Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
sábado, 21 de outubro de 2017
Redução da pobreza vem com globalização capitalista - Juan Ramon Rallo (2017)
Como, a despeito de um ano e meio "atrasado", o tema se mantém, resolvi publicá-lo agora.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 3 d3 março de 2019
SEXTA-FEIRA, 20 DE OUTUBRO DE 2017
Para erradicar a pobreza, mais capitalismo.
Juan Ramón Rallo, diretor do Instituto Juan de Mariana, ressalta que diversos estudos indicam que a globalização foi o melhor remédio para reduzir a pobreza extrema:
Este pasado martes 17 de octubre se celebró el Día Internacional para la Erradicación de la Pobreza, dramática situación en la que, de acuerdo con la ONU, se encuentran todas aquellas personas que viven con menos de 1,9 dólares diarios (57 dólares mensuales). Evidentemente, pues, la pobreza contra la que se están dirigiendo las Naciones Unidas en este día internacional no es la que suele medirse y cuantificarse en la Unión Europea mediante la famosa tasa de riesgo de pobreza: como el propio Eurostat reconoce, “el indicador de riesgo de pobreza no mide ni riqueza ni pobreza, sino un nivel de renta bajo en relación con otros residentes del país, lo que no implica necesariamente una calidad de vida baja”. Lo que se trata de contrarrestar durante este día internacional es, por tanto, la pobreza extrema: aquella que apenas deja recursos materiales para garantizar la subsistencia.
Y, en este sentido, la evolución de los indicadores de pobreza extrema durante los últimos 200 años nos permite ser optimistas sobre el futuro. Desde 1980, más de 1.000 millones de personas han escapado de la pobreza extrema (el número de pobres extremos se ha reducido desde 2.000 millones a 705): mientras que hace 40 años el 44% de la población mundial se hallaba sumido en la más absoluta miseria, hoy lo hace el 9,5%. El propio Banco Mundial reconoce que esta lacra podría finalmente desaparecer por entero de nuestro planeta en menos de 15 años.
Pero ¿cuál es la causa detrás de este acelerado ritmo de erradicación de la pobreza? ¿Por qué los últimos 30 años han sido el periodo de la historia en que más gente ha conseguido escapar de la miseria más extrema? Pues, en esencia, gracias a la extensión del capitalismo global. Y es que, tal como recogen los economistas Romain Wacziarg y Karen Horn Welch, aquellos países que se abrieron a la globalización entre 1950 y 1998 (es decir, aquellos países que liberalizaron sus regímenes comerciales durante este periodo) experimentaron un crecimiento anual medio 1,5 puntos superior al de aquellos otros países que no lo hicieron. La diferencia no es 'peccata minuta': un país creciendo al 1,5% durante 40 años incrementa su PIB en un 80%; un país creciendo al 3% durante 40 años, lo hace un 226%.
Más libertad comercial —más capitalismo— significa más crecimiento económico. Sin embargo, ¿acaso más crecimiento económico significa menos pobreza extrema? ¿No podría suceder que los frutos de ese crecimiento económico fueran mayoritariamente a parar a las manos de aquella oligarquía extractiva que mantiene subyugado al grueso de una población pauperizada? Los economistas David Dollar y Aart Kraay descubrieron hace años que, en la mayoría de países, existe una tendencia a que los ingresos del quintil más pobre de la población aumenten al mismo ritmo que el crecimiento medio de la economía: por eso, aquellos países que logran sostenidamente un mayor crecimiento también son los países donde más gente escapa de la pobreza.
Es decir, más globalización es más crecimiento económico y más crecimiento económico es también mayor crecimiento de los ingresos de los ciudadanos más pobres de la sociedad. Acaso por ello, los economistas Andreas Bergh yTherese Nilsson han encontrado una fuerte correlación negativa entre pobreza extrema e intensidad de apertura a la globalización de un país: a más globalización, menos pobreza extrema; y a menos globalización, más pobreza extrema.
Y dado que la pobreza extrema se está reduciendo tan aceleradamente en tantos rincones del planeta, la desigualdad global de la renta también se está estrechando: los ingresos de los más pobres crecen más rápido que los de los ricos y, en consecuencia, el índice Gini global de la renta se reduce significativamente por primera vez desde la Revolución Industrial.
