrito dos integrantes do Mercosul ao governo Maduro, ameaçado por “atos de violência”, “tentativas de desestabilizar a ordem democrática” e “ações criminosas de grupos violentos que querem disseminar a intolerância e o ódio na República Bolivariana da Venezuela, como instrumento de luta política”. De passagem por Roma, a presidente Dilma Rousseff foi convidada por um jornalista a manifestar-se sobre o surto repressivo que ensanguentava a Venezuela. “Não interfiro em problemas internos de outro país”, mentiu a avalista do infame documento do Mercosul.

O texto em que Arías implodiu o monumento ao cinismo foi publicado sob o título Venezuela: inferno de perseguição. Segue-se um trecho:

Em nenhum país verdadeiramente democrático alguém é preso ou assassinado por discordar das políticas do governo ou por manifestar em público seu descontentamento. A Venezuela de Maduro pode fazer todos os esforços de oratória para vender a ideia de que é efetivamente uma democracia. Cada violação dos direitos humanos que comete nega na prática tal afirmação, porque sufoca a crítica e a dissidência. (…) Estou convencido de que, se não existe oposição numa democracia, devemos criá-la, não reprimi-la e condená-la ao inferno da perseguição.

Martin Luther King Jr. disse que “os lugares mais quentes do inferno estão reservados àqueles que num período de crise moral se mantiveram neutros. Num determinado momento, o silêncio se converte em traição”. Sempre que os direitos humanos forem violentados, não vou calar-me. Não posso calar-me se a mera existência de um governo como o da Venezuela é uma afronta à democracia. Não vou calar-me quando estiver em perigo a vida de seres humanos que apenas defendem seus direitos de cidadão.

A Venezuela está a poucos passos da guerra civil. Caso a tragédia se consume, a cena do crime estará repleta de impressões digitais da era lulopetista. O governo Temer já revogou a sórdida política externa que rebaixou o Itamaraty a serviçal dos tiranetes bolivarianos. Precisa agora acolher os refugiados venezuelanos e impedir que a oposição democrática seja massacrada. É hora de pagar a conta legada pela sabujice dos dois antecessores. É hora de mirar-se no exemplo de Oscar Arías.

O ex-presidente da Costa Rica sempre submeteu suas ações a valores morais, princípios éticos e pelo sentimento da honra. Lula e Dilma nem sabem o que é isso.

Um trabalhador de verdade e um de mentira: o zelador de Guarujá e o usurpador do Brasil

“Fui demitido a pedido pessoal do Lula, da d. Marisa, do PT e da OAS, dona do triplex do Lula no Guarujá”.

Esta reportagem é de Claudio Tognolli,conforme postagem do seu blog:

É o que disse a este blog, às 16h desta quarta-feira, o ex-zelador do Edifício Solaris, no Guarujá, José Afonso Pinheiro. “Passei dificuldades, tenho filhos e família para sustentar, e paguei esse preço porque eu disse a verdade. Vi Lula e d. Marisa visitando por duas vezes o triplex, ela fazendo escolhas. Depois que prestei depoimentos aos ministérios público e federal começou o meu inferno. Perseguiram a mim e a minha família, o homem que se diz pai dos trabalhadores, Lula, lutou pelo meu desemprego. Conseguiu. Hoje comemoro porque estou empregado novamente e mais ainda porque agora todos sabem que falei a verdade e que a Justiça prevaleceu. Quem fala a verdade acaba vencendo no final. Lula e o PT quiseram minha cabeça, mas não conseguiram”.

O juiz Sérgio Moro, em sua sentença de 218 páginas contra Lula, consagra as páginas 93 e 94 da peça ao ex-zelador. Ele é apontado como a principal testemunha ocular do caso do triplex de Lula.

Confira abaixo como ele colaborou para a condenação de Lula.

