Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;
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quinta-feira, 31 de março de 2016
Adam Smith e o "verdadeiro" chocolate - Mansueto Almeida, Paulo Roberto de Almeida
Ele pedindo que deixassem seu chocolate em paz.
Mas, acabo de receber de meu amigo André Eiras, a mesma nota do Mansueto, e respondi a ele o que segue.
Insuportável saber que estamos sempre sendo assaltados por um bando de espertos.
Transcrevo primeiro a nota do Mansueto e depois o meu comentário.
Paulo Roberto de Almeida
O que é chocolate?
31 de março de 2016 por mansueto
Adoro chocolate. Sei que comer muito chocolate não é saudável, que estou gordo, etc. Mas não quero que uma Lei passe a definir o que é chocolate e se o que como é ou não chocolate. Mas há esse risco? Claro que sim.
Há um projeto na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal (cliquei aqui), o PLS 93/2015, que estabelece um percentual mínimo de cacau puro de 35% para que um bombom possa ser denominado de chocolate.
E se o seu chocolate não tiver esse índice mínimo? Neste caso, o seu chocolate pode ser tudo menos chocolate. Mas fique feliz porque o seu bombom adocicado de hoje era chocolate no passado.
De volta ao futuro, qual a intenção dessa proposta de Lei? Aumentar a produção de cacau no país pelo aumento da demanda. Não vou comentar. Precisa? Por favor, deixem meu chocolate em paz!
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On Mar 31, 2016, at 17:59, André Eiras <xxxxxx@gmail.com> wrote:
É triste compartilhar esse tipo de notícias, mas sempre lembro de ti ao ler tais aberrações que acontecem aqui na nação brasileira.
Abraços,
André Eiras
——
Meu comentário (PRA):
Meu caro,
Isso era inevitável, e deveria um dia acontecer. Como diria o Millor, as ideias, quando ficam bem velhinhas, e inutilizáveis em seus locais de origem, fazem as malas e se mudam para o Brasil.
Eu já assisti esse debate, muitos e muitos anos atrás, na Europa. E as razões são sempre as mesmas: protecionismo, cartelização, afastamento de concorrentes, reserva de mercado, agora com a estupidez do politicamente correto.
Daqui a pouco vou a UnB para assistir uma exposição-debate sobre os 240 anos da Riqueza das Nações. O Adam Smith já alertava para esses complôs de fabricantes e comerciantes, sempre contra o interesse dos consumidores. Parece que nada mudou.
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Paulo R. de Almeida
sábado, 14 de novembro de 2015
Nao existem falhas de mercado; se falhas existem, elas sao de governo - Paulo Roberto de Almeida
terça-feira, 20 de agosto de 2013
Universidades e universidades - John Kenneth Galbraith sobre Adam Smith
PS de uma carta que ele escreveu a um amigo:
De fato, um homem como Adam Smith jamais seria aceito pelos padrões atuais das universidades britânicas ou americanas, menos ainda pelas brasileiras.
Aliás, deixando uma vez a universidade de Glasgow, Smith passou sete anos em Oxford: saiu de lá desencantado, achando a universidade muito medíocre.
Vejam o que ele escreveu uma vez, e que coloquei como frase de abertura de meu livro mais recente, sobre a Integração Regional (Saraiva, 2013):
The average university is a sanctuary in which exploded systems and obsolete prejudices find shelter and protection, after they have been hunted out of every other corner of the world.
(A universidade média é um santuário no qual sistemas derrocados e preconceitos obsoletos encontram abrigo e proteção, depois de terem sido escorraçados de todos os demais cantos do mundo.)
Frase de Adam Smith constante do livro de:
Arthur Herman.
How the Scots Invented the Modern World: The True Story of How Western Europe’s Poorest Nation Created Our World and Everything In It
(New York: Three Rivers Press, 2001), p. 198.
sexta-feira, 26 de abril de 2013
Winston Churchill a 5 libras vale menos que Adam Smith a 20 libras: coisas da vida...
Sir Winston Churchill to feature on new banknote
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Churchill was chosen owing to his place as "a hero of the entire free world", said Bank governor Sir Mervyn King.
The current face of the £5 note is social reformer Elizabeth Fry.
'Truly great leader' A wide range of historical characters appears on the reverse of Bank of England banknotes, with Elizabeth Fry the only woman among the current crop.
