quarta-feira, 4 de junho de 2025

Renato Prado Guimarães: um jornalista na diplomacia, sempre ativo

Que sabe escrever, escreve, como um grande amigo diplomata, Renato Prado Guimarães:  


87 anos e tanta coisa ainda pra contar... 
Das "Crônicas Tardias, Memórias Precoces", a Epígrafe:

A crônica é a poesia da notícia,

a trova do evento;

a memória é o passado em conserva,

servido a gosto.


Amanhã: "Coquetel de um Minuto"

Antes, o Renato Prado Guimarães enviou isto: 

Já conto 87 anos. A proximidade do fim definitivo me angustia sobretudo pelo tanto que ainda tenho a contar, da vida pessoal e das experiências profissionais, jornalista e diplomata. Publiquei dois livros, “Crônicas do Inesperado” em 2009 (Macunaíma é venezuelano, Guimarães é nome alemão, a primeira “bush party” australiana foi regada com cachaça fluminense, etc. etc.), e “Vou-me Embora pra Colina” em 2017 (coleção de crônicas - as “Colinenses” - antes postadas na Internet sobre minha cidade natal). Mais recentemente preparei outros três volumes, todos zelosamente guardados em minha gaveta, por certo tímida, cautelosa: “Crônicas Tardias, Memórias Precoces”, “Marcha Soldado, Direita pra Dentro, Esquerda pra Fora”, e “Panamérica” (seleção de crônicas das demais edições, a ser publicada em espanhol para circulação nos vizinhos latino-americanos). A ansiedade ante a proximidade do término terminal me levou, contudo, à decisão de molestar os leitores deste site com fragmentos da “obra”, na forma de crônicas e notas isoladas. E começo com o melhor dos começos, nosso Barão, contando novidade a seu respeito com que jamais havia topado, na boca de nenhum colega ou qualquer meio impresso.
Confiram:

Minuto de silêncio 

Quem inventou o minuto de silêncio? 

A quem homenageava?

Pois não é que essa homenagem hoje universal foi criada pelo Senado de Portugal para expressar o pesar da nação portuguesa ante o falecimento de nosso Barão do Rio Branco, Patrono da diplomacia brasileira?! Rio Branco era muito querido e admirado na mãe-Pátria, e sua perda foi ali genuinamente sentida. A proposta inicial dos Senadores era de 10 minutos sem ruído; à medida em que o gesto fúnebre foi-se expandindo, contudo, sua duração foi-se também reduzindo, até chegar ao minuto único, observado no mundo todo.  

Na Wikipedia há menção a que a primazia poderia ser outra: “Um jornalista de Melbourne,  Edward George Honeyfoi  o primeiro a propor um período de silêncio pelo Dia da Memória Nacional em uma carta publicada no London Evening News em 8 de maio de 1919.” 

Erro da Wiki! Como ter precedência por carta, e meramente sugestiva, e muito posterior ao silêncio reverente dos parlamentares lusitanos? A tal carta é de 1919; Rio Branco faleceu a 10 de fevereiro de 1912.  

          E por que não incluir o minuto mudo no cerimonial da celebração de seu aniversário no Palácio Itamaraty, em Brasília? Até mesmo, quem sabe, fazer com que naquele dia seja observado em todas as nossas repartições no exterior - Embaixadas, Consulados, Delegações ante órgãos internacionais? 

É bem verdade que momentos de silêncio podem igualmente ensejar ruído e sentimentos opostos. A Wikipedia escolhe para ilustrar o ponto um exemplo bem brasileiro: 

Jogo Ceará x Fortaleza, em 1984. Antes do jogo, um minuto de silêncio pela morte da mãe do juiz. Aos 5 minutos, o juiz anula um gol do Ceará. E a torcida começa a gritar: 

“Órfão da p...!”. “Órfão da p...!”


Depois vai ter mais..

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários são sempre bem-vindos, desde que se refiram ao objeto mesmo da postagem, de preferência identificados. Propagandas ou mensagens agressivas serão sumariamente eliminadas. Outras questões podem ser encaminhadas através de meu site (www.pralmeida.org). Formule seus comentários em linguagem concisa, objetiva, em um Português aceitável para os padrões da língua coloquial.
A confirmação manual dos comentários é necessária, tendo em vista o grande número de junks e spams recebidos.