Ponto 502. Foi também ouvido José Afonso Pinheiro (evento 426), que teria trabalhado como zelador do Condomínio Solaris entre 11/2013 a 04/2016. Confirmou que o apartamento 164-A, triplex, foi reformado e que o ex-Presidente e Marisa Letícia Lula da Silva teriam visitado o imóvel.

domingo, 16 de julho de 2017

O livro verde do BNDES: mais para preto - Rodrigo Constantino 

LOG / 


 RODRIGO CONSTANTINO

 

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.


ARTIGOS

 

HISTORIADOR MARCO ANTONIO VILLA REBATE PRESIDENTE DO BNDES E DEFENDE: BANCO MERECE UMA AUDITORIA EXTERNA


 


15 de julho de 2017


 

O historiador Marco Antonio Villa, apresentador da Jovem Pan, rebateu o presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, após ter acesso ao “Livro Verde” produzido pelo banco, para “justificar” sua política de “seleção de campeões nacionais” durante a gestão petista. Que um economista liberal, doutor em Chicago, preste-se a esse papel é realmente algo lamentável, que só pode decepcionar a todos envolvidos no movimento liberal brasileiro. Vejam:


Hoje mesmo, no jornal O GLOBO, há uma reportagem com base no mesmo “Livro Verde” que mostra como é possível contar mentiras com meias verdades, como fez Paulo durante a entrevista na Jovem Pan. Ao afirmar que a JBS não foi tão expressiva no total de empréstimos do banco nos últimos 5 anos, o atual presidente ignorou a folgada liderança da empresa dentro do seu setor, ou seja, na seleção do “campeão nacional” no setor de frigoríficos, está claro que o grupo dos irmãos Joesley e Wesley Batista tiveram grandes vantagens:


Alvo de investigações da Polícia Federal e do Tribunal de Contas da União, o BNDES apresentou nesta terça-feira seu “Livro verde: nossa história como ela é”, uma compilação de dados e explicações sobre a atuação do banco, com foco no período de 2001 a 2016. A versão preliminar do livro mostra que a JBS, dos irmãos Wesley Joesley Batista, abocanhou a maior fatia do apoio financeiro do banco ao setor de carnes. Dos R$ 31,2 bilhões desembolsados pelo BNDES para os frigoríficos entre os anos 2005 e 2016, a empresa ficou com 38% do total, considerando também o Bertin, que se fundiu à JBS. O grupo BRF ficou com 16%, seguido pela Marfrig/Seara, com 14%. A Seara foi comprada pela JBS do Marfrig em 2013.


Outra coisa injustificável, além do uso do BNDES para o projeto criminoso de poder do PT, é sua enorme concentração em grandes grupos, inclusive estatais, que não precisariam do BNDES para obter financiamento. Quando usam este canal, isso implica em juros maiores para o restante da economia, e Paulo Rabello de Castro não tem como fingir desconhecer esse conceito tão básico de economia. Vejam os maiores beneficiados com os subsídios do banco:


 


http://constantino-static.gazetadopovo.com.br/assets/2017/07/bndes.png

Fonte: BNDES/GLOBO


O BNDES está fomentando o desenvolvimento nacional ou irrigando os cofres dos grandes grupos e das estatais com o dinheiro suado dos trabalhadores? Para quem ainda tem dúvidas da estranha concentração nos grandes grupos, seria bom comparar com o perfil de clientes de um dos maiores bancos privados do país, o Bradesco:


 


http://constantino-static.gazetadopovo.com.br/assets/2017/07/bndes-x-bradesco.png


Não dá, portanto, para ficar defendendo a política do BNDES. Que um suposto liberal o faça é algo ainda pior, inadmissível. Alguns podem argumentar que ao menos é melhor ter alguém com esse perfil no comando, em vez de um desenvolvimentista como Luciano Coutinho. Pode até ser. Não sou um xiita completamente contrário ao pragmatismo.


