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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Pequena licao de Economia Politica politica: desculpem a redundancia...

... mas ela é necessaria.
A Economia Política, como sabe qualquer criancinha de kindergarten, é aquela coisa que vem de Adam Smith e pode ser traduzida como a arte de aumentar o bem estar em uma determinada sociedade pelo uso judicioso de políticas públicas tendentes a acelerar o crescimento econômico, melhorar a produtividade da economia de um país e distribuir os frutos desse processo de desenvolvimento com transformações estruturais, o que se consegue mediante a qualificação produtiva da população (ou seja, com educação).
Ufa! Desculpem a longa definição, mas era isso mesmo o que Adam Smith pretendia falar da "ciência dos estadistas" em seus dois volumes publicados pela primeira vez em 1776 (por acaso, o mesmo ano da independência americana, e Adam Smith sempre foi um opositor do colonialismo e ficou feliz com a independência dos Estados Unidos, ainda que não aprovasse métodos revolucionários).
Os companheiros não devem ter lido Adam Smith, isso eu dou por descontado. Aliás, eles devem ter lido muito pouca coisa, e por isso mesmo vivem falando bobagens econômicas e barbaridades políticas (sem falar de suas notórias más intenções de se perpetuar no poder).
Bem, tudo isso, apenas para introduzir este pequeno-grande texto que serve como uma aula de Economia Política.
Eu, que conheço a China, já li muito sobre a China e continuo me informando sobre a China, posso repetir Orson Welles: "É tudo verdade!".
Paulo Roberto de Almeida 
PS: Esta matéria de uma televisão australiana trata da gigantesca bolha imobiliária em formação na China; também vale por uma pequena grande aula de economia política, e como tal deveria ser vista e meditada pelos companheiros que detestam o modelo liberal americano e adoram o modelo estatista chinês: http://www.youtube.com/embed/2yL7t0j_4tQ
Por que o capitalismo sempre foi o verdadeiro socialismo. Agora a prova aritmética
Reinaldo Azevedo, 27/02/2012

Vocês sabem que a tirania chinesa é o grande farol do petismo. Os companheiros são fascinados por aquele misto de estatismo, ditadura, elite pistoleira e, ora veja, crescimento econômico.  Se há um lugar onde o capitalismo exibe a sua face realmente selvagem — sem, vamos dizer, os requintes civilizatórios dos direitos sociais —, esse lugar é a China. Fez-se uma sociedade de mercado para uns 400 milhões de pessoas, mantém-se uns 900 milhões debaixo de chicote, e a vida continua.
- Os petistas são obcecados pela “ditadura que funciona”.
- Alguns plutocratas nativos são obcecados pela “parceria” lá existente entre estado e iniciativa privada. Chamam  ”parceria” a mais pura pistolagem.
- Alguns que se querem “pragmáticos” são obcecados pelo, como chamarei?, “produtivismo”.
Como todo mundo sabe, a China só pode fazer o dumping clássico e exportar ao mundo a preço de banana porque faz um outro dumping, o de vidas humanas. Até alguns que se querem da minha turma, liberais, acham aquilo lindo! Lixo! Não são da minha turma. O liberalismo que não supõe o exercício das liberdades individuais e de organização é só a pistolagem dos mais fortes. Assim como o comunismo original era a pistolagem dos mais fracos. É claro que não poderia dar em nada.
Por que isso tudo? No Radar Econômico do Estadão Online, Sílvio Guedes Crespo traz uma informação espetacular, veiculada pela agência Bloomberg. Leiam trechos:
Um levantamento da agência Bloomberg a partir de dados da Hurun Report, instituição que mede riqueza na China, mostrou que a elite política do país asiático tem um patrimônio dezenas de vezes superior ao das autoridades americanas. Em reportagem intitulada “Congresso bilionário chinês faz seus pares americanos parecerem pobres”, a Bloomberg informa que os 70 delegados mais ricos do Congresso Popular da China (que tem no total 3 mil membros) possuem, juntos, uma fortuna de US$ 89,8 bilhões. Enquanto isso, nos Estados Unidos, os 535 membros do Congresso, o presidente, os secretários (equivalente a ministros) e os nove membros da Suprema Corte - 660 pessoas no total - detêm, juntos, um patrimônio de US$ 7,5 bilhões.
A Bloomberg acredita que isso seja uma amostra de como o crescimento econômico chinês tem ocorrido de forma desequilibrada. É muito provável que seja verdade, mas, para não deixar dúvida, a agência poderia ter mostrado a evolução desses números ao longo do tempo. “É extraordinário ver esse grau de casamento entre riqueza e política”, disse à Bloomberg um analista do Brookings Institution, em Washington.
Na China, vários bilionários têm cargo público. Por exemplo, Zong Qinghou, segundo homem mais rico do país de acordo com a lista mais recente da Hurun Report, é um delegado do Congresso. Zhang Yin, a mulher mais rica da China, é membro da Conferência Consultiva Política Popular da China. Segundo a Bloomberg, o ex-presidente chinês Jiang Zemin promoveu a inclusão de empresários privados no Partido Comunista.
Essa diferença entre o patrimônio das autoridades americanas e o das chinesas ocorre porque na China parte considerável da elite econômica é ligada diretamente ao governo ou ao partido. Já nos EUA, as autoridades e os legisladores não são necessariamente bilionários.
(…)
Encerro
A democracia liberal é o único regime que permitiu, até hoje, a efetiva participação do homem comum no processo político: não precisa ser um plutocrata nem um membro do “partido”. Tudo aquilo que os comunas sempre pregaram é garantido, ora vejam, pelo capitalismo — desde que exercido sob a tutela democrática. Verdade insofismável: existe capitalismo sem democracia, mas não há democracia sem capitalismo. Se livres, é claro que a tendência dos homens será em favor da redistribuição da riqueza. O verdadeiro “socialismo”, pois, é a democracia capitalista. Sob ditaduras, o que se terá sempre será a concentração da riqueza.
O PT só não consegue ser “chinês” porque é incompetente. No mais, aquele modelo os inspira. O partido também ama o estado, a ditadura e vive de braços dados com espertalhões subsidiados, convertidos em grandes esteios da economia nacional.
Não se esqueçam jamais, meus queridos: o verdadeiro confronto de posições hoje em dia se dá entre “a direita” (como eles chamam) que trabalha para arrecadar impostos e “a esquerda” que vive pendurada nas tetas do estado, com seus plutocratas agregados.
Voltando ao centro: aquela desproporção entre a concentração de riqueza dos políticos chineses e dos homens de Estado nos EUA é ainda mais eloqüente se nos lembrarmos que os EUA têm um PIB de US$ 15 trilhões para uma população de 300 milhões de habitantes, e a China, de US$ 7 trilhões para a uma população de 1,3 bilhão! Os EUA, nação mais rica do planeta, tem o 15º PIB per capita do mundo (US$ 48.147); a China, o 90º (US$ 5.184). Só para vocês terem uma idéia, o PIB per capita de Banânia (US$ 11,177) é mais do que o dobro do chinês, o que nos coloca em 71º no ranking.
De novo: o modelo chinês, tão admirado pelos “companheiros”, consegue ter o 90º PIB per capta do mundo e concentrar nas mãos de 70 políticos a estratosférica quantia de US$ 89,8 bilhões. Em 15º lugar, toda a elite política americana tem apenas o correspondente a 1/12 desse total.
Ah, sim: o comunismo, o tal “regime da igualdade” tão apreciado pela petezada, é o chinês, tá, pessoal? Do modelo americano, os companheiros não gostam. Acham que ele é muito concentrador de renda…