En definitiva, en el Día Internacional para la Erradicación de la Pobreza, celebremos la globalización capitalista: el mayor motor de reducción de la pobreza en toda la historia de la humanidad. (Instituto Cato).
Este artículo fue publicado originalmente en el blog Laissez Faire de El Economista (España) el 18 de octubre de 2017.
sábado, 15 de julho de 2017
A reducao da pobreza, EM TODO O MUNDO - Angus Hervey (Future Crunch)
https://medium.com/future-crunch/global-inequality-is-getting-better-fdbfde215b73
O mundo nunca teve TÃO POUCOS POBRES nos últimos 200 anos, e o ritmo de redução da pobreza absoluta tem sido avassalador desde a queda do muro de Berlim, que significou, simbolicamente, o fim do socialismo e a retomada da globalização, o que significa que a economia de mercado foi, SIM, eficiente para reduzir a miséria absoluta, eliminar muitos bolsões de pobreza, e colocar muita gente, milhões de pessoas, numa classe média baixa plenamente aceitável para os padrões seculares de pobreza disseminada. Muito disso se deve à China e um pouco menos à Índia, mas outros países, em outras regiões, também experimentaram redução nos níveis de pobreza absoluta. Hoje em dia não é incomum achar um catador de rua, um mendigo, típico em todas as cidades do chamado "mundo em desenvolvimento", com o seu celular, se comunicando com familiares ou conhecidos. Mesmo rurais afastados conseguem ter celular. Isso é economia de mercado.
Enganam-se redondamente, estupidamente, todos os antiglobalizadores, também chamados de altermundialistas, que se mobilizam contra a economia de mercado, contra o capitalismo. São uns idiotas. E enganam-se quadradamente todos aqueles economistas à la Piketty que acham que o principal problema do mundo é a desigualdade, e que esta deve ser reduzida. Bobagem. O principal problema do mundo ainda é a pobreza, e todos os economistas deveriam estar mobilizados em acabar com a pobreza, não em reduzir o número de ricos e o seu patrimônio. Deveriam estar ocupados em convencer os políticos que eles devem reduzir a pobreza, não em produzir igualdade.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 15/07/2017
Since yesterday, 250,000 people have been lifted out of bone-crushing, one-meal-a-day, soul-destroying, no-dentist, no-doctor, no-electricity, single accident-means-life-and-death, unrelenting, extreme poverty.
For the average human being on the planet today, the world has never been a better place. That story doesn’t get told nearly enough.
segunda-feira, 3 de julho de 2017
A redução da pobreza no mundo - Mises Brasil
A pobreza extrema despencou à medida que a economia de mercado se expandiu
Mises Brasil, diversos autores, 28 junho 2017
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2712 (para os gráficos)
A libertação do indivíduo em relação à destituição e às incertezas da agricultura de subsistência é uma das maiores façanhas do mundo moderno. Cada vez mais pessoas têm uma expectativa de vida maior e vivem com mais saúde e com mais conforto em relação a qualquer outro período da história humana.
Reconhecer o enorme e positivo efeito desta transformação gradual é de suprema importância não apenas para contrabalançar o crescente pessimismo que nos acomete, como também para não nos esquecermos jamais do arranjo que permitiu a ocorrência deste fenômeno.
Entendendo a pobreza de maneira errada
O Banco Mundial recentemente relatou que as amenidades básicas para se ter uma vida digna estão disponíveis para os mais pobres do planeta em um volume jamais visto em toda a história da humanidade. E por uma grande margem. Em 1820, aproximadamente 95% da população mundial vivia na pobreza, com uma estimativa de que 85% vivia na pobreza "abjeta". Em 2015, menos de 10% da humanidade continua a viver em tais circunstâncias.
Não obstante sua drástica redução, a maioria das pessoas está totalmente alheia ao fato de que a pobreza extrema vem caindo ao longo do tempo. Por exemplo, em uma recente pesquisa, apenas 5% dos americanos sabiam que a pobreza extrema global havia sido reduzida à metade nos últimos 20 anos. Já nada menos que dois terços dos pesquisados disseram acreditar que ela havia dobrado ao longo deste período.
Se as pessoas estivessem mais cientes do nosso impressionante progresso na redução da pobreza global, talvez seríamos menos pessimistas quanto à atual situação ou quanto às perspectivas para o futuro.