Mas há dois problemas graves que vejo aqui: 1. Não tenho notado muita diferença, ao menos nos discursos, entre um e outro; 2. Quando um economista associado ao liberalismo faz esses discursos, isso é terrível para a imagem do liberalismo. Por isso tenho sido duro com Paulo, apesar do respeito que tenho (ou tinha) por ele, da mesma forma que fui com Afif Domingos, quando achou que poderia mudar alguma coisa dentro do governo Dilma, em vez de só emprestar alguma credibilidade para uma máfia que destruiu o Brasil.


Paulo Rabello de Castro, pelo visto, não vai mudar o BNDES; é o BNDES que já o mudou, e para muito pior! Aquele que escreveu O mito do governo grátis não é mais o mesmo, e agora parece crer no mito que denunciou. Uma pena…

Rodrigo Constantino

sábado, 15 de julho de 2017

Juros subsidiados do BNDES: mais um crime economico do lulopetismo

Estou convencido -- e podem me acusar de ser obsessivo nisto -- de que a maior parte dos "crimes econômicos" do lulopetismo foram deliberados, e destinados a abastecer o partido e seus dirigentes, e constituem, na verdade, crimes comuns, ou seja, apropriação indébita de recursos coletivos.
Crimes econômicos do lulopetismo, na minha definição, são aqueles equívocos de políticas econômicas, macro e setoriais, que redundaram em enormes perdas para o Brasil, diretamente (ou seja, financeiramente ou orçamentariamente) ou indiretamente (pelo custo-oportunidade, sempre difícil de ser mensurado).
Mas é muito pior no caso da organização criminosa que presidiu o país de 2003 a 2016: esses crimes econômicos foram praticados para desviar dinheiro para os mafiosos do partido neobolchevique.
A transferência de enormes recursos do Tesouro para o BNDES foi deliberada para depois permitir os desvios, via Petrobras e via seleção de "campeões nacionais", que depois tinham de "contribuir" para o partido, legalmente, e ilegalmente, diretamente em cash para seus dirigentes corruptos.
Vamos ser claros: o BNDES foi usado para fins CRIMINOSOS.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 15/07/2017