2 comentários:

Miguel Alves Pereira Jr disse...

"O PT só não consegue ser “chinês” porque é incompetente. No mais, aquele modelo os inspira".
Acho perfeita a análise,porém discordo da citação acima. O PT só não conseguiu e não conseguirá,apesar da inspiração verdadeira, devido a um fator diferencial crucial do modelo chinês= as forças armadas.

Quando Deng Xiaoping o mentor do "socialismo com características chinesas", foi reabilitado cooptou a direção do Partido Comunista Chinês para a reforma econômica do país, porém com a derrocada da União Soviética e a revolta estudantil da Praça da Paz Celestial,assustou-se com a falta de apoio do Partido Comunista da antiga União Soviética ao governo de Mikhail Gorbachev e suas reformas liberalizantes e se uniu ao Exército de Libertação do Povo que reprimiu a manifestção da Praça Tianemen.Salvou o capitalismo de Estado e negou o Liberalismo Democrático.
O Exército de Libertação do Povo
desde 1949 é constituído por agricultores,jovens revolucionários assasinos(Guardas Vermelhos), toda sub raça que
prestava favores e submetia-se a Mao Tse Tung.Submetia-se ao"poder do canhão".
A elite chinesa, os novos milionários,estão intimamente ligados as Forças Armadas Chinesas,sócia da majoritária das empresas responsáveis pelos projetos de infra estrutura que levaram a posição atual do antigo " Império do Meio".
Nossas forças armadas , desde a proclamação da republica, tem a liderança de pessoas da elite, da clase média,até do proletariado, porém trabalha de acordo com a "civilização ocidental". Acho difícil a cooptação das forças armadas brasileiras por esta escória política.
Por último aqui não dará certo=
Nosso Deng Xiaoping chama-se JoséDirceu e adora o capitalismo liberal;jamais fará Capitalismo de Estado.

Paulo Roberto de Almeida disse...

Miguel Alves Pereira,
Muito grato pelo seu comentário que recolhe quase 100 pc de aprovação de minha parte, especificamente no que se refere ao papel das FFAA no processo político E ECONOMICO chinês.
Mas não poderia ser de outro modo: o Estado foi conquistado, e a sociedade foi reformada, na ponta do fuzil, como dizia Mao, e toda a sociedade foi militarizada à outrance, pois tudo se confundiu com o processo revolucionário de conquista violenta do poder.
Sinto discordar porém quanto à caracterização de José Dirceu, um notório agente cubano nos seus anos de poder, como um Deng Xiao Ping. Certamente não, pois nunca foi reformista no sentido profundo que Deng pretendeu para a China. No máximo o nosso Richelieu do cerrado central, nos anos de preeminência no começo do governo Lula, foi um Stalin sem Gulag (ainda bem), e depois de defenestrado por Lula se dedicou a ganhar dinheiro com os capitalistas que passou a apreciar.
Ele ama, justamente, o capitalismo de Estado e JAMAIS fará um capitalismo liberal.
Acho que você precisa revisar suas concepções sobre esse personagem patético da máfia no poder.
Paulo Roberto de Almeida