Comecemos com este famoso gráfico em forma de "bastão de hockey", do projeto Our World in Data, sobre a prosperidade humana. Ele mostra a criação de riqueza. Ele mostra a evolução do PIB real per capita para vários países e para o mundo, desde o ano 1.000.
Gráfico 1: evolução do PIB real per capita para vários países e para o mundo, desde o ano 1.000
Observe que o ponto de virada coincide exatamente com a Revolução Industrial. A adoção de bens de capital movimentados por motores a vapor em conjunto com outras tecnologias que ajudaram a aumentar a produtividade desencadearam uma revolução no bem-estar humano ao redor do globo.
Desde então, a mente humana em conjunto com a maior oferta de mão-de-obra disponibilizada pelo crescimento populacional criou o motor a vapor, o tear têxtil automático, a linha de montagem, a orquestra sinfônica, a ferrovia, a empresa, a imprensa a vapor, o papel barato, a alfabetização universal, o aço barato, a placa de vidro barata, a universidade moderna, o jornal moderno, a água limpa, o concreto armado, a luz elétrica, o elevador, o automóvel, o petróleo, o plástico, meio milhão de novos livros em inglês por ano, o milho híbrido, a penicilina, o avião, o ar urbano limpo, direitos civis, o transplante cardíaco e o computador.
Novas fontes de energia foram dominadas e novos e mais modernos computadores entraram em cena. Hoje, computadores ao redor do mundo estão conectados entre si pela internet e se tornaram tão pequenos ao ponto de caber em nosso bolso. Temos literalmente acesso a todo o conhecimento do mundo na palma de nossa mão. Bens, serviços e idéias cruzam o globo, possibilitados por um aumento da produtividade humana totalmente impensável há 50 anos.
E isso elevou imensamente nossa riqueza.
Mas e quanto à pobreza?
Como mostra o próximo gráfico, também do projeto Our World in Data, a pobreza extrema está em declínio ao mesmo tempo em que a população mundial está aumentando.
A área vermelha mostra o número de pessoas ao redor mundo vivendo na pobreza extrema; a área verde mostra o número de pessoas ao redor do mundo fora da extrema pobreza. ('Extrema pobreza' é definida como um nível de consumo diário menor que US$ 1,90 por dia, com o valor já ajustado para a inflação e para as diferentes realidades de preço de cada país).
Gráfico 2: a área vermelha mostra o número de pessoas ao redor mundo vivendo na pobreza extrema; a área verde mostra o número de pessoas ao redor do mundo que não estão na extrema pobreza.
Observe que a redução da pobreza extrema em escala global é recente. Vale lembrar que o modo padrão durante a maior parte da história humana sempre foi a pobreza. Com efeito, a pobreza sempre foi a norma e a condição natural e permanente do homem ao longo da história do mundo. E esta se manifestava em conjunto com todos os seus problemas.
Porém, desde 1970, tem havido um rápido crescimento no número de pessoas vivendo acima da linha de pobreza extrema e uma drástica redução no número de pessoas vivendo abaixo dele. Em 1970, aproximadamente 60% dos 3,7 bilhões de habitantes deste planeta ainda estavam relegados à pobreza extrema. Hoje, esta cifra está abaixo de 9%.
E é importante ressaltar novamente: a pobreza extrema está em declínio ao mesmo tempo em que a população mundial está aumentando.
Hoje, uma pessoa sai da pobreza extrema a cada segundo, graças a melhores sistemas econômicos, a um maior conhecimento adquirido, e a melhores e mais baratas tecnologias, as quais já chegam a quase todas as áreas do globo. Apenas no ano passado, mais de 32 milhões de pessoas escaparam da pobreza, reduzindo a porcentagem da população mundial que vive abaixo da linha internacional da pobreza extrema de 9,2% para 8,7%. A ONU estima que outros 79 milhões de pessoas passarão para cima da linha da pobreza extrema até 2020.
Quanto menos livres, mais pobres
O World Poverty Clock fornece uma contagem em tempo real do número de pessoas que saíram da pobreza hoje. O portal também informa as diferentes taxas de progresso de cada país, mostrando quais são aqueles que estão a caminho de eliminar a pobreza extrema até 2030.