The Bank of England governor has the final say about who appears on a banknote, although the public can make suggestions. The latest addition has been announced by Sir Mervyn at Churchill's former home of Chartwell, in Westerham, Kent.
Current Bank of England banknote images
- £5: Elizabeth Fry, social reformer noted for her work to improve conditions for women prisoners
- £10: Charles Darwin, the scientist who laid the foundations of the theory of evolution
- £20: Adam Smith, one of the fathers of modern economics
- £50: Matthew Boulton and James Watt, who brought the steam engine into the textile manufacturing process. They are replacing notes featuring the first governor of the Bank of England, Sir John Houblon
Current plans, which the Bank said might be reviewed, are for Churchill to appear on the new £5 note to be issued in 2016.
Security measures The design includes a portrait of the former prime minister, adapted from a photograph taken by Yousuf Karsh on 30 December 1941. He is the only politician from the modern era to feature on a banknote.
The artwork will also include:
- Churchill's declaration "I have nothing to offer but blood, toil, tears and sweat" which came in a speech in the Commons on 13 May 1940
- A view of Westminster and the Elizabeth Tower from the South Bank
- The Great Clock showing three o'clock - the approximate time of the Commons speech
- A background image of the Nobel Prize for literature, which he was awarded in 1953
"We do not face the challenges faced by Churchill's generation. But we have our own," he said.
The Bank of England issues nearly a billion banknotes each year, and withdraws almost as many from circulation.
Notes are redesigned on a relatively frequent basis, in order to maintain security and prevent forgeries. Other security features include threads woven into the paper and microlettering.
The most recent new design from the Bank of England was the £50 note, which entered circulation in November. This features Matthew Boulton and James Watt who were most celebrated for bringing the steam engine into the textile manufacturing process.
While Bank of England notes are generally accepted throughout the UK, three banks in Scotland and four in Northern Ireland are authorised to issue banknotes.
Pharmacologist Sir Alexander Fleming, poet Robert Burns, and tyre inventor John Boyd Dunlop are among those who appear on these notes. One commemorative £5 note featuring football great George Best proved so popular that the limited edition of one million sold out in 10 days.
In May, a new five-euro note will be put into circulation by the European Central Bank.
It features an image of the Greek goddess Europa, which comes from a vase in the Louvre Museum in Paris.
History The image of Churchill has featured on currency before.
He was the first commoner to be shown on a British coin when he appeared on the 1965 crown, or five shilling piece.
Churchill, elected as a Conservative MP in 1900, served as chancellor in Stanley Baldwin's government.
He replaced Neville Chamberlain to become the wartime British prime minister in May 1940 until 1945. He returned to office in 1951, and retired in 1955, aged 80.
"The Bank is privileged to be able to celebrate the significant and enduring contribution Sir Winston Churchill made to the UK, and beyond," said Chris Salmon, chief cashier of the Bank of England, whose signature will also appear on the banknote.
Sir Nicholas Soames, Churchill's grandson and MP for Mid Sussex, said: "I think it is a wonderful tribute to him and an appropriate time. I can't think of any more marvellous thing that would have pleased him more."
He described the move as a great honour for the family.