TJLP é taxa fictícia e subsídios foram um "tsunami", diz Banco Mundial

Por Juliano Basile | De Washington
clip_image001Para Raiser, Brasil não tem mais condições de manter o crédito subsidiado: "É o momento de repensar essa política"
Valor Econômico, 14/07/2017
O BNDES deveria ter privilegiado mais as pequenas e médias empresas em vez de grandes grupos empresariais do Brasil e o governo acerta na proposta de criar a Taxa de Longo Prazo (TLP), já que a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que foi usada em larga escala pelo banco de fomento entre 2007 e 2014, distorceu o mercado de crédito e a efetividade da política monetária do Banco Central (BC). Esta é a visão de diretores do Banco Mundial, que apoiam a proposta da mudança na taxa de juros que baliza os empréstimos do BNDES.
"A TJLP é uma taxa fictícia", disse Ceyla Pazarbasioglu, diretora da área de práticas globais de finanças e mercados do Banco Mundial, lembrando que a taxa não reflete as condições de mercado. Ela chamou ainda de "tsunami" o volume de recursos aportados pelo Tesouro no BNDES para financiar empresas no passado. Na avaliação de Ceyla e de Martin Raiser, diretor para o Brasil da instituição, a nova TLP vai ajudar a redução da taxa básica de juros pelo BC e será bastante positiva para atrair novos investimentos em infraestrutura no país.
"É uma reforma muito positiva e esperamos que passe. Ela retira uma distorção no mercado", afirmou Ceyla, em entrevista exclusiva ao Valor. "Essa é uma grande oportunidade para o Brasil rever uso de suas taxas e pensamos que isso vai resultar em uma melhor estrutura de financiamento para o país no futuro", comentou Raiser. "É necessária uma taxa que não distorça o mercado, que esteja em linha com os custos do governo e que se defina claramente onde se vai prover subsídios."
Pela proposta original do governo, a TLP será atrelada à variação da NTN-B com prazo de cinco anos de forma gradual até a eliminação completa dos subsídios embutidos na TJLP. "Um dos benefícios de fazer a mudança para a TLP é que reduz a necessidade de transferências fiscais. Isso é importante para estabelecer a confiança do mercado, para as expectativas de inflação e isso ajuda o BC a baixar as taxas de juros", afirmou Raiser. "Com taxas de juros mais baixas, os custos de financiamento também serão mais baixos. Em adição a isso, o crédito vai responder a forças de mercado."
Outro fator positivo da nova taxa é que ela iria criar confiança no mercado de capitais de maneira a atrair investimentos privados. O diretor calculou que o Brasil possui R$ 1,5 trilhão em ativos no mercado de capitais, em fundos de pensão, seguradoras e outras instituições. "Digamos que 10% disso seja investido em infraestrutura e teremos R$ 150 bilhões", indicou. Para que esse aporte ocorra é necessário reduzir os riscos dos projetos e gerar confiança.
O Banco Mundial fez também um estudo sobre a concessão de crédito subsidiado por bancos de desenvolvimento em países emergentes e qualificou de maneira negativa o fato de pequenas e médias empresas terem sido preteridas em favor de grandes grupos empresariais no Brasil. "Por que uma grande indústria lucrativa de propriedade de bilionários deve ter acesso a créditos subsidiados?", perguntou Ceyla. "Se você verificar empiricamente, eles é que estavam obtendo crédito subsidiado e isso envolveu essa política de criação de campeãs nacionais", continuou a diretora, que é turca.
Ela qualificou como um "tsunami" os aportes do Tesouro ao BNDES para financiar empresas, entre 2007 e 2014. Raiser, que é alemão, advertiu que, dado o ajuste fiscal, o país não tem mais condições de manter o crédito subsidiado, que sofreu uma "dramática expansão" naquele período. "Nós achamos que é o momento para repensar essa política. É claro que o BNDES tem que mudar porque, com o ajuste fiscal, aquele dinheiro simplesmente não está mais disponível."
O Banco Mundial acredita que a revisão dessa política será positiva para o país na medida em que for feita uma análise técnica sobre os setores e empresas mais necessitados a receber recursos. Na visão de Raiser, os financiamentos de bancos de desenvolvimento deveriam ser realizados a partir de uma definição de prioridades e objetivos. "É preciso esclarecer quais os objetivos do financiamento e as possibilidades de essa meta ser atendida."
O diretor não quis especificar quais os setores da economia que deveriam ser beneficiados, pois essa decisão depende de análises a respeito das necessidades em cada país e das condições de captação de recursos. Mas ele mencionou a necessidade de aporte de recursos no setor de saneamento. "O trabalho no setor de saneamento é muito efetivo. Faz sentido ter mais subsídios, pois ele beneficia as pessoas, reduz a poluição, tem grandes impactos na indústria do turismo", comentou. "Nós até podemos analisar, por exemplo, a indústria automobilística. Mas por que ela deveria se beneficiar disso (créditos subsidiados)?", exemplificou.
Os diretores do Banco Mundial enfatizaram que a instituição da TLP não significa o abandono da política de crédito subsidiado, mas que esse deve ser providenciado de maneira mais transparente no mercado. "Acho que seria melhor caminhar rumo a uma taxa em sintonia com a maneira como o governo se financia, o que está basicamente em linha com a proposta da TLP", opinou Ceyla.