As taxas de aprimoramento variam por país. Algumas nações desenvolvidas já eliminaram completamente esta forma de destituição extrema, ao passo que outros países, como Índia e China, estão vivenciando rápidas melhorias.
A África continua uma área com um decepcionante e instável progresso. Alguns países, como Mauritânia e Etiópia, estão no caminho de cumprir o objetivo de eliminar a pobreza extrema até 2030. Infelizmente, vários outros países do continente, como a República Democrática do Congo, estão indo na direção oposta, com mais pessoas caindo para a pobreza extrema a cada dia.
Mas eis a constatação importante: a expansão da liberdade econômica coincidiu com a impressionante redução na pobreza extrema global. Aqueles países que mais abraçaram a liberdade econômica foram os que mais vivenciaram uma substantiva redução na porcentagem de pessoas vivendo em destituição. Como mostra o índice Economic Freedom of the World (Liberdade Econômica do Mundo), os países mais economicamente livres têm os menores níveis de pobreza, ao passo que, nos países menos economicamente livres, altos níveis de pobreza persistem.
No eixo Y, a taxa de pobreza. No eixo X, o agrupamento de países de acordo com sua liberdade econômica. Quanto mais à direita, maior a liberdade econômica. Em cada agrupamento há o percentual de pobreza extrema (extreme) e de pobreza moderada (moderate)
Gráfico 3: Liberdade econômica e taxas de pobreza extrema e pobreza moderada. No eixo Y, a taxa de pobreza. No eixo X, o agrupamento de países de acordo com sua liberdade econômica. Quanto mais à direita, maior a liberdade econômica. Em cada agrupamento há o percentual de pobreza extrema (extreme) e de pobreza moderada (moderate). Fonte: Cato Institute et al., "Economic Freedom of the World: 2016 Report."
As evidências são explícitas: para reduzir a pobreza é necessário ter liberdade econômica.
Muitos ainda estão na pobreza
Esta contínua ascensão social e consequente fuga da pobreza representa, de certa forma, a mais importante história que está ocorrendo no mundo, e é a responsável por gerar os maiores benefícios líquidos para o maior número de pessoas na história moderna.
Mas os países ainda têm muito a melhorar. Ainda há aprimoramentos substantivos a serem feitos, principalmente na esfera política, de modo que problemas importantes ainda resistem. Mesmo com todo este progresso, vários países estão indo na direção errada, reduzindo o escopo da liberdade econômica e, consequentemente, criando consequências adversas. A se manter as taxas atuais, mais de 5% da população mundial continuará vivendo na pobreza extrema em 2030. É uma porcentagem menor que a atual, mas ainda assim muito alta.
A drástica e rápida redução no número de pessoas vivendo na pobreza extrema ao redor do mundo é algo a ser celebrado, e ressalta quão importante é continuar difundindo as medidas que permitem que essa grande fuga continue ocorrendo. Instituições estáveis e políticas sensatas são cruciais. Estimular um mercado mais livre e as liberdades pessoais permite às pessoas alcançarem níveis de prosperidade até então inimagináveis há apenas alguns anos.
Como diz Deirdre McCloskey, o segredo está no crescimento econômico gerado por transações econômicas voluntárias em um arcabouço econômico livre. Alguns ousam chamar esse arranjo de capitalismo.
terça-feira, 13 de junho de 2017
Roberto Campos: liberalismo e pobreza (1996)
segunda-feira, 20 de março de 2017
Uma China sem pobreza em 2020? - Xuio Rios (Observatório da Politica China)
Os chineses prometem fazê-lo dentro de três anos.
Conseguirão?
Duvido, mas eles terão então ultrapassado o PIB per capita do Brasil, o que será uma vergonha para nós, não pela vitória chinesa, mas pelo nosso fracasso.
Paulo Roberto de Almeida
Análisis
Una China sin pobreza
segunda-feira, 19 de outubro de 2015
Angus Deaton e o estudo da pobreza (e da fuga dela) - André Azevedo Alves (Portugal)
O Prémio Sveriges Riksbank em memória de Alfred Nobel de 2015 foi atribuído a Angus Deaton, doutorado pela Universidade de Cambridge e Professor há mais de três décadas na Universidade de Princeton. Deaton começou por ser essencialmente um microeconomista centrado na análise do consumo e do rendimento que, gradualmente, alargou o seu campo de investigação a questões de maior abrangência no domínio da economia política institucional e do estudo da pobreza e do desenvolvimento.
