O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Concurso do Itamaraty: ah, esse anti-imperialismo instintivo, esse antihegemonismo viceral...

Neste caso, o Itamaraty não tem a ver, diretamente, com a formulação das questões, embora devesse, talvez, se interessar pela natureza das questões, para ver se não há nada em contradição com a postura anti-hegemônica oficial. O redator, entusiasmado com os novos tempos, deve ter sido mais realista do que o rei, ou melhor, mais anti-imperialista do que a Casa mãe. Prova de que os sinais são confusos. Em todo caso, ele pensou estar contentando seus patrões, tão, tão, como diríamos?, engajados em certas causas anti-hegemônicas...
Mas neste caso específico, como deveria responder o candidato?
Se ele concordasse que a França é perversamente imperialista, ele poderia seguir essa assertiva. Mas se achasse, e esse era um direito seu, que a França só agiu motivada apenas por nobres intenções, ele responderia pela negativa. E, segundo o examinador, estaria errado, e perderia pontos.
Como saber, no entanto, qual a posição correta, já que dificilmente se pode certificar, subjetivamente, de uma posição ou outra? Ambas posições poderiam estar certas. Oh, God, dilema cruel...
Bizarro, pois não?
Remeter ao formulador não resolve a questão.
Paulo Roberto de Almeida

ITAMARATY
 Prova para Itamaraty faz crítica à França
FLÁVIA MARREIRO DE SÃO PAULO
Folha de S.Paulo, 22/08/2013 

Teste de candidatos a diplomata diz que intervenção no Mali visa proteger jazida de urânio

A intervenção militar liderada pela França no Mali "foi motivada, de fato, pela necessidade de proteção da zona de extração de urânio do vizinho Níger, que alimenta as usinas nucleares francesas."
A asseveração --contrastando com as notas do Itamaraty sobre o tema, que tratam Paris de forma bem mais suave-- era a resposta correta na prova aplicada a candidatos à carreira diplomática brasileira no último domingo.
Parte do teste múltipla escolha de geografia, a questão tem provocado controvérsia em fóruns de candidatos ao Itamaraty na internet, que prometem tentar anulá-la porque ela não se alinharia à posição oficial do Brasil.
"Achei o de fato' forte. [...] Na verdade, ofensivo. Se essa for a certa, mandamos para a embaixada da França e vamos causar uma tensão Brasil x França", brincou um candidato, num fórum.
Em janeiro, a França iniciou uma intervenção militar no Mali, colônia francesa até os anos 1960, para auxiliar no combate a grupos islâmicos. Alinhados à Al Qaeda, ameaçavam derrubar o governo do país da África ocidental.
A ONU havia aprovado uma intervenção, mas sob condições, como o treinamento prévio do Exército do Mali. Após apressar a ação, a França teve a chancela do Conselho de Segurança.
Oficialmente, o Brasil insiste que resolução da ONU tem de ser respeitada. A presidente Dilma Rousseff chegou a dizer, em janeiro, que a intervenção não deveria "reavivar antigas tentações coloniais". Mas nem Itamaraty nem Dilma falaram explicitamente de controle de reservas minerais, como citado no enunciado.
"É uma questão muito pouco diplomática. Preparo alunos há dez anos para a prova e é a primeira vez que vejo algo assim", disse à Folha Paulo Afonso Velasco, do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro).
Velasco diferencia o caso da intervenção no Mali das ações no Iraque e na Líbia, às quais o governo brasileiro se opôs formalmente. "É mais uma possível saia justa com a França, um parceiro estratégico do Brasil, do que um erro. Mas a banca pode decidir anular para evitar um possível problema", diz. "Essa não é uma prova qualquer. É a prova para a escola de formação de diplomatas brasileiros, que vão amanhã negociar com a França."
Itamaraty disse que cabe ao elaborador da prova, o Cespe (Centro de Seleção e de Promoção de Eventos) ligado à UnB, manifestar-se.
A pasta citou notas oficiais do Brasil sobre o Mali e lembrou que o prazo para recorrer formalmente do gabarito da prova termina hoje.
A embaixada francesa no Brasil não quis se pronunciar.

3 comentários:

Anônimo disse...

Eles já anularam essa questão...

Acho que o ambiente do CESPE e do IRBr é tão "anti-imperialista" que essa questão, sem querer, escapuliu....

Anônimo disse...

“(...) La présence française dans la région est un héritage du passé colonial (...)La France dispose également d’intérêts économiques non négligeables en Afrique de l’Ouest. Le plus stratégique d’entre eux est l’uranium du Niger, exploité par Areva, qui alimente un tiers des centrales nucléaires d’EDF.(...)”.
(http://www.liberation.fr/monde/2013/01/13/mali-paris-appuie-ses-frappes_873769).


Vale!

Anônimo disse...

http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2013/08/1330341-questao-da-prova-para-itamaraty-que-atribuia-a-franca-segundas-intencoes-no-mali-e-anulada.shtml

Vale!