A reducao da pobreza, EM TODO O MUNDO - Angus Hervey (Future Crunch)

Leiam neste link, para visualizar corretamente o texto, e os gráficos dinâmicos:
https://medium.com/future-crunch/global-inequality-is-getting-better-fdbfde215b73

O mundo nunca teve TÃO POUCOS POBRES nos últimos 200 anos, e o ritmo de redução da pobreza absoluta tem sido avassalador desde a queda do muro de Berlim, que significou, simbolicamente, o fim do socialismo e a retomada da globalização, o que significa que a economia de mercado foi, SIM, eficiente para reduzir a miséria absoluta, eliminar muitos bolsões de pobreza, e colocar muita gente, milhões de pessoas, numa classe média baixa plenamente aceitável para os padrões seculares de pobreza disseminada. Muito disso se deve à China e um pouco menos à Índia, mas outros países, em outras regiões, também experimentaram redução nos níveis de pobreza absoluta. Hoje em dia não é incomum achar um catador de rua, um mendigo, típico em todas as cidades do chamado "mundo em desenvolvimento", com o seu celular, se comunicando com familiares ou conhecidos. Mesmo rurais afastados conseguem ter celular. Isso é economia de mercado.
Enganam-se redondamente, estupidamente, todos os antiglobalizadores, também chamados de altermundialistas, que se mobilizam contra a economia de mercado, contra o capitalismo. São uns idiotas. E enganam-se quadradamente todos aqueles economistas à la Piketty que acham que o principal problema do mundo é a desigualdade, e que esta deve ser reduzida. Bobagem. O principal problema do mundo ainda é a pobreza, e todos os economistas deveriam estar mobilizados em acabar com a pobreza, não em reduzir o número de ricos e o seu patrimônio. Deveriam estar ocupados em convencer os políticos que eles devem reduzir a pobreza, não em produzir igualdade.

Paulo Roberto de Almeida  
Brasília, 15/07/2017





The Decline of Poverty

Your opinions about global inequality really depend on where you’re standing


If you’re over the age of 18, you probably grew up with the story of how the world is divided into the rich and the poor.


That story was forged during a time of real global inequality. In 1970, around 60% of the world’s 3.7 billion people lived in extreme poverty. If you plotted the world’s income on a distribution curve, it looked like camel humps. There was a small, high income group of countries up at the front, and then a bigger low income group at the back.
For decades the language that we created to describe this world (First vs. Third, developed vs. developing) dominated popular discourse, which is why it’s so deeply ingrained for so many of us.
Which is a pity, because that world doesn’t exist any more.
If you’re willing to re-examine some of your old fashioned ideas, you’ll be pleasantly surprised to learn that the story has changed.
Today, only 0.7 billion of the world’s 7.5 billion people live below the extreme poverty line. That’s less than 10% of the world’s population. Not only is this the lowest proportion of people in extreme poverty ever, it’s also the lowest total number in more than 200 years.
It’s the great economic success story of all time. To paraphrase the indespensible Max Roser, the front page headline every day should read:
Since yesterday, 250,000 people have been lifted out of bone-crushing, one-meal-a-day, soul-destroying, no-dentist, no-doctor, no-electricity, single accident-means-life-and-death, unrelenting, extreme poverty.
It’s worth diving into this in a bit more detail.
For most of recorded history, only a tiny elite enjoyed higher standards of living. By far the majority of people were dirt poor. That’s how things stayed. Inequality wasn’t a social issue, it was just the way the world worked. In the last 200 years this has changed dramatically.

Source: Future Crunch (2017)

Poverty has been falling continuously despite the world’s population increasing seven fold during that time. And since the fall of the Berlin Wall, that process has accelerated, with an average of 47 million people lifted over the extreme poverty line every year for the last 25 years.
A lot of this is thanks to China. Between 1978 and 2010, the country’s economy grew at an average pace of 10% per year, lifting an astonishing 800 million people out of extreme poverty. And since 2010 inequality in China has been falling too, thanks to minimum-wage regulations and increases in the social welfare state.
It’s not just China though. Poverty reduction has happened in every region of the world. In 1981 almost one third of the non-Chinese world population was living in extreme poverty. By 2013, this share had fallen to 12%.