A fundamentação do prémio destaca três contributos distintos, mas todos relacionados com a análise do consumo. O primeiro foi o seu trabalho conjunto com John Muellbauer no âmbito da estimação da procura corporizado no “Almost Ideal Demand System” apresentado na American Economic Review em 1980. O segundo foi o seu contributo para a análise da relação entre consumo e rendimento, prosseguindo linhas de investigação avançadas por economistas como Milton Friedman e Franco Modigliani e focando-se em particular na sua avaliação. O terceiro, e porventura mais saliente, foi a sua investigação sobre a pobreza, a comparação de níveis de vida e o desenvolvimento, com amplo suporte empírico em inquéritos aos agregados familiares.
O trabalho de Angus Deaton com vista ao aperfeiçoamento das comparações de níveis de vida tem-se revelado especialmente importante para um melhor entendimento dos diferentes níveis de desenvolvimento assim como da evolução dos mesmos ao longo do tempo. Neste domínio, e em boa parte devido aos seus contributos, a compreensão das semelhanças e diferenças nos padrões de consumo de bens e serviços entre sociedades e no interior de uma mesma sociedade tem assumido uma relevância crescente tanto a nível da investigação como enquanto guia para as políticas públicas.
Muitas das principais ideias de força do trabalho de Angus Deaton ao longo das últimas décadas encontram-se reunidas de forma (relativamente) acessível no livro The Great Escape: Health, Wealth, and the Origins of Inequality (Princeton University Press, 2013). Nessa obra, de difícil catalogação nos moldes ideológicos tradicionais mas com numerosos contributos de grande valor, Deaton procura explicar o extraordinário processo de fuga à miséria e pobreza generalizada que se desenvolveu ao longo dos últimos três séculos. Os avanços em termos de crescimento económico e qualidade de vida foram extraordinários e sem precedente na longa história da humanidade, tendo também sido acompanhados do aparecimento de desigualdades sem precedentes entre diferentes partes do mundo.
A abordagem de Angus Deaton aplicada à análise das inovações e dos sucessos (assim como dos insucessos) civilizacionais dos últimos séculos pode ser legitimamente inserida na mesma categoria, em sentido lato, de estudos de economia política institucional com abordagem interdisciplinar desenvolvidos por autores como Mancur Olson, William Easterly ou Elinor Ostrom.
Num tópico particularmente controverso – o da ajuda internacional ao desenvolvimento – Deaton alinha em grande medida com Easterly na crítica enérgica aos efeitos prejudiciais dessa ajuda sobre o desenvolvimento institucional dos países mais pobres. Sem deixar de reconhecer os efeitos positivos de curto prazo que as transferências dos países mais ricos para os mais pobres podem ter em matérias importantes como os cuidados de saúde, Deaton alerta para os graves danos que essas transferências produzem a nível institucional. De facto, ao propiciar o desenvolvimento e perpetuação de estruturas rentistas e de governos opressivos e ineficazes, a ajuda internacional pode constituir-se como um dos principais obstáculos ao desenvolvimento. A respeito destes temas, vale também a pena ler o recente texto de Angus Deaton publicado na Review of Austrian Economics intitulado “On Tyrannical Experts and Expert Tyrants”, motivado precisamente pelo livro The Tyranny of Experts, de William Easterly.
Globalmente considerados, os contributos de Angus Deaton são um exemplo do melhor que a ciência económica contemporânea tem para oferecer, conjugando o individualismo metodológico, uma sólida base conceptual e o trabalho empírico rigoroso e devidamente sustentado.
Professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa
quinta-feira, 16 de abril de 2015
Por que a America do Norte se tornou rica e a America Latina continua pobre? - uma aula virtual Paulo Roberto de Almeida
Quero lhe convidar para participar da nossa primeira Aula ao Vivo, que será gratuita e com muito conteúdo de qualidade.
No dia 17 de abril às 20 horas vamos realizar a nossa primeira Aula ao Vivo com o Professor Paulo Roberto de Almeida sobre Por Que a América Latina é Pobre e a América do Norte Rica?
Faça Seu Cadastro Aqui!
