Não sei ainda o que foi exatamente estabelecido no "acordo comercial" dos EUA (Trump) com a Argentina (Milei), justamente devido ao conteúdo personalista desse estranho "acordo".
Só pressinto, mas sem ter elementos fiáveis de informação, que suas consequências práticas afetarão não apenas o Brasil, mas igualmente o Mercosul, que está cada vez mais esvaziado.
Lamento, não como diplomata, mas como simples observador do comércio exterior do Brasil, a "implosão" do Mercosul - o mais importante projeto estratégico da diplomacia do Brasil no último meio século.
Trump implodiu, se não destruiu, a cláusula de nação mais favorecida, o que não é geral, pois a maioria dos países continua aderente a esse esteio básico do sistema multilateral de comércio, mas esses "acordos", impostos por Trump, acabam por simplesmente destruir outros compromissos bilaterais e plurilaterais (como o do Mercosul) com terceiros países. Como os EUA mantém – a despeito da atual preeminência da China no comércio internacional – um espectro praticamente mundial nas relações econômicaos (ou seja, não apenas comerciais) com uma ampla gama de países, os EUA de Trump são capazes de desmantelar cadeias de valor e fluxos tradicionais de comércio em setores específicos, o que afeta o planejamento microeconômico.
Do ponto de vista do Brasil, o que afeta realmente nosso planejamento diplomático, não é tanto a ruptura dos fluxos comerciais, mas a incerteza derivada das políticas demenciais de Trump (e de associados subservientes como Milei), que nos impedem de planejar nosso futuro comercial e o destino (se por acaso existe algum) do Mercosul.
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