Source: World Bank (2017)

The amount of money that would be theoretically needed to lift everyone in the world out of extreme poverty is now about half of what it was a decade ago. This shows that not only are we reducing the incidence of poverty, we’re making inroads into its intensity. And it’s happening at every income level. The income cutoff of the world’s poorest 10% has doubled in the last decade, and so has the global median income (from $1,100 a year to $2,010 a year).
That means that the world today looks very different to the one that many of us still have in our heads. The double camel hump from the 1970s has disappeared, to be replaced by something that now looks a lot more like a normal distribution curve. Everyone who makes it past the vertical poverty line you see below can now afford a bicycle, basic healthcare and a mobile phone.
The lives of the bottom billion are steadily improving and the world’s big aid agencies are now saying that they think we might see the end of extreme poverty within our lifetimes.

Source: Gapminder (2017)

So the next time you read an article lamenting that inequality is the greatest economic issue of our time, take a moment and ask yourself who’s writing it. Your opinion really depends on who you care about, and where you stand.
If you’re a car worker in Guangzhou you probably feel a lot better about the state of the world than if you’re a car worker in Adelaide. If you’re a journalist in New York whose previously stable, middle class income is now a lot less certain, you’re a lot more likely to write articles about inequality. But if you’re a tech journalist in Kenya reporting on Nairobi’s amazing boom, the subject is less likely to appear.
It’s true that globalisation has been unkind to many people, especially in places like the United Kingdom and the United States. These countries have been eating their poor for decades, and the political consequences have become very apparent in the last few years. But we are talking about a very small proportion of the world’s total population. How many column inches have been dedicated to the livelihoods of a few thousand coal miners in the US, compared to the few hundred million people in Latin America, almost all of whom live in countries where inequality has dropped in the last decade?
At the risk of sounding callous... if the fate of your fellow global citizens concerns you more than the fate of the working class in a few OECD countries, you should be feeling pretty happy about what humanity has achieved in the last 25 years.
We should continue to highlight the plight of those who are still living in extreme poverty. And we should continue to insist that our political leaders enact policies that reduce inequality within our own countries. But we also need to acknowledge our global victories, and celebrate success.
For the average human being on the planet today, the world has never been a better place. That story doesn’t get told nearly enough.



Future Crunch fosters intelligent, optimistic thinking for the future. We help people understand what’s on the frontiers of science, technology and human progress, and what it means for humanity

Academicos gramscianos continuam com as velhas ilusoes "brics-ianas": relato em Carta Capital