O professor Paulo Roberto é diplomata de carreira desde 1977, Doutor em Ciências Sociais e com pesquisas voltadas para os seguintes temas: relações internacionais, história diplomática do Brasil e desenvolvimento econômico. Eis alguns dos temas da Aula:
- Por que a humanidade foi pobre em boa parte da história?
- A América Latina sempre foi pobre nas condições sociais de vida da população?
- Como a América do Norte acumulou riqueza suficiente para desfrutar de uma vida mais confortável?
- Qual a importância dos fatores culturais, institucionais e educacionais para a pobreza da América Latina?
Venha Participar dessa Aula Tão Importante para a Compreensão da nossa Realidade.
Reserve a Sua Vaga e Participe do Sorteio!
Um grande abraço,
Prof. Cleófas Júnior - UEPB
Apresento um trecho importante do artigo preparado pelo doutor Paulo Roberto:
quarta-feira, 25 de março de 2015
Como NAO se tornar capitalista, e continuar pobre - Salmaan A. Khan (Mises)
Aliás, já surgiu um Max Weber islâmico?
Gostaria de conhecer.
Falando nisso, parece que tem um Lutero muçulmano, mas não sabemos exatamente quem é.
Para evitar ser morto, por apostasia, ou qualquer outra infração grave à lei religiosa, ele se esconde sob um pseudônimo: Bahis Sed, e seu livro e "The Quran Speaks", ou O Corão Fala.
Quis comprar, mas ainda está muito caro: 36 dólares em sebo (no Abebooks). Vou buscar em biblioteca...
Paulo Roberto de Almeida
Middle Eastern Barriers to an Agile Marketplace
Salmaan A. Khan
Mises Daily, MARCH 25, 2015
According to economic historian Timur Kuran, “Around roughly the tenth century, the Middle East was an economically advanced region of the world, as measured by standard of living, technology, agricultural productivity, literacy or institutional creativity. Only China might have been more developed.” Today, however, the Middle East is a victim of historical legal impediments that increase time preference among consumers and investors, and which are fraught with failures to restructure Islamic legal code to fit for the numerous changes in the nature of commerce.
Corporate Governance
One of the most critical impediments to Islamic economies has historically been partnership laws. While Europe was building up large corporate enterprises that had hundreds, even thousands of shareholders, businesses in the Islamic world had limited partnerships to no more than six people. The rationale behind this is based on Islamic contract law, whereby if one of the business partners dies, the partner must liquidate the assets of the deceased, and give them to the heirs. However, this did not imply the business must be abolished with the death of a partner, but the added complication — compounded with skewed egalitarian Sharia inheritance laws which stated that two-thirds of any estate are to be distributed amongst relatives, both male and female — made it difficult for companies to achieve economies of scale due to a lack of longevity, specialization, and predictability within companies under Islamic regimes.
Furthermore, families in many areas have tended to be quite large due to the practice of polygamy, so due to many heirs being recipients of the inherited wealth, the business would often just dissolve. As Kuran notes, “Middle Eastern entrepreneurs minimized the risk of premature termination by keeping their partnerships small and ephemeral.” The consequence for Islamic economies has been a long-term game of catch-up once the Industrial Revolution commenced in Europe.
The Legacy of the Waqfs
Some scholars conclude that cultural and religious fatalism has contributed to the inadequacy of Middle Eastern economies, as the idea that "everything is in God’s” hands allows idleness to triumph. But, there is more empirical proof that the underdevelopment of the Middle East today has been heavily affected by the Ottoman Empire’s bureaucratization of special endowments called waqfs.
There were two kinds of waqfs depending on its waqfiyya, or deed, whereby the waqf’s founder would decide what its primary function would be. Either they were charitable waqfs, or family waqfs. Charitable waqfs were established for a social function — for operating a religious center and eventually expanding to take care of the poor, providing health services, schools, libraries, and the overall provision of public goods. Family waqfs, on the other hand, were used to establish property rights for families in need of a safe haven to stash their savings away from the confiscation by the sultan.
Due to the sanctity that waqfs were given, they were theoretically tax exempt. However, according to Murat Cizacka, “Given the authoritarian governments in power, the rulers could expropriate the private property for the sake of the ummah.”