Who's been on Bank of England notes? |
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---|---|---|---|---|
Source: Bank of England, Notes issued and withdrawn since 1980 |
||||
Famous Briton |
Lived |
Field |
Note |
Note from |
|
Isaac Newton
1643-1727 |
Scientist |
£1 |
1978-1988 |
|
Duke of Wellington
1769-1852 |
Soldier and statesman |
£5 |
1971-1991 |
Stephenson |
George
1781-1848 |
Engineer |
£5 |
1990-2003 |
|
Elizabeth Fry
1780-1845 |
Campaigner |
£5 |
2002-present |
|
Florence Nightingale
1820-1910 |
Nurse & campaigner |
£10 |
1975-1994 |
|
Charles Dickens
1812-1870 |
Writer |
£10 |
1992-2003 |
|
Charles Darwin
1809-1882 |
Scientist |
£10 |
2000-present |
|
William Shakespeare
1564-1616 |
Writer |
£20 |
1970-1993 |
|
Michael Faraday
1791-1867 |
Scientist |
£20 |
1991-2001 |
|
Sir Edward Elgar
1857-1934 |
Composer |
£20 |
1999-2010 |
|
Adam Smith
1723-1790 |
Economist |
£20 |
2007-present |
|
Sir Christopher Wren
1632-1723 |
Architect |
£50 |
1981-1996 |
|
Sir John Houblon
1632-1712 |
Banker |
£50 |
1994-present |
|
Matthew Boulton and James Watt
1728-1809, 1736-1819 |
Entrepreneur and inventor |
£50 |
2011-present |
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quarta-feira, 22 de agosto de 2012
A frase da semana: Adam Smith sobre as universidades
Eis o que ele escreveu depois sobre as universidades:
“The improvements which, in modern times have been made in several different branches of philosophy, have not, the greater part of them, been made in universities, though some, no doubt, have. The greater part of universities have not even been very forward to adopt those improvements after they were made; and several of those learned societies have chosen to remain, for a long time, the sanctuaries in which exploded systems and obsolete prejudices found shelter and protection, after they had been hunted out of every other corner of the world. In general, the richest and best endowed
universities have been slowest in adopting those improvements, and the most averse to permit any considerable change in the established plan of education. Those improvements were more easily introduced into some of the poorer universities, in which the teachers, depending upon their reputation for the greater part of their subsistence, were obliged to pay more attention to the current opinions of the world.”
Smith, Adam:
An Inquiry into the Nature and Causes of the Wealth of Nations
(p. 456). University of Chicago Press. Kindle Edition.
Ainda retiro esta informação do verbete sobre Smith na Wikipedia:
In Book V, Chapter II of The Wealth of Nations, Smith wrote: "In the University of Oxford, the greater part of the public professors have, for these many years, given up altogether even the pretence of teaching." Smith is also reported to have complained to friends that Oxford officials once discovered him reading a copy of David Hume's Treatise on Human Nature, and they subsequently confiscated his book and punished him severely for reading it.
sábado, 19 de novembro de 2011
Ainda a Mao Invisivel de Adam Smith - Joao Luiz Mauad
http://www.ordemlivre.org/2011/11/desmontando-sofismas-e-rebatendo-cliches/
Desmontando sofismas e rebatendo clichês
FEATURED, FILOSOFIA POLÍTICA, POLÍTICA ECONÔMICA E TRIBUTÁRIA, ÚLTIMAS ATUALIZAÇÕES · TAGGED: CAPITALISMO, IMPOSTOS, MÃO INVISÍVEL, MERCADO
O mercado, como demonstrou Mises, não é um organismo público ou privado, nem tampouco qualquer associação, agremiação, corporação ou organização. O mercado é um processo. Numa economia onde prevaleça a livre iniciativa, cada agente planeja e age por si mesmo, sem que ninguém lhe diga o que deve ou não fazer. A coordenação das várias atividades individuais e a sua integração dentro de um sistema harmônico, que supra os consumidores com as mercadorias e serviços que eles demandem, é feita de forma espontânea, desde que guiada por uma estrutura de preços flutuantes e livres.
SOBRE O AUTOR
Sobre a famosa Mao Invisivel de Mercado (retomando um texto antigo, mas ainda valido)
Desculpo-me com os que acham que eu abuso da minha liberdade de chamar outras pessoas de idiotas, mas se tem uma frase que eu considero como a suprema demonstração de idiotice congenital é justamente essa, de pessoas que não tendo nada de mais inteligente para tentar explicar as razões da crise atual, que pretendem que a culpa de tudo isso que está acontecendo "é dos mercados".
So what, diriam os ingleses. O que mais os idiotas supremos querem que aconteça? Que os mercados se comportem como elas esperam?
Aí sim, seria a suprema idiotice dos mercados, que ao contrário do que acreditam esses ingênuos, não são idiotas. Aliás, os mercados não são absolutamente nada e são tudo: eles apenas existem, e sempre vão poder prevalecer sobre a opinião de idiotas supremos, mesmo quando eles exibem um Prêmio Nobel...