Três típicos acadêmicos gramscianos criticam, no costumeiro estilo dessa tribo e no pasquim costumeiro da comunidade, a atual política externa do Brasil, a partir de um "fórum acadêmico" sobre o Brics, realizado recentemente na China
Vindo dessa categoria de analistas, não se poderia mesmo esperar outra coisa, senão uma pauta totalmente comprometida com a anterior  "política externa ativa e altiva", que tanto encantou a tribo dos convertidos. 
Como eles partem do suposto de que o governo atual é "golpista" , eles condenam igualmente a política externa, pois seu ponto de partida é a diplomacia anterior, e tudo o que discordar dos antigos pressupostos é ipso facto golpista, equivocado, caudatário do império, e todos os demais defeitos que ideólogos do lulopetismo diplomático podem encontrar em qualquer diplomacia que não esteja alinhada com suas escolhas políticas peculiares.
Eles acham que o Brics deveria ser tão importante no governo atual quanto o foi no anterior, que aliás criou o grupo, quase que totalmente dominado pela China, um país que, como se sabe é um grande defensor da democracia e dos direitos humanos. Os três não admitem que o governo atual possa ter qualquer atitude de retraimento em relação a um grupo que possui a peculiaridade de ter sido escolhido não por vontade dos quatro países originais, mas por uma sugestão específica de um economista de um banco de investimento pensando unicamente, exclusivamente, em maiores retornos de mercado para investimentos financeiros do grande capital multinacional.
Para eles não existe nenhuma contradição nesse fato, como tampouco  nenhuma estranheza em proclamar que a intenção manifesta desse grupo é a convergência entre esses países para facilitar o "reordenamento do poder mundial". 
Falta aos acadêmicos gramscianos uma reflexão ponderada sobre o significado do grupo em termos de  modernização econômica e social, com respeito aos direitos humanos, democracia e liberdades econômicas de cada um dos países, uma vez que suas convicções políticas não alcançam esses aspectos, mas permanecem num jogo de soma zero de um ilusório "poder mundial". 
Não espero converter nenhum dos três gramscianos a outras convicções, pois as deles já são arraigadas, e se manifestam em frases tão simplistas, redutoras, no limite idiotas, como a que eles repetem como um mantra: o atual governo estaria comprometido com um "alinhamento submisso aos poderes centrais". 
Eles provavelmente preferem que um governo "progressista" como o que eles defendem -- aquele mesmo que provou a Grande Destruição econômica, e lançou o Brasil no descrédito mundial ao produzir, deliberadamente, o MAIOR ESQUEMA DE CORRUPÇÃO já visto no mundo -- acompanhe outros "anti-hegemônicos" numa espécie de "alinhamento ativo com poderes periféricos". Esse é o desejo dos três gramscianos que escrevem o que transcrevo abaixo.
Como sempre, meu blog está aberto a todo tipo de reflexão, de preferência as mais inteligentes, mas mesmo argumentos idiotas, como os que figuram abaixo, merecem transcrição, numa prova de quão débil mentalmente é a nossa academia, quão simplistas podem ser esses acadêmicas, quão alinhados ideologicamente podem ser os gramscianos, quão coniventes com uma organização criminosa e um governo corrupto eles podem ser.
Paulo Roberto de Almeida  
Brasília, 15 de julho de 2017
 