Furthermore, when complications erupted in the case of family waqfs (since charitable waqfs operated under the public radar and its utilization of resources were transparent), they ran into more controversial problems that could not be as easily resolved in court. Moreover, the endowment deeds often were destroyed or damaged by war. Over time, these issues led to more and more expropriation and regulation by the Ottoman government. Meanwhile, Europe was providing similar services through a thriving profit-bearing corporate sector, as well as adopting double-entry bookkeeping and joint-stock companies. According to Kuran, "Westerners had access to commercial banks that could channel capital mobilized from the masses into large-scale productive ventures.”
Essentially, the catalyst of the waqfs’ stagnation was their very strict adherence to religious code. Competition for waqfs from other institutions was not allowed by Sharia Law. Through the legal system, by regulation of the ulama, waqfs attained a monopoly on the provision of public goods, including even the use of school textbooks.
Thus, a correlation can be drawn between the decentralized period of waqfs, in which Islamic countries were at the peak of international trade and prosperity, and the era of centralized control by the Ottoman state which led to a lagging and underdeveloped Middle East economy. As Kuran states, “the waqf was economically inefficient because of its perpetuity, inflexibility, lack of self-governance and absence of separate legal personality.” While once characterized by decentralized and more flexible institutions which brought greater economic prosperity, Middle Eastern economies today look quite different.
In the same way that the Russian people were the victims of totalitarian Russian regimes of the past, the people of the Middle East are today victims of brutal extractive regimes whose main enemies have commonly been their own people. And unfortunately, these regimes can still rely upon restrictive institutions of old to control the marketplace and enrich themselves.
terça-feira, 17 de fevereiro de 2015
Quer acabar com a pobreza? Educacao, emprego e casamento - Brookings
Ou se pretende manter um exército de assistidos por mais de uma geração, como já está ocorrendo no Brasil, em que jovens que já estavam no Bolsa Família começam a ter filhos também dependentes da assistência pública.
Paulo Roberto de Almeida
In today’s hearing, the Subcommittee is taking testimony about marriage and work, two of these three keys to reducing poverty and increasing opportunity. Brad Wilcox from the University of Virginia will discuss the decline of married-couple families, the explosion of births outside marriage, and the consequent increase in the number of the nation’s children being reared by single (and often never-married) mothers. The increase in the proportion of children in female-headed families contributes to substantial increases in poverty by virtue of the fact that poverty rates in female-headed families are four to five times as great as poverty rates in married-couple families.[ii] If the share of the nation’s children in female-headed families continues to increase as it has been doing for four decades, policies to reduce poverty will be fighting an uphill battle because the rising rates of single-parent families will exert strong upward pressure on the poverty rate.[iii] But perhaps of even greater consequence, children reared in single-parent families are more likely to drop out of school, more likely to be arrested, less likely to go to college, more likely to be involved in a nonmarital birth, and more likely to be idle (not in school, not employed) than children from married-couple families.[iv] In this way, a disproportionate number of children from single-parent families carry poverty into the next generation and thereby minimize intergenerational mobility.
So far public and nongovernmental programs have not been able to reverse falling marriage rates or rising nonmarital birth rates, but there is a lot we have done and can do to increase work rates, especially the work rates of low-income mothers. The goal of my testimony today is to explain the government policies that have been adopted in recent decades to increase work rates and subsidize earnings, which in turn have led to substantial declines in poverty.
I make two points and a small number of recommendations. The first point is that the employment of low-income single mothers has increased over the two decades, in large part because of work requirements in federal programs, especially Temporary Assistance for Needy Families (TANF). The recessions of 2001 and 2007-2009 caused the employment rate of single mothers to fall (as well as nearly every other demographic group), but after both recessions work rates began to rise again.
The second point is that the work-based safety net is an effective way to boost the income of working families with children that would be poor without the work supports. In my view, this combination of work requirements and work supports is the most successful approach the nation has yet developed to fight poverty in single-parent families with children. Here’s the essence of the policy approach: first, encourage or cajole single mothers to work by establishing work requirements in federal welfare programs; second, subsidize the earnings of low-income workers, both to increase their work incentive and to help them escape poverty. The primary work-based safety-net programs are the Earned Income Tax Credit (EITC), the Additional Child Tax Credit, the Supplemental Nutrition Assistance Program (SNAP), child care, and Medicaid.