O professor da UFRJ, economista Reinaldo Gonçalves, é conhecido crítico da política econômica dos governos petistas, pela esquerda. Ele era um dos integrantes da equipe de conselheiros econômicos, junto com Ricardo Carneiro (da UniCamp), do Assessor Econômico do candidato Lula, Celso Daniel, que foi assassinado em plena campanha eleitoral, como todos sabem. Depois entrou a equipe neoliberal liderada por Antonio Palocci, justamente atacada pelos economistas de esquerda, como ele.
Tem muitos artigos dele circulando pela rede. Os pontos alinhados abaixo foram repassados por um amigo, a partir de um texto maior, que só recebi em arquivo pdf, e não tenho, por enquanto, um link para indicar onde buscar esse material na íntegra.
No seguimento, um artigo dele publicado na FSP.
Paulo Roberto de Almeida
Governo Dilma - Apoteose da mediocridade: Cinco fatos e uma pergunta
(Reinaldo Gonçalves)
30 de agosto de 2013
A divulgação da taxa de crescimento do PIB real no segundo trimestre do ano (1,5% em relação ao trimestre anterior, 3,3% em relação ao mesmo trimestre do ano passado e 2,6% em relação ao primeiro trimestre de 2012) implica cinco fatos e uma pergunta, que são relevantes para a trajetória futura do pais.
Fato No 1: ha convergência e segurança cada vez maiores nas previsões a respeito de taxas anuais de crescimento da economia brasileira de 2,1%-2,2% em 2013-14.
Fato No 2: durante o governo Dilma (2011-14) o crescimento médio anual do PIB brasileiro deve ser aproximadamente 2,0%.
Fato No 3: a taxa media de 2,0% de crescimento do PIB brasileiro e medíocre pelos padrões internacionais atuais.
Fato No 4: a taxa media de 2,0% de crescimento do PIB no governo Dilma também é medíocre pelos padrões históricos brasileiros.
Fato No 5: durante o governo Dilma o desempenho da economia brasileira pode ser visto como a apoteose da mediocridade pelos padrões históricos brasileiros.
Pergunta: tendo em vista os fatos acima, por que Dilma Rousseff ainda é apresentada como candidata a reeleição?
Reinaldo Gonçalves
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31/08/2013 - 03h00
Opinião: Gestão Dilma pode ter 3º pior PIB republicano
REINALDO GONÇALVES
ESPECIAL PARA A FOLHA
Fatos, nada além de fatos. A taxa média anual de crescimento do PIB é 4,5% na era republicana. Nesse período somente dois presidentes são responsáveis por taxas de crescimento do PIB menores do que 2,0%, como média anual do mandato.
Os governos que atingiram a apoteose da mediocridade são: Fernando Collor (-1,3%) e Floriano Peixoto (-7,5%). Neste último o desempenho econômico pode ser explicado, em grande medida, pela ruptura institucional e pela crise política. Já a crise política no governo Collor é explicada, principalmente, pelo desempenho econômico medíocre.
No período 2011-14, as taxas de crescimento do PIB são: 2011 = 2,7% e 2012 = 0,9%. Previsões apontam para crescimento da ordem de 2,0% em 2013 e 2014.
Portanto, a taxa média anual deve oscilar em torno de 2,0%.
O fato é: o governo Dilma pode ter o terceiro pior desempenho da história republicana, com 30 presidentes.
Outro fato evidente: o desempenho da economia brasileira é medíocre pelos padrões internacionais atuais. Vejamos o de crescimento do PIB da economia mundial: 2011 = 3,9%; 2012 = 3,1%; 2013 = 3,1%; e 2014 = 3,8%.
Os dados de 2013-14 são projeções do FMI e significam crescimento médio anual de 3,5% no período 2011-14.
Se considerarmos o grupo dos países em desenvolvimento, o FMI aponta para crescimento médio anual de 5,4% no período 2011-14. Temos, então, dois fatos neste período:
1) em todos os anos a taxa de crescimento do PIB brasileiro é bem menor do que a do PIB mundial e as dos países em desenvolvimento; e 2) dado o crescimento médio anual do PIB brasileiro de 2,0%, é evidente que o Brasil comporta-se como vagão de 3ª classe que fica para trás.
O Brasil fica para trás e isto não se explica pelo que ocorre no mundo. O fracasso brasileiro vem de escolhas erradas feitas pelos grupos dirigentes e setores dominantes. O Brasil embrenha-se em trajetória de desenvolvimento às avessas.
Esta trajetória é marcada, na dimensão econômica, por: fraco desempenho, crescente vulnerabilidade externa estrutural, transformações estruturais que fragilizam e implicam volta ao passado e ausência de mudanças ou de reformas que sejam eixos estruturantes do desenvolvimento de longo prazo.
Fatos, nada além de fatos.
REINALDO GONÇALVES é professor titular de economia da UFRJ e autor do livro "Desenvolvimento às Avessas" (LTC, 2013)
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