Relações Internacionais

Fórum Acadêmico dos BRICS e os (des)caminhos da diplomacia brasileira

por Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais (GR-RI) — Carta Capital, 14/07/2017; link: https://www.cartacapital.com.br/blogs/blog-do-grri/o-forum-academico-do-brics-e-os-des-caminhos-da-diplomacia-brasileira
Brasil teve participação pífia, condizente como o momento atual do país e sinalizou que os BRICS não são prioridade
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Wikimedia Commons
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Temer ao lado dos líderes dos BRICs em cúpula do G-20 em 2016. No Fórum Acadêmico deste ano, porém, participação comprovou que grupo não é prioridade
Por Renata Boulos, Diego Pautasso e Cláudio Puty*
Ocorreu em Fuzhou, na China, entre os dias 10 e 12 de junho de 2017, o 9º Fórum Acadêmico dos BRICS com o tema “Pooling Wisdom and New Ideas for Cooperation”. O Fórum reúne organizações da sociedade civil, think tanks e partidos políticos e costuma preceder a Cúpula dos BRICS no país anfitrião.
Quatrocentas pessoas formaram o público principal do evento, composto por membros dos governos dos cinco países (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), países visitantes (como Filipinas e Argentina, por exemplo), instituições acadêmicas, organizações da sociedade civil e partidos políticos.
O encontro teve grande importância para a China, pois é um dos principais fóruns onde a paradiplomacia ocupa lugar central e tem sido um espaço de consolidação dos BRICS para além dos chefes de estado.  
O Brasil teve uma participação pífia, condizente como o momento atual do país e mais uma vez sinalizou que os BRICS não são prioridade para o atual governo. O think tank brasileiro, IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), sequer se fez comparecer porque a direção do órgão simplesmente não liberou as passagens dos pesquisadores. 
A Presidência da República e o Itamaraty mandaram representantes do terceiro escalão, que não expressaram qualquer diretriz da política externa brasileira, tampouco nossa estratégia para o agrupamento BRICS. Imaginamos que esboçá-las deva ser uma tarefa árdua, à medida que sabemos que malta temerosa hoje ocupando o Palácio do Planalto não constitua propriamente um governo.    
Talvez por conta disso, a articulação entre os membros do governo brasileiro e integrantes da sociedade civil, think tanks e partidos políticos tenha sido praticamente nula, como se fôssemos membros de países distintos. Causa espécie a falta de entendimento do papel do BRICS como mecanismo de articulação de países emergentes, cujo papel no reordenamento do poder mundial é irrefreável.
Especificamente neste Fórum - que representa um espaço para estratégias de cooperação entre buscando mecanismos de convergência de diversos setores da sociedade -  a ausência do governo diz muito, e foi notada por russos, chineses e sul-africanos, que, por sinal, enviaram delegações de alto nível.
Esse evento refletiu o quadro mais abrangente de (des)caminho da política externa brasileira, evidente desde o início do governo surgido do golpe. A outrora diplomacia acusada de ‘politizada’, agora conduzida pelo PSDB de José Serra e Aloysio Nunes produz constrangimentos em série e é digna de uma República de Bananas, não de um país da importância do Brasil.
Recordemos.  A nova direção do Itamaraty inaugurou sua gestão disparando baterias contra os países vizinhos e fechando embaixadas na África e no Caribe. Agora segue com a ridícula obsessão por ingressar na anacrônica OCDE e promove operações militares com o exército americano em plena Amazônia brasileira.
Enquanto isso, as instituições voltadas à política externa soberana e autônoma, como a UNASUL, Mercosul, CELAC, a política africana brasileira e os BRICS praticamente saíram da agenda internacional. A resposta infantil à crítica de órgãos internacionais de direitos humanos (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos e pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos) sobre o ‘uso recorrente de violência’ contra manifestantes na Cracolândia em São Paulo refletem o caráter do atual governo.
E não para por aí. Recentemente, o Brasil decidiu reduzir drasticamente sua participação no Banco de Investimento em Infraestrutura Asiático (AIIB, na sigla em inglês), encabeçado pela China e do qual o Brasil é membro fundador, ficando com 50 ações ao invés das 32 mil ações inicialmente acordadas.
Não tivemos sequer participação no Fórum do grande plano de infraestrutura da China para o mundo: o  “Belt and Road Initiative” quando até nossos vizinhos argentinos e chilenos se fizeram presentes.  Finalmente, o ápice dessa festa funesta e aziaga é a série inacreditável de gafes cometidas por Michel Temer em suas visitas internacionais.
Entre os dias 3 e 5 de setembro, ocorrerá a 9ª Cúpula de Chefes de Estado do BRICS em Xiamen, província de Fujian (China), com tema "BRICS: parceria mais forte para um futuro mais brilhante". Enquanto isso, o Brasil parece incapaz de formatar um projeto de inserção internacional para além de recuperar um alinhamento submisso aos países centrais – incluindo aí uma atuação voltada a aprofundar a crise venezuelana.  
Mais que lapsos, não ter projeto é o próprio projeto deste governo ilegítimo, impopular, envolvidos em malversações múltiplas, cuja única função é desmontar não somente o ciclo de políticas consagradas no período Lula-Dilma, mas inclusive conquistas oriundas da Constituição de 1988 e mesmo da Era Vargas. O governo Temer é a cara das nossas elites.
*Renata Boulos é mestre em relações internacionais (Universidade de Essesx) e sócia-diretora do INCIDE – Instituto de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento. Integrante do Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais/GR-RI
Diego Pautasso é doutor em Ciência Política (UFRGS) e professor de Relações Internacionais da UNISINOS
Cláudio Puty é Ph.D. em economia (New School for Social Reserch), professor da UFPA e professor visitante da University of International Business and Economics/Pequim