Pois fiquem com o meu post de:
SEGUNDA-FEIRA, 25 DE JANEIRO DE 2010
1758) O velho papo da mao invisivel e os novos profetas
A Mão Invisível do Mercado,
escrito para o Project Syndicate e reproduzido pela Folha de São Paulo (27/12/2009), o economista e professor da Columbia University, Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia, diz que a lição da crise
Trata-se de notável equívoco quanto ao que disse realmente Adam Smith e quanto ao significado dos mercados livres. Em primeiro lugar, Smith nunca defendeu, realmente, nenhuma política, ou "teoria" como querem alguns, relativamente aos méritos, mais supostos do que reais, dessa famosa construção intelectual identificada como "mão invisível". O que ele disse, concretamente, é que os agentes econômicos, deixados livres para realizarem seus interesses individuais -- ou seja, ao perseguirem unicamente sua própria cobiça -- acabam satisfazendo melhor aos desejos da sociedade do que se estivessem unidos, num suposto acordo coletivo para realizar o bem comum. Adam Smith diz que, ao agirem de forma absolutamente descoordenada e cada qual perseguindo seu próprio interesse, eles acabam atuando em benefício da sociedade, como se uma mão invisível pairasse acima da sociedade a guiar as ações dos indivíduos.
Ou seja, trata-se de uma figura de estilo, não de uma prescrição de política. Justamente em função da ausência de coordenação, agentes individuais não determinam uma política, mas são simplesmente guiados pelo comportamento dos mercados: se eles encontram clientes para seus produtos e serviços, excelente: terão lucros e ficarão mais ricos. Se, ao contrário, os clientes deles se afastarem, por preços altos ou má qualidade, eles perderão dinheiro e serão expulsos do mercado, a menos que se corrijam rapidamente ou mudem seu modo de atuação (por vezes inclusive mudando de ramo, por incapacidade de competir em mercados livres).
Contrariamente ao que diz Stiglitz, mesmo quando cometem excessos -- e os mercados só cometem excessos porque os clientes sustentam a demanda, mesmo em condições adversas, ou seja, preços das ações em ascensão ou otimismo exagerado quanto aos retornos esperados -- os mercados SEMPRE se corrigem a si próprios, inevitavelmente, pois esta é a função dos mercados.
Isso é tão evidente, que não seria preciso repetir: quando há uma defasagem qualquer no mercado, alguém perderá dinheiro, ou o ofertante do bem ou serviço, ou o cliente suposto, o que provocará quase automaticamente uma resposta no sentido contrário: a retirada do ofertante ou do cliente-consumidor do mercado, ambos por perdas realizadas. Isso pode até demorar um pouco para ocorrer, na ausência de informações fiáveis ou adequadas, mas ocorrerá inevitavelmente.
Ocorre, porém, que, orientados por aprendizes de feiticeiro, como Stigltiz, os governos acham que podem melhor regular os mercados do que os agentes primários, os tais da "mão invisível", e passam a determinar como, quando e a que preço podem ser realizadas tais e tais transações.
Isso é tão evidente, que eu não precisaria tampouco recordar o que ocorre de fato nos mercados.
Quem determina a taxa de juros básica não é o mercado, mas o governo. Quem diz para quem, por quanto e por quanto tempo devem ser oferecidos empréstimos imobiliários é em grande medida o governo, que pretende "estimular" o mercado imobiliário e ser generoso com o seu corpo eleitoral, oferecendo casas baratas e financiadas a perder de vista.
Ou seja, quem cria as condições para as bolhas financeiras ou imobiliárias é o governo, não os mercados.
Mercados deixados livres NUNCA fixariam os juros a 2% durante três anos como o fez o Federal Reserve americano, em TOTAL DESCOMPASSO com o mercado real de oferta e demanda de dinheiro. Taxas artificialmente baixas, em descompasso com a inflação e a remuneração dos poupadores é um tremendo estímulo à formação de bolhas, jamais seriam fixadas ao sabor dos mercados, que teriam CORRIGIDO automaticamente esse descompasso.
Portanto, contrariamente ao que diz Stiglitz, os mercados são, sim são capazes de autocorreção, e o fariam se não fosse a MÃO VISÍVEL do governo que atua em descompasso com os dados fundamentais do mercado. Quem disse ao professor Stiglitz que juros de 2% são juros de mercado?
Como os banqueiros teriam induzido clientes potencialmente inadimplentes se não fosse pelo atrativo dos juros baixos?
Como esses agentes imobiliários oficiais teriam oferecido tanto crédito se não fosse pela garantia de que o governo cobriria eventuais perdas?
Sinto muito, professor Stiglitz, seu raciocínio simplesmente não faz sentido.
Paulo Roberto de Almeida (25.01.201o)